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A bela e a fera (mafioso)

Capítulo 3 Eu sou livre para ser melhor, estou viva.

Palavras: 2188    |    Lançado em: 08/03/2023

tinha o poder de encher os meus olhos. Eram exatamente três horas de uma tarde nevada em Milão. Uma das que me fazia me arrastar, envolvida por cobertores, até a janela, segurando

u via frequentemente eram aquelas duas. Stormy, com seus olhos saltados e ombros marcados, sempre esteve junto. Se ignorássemos o bullying constante e a falta de noção atemporal eu diria que ela tinha algum tipo de urgência em chamar atenção. Ela era o sal na nossa salada de frutas. Estranho, mas estava ali, sempre esteve. Fazia questão de viver a vida sem olhar as consequências, sempre teve especialidade em fazer amizades com facilidade, na maioria das vezes com pessoas erradas. Eu achava que por isso sempre se rotulou como a rebelde da área. Nojento. Dandara, por outro lado, sempre esteve mais próxima a mim, mesmo quando eu insistia em não sair, passávamos horas maratonando séries. Dara sempre me considerou uma irmã e já provou isso tanto verbalmente quanto emações. Ela sempre demonstrava que se importava comigo, mesmo quando eu era um saco... - Ano novo, vida nova, Bruna! - Stormy mascava um chiclete irritantemente. - Você não pode ficar pra trás o tempo todo, ser lerda no colegial era uma coisa, continuar assim depois que saiu de lá é uma maldição. - Ergueu uma sobrancelha enquanto me olhava, sorrindo. - Quando foi que transou pela última vez? - Uma bola elástica estourou entre seus lábios. - Não, não, mais simples... - Sua euforia repentina me fez fazer uma careta. - Quando beijou na boca pela última vez? - Agora já chega, Stormy! - Estou acostumada com a palhaça, Dara. Não esquenta. - E eu só estou sendo sincera, "Dara". - Ironizou o apelido. - Bruna precisa acordar. Não está fazendo jus ao sangue brasileiro que corre em suas veias. - Seu canino tiniu. Ela sabia que eu odiava quando diziam que todos nós sambávamos num mesmo ritmo. Um que eles mesmos criavam e tinham como verdade absoluta. - Sabe onde enfiar os estereótipos. - Semicerrei os olhos e a mulher ergueu as mãos em sinal de rendição. - Tudo bem, sem tocar no assunto delicado. Mas e aí? Vai ou não vai? Fechei meu caderno e ergui os olhos pela sala. Eu não via problema em sair, às vezes, mas me acomodar em meio aos meus pincéis ou cozinhar alguma coisa para passar o tempo tinha virado costume para mim, de tanto que eu preferia. - Quanto quer apostar que desta vez ela dirá que precisa repor o estoque de tubinhos de tinta? - Stormy zombou, me encarando. - Tenho o suficiente. - Usei o tom mais seco que consegui. - E vai ficar em casa "criando arte", adivinhei? - Não. - Me levantei, cruzando os braços. - Eu vou sair. - Você quer palmas? - Balançou a cabeça enquanto Dandara voltava a saltitar. - Quero que cale a boca. Pelo menos uma vez na vida. - Stormy bufou antes de revirar os olhos, se virar e sair. - Eu digo Mara e você, vilhosa! - A ruiva soltou seus gritinhos contidos, demostrando felicidade em me ver querer sair da toca. No fim eu queria acreditar que elas só estavam preocupadas comigo, mesmo não tendo necessidade alguma, e usavam de suas maneiras para me convencer. Talvez pensassem que eu afundaria num poço sem fim e nunca mais sairia de lá. Não minto, eu tornava isso um possível acontecimento devido ao isolamento constante, mas, daquela vez, estava disposta a fazer diferente. Pelo menos daquela vez. Mantive o pincel o mais longe possível do meu suéter. Não era uma missão impossível para mim. A prática de anos me entregava numa bandejinha dourada a garantia de que eu finalizaria a obra com zero manchas na roupa ou no corpo e, ainda assim, faria um trabalho perfeito. Bom, pelo menos foi o que eu desejei fazer. Tudo lindo e sem bagunça. No final, consegui sujar até a ponta da minha unha do dedo mindinho enquanto trabalhava a pintura. Mas, para falar a verdade, minha atenção estava tão ligada àquele processo que não me importei com nada além de terminá-lo. Já havia se passado tanto tempo que eu não era agraciada com tamanha inspiração ou com uma força de vontade tão grande, daquelas que me fazia querer iniciar e terminar uma coisa em poucos minutos, que eu nem me lembrava mais qual tinha sido a última v

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