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Reencarnação
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Capítulo

Já cansado da vida, um jovem vive momentos de desespero antes de sua morte. Ao acordar do pesadelo que era sua vida passada, este se vê com um horizonte de possibilidades nesse novo mundo.

Capítulo 1 Prólogo

ㅤSendo bem honesto, nunca me importei muito com o futuro. Vivi sempre uma vida de reclusão mental e social, fadado ao esquecimento e ao sofrimento causados pelo destino cruel que me assola. Sempre as custas da minha família. Já tentei me erguer sozinho, entretanto nunca tive apoio de ninguém. Minha família era bem defeituosa, me fizeram afastar-me daquilo dito como ʽsociedadeʼ, isolando-me de tudo e de todos sem parar para pensar no tempo que estava a passar.

ㅤQuando descobri que meus pais e meu irmão haviam morrido em um acidente, não tive sequer reação ou emoção, eles também não teriam se fosse por mim.

ㅤQuem me deu a notícia, entristecido pelo seu irmão e relutante por eu ser a única lembrança dele, foi meu tio que sempre tentou me transformar em uma cópia de seu irmão. Ele me esqueceu depois que meu irmão mais novo começou o ensino médio, se tornou o seu queridinho, me dei bem pois não o suportava.

ㅤMeu tio e dois dos meus primos à minha frente falando sobre ser mais independente e digno de minha própria vida. Não importei-me muito: “eu quero é que se dane!”, eu disse. Entrei para a minha quitinete (que era paga por eles) e, preocupado se o novo episódio da minha série favorita do Prime Vídeo havia lançado ou não, fui direto à minha cama, liguei a tv e comecei a assistir.

ㅤEu só havia pensado em continuar minha vida: “Eles nunca ligaram pra mim”, eu pensava. Sendo sincero, me passava pela cabeça o que eu poderia fazer em uma situação dessas, nada. Uma pessoa sem perspectiva da realidade eu era.

ㅤNo dia do funeral, ouvindo em alto volume a nova música da Once Monster, me lembro como se fosse um aviso da minha derrota, ouvi o barulho da porta sendo arrombada. Quando olhei por cima do meu ombro, veio de forma impedosa, um soco em minha cara, meu primo estava muito bravo. Ele me espancou e eu sequer sabia o porquê.

ㅤO que há de errado em me abster de meus problemas e viver sobre os ombros dos outros? Ele estava desorientado. Com certeza ele não sabia o que estava fazendo, meu outro primo chegou e parou ele. Não consegui sequer ouvir o que ele falou ao outro.

ㅤMeu primo que havia parado o outro, olhou para mim e cuspiu em minha cara, outro que estava muito brabo. Ambos começaram a falar que eu era a vergonha da família e que seu pai, um singelo homem a qual sempre me deu o apoio que precisava, estava muito triste em ver-me naquela situação.

ㅤEsta situação parece um episódio de This Is Us, “Calem a boca! Me deixem em paz!”, eu gritava. Eos dois já estavam certos de como me curar desta minha 'doença'.

ㅤComeçaram a quebrar meu quarto e eu, perplexo e paralizado com a situação, comecei a chorar. Era minha vida inteira sendo destruida bem em frente aos meus olhos. Quando da mão de um deles foi arremessado meu quadro de formatura da quinta série, uma das únicas coisas boas que recordo de minha vida, eu fiquei em fúria, parti pra cima deles dois, gritando, com raiva e desespero, dei um soco em um deles o outro me acertou um soco, que me fez cair, e depois ambos começaram a me chutar, já caído no chão.

ㅤDepois de me baterem muito, eles me ergueram e me colocaram pra fora da quitinete, me expulsando aos chutes.

ㅤAo lado de fora da quitinete, eu comecei a gritar e tentar derrubar o pequeno portão da frente, sem sucesso. Comecei a ficar muito desorientado, alguns chamam isto de choque de realidade.

ㅤCabisbaixo e tendo que encarar a realidade, desisti enfim de apoiar-me na minha família. Sai de lá, sem rumo e sem futuro certo.

ㅤAndando pelo bairro percebi que, de tanto permanecer isolado, eu não conhecia nada pelas redondezas de onde morava. Tudo era tão 'normal', enquanto eu era tão excêntrico.

ㅤ“Por que eu sou tão estranho?”, eu pensava. Esta é uma pergunta a qual eu não podia dar uma resposta cabível. Enquanto muitos lutam para ter seus corpos dos sonhos, fazendo academia, dieta e esportes, eu sou um gordo, feio e de personalidade excêntrica. Eu era um estranho e tinha de aceitar este fato.

ㅤNão tinha mais a que me prender, apenas tentar me reerguer.

ㅤAndando cabisbaixo e pensando o que me espera.

ㅤEra uma tarde de verão em curitiba, mas os céus começaram a se fechar, rapidamente uma chuva começou. Os céus vinham até mim, lavando minha alma e tentando me reanimar. De certo modo eu passei a pensar em uma possível melhora e em como me recompor.

ㅤTalvez eu pudesse começar procurando um abrigo, como um digno sem teto. Não iria atrás de minha família de forma alguma. Eu tinha que manter minha mente focada em meus novos objetivos.

ㅤTendo um abrigo temporário, eu poderia sair atrás de algum emprego. Nunca trabalhei ou sequer tentei arranjar um trabalho, mas sei como funciona, já li muito a respeito e também cheguei a jogar um game de narrativa interativa, o qual se tratava de personagens que tinham que seguir rotinas de trabalho, nunca achei que seria útil.

ㅤ“Mas... do que eu poderia trabalhar?”, eu me perguntava. Eu não tinha experiências profissionais, qualificações e nem nada do tipo. Mas se há algo que eu possuo é conhecimento, em várias áreas.

ㅤPoderia começar procurando emprego em uma lanchonete, talvez uma biblioteca fosse boa, pois eu usaria meus conhecimentos.

ㅤDepois de conseguir um empego, talvez fosse possível que eu alugasse uma pequena quitinete.

ㅤ“Depois de alugar a quitinete, eu vou poder recomeçar e então...”, eu comecei a olhar para o chão, ajoelhei-me e esnobei de mim mesmo: “Depois o quê? Hein? O que você irá fazer?”, eu comecei a chorar por conta de minha fraqueza e de minhas ideias utópicas.

ㅤDepois de algumas horas andando, eu já estava perdido, sem rumo. Já era tarde da noite, não sei que horas ao certo. Eu estava perto de um sinal, sentei escorando no poste, jogado na calçada.

ㅤFiquei ali um tempo, alguns carros passaram, um cachoro ficou me cheirando um tempo e até um policial foi dar uma olhada em mim, para ver se eu estava bem.

ㅤDe repente uma velhinha carregando algumas sacolas com comida apareceu perto de mim, ela ia atravessar a rua, o sinal ficou verde, mas ela parou quando me viu. Imagino o que deve ter imaginado: ela com idade avançada estava na rua comprando comida naquelas horas da madrugada, enquanto eu, que apesar de obeso era jovem, estava jogado na calçada daquela forma.

ㅤ─ O que há jovem? ─ Perguntava ela.

ㅤ─ Nada. Vá para sua casa. ─ eu respondi.

ㅤ─ Sua mãe não lhe ensinou a ser gentil? ─ ela disse.

ㅤ─ Você acha que, se minha mãe tivesse me ensinado algo, eu estaria nessa situação? ─ eu retruquei.

ㅤ─ Ah, então você deve ter tido uma mãe problemática. Precisa de algo? ─ Falou a senhora.

ㅤ─ Não, já disse para você ir para sua casa, já está tarde. Tem nada para fazer não? ─ Resmunguei. E completei falando: ─ Inclusive, o que faz a essa hora na rua?

ㅤEla deu uma risadinha: ─ Para alguém que quer que eu vá embora, até que você faz muitas perguntas.

ㅤEu fiquei um pouco nervoso com a situação. Na minha mente era uma velhinha um tanto sem noção, por parar para falar com um pseudo mendigo.

ㅤ─ Não ligo para você, apenas vá embora. ─ Falei.

ㅤEla me olhou bem e depois disse:

ㅤ─ Vocês jovens são bem difíceis, né? Eu tenho um neto de dez anos, cuido dele sozinha, ele é cheio de sonhos e quero ajudá-lo a realizá-los. Porém, ele sempre fica triste quando se lembra que seus pais morreram e tenta me distanciar quando está assim. Mas sabe, vocês não precisam fazer isso, sempre há alguém que pode lhe ajudar. Não tenha vergonha de pedir ajuda.

ㅤEnquanto ela falava, eu só conseguia agradecer pelas palavras e pensar em como alguém como ela me fez falta.

ㅤ“Eu poderia tê-la conhecido antes.”, eu pensava.

ㅤEla colocou uma marmita do meu lado e disse para eu comer, me recuperar e depois ir atrás do que eu precisava. Depois ela se virou e disse para me cuidar.

ㅤO sinal ficou vermelho quando ela ía atravessar, um caminhão estava vindo com uma velocidade considerável, ela não viu e nessa hora eu pensei em quase tudo por apenas uma fração de instantes.

ㅤEu não queria ver aquela senhora sendo arremessada para longe por um caminhão, na hora eu levantei de súbito e, mesmo com frio, cansado e com meus ossos dormentes, eu corri em direção à ela, que já estava no meio da faixa.

ㅤPoderia tentar me passar pelo bom herói e dizer que eu não pensei, apenas corri para salvar o próximo. Mas isto nem de longe é verdade.

ㅤQuando vi que ela ía ser atingida, pensei no que ela havia dito sobre si e seu neto. Além de que, eu não poderia deixar alguém que me elucidou morrer daquela maneira.

ㅤEu cheguei perto da senhora e empurrei-à para frente, torcendo para que as várias sacolas de compra que ela carregava amortecessem sua queda, pois assim foi, ela caiu sobre as sacolas e eu, depois de empurra-lá só pensava em como a minha vida havia sido um completo desperdício.

ㅤO motorista do caminhão até percebeu-me, mas já estava muito em cima para desviar, em uma reação rápida, ele freou.

ㅤA freada repentina do motorista e a batida em mim produziram um notório som, eu fui arremessado para longe! E antes de perder a consciência vi minha vida inteira passar diante de meus olhos, era como ler uma alegoria de minha própria vida.

ㅤ“Eu consegui a salvar? Espero que ela tenha ficado bem.”, foram meus últimos pensamentos.

ㅤEu havia morrido, mas estava apenas começando minha história. Não era tarde para tentar!

ㅤQuando dei-me conta minha consciência havia sido reintegrada, mas eu me sentia estranho não sentia nada físico, estava a mercê do limbo.

ㅤComecei a ouvir alguns gritos, pareciam um tanto quanto distantes. Os gritos começaram a se aproximar rapidamente, todavia parecia que era eu quem estava indo ao encontra deles.

ㅤSenti um sentimento singelo naquele instante, minha mente entrou em êxtase, ouvi uma mulher gritando alto e, não tão distinguivel, vi um brilho muito, muito forte, era algo muito mais brilhante que o sol, mas eu não sabia do que se tratava. Creio que tantas informações foram despejadas em mim, que meu cérebro apenas interpretou como um grande e forte brilho.

ㅤEm dada fração de segundo, tive uma súbita sensação corporal. Senti meu corpo novamente.

ㅤTentei abrir os olhos, mas tive que esforçar-me bastante, quando abri os olhos veio um clarão, eles estavam sensíveis a luz. Não estava conseguindo entender bem.

ㅤQuando a sensibilidade melhorou um pouco consegui focar a minha visão, senti alguém me... segurando?

ㅤEnxerguei uma moça com um pano enrolado na boca, ela falou algo para alguém que eu não conseguia enxergar.

ㅤ─ Xxxxx*xxxxxx ─ Não consegui compreender o que ela falava.

ㅤEla me carregou, eu não estava entendendo nada. Começou a passar algo sobre meu corpo.

ㅤ“Como essa mulher está me segurando? Eu peso 110 kg!”, era só o que eu pensava.

ㅤEla me levou até uma mulher e entregou-me a ela. Ela me deu um beijo na testa, dá para dizer que foi o primeiro beijo que uma mulher me deu.

ㅤApareceu um homem ruivo, que começou a falar algo com a mulher que me segurava.

ㅤEu estava sem compreender a situação, quando tentei mover minhas pernas eu não consegui, “será que elas quebraram por causa do acidente?”, tentei mover minhas mãos que pareciam estar amarradas, comecei a mover os dedos, depois abri e fechei meu punho e finalmente levantei meus braços... percebi que estavam encolhidos. Eu havia virado um bebê!

ㅤDepois de perceber o que havia acontecido, eu pensei que esta poderia ser uma oportunidade de recomeço, porém ainda estava um pouco confuso, além do mais, não é todo dia que você morre e vira um bebê.

ㅤAinda assim, era cedo para pensar.

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