Login to Lera
icon 0
icon Loja
rightIcon
icon Histórico
rightIcon
icon Sair
rightIcon
icon Baixar App
rightIcon
5.0
Comentário(s)
2.2K
Leituras
2
Capítulo

O marido de Jenna ainda é perdidamente apaixonado por ela, mas o casamento de ambos não terminou como ele esperava e isso o fez querer entender todas as questões que se formaram com o tempo de casamento. Já Jenna começa a tentar seguir sua vida até que um homem muito apaixonado decide que vai ter sua esposa de volta. Jenna está fugindo do marido, mas ele não vai deixá-la ir sem dizer que realmente não o ama mais.

Capítulo 1 Eu sei

Eu sei que estava correndo contra o tempo todo santo dia. Sei que meu chefe testava minha paciência por ter assinado o nosso acordo de divórcio e sei que ele agiu feito uma criança mimada ao me ligar às duas horas da manhã para me perguntar de um relatório que eu já havia entregado quase vinte dias antes.

Mas lá estava eu revirando os olhos enquanto mandava os prints dos dias que fiz esses envios só para que ele me deixasse descansar em paz, no sábado.

Caio não percebeu que foi uma dessas atitudes que me levou para longe. Seu jeito de herdeiro mimado levando tudo na brincadeira, acabou com meu desejo de manter nosso casamento. No entanto, o salário era bom demais para deixar o trabalho como secretária dele e isso me levava a permanecer o aturando depois do expediente como se ainda estivéssemos casados.

Não vou ser hipócrita e só falar dos momentos incômodos, afinal por mais que os casamentos acabam e alguns acabam bem mal, os casais tem um momento ou outro que podem considerar bom. Caio, por exemplo, foi um bom marido no início e eu sempre deixei bem claro o quanto admirava o pai que ele havia se tornado, mas com o passar dos anos tudo começou a ficar maçante e monótono entre nós.

Nós morávamos juntos, íamos juntos para o trabalho, trabalhávamos no mesmo local e até estudamos juntos na época da faculdade. Era tanta coisa compartilhada que acabou deixando nosso dia repetitivo e aí começaram a brigar por tudo e por nada ao mesmo tempo. Tínhamos sempre um motivo que depois nem fazia sentido e isso me levou para mais longe.

Ele tinha um jeito arrogante que começou a surgir depois do casamento e era mais uma razão para brigarmos. Eu sou o tipo de pessoa que não gosta de ser contrariada e mesmo provando que estou errada, não dou meu braço a torcer e essa foi uma péssima mistura para nossa relação.

Não posso esquecer de dizer também sobre o homem mimado que vive nele. Estava sempre dependendo de tudo e esperando que eu estivesse a postos para fazer tudo em casa e no trabalho. Foram tantas coisas se revelando sobre nós dois ao decorrer dos anos que no fim, só restaram as críticas, os apontamentos e como diz minha mãe:

“À gente segura até onde pode e quando não dá mais, não adianta insistir. Dar murro em ponta de faca é tolice”.

— Jenna, você me ouviu? — perguntou do outro lado do telefone. Acreditei que foi ao perceber que eu não estava mais respondendo.

— Sim, senhor Álvares…

— Caio — ele me cortou, fazendo-me bufar.

Passei a mão no rosto quando bocejei e tentei não fechar os olhos enquanto falava.

— Eu já entendi, já enviei seus documentos, Sophie está na sua casa e estou morrendo de sono. Será que pode parar de me ligar para dizer besteiras e me deixar quieta?

— Por quê você ficou tão arisca nos últimos anos? Eu só queria entender isso. — Deixei um longo suspiro escapar ao entender que ele realmente havia ligado para aquilo.

— Faz cinco meses, Caio. Você precisa transar.

— Que bom que concordamos sobre isso. Quando posso te ver? — Parei de falar, apenas para abafar o riso que quis escapar da minha garganta ao ouvi-lo dizer aquilo. Forcei a mão na boca e fiz o impossível para o som não escapar. — Jenna?

Apertei o mudo do celular e deixei a risada sair livremente quando não fui capaz de responder. Caio estava usando todas as suas armas naquele dia e se soubesse que sua audácia tinha me tirado das estribeiras, pegaria o elevador para o quinto andar o mais rápido que poderia.

Respirei fundo quando ele chamou meu nome pela terceira vez e segurei o resquício da gargalhada para soltar o som do aparelho e dizer:

— Muito engraçado, senhor Álvares. Quer que eu anexe isso no meu relatório ao RH?

— Se eu falar o que quero é capaz do nosso caso ir além do RH, senhorita Vaz.

— Caio — o repreendi e foi a vez dele bufar.

— Jenna para de me tratar assim. Vamos jantar um dia desses e tentar resolver nossas pendências. — À voz dele era manhoso e aveludada como se tentasse me induzir com o encanto de suas cordas vocais.

— Boa noite, Caio.

— Jenna — desliguei antes de ouvi-lo seguir e respirei profundamente.

Senti o alívio do meu peito ao poder sugar uma boa quantidade de ar e caí na risada ao me lembrar das investidas do meu ex-marido e chefe.

Depois de termos assinado os papéis do divórcio, parecia que algo havia ligado na mente dele e o feito perceber que aquilo realmente estava acontecendo. Acredito que por essa razão ele tenha decidido me importunar sempre que poderia.

Eu entendi que ele mesmo estava cansado do nosso casamento e agora queria se livrar de mim como secretária também, embora sempre dissesse que eu havia sido a pessoa mais competente que ele contratou em anos. Isso bem antes de nos apaixonarmos e nos casarmos.

Contudo, após tanto tempo, acreditei também que ele estava cansado de mim e que passou a testar todos os meus limites até que eu desistisse não só de nossa vida particular, como nossa profissional também.

Se era isso mesmo que ele estava tentando fazer, ele não conhecia Jenna Vaz mesmo tendo convivido com ela por quase vinte anos.

Eu iria aguentar firme tudo o que ele tivesse até que encontrasse um trabalho tão bom quanto aquele, então Caio teria que se esforçar o dobro para me irritar de verdade ou ia finalmente desistir de tentar me tirar à razão. Fosse lá em qual sentido ele quisesse fazer aquilo.

“Por favor, não me mande mensagens e nem me ligue neste fim de semana. Vou viajar e por isso já adiantei todo meu trabalho. Não quero ser incomodada, qualquer coisa à senhorita Hilda estará à sua disposição".

Ele visualizou a mensagem do whatsapp em menos de um segundo e já estava digitando algo. Passou dois minutos digitando e parando até que finalmente enviou:

“Viajar sozinha?"

Dei um sorriso bora e me repreendi com isso. Não era mais da conta dele.

“Cuide bem da nossa, Sophie. Bom final de semana para vocês!”.

Respirei fundo novamente e apertei o botão no lado do celular. O combinado com as meninas era sem celulares, sem chefes, sem maridos ou ex e principalmente, sem estresse. Então era hora de relaxar depois de tanto tempo.

Continuar lendo

Você deve gostar

Outros livros de Corine Guenièvre

Ver Mais
Capítulo
Ler agora
Baixar livro