'Sob o véu do poder'
LE
as e recolhia o lixo de forma quase automática, enquanto minha mente vagava por uma tempestade de pensamentos desconexos.
nte e filha da dona da lanchonete, com a voz apressada. Ela mal olhou na minha dire
va para todos os funcionários, conhecidos por uma impaciência irritante e exigências que ultrapassavam o limite da decência. Nenhum de nós gostava de atendê-los, e eu não era exceção. Cada interação com eles era como um teste de paciência, uma prova de resistência à sanidade. Meus pés parec
salão como uma lâmina afiada, atingindo direto meu estômago. A expressão no rosto dela
edaços. - Não tive um dia muito bom. Vou anotar os pedidos. Já escolheram? - Peguei mi
uase sádico, como se estivesse se del
ava ironia, suas palavras recheadas de condescendência. - Queremos dois lanches comp
a sentir o calor da irritação crescendo, mas respirei fundo, forçando-me a engo
manter a voz estável e neutra. -
ra a realidade que me cercava, e eu não sabia até quando conseguiria suportá-la sem me quebrar de vez. Enquanto caminhava até a cozinha, minha mente parecia correr em disparada, como se buscasse desesperadamente uma rota de fuga que simplesmente não existia. Cada pa
uei o pedido para o cozinheiro sem dizer uma palavra, evitando até mesmo olhares. Não queria que ninguém percebesse a frustração que estava prestes a transbordar de mim, embora eu tivesse a sensação de que ela já estivesse estampada em meu rosto, visível para qualquer um que prestasse atenção. Voltei para trás do b
pava copos com uma rapidez e precisão que só anos de prática poderiam proporcionar. Seu olhar estava fixo no trabalh
o enquanto tentava, sem sucesso, esboçar um sorriso. A tentati
iar a atenção dos copos que brilhavam sob suas mãos ágeis. - Esse é o truque. El
ue eu jamais imaginava para mim. Anos atrás, eu tinha sonhos, ambições, objetivos claros. Mas, de alguma forma, tudo isso havia se perdido no caminho, e agora eu me via presa em um ciclo sem fim de trabalhos mal remunerados, clientes abusivos e uma rotina que
m involuntariamente, e precisei reunir toda a força que ainda me restava para não perder o controle. Estava no limite. Finalmente, os lanches e os sucos estavam prontos. Peguei a bandeja, tentando, mais uma vez, esconder a irritação que fervia dentro de m
e os copos sobre a mesa com o máximo de delicadeza possível. E
esperado, ergueu uma sobrancelha carregad
- Sua voz era cortante, cada sílaba impregnada de
e, se não me controlasse, a resposta que queria dar sairia de forma desastrosa. Engoli em seco. Por um instante, o mundo ao meu redor pareceu se fechar,
ano. Vou buscar o gelo
ar? Ou vou ficar presa nesse ciclo para sempre? Ao retornar à mesa, coloquei o copo de gelo à frente dela sem dizer uma única palavra. O silêncio pesava, mas eu me forcei a mantê-lo. Ela apenas deu de ombros, sem sequer esboçar um "obrigada", e voltou a comer com o marido, que, como sempre, permanecia calado, a
ser em breve. Após ajudar a lavar a cozinha e passar o pano pelo salão, o fim do expediente finalmente chegou. O alívio de saber que aquele dia angustiante havia terminado era quase inacreditável, mas junto com ele, uma sensação de vazio tomou conta de mim. Eu estava exausta, não só fisicamente, mas mentalmente, como se a cada tarefa concluída eu estivesse lutando para abafar a frustração crescente que, sile
após dia. O que doía mais era a consciência de que a vida continuava passando, enquanto eu permanecia parada, estagnada. Desamarrei o avental com dedos trêmulos, sentindo o tecido deslizar para longe de mim, como se aquele gesto simples carregasse consigo o peso de mais um dia insuportável. Pendurei-o no gancho da parede, quase com
lidade caiu sobre mim como um balde de água fria. Eu sabia, com uma clareza dolorosa, que não podia continuar daquele jeito. O coração acelerou no meu peito, e ali, naquele beco frio e escuro, prometi a mim mesma que aquilo não seria meu destino. Eu não deixaria que a monotonia e o cansaço destruíssem quem eu era. Na manhã seguinte
ente alcancei o banco de metal gasto, sentei-me, permitindo que meus pensamentos rodopiassem como uma tempestade desordenada, tentando desesperadamente encontrar algum sentido no caos que havia sido aquele dia. O tempo parecia passar de forma estranha. Quinze, talvez vinte minutos se arrastaram, mas para mim, cada segundo se alongava
ada. Mas o tempo em si não me preocupava. Na verdade, tudo o que eu queria era um pouco de silêncio mental, uma pausa. Algo que me permitisse desligar e afastar a maré de pensamentos que insistia em me afogar. Fechei os olhos, tentando inutilmente encontrar algum alívio, mas minha mente, sobrecarregada, continuava revisitando os mesmos questionamentos sufocantes: Será que isso vai durar para sempre? E s
sendo sufocado por uma sensação crescente de desconforto. Mas nada poderia me preparar para o que me aguardava. Assim que atravessei o portão, meu coração congelou. Havia um homem no quintal. Ele estava parado ali, imóvel, e sua postura ereta e elegante imediatamente me disse que aquilo não era um acidente. Ele não era um invasor comum, não estava ali para roubar ou algo do tipo; ele estava esperan
les tinham se envolvido em algo arriscado, mas tentei evitar pensar nisso, como se o simples ato de ignorar a realidade pudesse mantê-la à distância. Desta vez, no entanto, era diferente. O que estava acontecendo não era apenas uma de suas confusões passageiras, era algo muito maior, muito mais sério. E agora, eu estava no meio de tudo isso, sem escolha a não se
tes a mudar para sempre pesava sobre mim, e, ao mesmo tempo, havia uma estranha expectativa envolvendo o ar. Alguma coisa aconteceria naquela noite, e eu mal podia suportar a ansiedade que isso me causava. Sem aviso, outros homens surgiram das sombras como predadores à espreita, capangas do estranho elegante que agora parecia controla
seus olhares me faziam sentir como se estivesse sendo despida, exposta em uma vulnerabilidade que eu nunca imaginava que teria que enfrentar. Senti a bile subir pela garganta, a revolta misturada ao medo se formando em um nó apertado. O que eles queriam? O que iriam fazer comigo? Minha mente
a família em perigo, e o peso daquela realidade era esmagador. Eu não havia pedido por isso, não queria ser arrastada para as consequências de suas ações. A dívida que eles contraíram – essa dívida imensa e impagável – agora estava em minhas costas, um fardo que eu não tinha como carregar. Enquanto as mãos firmes me seguravam, sentia cada f