A mulher em mim. Memórias e destino
vezes para me lançar um olhar satisfeito. Como se tivesse a certeza de que cumprirei à risca o que me ordenou. Mas está redonda
de sentimentos. Desculpa, pai, eu queria realmente ajudar-te, mas recuso-me a tornar-me numa mulher maltratada e abusada. Basta dos anos de abuso que sofri às mãos da minha mã
e paro novamente, sem saber o que fazer. Estou aterrorizada. Não posso regressar àquela casa. Também não posso refugiar-me em casa dos meus avós; se o meu avô me visse neste estado, não suportaria, e eu não quero causar-lhe problemas. E se eu contactasse o papá? E
o à minha avó, que ela tem sempre numa jarra na cozinha, posso alugar um quarto por uma semana. É a última gota. Eu devia ser milionário e não tenho dinheiro para alugar um quarto;
tão marcados nas minhas bochechas. Não tenho amigos a quem recorrer. A cabeça dói-me imenso; ao tocar na nuca, sinto
vô me deu no centro da cidade, há muitos anos - acho que quando fiz dezasseis anos, foi o meu presente de aniversário. Lembro-me como se fosse
eu telemóvel; ele mostra-me imediatamente o caminho - não é assim tão longe. Conduzo o meu carro até lá. Chego lá e tenho de mostrar o meu BI à entrada porque o porteiro
meu cabelo solto, tentando ocultar a minha face
e, penso eu, para me observar melhor. -É rotina, como não vem cá muitas vezes. Não a reconh
a, permitindo que o cabelo me cobrisse o rosto
e! - apressa-se ele a dizer, ergue
e e muito
o comente nada com o avô; não quero causar-lhe problemas. Não quero que ele se preocupe comigo. Nunca deveria ter-me casado com o Luís! Como pude pensar que ele tinha mudado,
Lembre-se de que o seu lugar de estacionamento é o n
cio. Com a chave na mão, temo que não funcione - já passou tanto tempo desde que o avô ma deu.
arar de chorar. Por que têm estas coisas de me acontecer? Devia ter dado ouvidos ao meu avô e fugido com ele no dia do casamento! Como é q
ospe
o ant
e me olhar como se me quisesse fazer desaparecer. O pai não diz nada; limita-se a olhar-me com reprovação. Baixo a cabeça e
são de desagrado no seu rosto fortemente maquilhado. -Senta-te, já! Por que tinhas de usar essas roupas? Não pareces ter d
ara evitar que os outros nos ouçam, -é que
tu? És uma vergonha!- grita ela, esforçando-se por disfarçar o seu aborrecimento. As pessoas mais próximas olham para ela e depois para mim. Eu encolho-me na minha tentat
Acalma-te, os nossos convidados estão quase a chegar!- in
do no meu quarto com um saco. Atirou
pai, que nos vão acompanhar. Veste esta roupa; não que
xames muito importantes!- protestei, tentando que
ua responsabilidade assegurar que tudo corra bem. Não protestes porque não vais ficar em casa; t
resignação, pegando no saco q
contrei um vestido extremamente curto, que mal cobria as minhas nádegas.
omprar-me roupas que mais parecem saídas da vida de uma mulher da noite?