“Peça me o que quiser”
a fim de cumprimentá-lo. Agora já sei quem ele é, e sempre acreditei que os chefões, quanto mais longe estiverem, melhor. Sem-vergonha, safado... Mas a verdade é que esse homem me deixa nervosa. Do
stado - acrescenta. - Não era minha intenção. Volto a mover a cabeça como um boneco. Como sou boba! Levanto com a pasta nas mãos e pergunto: - A senhora Sánchez veio com o senhor? - Veio. Surpresa com a informação, já que não a vi entrar em sua sala, começo a tentar sair do arquivo, quando o alemão agarra meu braço. - O que você estava cantando? Aquela pergunta me pega tão de surpresa que estou prestes a soltar: "E o que você tem com isso?" Mas, felizmente, contenho o impulso. - Uma música. Ele sorri. Meu Deus! Que sorriso! - Eu sei... Gostei da letra. Que música é essa? - Blanco y negro, de Malú, senhor. Mas parece que está achando engraçado. Será que está rindo de mim? - Agora que você sabe quem eu sou, me chama de senhor? - Desculpe, senhor Zimmerman - esclareço com profissionalismo. - No elevador eu não o reconheci. Mas, agora que já sei quem é, devo tratá-lo como merece. Ele dá um passo na minha direção e eu dou outro para trás. O que está fazendo? Ele dá mais um passo e eu, ao tentar fazer o mesmo, me grudo ao aparador. Não tenho saída. O senhor Zimmerman, esse cara sexy em cuja boca enfiei há alguns dias um chiclete de morango, está quase em cima de mim e se agacha para ficar da minha altura. - Eu gostava mais quando você não sabia quem eu era - murmura. - Senhor, eu... - Eric. Meu nome é Eric. Confusa e descontrolada pela excitação que esse cara imenso está me despertando, engulo a enxurrada de sensações que formigam por todo o meu corpo. - Me desculpe, senhor. Mas isso não me parece correto. E, sem me pedir permissão, tira a caneta que prendia meu coque, e meu cabelo liso e escuro cai sobre meus ombros. Eu o encaro. Ele me encara também. E nossos olhares são seguidos por um silêncio mais que significativo, durante o qual nós dois ficamos com a respiração entrecortada. - O gato mordeu sua língua? - me pergunta, rompendo o silêncio. - Não, senhor - respondo, à beira de um colapso. - Então onde escondeu a garota brilhante do elevador? Quando vou responder, ouço as vozes de minha chefe e Miguel, que entram na sala. Zimmerman cola seu corpo ao meu e me manda ficar quieta. Sem saber muito bem por quê, obedeço. - Onde está Judith? - ouço minha chefe perguntar. - Deve estar na cafeteria. Foi tomar uma Coca. Vai demorar - responde Miguel e fecha a porta da sala da minha chefe. - Tem certeza? - Tenho - insiste Miguel. - Vamos, vem cá e deixa eu ver o que você está usando hoje debaixo da saia. Meu Deus! Isso não pode estar acontecendo! O senhor Zimmerman não deveria ver o que eu acho que esses dois estão prestes a fazer. Penso. Penso em como distraí-lo ou despistá-lo, mas nada me ocorre. Aquele homem está quase em cima de mim, sem parar de me olhar. - Tudo bem, senhorita Flores. Vamos deixar que eles se divirtam - me sussurra. Quero morrer! Que vergonha!! Instantes depois, não se ouve nada exceto o som das bocas e línguas deles dois se encontrando. Assustada com aquele silêncio incômodo, espio pela abertura da porta do arquivo e tapo a boca ao ver minha chefe sentada sobre sua mesa e Miguel acariciando-a. Minha respiração se acelera e Zimmerman sorri. Passa a mão pela minha cintura e me puxa ainda mais para si. - Excitada? - pergunta. Olho para ele e não digo nada. Não pretendo responder essa pergunta. Estou envergonhada pelo que estamos presenciando juntos. Mas seus olhos curiosos se cravam em mim e ele aproxima sua boca da minha. - O futebol a deixa mais excitada do que isso? - insiste. Ai, Deus! Ele é que me deixa excitada. Ele, ele e ele. Como não ficar excitada com um homem como esse em cima de mim e diante de uma situação como essa? Que se dane o futebol! No fim, volto a fazer que sim com a cabeça como um bonequinho. Que sem-vergonha eu sou. Zimmerman, ao me ver tão alterada, também move a cabeça. Espia pela fresta e me arrasta até ficarmos os dois diante do vão da porta. O que vejo me deixa sem palavras. Minha chefe está de pernas abertas sobre a mesa, enquanto Miguel passeia sua boca com vontade no meio das coxas dela. Fecho os olhos. Não quero ver isso. Que vergonha! Instantes depois, o alemão, que continua me segurando com força, me empurra de nov