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A Vingança do Fazendeiro

A Vingança do Fazendeiro

Laís Olly

5.0
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3
Capítulo

Rosalía é a única filha do poderoso e temido Valdomiro do Amaral. Apesar do luxo e de todos os privilégios de ser a filha do imperador do diamante, Rosa não é feliz, ela se sente como uma princesa trancada num castelo, totalmente à mercê das vontades do seu pai que sempre a manteve sob rédeas curtas. Tião realizou todos os seus sonhos, mas nem isso foi o suficiente para curar as cicatrizes da época em que viveu com sua família no garimpo dos Amaral. Ele carrega marcas no corpo e na alma, decepções profundas que só podem ser curadas no momento em que ele por um fim na vida do desgraçado que explorou e destruiu a sua família. O que ele não contava é que seu caminho iria se cruzar com o de Rosalía, a filha do seu pior inimigo, por quem ele fica perdidamente apaixonado.

Capítulo 1 1

Rosalía

Era tarde e o sol brilhava intensamente, as nuvens que surgiam à sua volta não o ofuscavam. Ele era maior, mais imponente e o melhor de tudo, deixava meu dia mais alegre, perfeito para eu e Fantasma passear pela fazenda. Papai dizia que eu não deveria ser tão apegada a um cavalo, mas Fantasma era muito mais que um cavalo, eu o vi nascer e o alimentei quando ainda era menor que eu. Nós éramos uma dupla. Para mim ele era como alguém da família, só que mais legal.

Nós tínhamos o costume de passear pela imensa fazenda do meu pai, a Canto da Paz era tão grande que até hoje eu não a conhecia por completo, mas, isso não me impedia de ter meus lugares favoritos, um deles era a cachoeira. Fantasma não podia chegar lá porque era cercado de árvores e galhos, mas o caminho que levava até ela era cortado por um belo riacho de águas cristalinas e calmas, onde ele adorava parar para tomar água. Depois de deixar Fantasma bem a vontade eu o amarrei em uma árvore e caminhei alguns minutos até a linda cachoeira de pequenas cascatas hipnotizantes. Cuidadosamente passei pelas pedras rochosas, livrei-me da minha calça, bota, blusa, calcinha e fiquei completamente nua. Eu não via o menor problema em tomar banho pelada naquela água fresquinha, ninguém ia ali, acho até que eu era uma das poucas, senão a única pessoa da fazenda a conhecer essa parte da cachoeira.

Mergulhei, nadei no pequeno lago que se formava abaixo das cascastas e deixei a água corrente lavar meu volumoso cabelo acobreado enquanto sentia o frescor, toda pureza da natureza à minha volta. Estava envolvida demais com esse momento único quando ouvi o barulho de um trovão que fez falhar meus batimentos cardíacos. Naquele mesmo momento olhei para o céu e notei que agora o que dominava eram as nuvens acinzentadas anunciando a chuva.

Não esperei mais, rapidamente saí da água, me vesti e deixei a cachoeira correndo para me encontrar com Fantasma que estava no mesmo lugar, ao meu aguardo. O que eu não contava era que um relâmpago assustador fosse atingir uma árvore bem ao nosso lado. Juro que nunca fiquei tão apavorada, meu coração parou por alguns instantes e creio que Fantasma sentiu o mesmo, no momento em que o raio clareou tudo a nossa volta ele deu um salto de desespero, me jogando contra o chão enquanto a tempestade evoluía a cada segundo. Antes mesmo de entrar em contato com o chão molhado eu já havia perdido meu cavalo de vista, em seguida uma nuvem negra cobriu os meus olhos e eu simplesmente apaguei, ali, no meio do nada, debaixo do temporal que surgiu em plena tarde ensolarada.

[...]

Tião

Canto do Paz, esse é o nome da fazenda que nasci e fui criado. Que saudades de mamãe, de papai… Uma pena que teve que acabar daquela maneira. Eles não mereciam, talvez eu sim por ser ingênuo, fraco, medroso e aceitar que eles fossem humilhados da maneira que foram sem que eu movesse um único dedo. As consequências da minha passividade foram imensas, hoje meus pais não fazem mais parte da minha vida, eles não existem, pelo menos não nesse plano.

Pisar nas terras dessa fazenda me trás um misto de raiva e nostalgia.

Irritado montei de volta no meu cavalo e segui rumo ao vilarejo em que morava com os meus pais, era lá que viviam a maioria dos trabalhadores do garimpo do desgraçado do Valdomiro. O povo era bastante humilde, não sabiam ler ou escrever, sequer assinavam o próprio nome. Lembro como se fosse ontem da primeira televisão que chegou no vilarejo, e adivinha só para onde ela foi, para o cabaré de dona Tina que também pertencia ao merda do Valdomiro. Certamente essa foi mais uma estratégia para fidelizar a clientela de homens fodidos que tiravam dinheiro do alimento dos seus filhos e esposas para dar tudo para aquelas putas rampeiras.

Além do cabaré, somente a igrejinha da vila e o mercadinho possuíam energia elétrica, e claro, obviamente tudo isso também era de propriedade daquele desgraçado da qual prefiro não pensar no nome a todo momento.

Naquela época muito se falava que os dias do garimpo na região de Canto da Paz estavam contados, nós os garimpeiros sentíamos isso na pele. Trabalhávamos de segunda a segunda debaixo do sol escaldante, com os pés mergulhados na beirada do rio peneirando até o sol ir embora, para no final das contas só encontrarmos cascalhos. Não demorou muito para que muitos garimpeiros começassem a ir embora, o norte do país era o principal destino, a outra parte ficou por aqui mesmo na fazenda e passou a trabalhar com os gados do patrão. A condição de trabalho não era muito diferente, ganhávamos muito mal. Houve uma época que mal conseguíamos comer. Era muita exploração, humilhações de todos os tipos. Aquilo era uma tortura, não um serviço. Ainda assim eu acreditava que aquela era minha sina, trabalhar, trabalhar e sobreviver com a miséria que me pagavam, eu desconhecia o mundo fora da fazenda, nunca havia pisado numa escola, era um analfabeto funcional que abaixava a cabeça para tudo que faziam comigo. Até que um dia…

Apertei tão forte os punhos que os nódulos dos meus dedos ficaram vermelhos. Eu evitava lembrar do passado e de toda desgraça que aconteceu comigo, mas pisando sob esse solo é impossível fingir que nada aconteceu. É impossível não desejar uma morte lenta e dolorosa para aquele ordinário. Tudo de ruim que acontecer para o infeliz do Valdomiro do Amaral será pouco demais diante do mal que ele fez para os trabalhadores do povoado de Canto da Paz.

Respirei fundo e subi no meu cavalo na intenção de voltar o mais rápido possível para o sítio que comprei aqui por perto. O lugarzinho era aconchegante, exalava paz e sossego, nele tinha algumas galinhas, uma vaca e um chiqueiro com porcos, coisa mínima porque meu lugar mesmo era em São Paulo, foi lá que aprendi a viver, foi lá que me tornei um homem de verdade e deixei de ser aquele babaca do passado. Enquanto galopava o clima se transformava completamente, deixando de ser um dia tranquilo e ensolarado para virar um fim de tarde frio e cinzento. Não demorou para as pancadas d’água começarem a cair sob minha cabeça. Com certeza uma resposta a minha presença na fazenda daquele velho desgraçado, depois de mais de 1o anos foragido.

Eu achei que estivesse sozinho até um barulho estrondoso de um raio invadir os meus ouvidos. Logo em seguida o relinchar de um cavalo. Cavalo esse que veio galopando tão rápido quanto uma ferrari na minha direção, precisei ser ágil para não ser atropelado. O pobrezinho parou um pouco a frente de mim, provavelmente se assustou com o barulho do relâmpago. Ele estava bem, mas ao olhar para trás me deparei com uma mulher estirada no chão, debaixo da tempestade que parecia estar apenas começando. Eu não pensei duas vezes antes de puxar as rédeas do meu cavalo e ir até ela.

Era uma moça encantadora com o cabelo cor de cobre, parecia uma miragem no meio daquela lama. Era linda, fascinante, nem mesmo nas baladas da cidade me deparei com uma mulher tão bela. Eu a coloquei nos braços e depois de um pequeno esforço a montei comigo no cavalo. A envolvi nos meus braços sentindo sua pele quente em contato com a minha, o seu cheiro puro e doce mexendo a fundo comigo.

O cavalo branco que há alguns minutos parecia desesperado começou a me seguir. Certamente ela era sua dona e ele era muito fiel a ela. Eu nunca tive uma relação assim com um cavalo, para falar a verdade nem cheguei a nomear esse que estou montado. Isso é coisa de quem cresce junto com o animal e cuida dele desde filhote.

Já estava escuro quando chegamos no meu sítio. Meu caseiro correu na minha direção quando viu a moça nos meus braços.

— O que aconteceu, seu Tião?

— Não se preocupe Zeca, dela eu cuido. Dê uma atenção a esse cavalo, alimente-o, dê-lhe água e veja se ele também está machucado. — Ordenei ao meu caseiro. Zeca era um senhor baixinho já na casa dos 50 anos, um funcionário leal, prestativo. Ele já trabalhou com o meu pai, por isso o escolhi para cuidar do sítio. Tenho certeza que ele está muito mais feliz aqui do que já foi há algum dia trabalhando naquela fazenda.

Cuidadosamente desci a moça do cavalo e segui o mais depressa que pude para o banheiro. Estava preocupado, durante o caminho ela não parou de tremer, um banho quente seria o primeiro passo para fazê-la ficar bem. Precisei despi-la, meus olhos acompanhavam a água que passeavam pela pele clara e sedosa, a cintura fina e pelo bumbum arredondado que fazia jus ao quadril mais largo. Pelos da mesma cor que o cabelo cobria a vagina dela. Era uma mulher fascinante, maravilhosa. Os seios pequenos também eram marcados por auréolas num tom acobreado próximo aos seus fios. Enquanto lavava o cabelo inundado de lama notei um ferimento do lado esquerdo da sua cabeça, próximo a orelha. Massageei um pouco e suas pernas se mexeram, as pálpebras faziam força para que finalmente a moça despertasse.

Rapidamente tratei de tirá-la dali, a sequei e cobri-a com várias camadas de cobertores. Àquela altura nada tirava da minha cabeça que eu precisava levá-la para o hospital, foi então que suas pálpebras finalmente se abriram revelando os olhos verdes que mais pareciam duas pedras de esmeraldas.

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Boa tarde amores! Bem vindo a nossa nova jornada. Espero que Tião e Rosa mexa com o coração de vocês como tem mexido com o meu também.

Comentem muito para eu postar o próximo capítulo❤️

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