Login to Lera
icon 0
icon Loja
rightIcon
icon Histórico
rightIcon
icon Sair
rightIcon
icon Baixar App
rightIcon
Um amor em construção

Um amor em construção

Flor de liz 1408

5.0
Comentário(s)
36.1K
Leituras
26
Capítulo

Laura e Marcelo amigos desde de sempre, dividindo um apartamento a cinco anos, alunos em uma universidade da capital, descobrem no meio do percusso um sentimento, muitas sensações ou somente carência da solidão e das decepções vividas durante esse tempo... Só saberemos ao desfrutar da leitura desse drama, romance ou apenas linhas escritas para o mero entretenimento de vocês, você só saberá aventurando-se nessa história em que o final assim como a vida é uma incógnita.

Capítulo 1 A noite em que tudo começou...

Passava das 3h da manhã, eu estava dormindo em meu quarto, exaustão me definia, o dia de ontem tinha sido puxado na universidade com o TCC, estágio em uma grande empresa e ninguém me disse que seria fácil o último ano de Engenharia civil. Quando de repente Marcelo entra e com tudo se atira ao meu lado na cama... Juro que meu coração literalmente quis sair pela minha boca naquele momento... E num sobre salto dei um grito:

- Marcelo !!?

E sem nenhuma reação muito evidente ele me olhou fixamente e me puxou em sua direção... Eu tinha que ter notado que o cheiro de álcool que já naquela altura dos acontecimentos já tinha exalado em todo cômodo e seus olhos marejados provavelmente tinha muito a haver com tal atitude,mas que nunca antes tinha acontecido estava tão perto dele a ponto de eu sentir o calor da sua respiração e o pulsar de seu coração que naquele momento parecia agitado, mostrando em seu pescoço uma leve veia sobre saltada em sua pele morena, não nego me deixei levar pelo impulso... o calor dos seus lábios sobre os meus, o sabor da tequila que ainda permanecia em sua boca ainda guardando o amargo do limão,o cheiro gostoso da sua colônia amadeirada que sobre sua pele levemente úmida davam um toque de masculinidade a mais eram claramente um convite ....de que não faça isso Laura.

Mas pela primeira vez, desafiando eu mesma deixei as emoções daquele momento tomarem conta de mim e a cada toque de suas mãos em meu corpo, cada movimento sutil sobre mim, me faziam sentir nas nuvens.

Na manhã seguinte, antes mesmo de abrir os olhos fiquei relembrando cada gesto, cada carinho e de como foi gostoso tudo o que aconteceu e que mesmo as coisas fiquem diferentes... Sério? As coisa com certeza vão ficar estranhas. Como vai ser a partir de hoje? São tantas dúvidas que passam sobre meus pensamentos nesse momento...eu perdida em meus pensamentos só notei sua falta quando abri os olhos e vi seu lugar vazio ao meu lado e que estava sozinha em meu quarto... Peguei seu travesseiro e pude sentir o cheiro do seu condicionador ainda impregnado nele. suspirei pois sim sou uma completa idiota.

Levantei mas com muita vontade de ficar deitada,a preguiça tomava conta de meu ser naquela manhã e a vergonha de como encarar o Marcelo depois de tudo o que aconteceu mais cedo. Fui pela pontas dos pés até a porta, sim estava me sentindo ridícula por agir assim, mas não me julguem, a situação era digamos muito estranha pelo menos para mim...ouvi o barulho do chuveiro do quarto dele..ah sim esqueci de relatar que moramos juntos a quase cinco anos quando por questões meramente financeira e apego mesmo resolvemos dividir esse apê, pois somos do interior aonde cursar engenharia Civil seria impossível. Marcelo também começou a cursar engenharia Cívil, mas felizmente no segundo semestre do primeiro ano, decidiu que não era apto a construção e mudou totalmente o foco para Arquitetura. Enquanto eu era fascinada em como as obras era construídas na sua essência, Marcelo era obcecado na cobertura do bolo se é que me entende. Então voltando a porta.

Ao ouvir o som do chuveiro vindo do quarto a frente do meu, senti um certo alívio pois teria tempo de me recompor e por as idéias ou tudo isso que estava em minha cabeça em ordem, segui até meu banheiro, liguei o chuveiro pois gosto de deixar o box com aquela neblina quentinha que o vapor faz... Só daí me dei conta que estava vestida com a camisa dele e só com a camisa dele.

-Jesus o que faço agora da minha vida!!! Falei olhando minha expressão no espelho já embaçado pelo vapor.

Entrei no chuveiro e deixei por alguns segundos a água quente me abraçar e me dar o consolo que precisava naquele momento.

Fui tirada do meu momentâneo transe quando ouvi a batida na porta seguido de um:

- Te apressa, vai te atrasar... Tô passando o café!

Não deveria ser estranho, pois quase todos os dias ele fazia isso, mesmo eu não estando nem perto de estar atrasada, mas hoje tudo parecia estranho. Apressei para lavar meus cabelos, logo sai do banho, nunca fui vaidosa a ponto de me atrasar para um compromisso, calça jeans, camisa básica, um tênis pra lá de confortável, pois acredite na primeira aula de campo, você aprende que saltos e sapatos da moda não são nada úteis em canteiros de obras.Quase finalizado o look, fazendo um coque pois definitivamente meus cabelos crespos não me dão muitas opções, corretivo, rímel e um gloss que já coloco na bolsa pois não vivo sem. Quando escuto da cozinha:

- Você não vem?Vai tomar café sozinha e vai ficar sem carona?!

Seguido de uma gargalhada também costumeira dele,que certos dias até me irrita , como alguém acorda sempre de bom humor. Dei uma última olhada no espelho, me enchi de coragem e decidi que só tocaria no assunto caso ele começasse, nunca fui muito boa em iniciar conversas e muito menos do tipo "e aí como foi pra você?".

Abri a porta e o cheiro do café estava por toda a cozinha, ele tinha arrumado cuidadosamente a bancada que ficava na copa pois como nosso apartamento não era muito grande a sala e a cozinha era dividido por uma bancada, a cozinha em estilo americano que já veio com o apartamento, compramos apenas duas banquetas e ali costumávamos fazer nossas refeições quando estávamos a sós, pois quando reuníamos a galera tínhamos uma mesa que também estava lá quando alugamos,montamos uma sala pequena porém muito charmosa com móveis que trouxemos na mudança. O apartamento é bem claro pois tem duas grandes janelas bem de frente que claream a sala e a cozinha e em frente a mesa tem uma porta de vidro que leva a uma sacada que posso dizer meu refúgio para dias de caos, aquele lugar pra mim era um pedacinho do céu, e ao lado oposto da mesa, um corredor com duas suítes uma de frente para a outra e no fundo do corredor um banheiro social. Podemos dizer que somos privilegiados pois mesmo ganhando bolsa integral em uma universidade federal o custo de se viver em uma cidade grande como Porto Alegre são altos, mas tanto eu quanto o Marcelo somos ajudados por nossas famílias e também fazemos Jobby quando temos tempo, tudo para mantermos nosso orçamento fora do vermelho. Coloquei meus livros e plantas na mesa e segui até a copa aonde Marcelo já estava sentado.

- Bom dia!

- Bom dia, princesa, já coloquei teu pão na torradeira.

- Ah!! Obrigado.

Peguei o pão que estava pronto, sentei ao seu lado, comecei imediatamente me servir, quebrando aquele silêncio aterrorizante que só acontecia quando brigávamos feio e que também não durava por muitos dias.

- Que horas você sai da faculdade hoje?

Eu por um minuto, meio perdida em meus pensamentos sou chamada a atenção.

- Laura, tá bem?

E voltando desse leve devaneio.- sim estou, o que você estava dizendo mesmo?

- Queria saber que horas você sai do campus hoje?

- Não sei bem, pois hoje tem aula com a Professora Priscila e você sabe o quanto ela consegue ser mórbida e longa nas suas aulas.

- Sei bem, ela foi uma das minhas inspirações pra largar a engenharia, mas que cadeira que ela ainda dá pra você?

- Hidráulica, nem me fala... Tenho uma maquete pra entregar pra ela daqui a duas semanas e nem sei por onde começar.

- Pelo começo...

- Haha... Não pensou em ser humorista, é maquete virtual em 3D. E vc sabe o quão habilidosa sou com qualquer coisa tecnológica.

- Bom, te ajudo!

Nesse momento senti suas mãos na minha coxa o que imediatamente me fez ficar vermelha. Pra disfarçar levantei tirando as xícaras o que ele também fez pois dividimos por igual nossas tarefas em casa, o que facilita para os dois, colocamos tudo na pia, Marcelo se apressou em escovar os dentes e eu fiz o mesmo e logo saímos de casa em direção ao estacionamento, como nosso apê, dava ao locatário, apenas uma vaga de estacionamento dentro do valor do aluguel, nem tive chance em trazer meu carro que ganhei de dezoito anos, minha princesa tá na garagem da casa dos meus avós um New Beeats só esperando uma vaga na minha vida. Então no momento o carro em evidência na minha rotina é HB20 branco que pertence ao Marcelo dado a ele pelos avós. E como não sou obcecada em dirigir deixo isso para meu amigo, que de jeito nenhum me dá o carro pra levar. Entrando no carro, coloco as coisas no banco de trás e vocês nem imaginam quanta coisa dois universitários podem carregar em um só dia de aula, colocamos o cinto e assim da partida no carro ele já liga o som, o que hoje vai até ser um alívio pois sabe aquele silêncio de hoje mais cedo não vai existir... ótimo!!! Mas o que será que teremos pra hoje sertanejo, sertanejo mais sertanejo.

Mas fui surpreendida por, eita!! Iza, amo essa música. Observando a paisagem e pensando, pensando, quase que literalmente fritando meus neurônios, escuto ele cantarolando a música, fazendo uma dancinha engraçada enquanto dirigia, claramente desengonçado por não ser íntimo da melodia.

Mas que naquele momento parecia perfeito.

- Ei, você ainda não percebeu

Depois do que aconteceu....

Foi aí que me toquei, meu Deus será uma indireta, ou algo do subconsciente dele, vai saber?!

Novamente fui desperta dos meus pensamentos quando senti a mão dele em meu ombro me chamando achando que eu estava dormindo.

- chegamos.

Sem graça abri os olhos e dei um sorriso amarelo, peguei minhas coisas e saímos em direção ao prédio que naquela hora parecia mais um Formigueiro de tantas pessoas que ali estavam circulando. Nos despedimos pois nossas salas ficam em direções opostas uma da outra.

Primeiro e segundo período foram tranquilos apenas revisão de trabalhos entregues com o mestre professor Álvaro, um fofo, atencioso, engraçado. Já os últimos três seriam chamados se virasse um filme com certeza o massacre da Hidráulica Avançada... Estrelando nada mais nada menos que a querida professora Priscila, que tinha fama de durona, sem piedade.

Bom, se era para me tornar uma excelente profissional todo esforço estava valendo. Fui despertada novamente pelo som da sineta avisando o final do segundo período.

Me dirigia ao refeitório, lá que a galera costuma se reunir no intervalo, quando sou parada por alguém que gritava estérica atrás de mim.

- Laura, Laura espera!

- Aonde vai com tanta pressa?!

- Oi Luiza, ah é bom ver você também.

- Ata, Laura desculpa esqueci que você é toda certinha e gosta de formalidades.

- Falando em formalidades,minha cara amiga, porque matou aula de novo, Lu?

- Tinha aula hoje? brincadeira...sabe conheci um gatinho que faz Educação Física.

- Daí, você vai pôr em risco cinco anos da tua vida, por um...ah, deixa pra lá.

Dei as costas e deixei a Luiza falando sozinha, sério amo ela de paixão, uma pessoa maravilhosa, mas essa mania de não dar valor a nada e se auto sabotar já deu pra mim, pelo menos por hoje.

De repente sinto duas mãos me agarrando pela cintura me fazendo girar, pega pelo susto dei um grito quando vi que era o Marcelo muito eufórico gritando e sorrindo.

Terminado o giro que me deixou tonta ouvi ele dizer:

- Passei, Laura eu passei!

-Passou no que? Pode me explicar?

- Lembra que eu te falei de um estágio em um escritório de arquitetura, aqui na capital remunerado em que as vagas eram mínimas e você me incentivou? pois é me inscrevi e passei.

Eu passei Laura!

- Com a tese de arquitetura e sustentabilidade que vc tá fazendo seu TCC ?

- Sim, eles amaram a proposta de sustentabilidade e renovação de recursos naturais, Tô muito feliz, parece que hoje tá sendo um dia daqueles sabe... mágicos!

- Mágicos, acredito sim... meus parabéns!

Nesse momento nos abraçamos e foi diferente, tinha uma energia nova, algo novo acontecendo e abraçados fomos até o refeitório comemorar o estágio do nosso futuro arquiteto.

Bom, finalmente a abençoada sineta avisava que o quinto período tinha encerrado, estava saindo quando ouvi a voz da professora Priscila me chamando.

- Laura, sabe que é a aluna mais dedicada na minha disciplina, não sabe?

- Eu, imagina.

- Estou ansiosa pela sua maquete, mesmo que virtualmente, sei que seu projeto há de ser o melhor deste semestre.

- Pode deixar, vou me esforçar ao máximo!!

Falei isso saindo com um sorriso sem graça, imaginando que prazer tem uma pessoa em torturar outra assim gratuitamente.

Falando comigo mesma, me deparo no final da tarde com Marcelo me esperando, sentado na portaria do campus.

- Pensei que eu iria de ônibus, hoje.

- Porque?

- sei, lá pensei que fosse sair com o Marco e contar a ele a novidade do estágio.

Olhei para o rosto dele e senti um certo desconforto, sentei ao seu lado em silêncio,essa hora o campus parece uma cidade quase fantasma, poucas pessoas transitam e somente em algumas horas começam os horários noturnos... Sabe o que dizem sobre instituições de ensino nunca dormirem, aqui é fato.

- Ei, o quê tá acontecendo?Celo sabe que pode contar comigo pra tudo né?! Nisso ele levanta e me puxa pra perto me dando de novo aquele abraço, não falando nada mas ao mesmo tempo expressando tudo.

O caminho pra casa foi em um silêncio avassalador, que doía na alma, mas não me atrevi a falar nada mais profundo mesmo sabendo que precisava falar algo.

- Olha, sério...preciso da tua ajuda - daí banquei a metralhadora, falando sobre minha conversa hoje mais cedo com a professora Priscila e sobre esse maldito projeto de hidráulica e fui surpreendida com uma gargalhada dele, minha alma estava lavada, tinha conseguido tirar ele daquele vácuo negro que ele se encontrava desde que saiu do campus.

- Sério Marcelo, rindo da desgraça dos outros.

- Não nunca, mas a maneira que você relatou tudo foi cômica.

O restante do percurso foi tranquilo. Finalmente abri a porta de casa e ao abrir a geladeira vi que esquecemos ambos de ir ao supermercado.

Gritei alto pois Marcelo já estava no quarto com o famoso sertanejo dele.

- Ei esquecemos de fazer o super, vamos lá agora? tá cedo ainda!

E nada.

Foi quando abri a porta do quarto dele e vi ele recolhendo, as coisas do Marco e colocando em uma caixa, fotos , roupas. Ele parou olhou e perguntou:

- O que vc quer chatinha?

- Tipo não tem nada na geladeira e eu esqueci, você esqueceu, vamos no super ?

- Hoje não... Tô cansado, chateado, mas feliz também, amanhã, pode ser? Falou dando as costas voltando para o que estava fazendo. Quando fechei a porta ouvi.

- Rachamos uma pizza... Sem brócolis!

- Tá bom!

Quando a pizza chegou, já estava com meu banho tomado, mesa posta era um momento estranho mas de comemoração, afinal um estágio remunerado em um grande escritório de arquitetura não é pra qualquer um.

Marcelo entrou no apê com a Pizza na mão colocou na mesa e foi até a cozinha trazendo duas taças e uma garrafa de vinho.

- vinho, que chique?!

- Sei que você gosta e estava guardando pra esse dia, comprei quando me inscrevi no estágio.

- Então vamos brindar ao teu sucesso!

Enquanto ele servia, pude sentir o aroma do vinho.

Ele me alcançou a taça e brindamos a nossa parceria e a seu estágio.

Sentamos, comemos quase a pizza toda, rimos muito pois o vinho me deixa leve o suficiente pra deixar fluir quem eu sou de verdade, sem filtros e medos, foi quando olhei bem nos olhos cor de mel que ele tem e perguntei:

- O que houve com você e o Marco?

Ele olhou pra varanda e quando ia começar a falar o interfone tocou, pois como já era tarde a portaria do prédio provavelmente estava fechada.

Foi quando fui até a copa e atendi o interfone.

- É o Marco.

- sério?

- sim, quer falar contigo.

- Não tenho nada mais pra falar com ele, acabou.

- Marco espera um pouco aí, o Marcelo já vai.

- Não vou não, não devia ter respondido por mim.

- Celo, não sei o que houve entre vocês, mas não se acaba assim uma relação de anos, percebe, esse não é você.

No que terminei de falar só ouvi o som da porta batendo atrás de mim.

Continuar lendo

Você deve gostar

Capítulo
Ler agora
Baixar livro