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Blissarmy

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As irmãs Castillo escondem algo no mais profundo de seus ser ao qual nem elas conseguem explicar uma para a outra. Na verdade elas preferem que não saibam. Nem as próprias sombras. Nem a... polícia. "Por que as irmãs Castillo são intocáveis" - Yin's do Colégio Alvarez Leal

Capítulo 1 Karina: Olhar que tanto conheço

>KARINA CASTILLO<

Um novo dia.

Pena que isso não significa nada para mim. É só mais um dia de um ano torturante no Colégio que mais odeio. Alvarez Leal Malta Cortesine simplesmente não é o que dizem ser. A realidade é que o Colégio mais competido da região é só um lugar cheio de riquinhos idiotas e imaturos que se acham superior aos outros. Eu simplesmente odeio aquela pirâmide que por anos tem sido sustentado de alguma forma subliminar. Falando assim parece até que retrocedemos a vários séculos atrás.

E de fato era exatamente assim!

Os pais das crianças faziam de tudo para lacrar a boca de todos que presenciasse mais uma maldade daquele grupo infeliz. O grupinho nada mais era do que a elite do colégio e da região norte do país. Antes de entrarmos no Alvarez Leal, aparentemente as coisas eram piores. Isso porque a atenção se voltou para um grupo de pessoas em específico, não que tenha parado o bullying e a violência, mas é inegável que o ambiente "melhorou". Eles tinham um novo alvo e infelizmente eu era uma delas.

Minha animação para ir para a escola era tão boa quanto minha relação familiar. Como descrever ela? Acredito que com palavras não conseguiria... relatar com perfeição.

— Vamos Karina? — Diz minha irmã entrando no meu quarto toda uniformizada.

Termino de amarrar meu cabelo em um rabo de cavalo e pego minha mochila de cima da cama. Descemos as escadas indo para a cozinha e sentamos na grande mesa ao qual o resto da família estava. Minha irmã faz careta assim que senta ao lado de Rodney, nosso padrasto. O dia começava péssimo exatamente por causa dos dois. Certeza que se deixassem, um dos dois era morto a facadas. Minha mãe sempre entendia a rincha como "te odeio por ser uma barreira entre meus pais". Eu sinceramente não ligava tanto por que já tinha problemas demais para lidar. Quer dizer, cada um aparentemente tinha uma espécie de castigo próprio devido aos nossos pecados. Naquela mesa todos escondiam segredos, porém não era do conhecimento alheio acredito eu. No entanto, Bianca parecia conhecer o de minha mãe e de meu padrasto. O olhar de minha irmã era praticamente de repulsa. Não consigo imaginar o que seria e faço até questão de não ir em busca da verdade. A fase sombria da família Castillo era de extremo sigilo, tanto é que ninguém imaginaria que uma das três principais famílias do estado era coberta de sujeira.

O clima nunca mudava durante as refeições. Quando não era briga, era um ambiente tão frio quanto o Alasca. Fabrício, nosso irmão e o mais novo entre nós, nem estranhava já que cresceu nesse meio conturbado.

O que me deixa mais triste nem era as brigas constantes, era a forma que cada um lidava com seus próprios sentimentos. Ali a alma de todos chorava por um motivo, cada um com seus segredos e seus medos. Nossa família não passava de um fracasso. Realmente era um ambiente tóxico e doentio.

— Vamos? — Diz minha mãe limpando o canto da boca com o guardanapo e depositando de volta na mesa.

Antes de levantar pego um pão de queijo. Minha mãe beija Rodney e Bianca sai revirando os olhos. Poderia até ser engraçado se não fosse pela tensão da briga de ontem entre meu padrasto e Bianca.

Esperamos minha mãe no portão de casa enquanto ela ia buscar seu carro na garagem ao lado. Entramos em seu carro ainda em silêncio sem um pingo de vontade de trocarmos mais que duas palavras. Talvez o friozinho do início da manhã colaborasse com isso. Nada de sorrisos ou conversa fora, apenas a rádio fazendo barulho durante o caminho. Bianca em algum momento colocou o fone e sabe-se lá o que ela escutava.

Nos despedimos de nossa mãe de uma forma tão sem graça. Nada de "tenha um bom dia mamãe" e "tenham uma boa aula". Nada de nada. Apenas saímos batendo a porta e atravessamos a rua.

Assim que cruzamos o portão todos os olhares se voltam para nós. Lembra que eu falei sobre ser uma das integrantes do grupo alvo da elite? Bem, minha irmã, eu e nossas amigas tivemos a má sorte de sermos as protagonistas. Bianca e eu éramos meio que "conhecidas" pelo colégio devido nosso grupo ter uma rincha infinita com o filho do dono do Álvares Leal e seus companheiros. Ambos os lados tem nome e não é "populares" e "nerds" como nos livros clichês. Somos apelidados de Yin e Yang. Desde que entramos nesse lugar eles deixaram de ser apenas a "elite" ou "populares". De popular mesmo eram só nossas brigas, bate bocas e até puxões de cabelo. No caso eles são os Yin e nós os Yang. Isso soava tão ridículo. Inacreditável como a quinta série parecia não deixar a mente dos cavalos do ensino médio.

Meu irmão mais novo me tira dos desvaneios quando beija minha testa, se despedindo carinhosamente. O ato se repete com Bianca que sorri minimamente. Fabrício de fato era o mais normal e sensato entre nós. Com 15 anos conseguia ser bem mais maduro que eu, seu círculo social era composto por pessoas inteligentes, já planejava seu futuro profissional detalhadamente e também era melhor amigo do irmão mais novos dos meu inimigos. E não, os caçulas dos Malta e Damazio não eram babacas. Lírio e Ediel eram bem semelhantes a Fabrício: inteligentes, educados e extrovertidos.

— Eu vou atrás da Lohana. — Diz Bianca após alguns segundos da deixa do mais novo. — Você vem?

— Não, pode ir. — Bianca beija meu rosto e some no meio da multidão de alunos.

Continuo meu percurso entrando no corredor principal lotado. Fecho os olhos por alguns instantes para controlar minhas emoções e não ter um ataque de nervosismo por conta da aglomeração. Eu odiava ambientes com muitas pessoas. Chego no pavilhão do ensino médio e a primeira coisa que faço é procurar meu nome em um dos oito terceiros anos. Poisé, o Álvarez Leal era um colégio enorme, haviam cerca de oito turmas de cada série do ensino médio, isso porque a cidade abraçava jovens de todo o país e aceitavam intercambistas.

Perdi cerca de 15 minutos procurando meu nome nas listas do pavilhão térreo, mas não encontrei nem o meu e nem das meninas. Achei que poderia estar no pavilhão de baixo após ter visto uma das garotas da elite subir as escadas, geralmente a diretora nos deixavam bem longe. Ja estava na turma 305 e nada de localizar minha sala, faltavam apenas 3 quando em uma delas vejo minha melhor amiga Taissa passando o dedo na lista de alunos. Por alguns segundo admiro a beleza da mulher negra dos cabelos cheios e cacheados, ela fazia questão de enrolar cada um deles.

— Oi. — Falo perto do seu ouvido fazendo a mesma se assustar. Ela se vira e nos abraçamos soltando gritinhos de felicidade. — Que saudades. Como você está depois de um final de semana incrível nas cataratas do Iguaçu?

— Maravilhosamente bem. Lá é tão sensacional, você precisa ver de perto. — Me sacode pelos ombros em pura euforia.

— Talvez algum dia, por agora é um pouco complicado por causa das coisas que acontece em casa. Você sabe do que se trata. — Digo baixo.

— Sei. — Ela faz uma careta. — Estava procurando sua sala né? — Semiserra os olhos. — Aposto dois mil reais que você e Bianca não olharam no sigaa para ver qual era a turma de vocês.

— Bingo! — Digo abrindo um sorrisão. — Não esperava menos da minha melhor amiga.

A gente não tinha nem um pingo de paciência para aquela plataforma. As vezes até esquecia da existência dela.

— Creio que ainda não sabe da nova, então. — Franzo o cenho entregando que de fato eu estava bem mal informada.

Taissa me puxa de leve e aponta para a lista de alunos que estava dentro de um quadro pendurado ao lado da porta.

Meus olhos passam por cada nome me surpreendendo ao encontrar Arthur, Yago, Pierre, Elias, Filipe, Taissa, Lohana, Bianca e eu na lista. Estávamos na mesma turma, e as "chaveirinho" Joice e Ágata também. Sim, a gente apelida elas de chaveirinho porque Filipe e Elias usam essas duas pra nos irritar.

— Nem parece um desastre dos grandes. — Me viro segurando firmemente a alça de minha mochila.

Aquilo não poderia ser algo bom. Não quando se tratava dos Yin.

— Não sei o que deu na diretora. — Resmunga com a expressão cheia de receios. — Ela sabe muito bem que isso não vai dar certo.

— Os Yin na mesma sala que a gente é coincidência demais, não acha? — Encosto na parede enchendo as bochechas de ar e soltando logo em seguida. — E o mais ridículo disso é o símbolo nos nossos nomes. Quem eles pensam que são? Não seremos entretenimento esse ano. É nosso último ano, poxa. — Despejo minha indignação.

— Deve ser alguma pegadinha, ou sei lá, o Malta deve ter nos selecionado sem querer na hora de montar a turma dele. — Sorrimos sem acreditar naquela possibilidade. Seria ridículo aquilo ser verdade, o Malta não era tão imbecil assim.

— E se Filipe pediu isso a tiazinha dele pra fazer da nossa vida um inferno? — Começamos a caminhar indo em qualquer direção que nos leve até o mesmo lugar de todos os anos. — Estamos no último ano do colegial, o entretenimento deles e o fim de uma era da escola. O ciclo Yin e Yang está chegando ao fim.

— Você está esquecendo o fato de que vocês são herdeiros da three family. — Lembra que eu falei sobre três famílias importantes? Eu faço parte de uma delas junto com Filipe e Elias. Sim, nossos pais são melhores amigos. Bem irônico, não é? Talvez esse detalhe que nos faz ser alvo de olhares. Os pais sendo unha e carne e os filhos se socando nos bastidores.

— Esse detalhe...! — Bato na minha testa. — Sempre esqueço dos encontros familiares e daquele acordo. Minha cabeça doe só de pensar o quão estão sendo injusto com a gente. — Bato na minha testa lembrando que a escola não é nosso limite. Eles estão em todos os jantares de negócios, festas e reuniões dos amigos.

— Se pensarmos dessa maneira faz um pouco de sentido a parte dele pedir para ficarmos na mesma sala. Poderia meio que ser uma despedida da geração Yin e Yang.

O Álvarez Leal realmente tinham muitas histórias desde sua fundação. Mas algumas marcaram gerações e são lembradas até hoje, como por exemplo, os populares versus nerds, bad boys e patricinhas, o ciclo Ana Paula e João Miguel, a aposta de Biel e seus amigos, a rainha Hayley e até nossos pais tiveram um ciclo no colégio, eles eram o tri-capital. Nossas mães eram bolsistas e nossos pais herdeiros da atual companhia 3F. Os amigos foram um dos maiores romances da história da escola.

— Creio em Deus Pai. — Fazemos o sinal da cruz, porque o que nossos mais tem de amizade nós tem inimizade. — Espero paz e recebo a terceira guerra mundial.

Descemos as escadas indo em direção ao ginásio. Primeiro dia de aula e como tradição temos que nos reunir para dar as boas vindas aos novatos e festejar o retorno das atividades.

Nos desviávamos com um pouco de dificuldade pela lotação. Estávamos em horário de pique, as crianças chegavam exatamente nesse horário para ter um pouco mais de tempo com seu grupinho, e principalmente porque o pessoal desde já tentava descobrir onde eram suas salas. Respiramos em alívio quando pisamos nas arquibancadas vazias do ginásio coberto. Ficamos sentadas bem no meio esperando começar a falação de todos os anos. No meio da quadra também haviam cadeiras, e é exatamente ali de frente para o palco improvisado que o ninho das cobras ficavam.

— Sabe o que eu estava pensando? — Taissa chama minha atenção. — A diretora nunca permitiu nós quatro ficarmos na mesma sala. Aposto que Bianca e Lohana ainda nem sabem disso.

— Realmente. Vou mandar uma mensagem avisando. — Tiro meu celular da mochila.

"Nossa sala é a 306 segundo andar lado direito".

Não demora muito a resposta chega.

"Ok irmãzinha.

Onde vocês estão?"

"No ginásio.

Parte 3 das arquibancadas.

Vem rápido".

"Tô indo".

Bloqueio meu celular e ponho outra vez dentro da mochila. Em poucos minutos o lugar ja estava super lotado, e uma barulheira tomava conta do lugar.

Odeio locais cheios.

— Chegamos. — Bianca e Lohana sentam ao nosso lado ao qual estava vago devido às mochilas que colocamos em cima.

— Esse teu "tô indo" deu tempo de lotar o ginásio.

— A escola é grande e meu andar de tartaruga não ajudou. — Se defende sentando ao meu lado.

— Soube que ficamos na mesma sala. Que milagre foi esse? — Pergunta Lohana ao lado de Taissa.

— Não sabemos. — Respondo. — A bomba é que todos os Yin estão na mesma sala que a gente. — Bianca para de mascar seu marshmallow e me olha assustada.

— Não vai me dizer que...

— Sim TODOS eles estão, inclusive o seu amado Elias.

— Hahaha que piada sem graça. — Diz minha irmã revirando os olhos.

Sim minha irmã, a gente está encurralada na parede. Esse ano provavelmente eles vão pegar um pouquinho mais pesado.

Eu sinto isso.

— É sério mesmo? — Lohana pergunta com esperanças talvez de que seja só uma brincadeira. Balanço a cabeça confirmando. — Vailame deus, isso vai dar muita treta. — Falamos a última palavra juntas.

— E por falar neles lá se vem com o ar superior de sempre. — Taissa boceja em desânimo.

Não entendo como os alunos são manipulados por eles. Todos deveriam se voltar contra, não é? Na verdade não. A maioria aqui é igual ou pior. Digamos que 60% dos alunos são filhos de empresários, políticos ou coisa parecida. O grupo mais "inferior" da pirâmide que sofre horrores por aqui seriam os 30% de bolsistas. 2% são para pessoas especiais e os 8% restantes é composto pelo jardim de infância ao qual é aberto ao público seja ele rico ou pobre. Agora para conseguir uma vaga nesse último é mesmo que tentar ganhar na mega sena, difícil porém possível.

De longe vejo Filipe sendo rodeado pelos seus amigos e de bônus uma mulherada desesperada por atenção. É mesmo uma cena terrorista quando se tem crianças por perto. Eles não tem um pingo de respeito alheio e muito menos vergonha na cara.

Os Yin expulsam um grupo que ocupavam as primeiras cadeiras do meio do ginásio. Provavelmente eram novatos e não sabiam que aqueles lugares eram das realezas.

Revirando os olhos mentalmente.

— HEY BIANCA. — Grita Elias chamando a atenção da minha irmã.

— Jesus, lá vem.

A mesma sem expressão alguma manda o dedo do meio assim que ele manda um beijo pra ela. Os amiguinhos sorriram fazendo um toque e eu me pergunto se é zoando minha irmã ou o próprio Elias. Quando eles pretendem crescer? Isso é tão— tão ridículo, tão infantil e não tem graça.

— Só o que me faltava. — Resmunga. — Alguém quer? — Oferece um dos seus vários marshmallow.

— Quero! — Aceitamos.

A diretora finalmente da as caras chegando com o mesmo ar superior que o sobrinho, batendo seus saltos finos tamanho 15. Ela sobe no palco improvisado como todos os anos e pega o microfone do rapaz que cuida do som.

Noto que Filipe se vira em minha direção transmitindo aquele olhar que tanto conheço.

Ódio.

Continua...

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