Chamas da vingança oculta
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na cozinha. A mentora estava absorta em seus rituais. Diante de um caldeirão robusto, ela mexia a água em movimentos circulares, seguindo o sentido contrário aos ponteiros do relógio, utilizando uma colher de pau antiga e desgastada pelo tempo. Dentro da água fervente, uma composição de folhas secas de Guiné, Arruda e Aroeira emanava um aroma singular, carregado de si
lhava na profundidade do momento, tentando desvendar os motivos por trás daquela prática peculiar. Ela havia absorvido ao longo do tempo a noção de que a magia frequentem
nte pensando em tudo. Nos recessos mais profundos da alma de Lilith, uma inquietação crescia, desafiando tudo aquilo que ela acreditava conhecer. Pairava a dúvida: seria real tudo o que sabia? Além daquele espesso emaranhado de árvores, existiria de fato um vilarejo? Seria aquele o lugar de seu nascimento? Sua mãe biológica estaria lá, aguardando se
extremo das raízes da venerável árvore consa
, erguiam-se majestosas três árvores centenárias, cada qual guardiã de uma deusa. Atena, Hécate e Artemis estavam ali, representadas por esses ícones naturais, cada uma entrelaçada com um aspecto vital da vida de Ada. Um sorriso tênue e cheio de propósito desenhou-se nos l
o senh
tos intermináveis, a jovem emergiu à margem da floresta. A distância de um amplo campo separava-a do vilarejo, um lugar que ela reconhecia, um lugar que talvez fosse seu berço. Um sorriso brotou nos lábios de Lilith ao vislumbrar a agitação luminosa que pairava sobre o vilarejo, indicando algum tipo de celebração ou festival. Sem hesitar, ela se lançou a correr pelos c
o, a multidão parecia ignorar sua presença delicada e discreta. Foi então que seus olhos azuis capturaram um instante peculiar: um jovem deixando cair algumas frutas. Lilith, com passos graciosos e pequenos, avançou na direção do homem, cujos cabelos negros e penetrantes o
está,
clamou, sua voz ecoando por todo o vilarejo, seu rosto contorcido em terror. - Pro
em comum. Lilith ficou perplexa diante da súbita agitação. Ela não compreendia como sua simples presença havia desencadeado tal tumulto; afinal, não havia cometido nenhum erro aparente. O que poderia ser responsável por essa reação extrema? Ela baixou os olhos, confusa e insegura diante da situação caótica que se desdobra
nquanto seus passos a levavam apressadamente pela terra, seu vestido arrastando-se em sua angústia. E
s a noiva mirim dessa entidade que veio
impropérios contra a jovem em sua busca frenética por uma rota de fuga. Sem discernir o perigo à frente, a garota de cabelos ruivos e olhos inquietos, desgastada pela corrida desenfreada, não avistou dois anciãos ocultos na sombra de uma esquina próxima. Como
desumanidade da situação era assustadora; ela, uma criança vulnerável, era alvo fácil para os desígnios perversos dos aldeões. Entretanto, a intenção macabra de incinerá-la, vista como um método mais simples de e
! Por favor! Eu s
ainda, mas você só por estar aqui vai
aproximação há muito almejada, tingida agora por um erro que talvez pudesse ter sido evitado. A jovem, embora ansiando por conhecer a mulher que um dia gerara sua existência, encontrava-se diante de uma expressão encharcada de ressentimento, carregada de palavras que feriam mais que facas afiadas. A confusão inundava seus olhos, as lágrimas desponta
ue preenchia a aldeia. Com dificuldade, ela cerrava os olhos, ansiando retornar à cabana, onde Ada aguardava, desejando compartilhar um chá quente e discutir os aprendizados do dia. Entre suspiros contidos, Lilith sussurrava uma prece em honra aos deu
ndo, senhores d
do que eu est
e a vida e a mort
vossa benevolên
a alma nas encruz
alvação, ó deus
fora dessas
ede e imploro po
minha alma inquieta n
ava um peso de devoção, uma súplica silenciosa dirigida aos deuses. Em meio ao ritual silencioso, seu corpo respondia à cadência das preces. Uma calma profunda deslizava por seus músculos, uma serenidade que transc
ada uma carregava um sinistro mix de venenos letais. Se qualquer um dos venenos entrasse em contato com o sangue, seria questão de minutos até a morte inevitável. O caos se instaurou enquanto todos buscavam se proteger, temendo o contato com esses dardos envenenados. A origem da ameaça foi revelada aos poucos, emergi
ois, da presença
e alguns aldeões que se aproximavam, como se tivessem vida própria. Os caules retorcidos e folhas sinistras os envolveram, e o som de ossos se partindo ecoou quando os seres verdes os apertaram implacavelmente, silenciando suas vidas abruptamente. O cenário se transformo
a do Diabo é aluna da brux
tantes locais. Todos sabiam da lenda sombria que pairava sobre Ada. Ada era tida como a figura menos complacente do vilarejo. Sua existência era marcada por décadas de sobrevivência solitária, reclusa após sua saída
o perceber os sinais do envenenamento que a afligiam. A preocupação trespassava sua expressão, mesclada à ira contida diante das ações imprudentes da pequena Lilith. Contudo, apesar da fúria, seu coração ainda se apertava pela vida da garota. Ada, com a sensibilidade que só o tempo proporciona, recostou a cabeça de Lilith sobre seu próprio peito
uerida, est
te da substância letal que agora percorria seu corpo. Em meio à sombra crepuscular, repentinamente surgiram olhos dourados, lançando um temor palpável entre todos ali presentes. Era Empusa. Ela se dirigiu à cenoura e à criança, seus cabelos prateados ondulando ao sabor do even
elo visto suas palavras não foram em
sobre sua aluna. Contudo, enquanto segurava Lilith, notou uma mudança na respiração da jovem, sinalizando uma melhora evidente em seu estado. Um sutil sorriso de alívio tocou seus lábios. Com cuidado e firmeza, a mulher mais velha, ainda mantendo a ruiva entre seus
.
a com uma aura de vulnerabilidade, enquanto Ada, segurava com firmeza um caldeirão repleto de um líquido dourado, impregnado com a fragrância inebriante de ervas e essências. Com movimentos graciosos, Ada vertia o líquido sobre a pele alva da jovem Lilith, traçando símbo
Ada... Que
ar perspicaz e a sabedoria que os anos lhe conferiram, a anciã discerniu que Lilith trazia consigo uma dúvida
idar e guiar-vos. Nenhum verbo proferido