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Capítulo

A maioria das histórias que minha mãe me contava, começava com.... " Era uma vez...." No entanto, sei que minha história está longe de ser um conto de fadas, mas posso lhes garantir que eu também tenho uma boa história para contar, minha vida não era um poço de drama ou romance, muito pelo contrário. Mas isso mudou quando ela adentrou meu estabelecimento naquela típica tarde ensolarada. Eu a achei intrigante e misteriosa, além de possuir uma beleza surreal, todavia, me encantei ainda mais com sua voz e seu sorriso gentil, me apaixonei por sua história e até mesmo por seus traumas e defeitos, e amo seu jeito e todo o seu ser por inteiro. Posso não ter a melhor história do mundo, não é a mais dramática, romântica e pode não ser tão interessante quanto esperam que seja, mas sou feliz por saber que ela faz e sempre fará parte dela desde aquele momento. Meu nome é Kirian Stanford e tenho orgulho de dizer que minha verdadeira história de amor começou assim.... " Tudo começou com um copo de café expresso Macchiato....." Toda a história tem momentos ruins, bons, românticos, dramáticos tristes, mas o que todos tem que lembrar e que nem sempre todas tem um final feliz, por mais que o desejamos. " Procuro um momento que dure uma vida. " " Há dores impossíveis de ignorar. " " Odeio não conseguir te odiar por mais que eu tente ou por menos que você faça..." " Não enxergue o mundo como ele é, enxergue como ele poderia ser " " Aconteça o que acontecer amanhã, ou para o resto da minha vida, agora estou feliz porque te amo. ..." De qualquer maneira, independente de qualquer coisa que já me aconteceu, sejam bem vindos a minha história de amor.

Capítulo 1 Prólogo.

Point of View. - Kirian.

Minha vida nunca foi algo fora do comum, no entanto, sempre fui ensinado que essa é a coisa mais extraordinária de nossas vidas, ter e ser algo comum, simples e humilde sempre fora a essência da humanidade desde o início dos tempos, então eu não tinha problema com isso de forma alguma, até por que eu sempre levei uma vida simples e nunca reclamei disso ou pedi por algo além do que necessitava, eu amava meu lar, meu pais e minha irmã mais velha, apesar dela me irritar mais do que o necessário na maioria das vezes, éramos felizes do nosso jeito e nenhum de nós podia negar tal fato, eles sempre cuidaram de mim e me amaram do jeito que eu sou, não podia pedir e nem desejar algo além disso.

Pra mim era suficiente, e eu me sentia afortunado por isso, mas como o universo não age conforme desejamos, isso mudou violentamente pouco tempo depois que meu pai assumiu definitivamente os negócios que meu avô tinha na vizinhança, algo que eu nunca imaginaria ocorrendo.

Meu pai, Jeremy Stanford, era um homem bom e gentil, amoroso com todos que conhecia, generoso com todos que necessitavam, humilde e o pai mais maravilhoso do universo para mim e minha irmã, sem contar que dava para se notar o marido incrível que ele era, apesar de que eu nunca reparei muito nesta questão. Mas isso não impediu os ladrões de roubarem nosso estabelecimento no meio de uma tarde calma e sem nenhum sinal de nuvens ruins, eu estava ansioso por meu pai ter me chamado para trabalhar naquela tarde, eu sonhava em ganhar dinheiro para comprar um videogame e meu pai estava pronto para me ajudar a alcançar esse sonho.

- Pai ! - Chamei ao sair de trás do balcão de forma apressada, eu estava prestar a dar a maior ideia que tive para melhorar o estabelecimento e eu sabia que esqueceria caso me distraísse por alguns segundos, então minha reação foi correr até meu pai que arrumava os livros nas prateleiras, fazendo o homem rir e se virar para mim. " Diga o que está em sua mente garoto. " Ele falou com um sorriso alegre ao largar os livros que estava arrumando para me dar total atenção, algo que eu adorava quando ele fazia. - O que acha de também colocar jogos de fliperama e gibis aqui? - Perguntei de forma animada, imaginando esse lugar cheio de jovens de minha idade, se divertindo e compartilhando algo que já não é tão comum nos dias de hoje.

- A ideia é sem dúvida muito boa Kirian. - Ele falou erguendo sua mão e a colocando sobre meus cabelos e os bagunçando ainda mais, ri levemente e ignorei o ato, focando completamente nele. - Mas teríamos que programar um dia da semana para ter o fliperama, as pessoas vêm para cá para ler enquanto relaxam tomando café...- Ele voltou a dizer, explicando seu ponto vista, algo que eu não havia imaginado antes. - Um banco de garotos agitados atrapalharia isso com certeza, não acha? - Ele perguntou de forma retórica e voltou a pegar os livros no chão. " O fliperama poderia ser no final de semana então. "

Argumentei, mantendo minha ideia na intenção de fazer meu pai ver como algo bom.

Meu pai colocou um livro na prateleira, livro esse que eu reconheci imediatamente como O pequeno Príncipe, o livro preferido de minha mãe, ela sempre acaba lendo para nós um trecho no final da noite, por mais que tenhamos pedido por outro livro, mas eu e minha irmã sempre ouvimos com atenção, não por que é nosso livro preferido, mas por que sabemos que ela está lendo por ser o dela. Meu pai riu de forma descontraída e se virou para mim novamente, na intenção de dizer algo, mas meu cenho se franziu ao ver seu rosto perder o brilho e um tom pálido tomar conta de sua pele. " Pai? " Chamei, me sentindo confuso e preocupado com a mudança repentina, isso fez os olhos de meu pai descerem até mim.

- Kirian, quero que vá até o fundo da loja e fique lá, tá bom? - Meu pai pediu com uma voz trêmula que me fez instintivamente tentar virar a cabeça para frente da loja onde o mesmo olhava a segundos atrás, mas meu pai foi mais rápido e segurou meu rosto com certa pressão, me fazendo tocar seus punhos de forma apressada, meu coração disparou e isso fez minha respiração descompensada, mas ainda sim, meu pai sorriu e acariciou meu rosto. - Não me faça repetir garoto, ou juro que te deixo sem sobremesa.

Ele falou soltando uma risada nasal e eu o encarei de forma confusa, naquela hora eu não fazia ideia do que estava acontecendo ou o que eu deveria fazer, então minha única opção foi correr para o fundo da loja, obedecendo a ordem de meu pai, ele sempre soube o que fazia e eu imaginei que nada de mal aconteceria, mas novamente, eu me enganei. No momento em que me encostei em uma das prateleiras velhas do fundo da loja, sentindo meu peito subir e descer de forma rápido mal conseguindo respirar corretamente, com minha mente criativa imaginando milhares de coisas, até mesmo um possível apocalipse zumbi, eu nunca tinha cogitado a ideia de um assalto, mas esse pensamento veio em minha mente no momento em que um som agudo fez meu corpo dar um sobressalto.

Um calafrio terrível foi sentido por mim, pude ouvir vocês nervosas e então eu soube o que estava acontecendo, mas demorei mais alguns segundos para raciocinar que aquele som não foi um barulho de queda ou de nada que eu já tinha ouvido antes. Aquilo foi um tiro. Meus olhos se encheram de lágrimas apenas com o pensamento do que poderia ter acontecido na frente da loja, minha respiração começou a ficar pior e minha mente começou a entrar em guerra, decidindo se eu deveria voltar para lá ou permanecer onde estava. Medo e preocupação. Não sabia qual deveria abraçar, mas ao parar por um momento e focar ao meu redor, eu percebi que não ouvia mais nada além das batidas fortes de meu coração.

Meu corpo se moveu sozinho, quando menos percebi eu estava parado em frente ao corpo caído de meu pai, atingido por um tiro impiedoso na testa. Por segundos que pareceram uma fria e cruel eternidade, eu apenas fiquei observando aquela cena com os olhos arregalados, me negando a acreditar que aquilo era real. Era um pesadelo com toda certeza, não era? Apenas isso explicaria, descreveria aquela cena, um pesadelo que se tornará realidade, como naquele filme de terror ridículo de 94. De repente meu corpo recebeu um espasmo forte e eu cai ajoelhado ao lado de meu pai, ignorando a poça de sangue que começou a manchar minhas roupas, eu apenas não entendia o motivo daquilo acontecer com um homem como meu pai.

Lembro-me de abrir minha boca para poder respirar melhor, mas nada aquilo não adiantou, minha mente estava fervendo e parecia que meu coração havia se partido e se transformado em pedras pesadas que estavam me esmagando por dentro, minhas lágrimas escorriam mas eu nem sequer percebi ou me importei, eu entrei em choque. Não me lembro de ouvir a sirene da polícia ecoar pela rua e muito menos deles entrarem no estabelecimento, apenas do momento em que um policial me pegou no colo, para me tirar de perto do corpo já coberto de meu pai, e então eu finalmente comecei a chorar e a gritar, pois ali eu percebi que aquilo não era um pesadelo se tornando real, era apenas a realidade se mostrando para mim pela primeira vez.

E eu sabia que dali em diante, ela se mostraria muito mais. A vida não é justa, e muito menos te espera se reerguer. Ou você luta ou sucumbe, não a vida ou a maldade, mas a si mesmo.

Como eu havia previsto, minha mãe e minha irmã não souberam lidar com a notícia do acontecido, o resultado foi catastrófico. Eu assisti minha família desmoronar aos poucos, bem diante dos meus olhos, e doeu ainda mais saber que eu não poderia fazer nada para mudar isso, tudo foi extremamente rápido, triste e confuso para mim. Minha irmã brigava constantemente com minha mãe, que se tornou um vegetal ambulante após algumas semanas, como se a ficha dela tivesse finalmente caído, foi quando ela parou de fingir que tudo estava bem e simplesmente se fechou para tudo e todos, sua vida era a sua cama e nada mais, minha irmã gritava e xingava o tempo inteiro no começo, talvez pensando que isso faria minha mãe voltar a ser o que era, mas isso não aconteceu, o que a fez se fechar para nós também, logo Luna que sempre fora uma garota gentil e doce, eu sempre a vi exatamente como meu pai, mas isso mudou também, acredito que ela se sentiu obrigada a mudar após tudo.

De repente Luna apenas me levava até a escola, mas não adentrava junto comigo, não sabia para onde ela ia, com quem ou o que ela faria e o que pretendia ao cabular aula daquela maneira, e sinceramente eu não tinha forças para questioná-la, pois eu passava a noite cuidando de minha mãe que decidiu virar sonâmbula de repente, eu me sentia exausto mentalmente, emocionalmente e fisicamente, ainda mais com a procura de de rentabilidade para nos sustentar. Luna começou a chegar tarde toda noite, e isso me preocupou, na época ela tinha apenas quatorze anos e já parecia uma adulta, outra pessoa.

O tempo foi se passando, e em um dia frio enquanto ela me levava para a escola, eu descobri que Luna começou a fumar, ela fumou na minha frente, como se aquilo fosse completamente comum para ela, aquilo me magoou e me fez pensar, eu deveria fazer alguma coisa, não deveria? Mas eu não sabia o que fazer ou dizer, não conversávamos mais como antes, não brincávamos e muito menos sorrimos mais. Não era apenas aquela estação que estava fria, nossa vida e relacionamentos também estavam e aquilo não passaria com a aparição do verão. Eu sabia que nunca mais teria um verão em minha família novamente.

Apenas um frio, impiedoso e longo inverno.

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