A vida de Chiara Moreira poderia ser numerada em confusões. A primeira: a atração inevitável pelo chefe. A segunda: em algum momento, deixar-se mergulhar tão a fundo, a ponto de se apaixonar por ele. A terceira: não conseguir superar o sentimento e acabar se declarando. A quarta e pior de todas: aprender a lidar com a rejeição daquele sentimento e mais, as consequências que viriam. Ela apenas aprendeu uma coisa em torno de cada uma delas nunca envolva trabalho com prazer e muito menos, apaixone-se pelo seu chefe.
CHIARA
Levei o copo de chope a boca e agradeci por já ser sexta-feira.
- Sextou! - Lana, uma de minhas colegas de trabalho mais
animada falou, ao passar, e sorri em sua direção.
Vi-a seguir dentre as pessoas e parar a frente de seu noivo –
Breno. O CEO da empresa rival da qual trabalhávamos. Nunca
conseguiria entender como eles conseguiam conciliar tal coisa, porém,
era claro, em seus rostos, o quanto estavam apaixonados.
- Pois é, Chia! Sextou! - tentei parecer animada comigo
mesma, e tomei mais um pouco da bebida, buscando forças para não
parecer tão cansada.
A semana foi no mínimo diferente. Um novo chefe, que com toda
certeza, não levava as coisas como Anne Liv Marini, mas aos poucos
sentia que nos ajeitaríamos. Cael Marini, irmão mais velho de minha ex
chefe, que viajou para fora do país. Além do nome diferente e bonito, era
guardado em minha memória, desde que nos vimos pela primeira vez há
quatro anos, como um pecado de terno.
Ele era lindo, o que tornava completamente difícil, manter-me
alheia. Saber me esquivar e disfarçar, principalmente, do quanto o achava
bonito e me atraía, era o que me manteve sã no momento em que Anne
anunciou que passaria a ser a assistente dele. Uma semana se passou, e
felizmente, sobrevivi.
O admirava pela beleza, e naquela semana, comecei a admirá-lo
como profissional. Descobri ainda mais a fundo, o porquê de ele ser o
CEO da empresa, e tinha certeza, que aprenderia muito trabalhando ao
seu lado. Ser assistente executiva e pessoal do CEO, em uma empresa
com a Marini Tecnologia, fez-me sentir ainda mais realizada.
Sorri, sabendo que aquele era um bom dia para comemorar. Não
tinha me perdido completamente, mesmo longe da intimidade que
construí ao lado de Anne Liv. O pensamento positivo desde a segundafeira era que uma nova experiência se iniciou. Apenas conseguia pensar
em toda minha trajetória até ali.
Amava a história que construí. Saindo de uma cidade do interior
de Minas, depois de me dedicar arduamente a passar em uma faculdade
pública em São Paulo – a cidade que sempre sonhei morar. Nunca
consegui entender ou explicar porque queria tanto, porém, depois de
tantos anos vivendo ali, apenas aceitei que minha mente já sabia antes de
mim, onde deveria permanecer.
Era exatamente ali.
- Uma cerveja, por favor.
A voz ao meu lado, fez com que os pelos de meu pescoço se
arrepiassem. Sabia que era a mesma que me elogiou minutos antes, e
mais, começou a se tornar frequente em meu dia a dia.
Virei o olhar devagar e logo, encontrei o azul dos seus. Ele já não
vestia o terno na cor preta, nem mesmo o colete ou gravata. Apenas a
camisa na cor cinza, dobrada até os antebraços. Olhei-o de relance e
forcei um sorriso, tentando disfarçar que ele não me afetava ainda mais
fora da empresa. Quatro anos trabalhando no mesmo lugar, e pela
primeira vez, encontrava-me tão informal ao seu lado. O mundo parecia
conspirar.
Ele é seu chefe, recriminei-me internamente.
- Senhor Marini. - falei, e ele franziu o cenho, negando com a
cabeça, sentando-se no banco ao lado.
- Só Cael, por favor. - Corrigiu-me e assenti, já imaginando
como seria chamá-lo de tal forma. - Posso lhe chamar de Chiara? Digo,
fora do trabalho?
- Claro. - Respondi simplesmente, e voltei a atenção para
bebida.
Talvez aquele fosse o melhor foco.
- Bebendo para compensar a semana? - indagou, e sorri,
assentindo. - Acho que a maioria de nós faz isso.
Levantei o copo em sua direção, e ele sorriu pegando o seu para
brindarmos. Trocamos um simples sorriso, e tentei entender o que aquele
olhar azul mais ameno poderia significar. Só sabia que o simples toque
de seus dedos nos meus, causara-me algo que me fez querer focar apenas
na bebida. Não podia deixar meus pensamentos e ações irem para outro
lado.
Ledo engano.
Mal sabia que acabaria parando diretamente na cama de Cael
Marini naquela noite, e dela, não sairia tão cedo.
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