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Capítulo

Esperar séculos por um amor perdido? Lyla Haynes guardou ressentimento por seiscentos anos, até que uma reunião de negócios mudará tudo. Faolán McKay assumiu o posto de Alfa após o pai morrer em um incêndio. Agora, ele precisa de novas terras para o seu povo. Para isso, terá que convencer a fria CEO da Frontier a sair da disputa. O que ele não esperava era encontrar a sua companhia predestinada. Amor e ódio se mesclam nessa rede de intrigas, revelando um passado oculto. Qual dos dois vencerá?

Capítulo 1 Monstro

- Eu vos declaro, marido e...

A ponta de uma flecha atravessou o peito de Cian, fazendo com que ele caísse de joelhos, aos pés de Ríona.

- Não! - ela gritou, ajoelhando-se, sem saber o que fazer.

-Meu... Amor - ele disse, antes de perder a consciência. Ríona estava desesperada demais para se ater ao que se passava ao redor dela. Tudo o que ela podia focar era no corpo sem vida de seu noivo.

Um puxão a fez se levantar e ver aqueles olhos verdes intensos, como esmeraldas, queimando dentro dela.

- Vamos pra casa! - o homem de cabelos escuros disse, erguendo Ríona e colocando-a no cavalo dele.

Ela tentou se desvencilhar, mas o aperto dele era forte demais.

Logo, o cavalo ganhou velocidade e Ríona deu uma última olhada para trás. Só o que ela podia ver era caos, através da revoada dos próprios cabelos vermelhos.

Uma vez no castelo, ela foi levada por um largo corredor.

- Me solte! Seu monstro! - ela chorava e se debatia, mas o homem, que era muito mais alto e forte do que ela, continuava a levá-la.

- Você vai voltar a si! Tudo o que você precisa é de um tempo - o homem falou como se ela fosse uma criança.

- Feargus Mac Tire, eu o odeio! - ela gritou e foi possível ver um brilho diferente nos olhos do homem, mas ele continuou andando, até que chegaram a uma porta escura.

Feargus abriu-a e colocou Ríona lá dentro, sem jogá-la.

- Você logo vai ver que o que tinha com ele não passou de uma ilusão. É a mim que você ama - ele falou e suspirou, enquanto Ríona chorava - Logo tudo se resolverá e nós nos casaremos.

Ele saiu e deixou a ruiva sozinha. Ela chorou até que não havia mais lágrimas nos olhos dela.

- Ele não passa de um bruto - Uma voz melodiosa soou de trás de Ríona, que levou a mão à boca, a fim de não gritar.

- Quem... Quem é você? Como entrou aqui? - Ríona perguntou, cheia de esperanças. Se aquela mulher tinha entrado ali, então havia uma saída!

- Eu sou Morana, às suas ordens - A mulher de cabelos e olhos escuros falou, fazendo uma reverência - Agora, vejamos... Como eu posso ajudá-la, menina?

- Como entrou aqui? - Riona olhou em volta e não havia nada mais do que uma minúscula janela, com grades.

- Isso é importante? Prefere que eu fale sobre mim ou que eu te ajude? - Morana perguntou e observou enquanto Riona pensava.

- Meu noivo foi morto. Eu o quero de volta, eu quero sair daqui! - A prisioneira finalmente falou, após alguns momentos de silêncio.

- Calma, calma... Morto? - Morana perguntou e abanou a mão em direção a Ríona - Esqueça, magia não traz mortos de volta à vida. Você pode se transformar através da morte, mas precisa estar vivo antes. Corpos que não falam, não tem jeito. Eles não podem aceitar e nem recusar nada.

- Mas então... - Ríona se deixou cair de joelhos, para depois recostar-se nas próprias pernas - Então não sei o que você pode fazer por mim.

Morana se aproximou, com as vestes escuras arrastando-se atrás dela, até que parou em frente a Ríona, levantando o queixo desta com o dedo indicador.

- Posso te dar algo melhor.

A testa de Ríona se franziu.

- O quê? - Ela perguntou, sentindo que estava entrando em algo perigoso, ali.

Morana sorriu e Ríona sentiu um calafrio.

- Eu posso ajudá-la a permanecer neste mundo até que o seu querido noivo volte a existir. E... Você poderá se vingar do homem que arruinou a sua vida.

Ríona apertou os lábios, pensativa.

- E... E como você faria isso?

- Muito simples - Morana começou a falar e virou-se de costas, dando alguns passos para longe, antes de se virar - Você só precisa aceitar sangue da vida.

- Sa-sangue da vida? - Ríona franziu o sobrolho - Eu não entendo.

Morana olhou intensamente para Ríona.

- Basta confiar em mim e eu posso garantir que você será a dona do seu próprio destino, daqui para frente. Tudo o que você tem que fazer é... - Morana sorriu de uma forma macabra - Morrer.

*600 ANOS DEPOIS*

Faolán acordou sobressaltado após ter o mesmo pesadelo de quase todas as noites. A mulher de olhos vermelhos que lhe arrancava o coração, enquanto ele agonizava até o fim.

Ele se levantou da cama de hotel e foi para o banheiro. Aquele encontro com a CEO da Frontier era de extrema importância e ele não podia aparecer de qualquer jeito.

"Preciso estar no meu melhor", ele pensou. Não que ele tivesse intenção de seduzir a mulher a fim de conseguir o que ele queria, mas a imagem de um homem responsável e à altura daquele negócio era o que ele precisava, além de boas palavras. "Ou, eu uso a aura Alfa nela. Humanos ainda são animais, afinal de contas".

Faolán McKay era o CEO da Pinnacle Construções, bem como o Alfa do bando Mac Tíre. Ele era um lobisomem.

"- Sinto que algo grandioso está vindo!" - Lonn disse, ansioso.

Todo lobisomem, quando chegava à época, despertava o lobo interior. O lobo era o reflexo mais instintivo da alma da porção humana.

- Eu também... Hoje vamos resolver esse problema - Ele respondeu em voz alta.

Há menos de um mês, Forlán precisou retornar ao bando, uma vez que o mesmo foi atacado por rogues. Nisso, o pai dele foi uma das vítimas, o que fez Faolán ser coroado Alfa antes do esperado.

Após se vestir, Faolán saiu do hotel no carro alugado e foi em direção ao ponto de encontro: uma cafeteria na parte central de Fort Wayne.

Faolán estava sentado, esperando pela chegada de... Ele olhou o nome dela na mensagem que o Beta dele, Kieran Owens havia enviado. Lyla Haynes.

E então, um cheiro o atingiu com força. Menta, com chocolate e uma pitada de pimenta. E outra coisa, porém, ele não conseguia discernir. Lonn começou a "pular para cima e para baixo", e Faolán sabia que sua companheira predestinada estava em algum lugar próximo.

"- Vá procurá-la!" - o lobo insistiu com ele, em agonia.

"- Mas... e o compromisso?"

"- Dane-se! Você pode dizer que teve uma emergência! Vá AGORA!"

No entanto, toda a urgência de Lonn não era realmente necessária, já que o cheiro estava se aproximando, em vez de se afastar. Faolán, que já estava de pé, pronto para sair em busca de sua companheira, ficou parado, esperando que ela se mostrasse. A porta da cafeteria se abriu e uma mulher com um vestido tubinho preto clássico, salto agulha de mesma cor, cabelos ruivos na altura dos ombros, entrou.

O caminhar dela era elegante, e, mesmo com um óculos de sol cobrindo-lhe os olhos, Faolán sabia que ela teria um olhar penetrante. A mulher ergueu as mãos surrealmente brancas e tirou os óculos escuros, revelando olhos que eram de um azul semelhante à pedra Larimar.

Mesmo com um vestido de escritório, "comportado", Faolán podia ver suas belas formas.

"- Perfeita!" - ele e Lonn pensaram juntos.

"- Ela está se aproximando!" - Lonn disse, animado. Faolán mandou-o ficar quieto e limpou a garganta, pronto para falar.

- Sr. McKay? Sou Lyla Haynes, prazer em conhecê-lo.

A mulher se apresentou formalmente, e sua voz era como música para os ouvidos de Faolán. Ela estendeu a mão para que ele apertasse.

"- O prazer é todo nosso! Marque-a!" - Lonn estava quase babando, e Faolán não sabia o que fazer, afinal. Ela era aquela CEO cruel e mesquinha, que ele ouviu falar, mas também, sua companheira. O que o preocupava era que ela parecia não perceber a ligação que eles tinham. Ao menos, não aparentava sentir absolutamente nenhum tipo de excitação ao vê-lo. Mesmo sendo humana, ela deveria ficar afetada de alguma maneira.

Ele olhou para a mão dela como um idiota, mas não conseguia se mexer. Ela ergueu as sobrancelhas e retirou a mão, torcendo os lábios e sentou-se à mesa, descontente.

"- Ela está triste. Ela está chateada conosco. FAÇA ALGUMA COISA!"

- Senhor Mc...

- Cale a boca e deixe-me pensar! - Faolán disse, em voz alta. As pessoas ao seu redor ficaram em silêncio e olharam para ele. Os olhos de Lyla se arregalaram para ele e depois semicerraram-se.

- O que você disse? - Ela perguntou, incrédula, levantando-se lentamente, as duas mãos em cima da mesa.

- N-não, não! Eu estava... pensando em outra coisa, me desculpe. Não era para você! - Ele tropeçou nas palavras, e Lyla apenas o encarou, com uma cara de descrença, meio entediada.

- Então, o senhor tem um problema mental? Afinal, não estou vendo ninguém além de mim interagindo com o senhor. - Ela perguntou casualmente, tentando não cruzar os braços e parecer muito hostil. O homem era bonito, alto, pele bronzeada, olhos verdes de matar, e cabelos escuros e sedosos que imploravam para serem acariciados. Mas ela manteve o olhar frio, afinal, ele não merecia nada de bom dela.

- Eu só... Pensei em voz alta sobre algo que me lembrei. Esses últimos dias foram difíceis para mim, sinto muito. Meu pai faleceu e...

- Isso não vai me comover. - Ela o cortou. Faolán, que estava com os olhos fechados, abriu-os e olhou para ela com o cenho franzido. Ela era insensível, de fato!

- Não é para comover a senhorita. Meu pai faleceu há menos de um mês. - Ele disse, sério. Apesar de estar chocado com o comportamento dela, ele ainda queria abraçá-la, beijá-la e torná-la dele.

"Tudo culpa dessa ligação!".

"- Se você a marcar, ela vai nos sentir e vai mudar!" - Lonn não aceitava que Faolán estivesse perdendo tempo, em vez de tomar a companheira deles de uma vez. O Alfa o mandou ficar quieto, ou o "trancaria" no fundo da mente.

- Minhas condolências. - Ela falou, ainda com o tom monótono e voltando a sentar-se. - Agora, o senhor pediu uma reunião comigo, a fim de discutir um terreno que sua empresa parece interessada. O problema é que eu também o quero e... Nós temos a preferência para a compra.

- Obrigado. - Faolán limpou a garganta. - Bem, meu pai e eu ajudamos algumas pessoas e como as terras na qual as pessoas moravam pegou fogo, muitas ficaram desabrigadas. Aquelas terras não prestam mais, mesmo que construíssemos casas para eles, eles não poderiam mais plantar nada, ali.

- Eles são nativos? - Ela questionou.

- Ah, não exatamente. São pessoas que vivem principalmente na natureza, então precisam de terra cultivável. - Ele tentou explicar. Claro, ele não podia simplesmente dizer, ali mesmo, no meio de um bando de humanos, que as pessoas em questão eram parte de uma alcateia de lobisomens.

- Eu entendo. Mas existem outras terras. - A maneira como ela falou o fez, mais uma vez, pensar que ela tinha algum problema com ele. Sua frieza não era a de uma pessoa que simplesmente não se interessava pelos problemas dos outros, mas a de alguém que guardava algum tipo de rancor.

- Mas esta terra que eu quero é perto deles. Há várias pessoas, incluindo idosos e crianças. Mudar para outro lugar seria problemático.

- Com todo o respeito, o senhor não é pobre, senhor McKay. Se o senhor está disposto a comprar um terreno tão caro, um dos mais caros do mercado, diga-se de passagem, por que não pagar um transporte adequado para essas pessoas? - Lyla levantou de leve os ombros. - Idosos e/ou deficientes podem usar um avião, ou ônibus mais confortáveis. Os meios de transporte se desenvolveram muito. Você mal consegue perceber que eles estão se movendo. - Ela disse, sua voz ainda fria e apática, mas com um toque de deboche.

Faolán olhou para baixo, pensativo. Na verdade, ele não era pobre. E a solução dada por ela era viável. A questão era a terra, que, mais do que tudo, oferecia o isolamento de que tanto precisavam.

- Essas pessoas não gostam de se expor, de estar em contato com a sociedade. Então é dessa terra que eles precisam. - Ele insistiu. Ela sorriu.

- Vou pensar nisso, porque minha empresa precisa daquele terreno que se adapta perfeitamente ao nosso novo projeto, Sr. McKay. Mas prometo que falarei com a diretoria e lhe darei uma resposta o mais rápido possível. - Ela se levantou, ajeitou o vestido e estendeu a mão. - Foi um prazer conhecê-lo. - Ele engoliu em seco, olhando para a mão dela.

Ele ergueu a mão, e quando suas suas peles se tocaram, ambos sentiram a eletricidade percorrendo seus corpos. Ela arregalou os olhos e ele sorriu. Faolán sabia que ela tinha sentido o mesmo! Mas logo a expressão de Lyla mudou, agora mostrando algo que fez seu coração doer: desprezo.

A ruiva largou a mão dele com sutil brutalidade, colocou a bolsa no braço e se virou para sair. Ela nem havia tocado no café que ele deixou na mesa para ela, como cortesia. Na verdade, ela nem pareceu percebê-lo ali.

********** ********** ********** **********

- Eu não posso acreditar que aquele idiota está de volta! - Lyla gritou, sozinha, jogando sua bolsa no sofá do escritório.

Ela havia falado com um lobo diferente, Kirian Owens, mas como ela se recusou a desistir da terra, ele pediu que ela falasse diretamente com o CEO da Pinnacle Construções. Acontece que Lyla já sabia que o assunto não tinha nada a ver com negócios, e hoje aquilo se confirmou. Ela sentiu o cheiro de lobo em Kirian na primeira vez que ele entrou no prédio. Farejar um lobisomem não era difícil para alguém como ela.

- Ele veio aqui para tentar me subjugar, com a aura Alfa, dele - Ela fez uma careta - Humpf! Coitado!

No entanto, ela não esperava que ele fosse o Alfa. Ela reconheceria aquele rosto em qualquer lugar, não importava quanto tempo tivesse passado. Seiscentos anos não era tempo suficiente para ela fazê-la esquecer do rosto do algoz dela.

Lyla não negava que ele era bonito e charmoso - e, agora que seu cabelo estava mais comprido, ele era muito mais atraente. Mas ele era quem era, seu maior inimigo, a razão de sua vida ter dado errado e sua existência ser vazia e dolorosa.

No entanto, algo a confundiu. Ele parecia estar atraído por ela de uma forma incomum. Faolán McKay estava emitindo feromônios como um louco, e ele tinha aquele olhar idiota em seu rosto quando olhava para ela. Ela riu, incrédula e tentando afastar a possibilidade que surgiu em sua mente.

- Será que é isso? - Ela se perguntou, sentada na cadeira atrás da mesa, pensativa. Seria de uma ironia absurda! - Não. Não... Isso seria ridículo!

Sem pensar duas vezes, Lyla ligou para um número que raramente procurava, a menos que fosse uma emergência.

- Olá? - A voz do outro lado era tão melodiosa quanto Lyla se lembrava.

- Morana? Temos um problema.

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