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Minha vida era estranha, muitas coisas mudaram desde um certo incêndio, me envolvi em investigações, discussões com funcionários suspeitos e subi muitas vezes até o último andar da empresa onde trabalho, mas esta não é exatamente a melhor parte dos meus últimos meses. Até mesmo um pequeno garoto de cinco anos de idade era capaz de me conquistar e querer enchê-lo de brinquedos e quebra-cabeças. Mas quer saber o melhor de tudo, além dos meus frequentes consumos de cafeína? O pai da criança.
Bom, se há dois meses atrás me perguntassem se era possível eu estar dando para o meu chefe, na sala dele lá no último andar do prédio, a resposta seria não. Se me perguntassem hoje, ela ainda seria não, já que não gosto de usar esse tipo de linguagem. Agora, se estamos transando sempre que possível - escondidos para que ninguém da empresa descubra e as dores de cabeça com indiretas comecem -, então preciso admitir que sim. Nada na minha vida parece acontecer de forma tranquila e unicamente boa, nem mesmo sexo.
Ah, mas que falta de educação a minha, nem me apresentei ainda. Eu me chamo Violeta Ramos, tenho 25 anos e trabalho como TI em uma empresa que fabrica materiais esportivos, dos mais diversos tipos que a gente consegue imaginar. Sempre me orgulhei de meus esforços para chegar onde estou, até mesmo com respeito dos meus colegas de profissão, mas talvez eu esteja colocando tudo em risco ao transar com meu próprio chefe, mesmo não ganhando vantagem alguma com isso. Só havia o coração e o corpo gostoso dele, claro, e essas são as únicas coisas que eu quero dele.
Eu até mesmo tenho uma família amorosa, com meus pais ainda casados e felizes e um irmão enorme que é bombeiro, mas super fofo com aqueles que ama, então apesar dos esforços na área profissional, nunca tive qualquer problema ou desilusão na questão pessoal e familiar. O que isto quer dizer exatamente? Que eu poderia muito bem ter me concentrado apenas no meu trabalho, resistido àquele belo homem que vestia ternos como ninguém, e seguido minha vida como se nada mais estivesse acontecendo, mas parece que não podemos mandar em tudo. Meu coração, e outras partes do meu corpo, não são computadores, eu não posso apenas programá-los de novo, por isso eu deixei Felipe entrar na minha vida, na vida Violeta pessoa e não programadora. Eu deixei que ele passasse a se tornar cada vez mais parte da minha vida, da minha casa, dos meus pensamentos, e talvez do meu coração também, embora este detalhe eu provavelmente deixe bem escondido por muito tempo.
…
Trabalhar em uma empresa como essa não é fácil, não só pela grande lista de coisas que precisam ser feitas e mantidas por diversos setores dentro desse prédio, como pelas pessoas que precisam conviver em harmonia, para que nada saia do seu lugar devido e chegue ao consumidor com defeitos, assim como para que todos não precisem sair do prédio direto para um bar. Mas estou sendo básico nessa descrição, afinal, no meu caso, com a minha empresa, ainda existe um fator a mais para preocupação, apesar de ser um problema que me trouxe até aqui, que me fez reviver emoções que pensei serem impossíveis, que me fez voltar a acreditar em amor e a colocar os olhos em uma loirinha baixinha, de olhos azuis hipnotizantes e superinteligente.
Mas tanto eu, quanto ela, sabemos que nosso status de funcionária e chefe não teria mudado apenas porque nos envolvemos em uma investigação estranha e muito pessoal para mim mesmo, mas porque um incêndio aconteceu. Foi o melhor dia da minha vida, embora não tão bom assim para a cafeteria. Pena para eles.
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