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Nada a Perder vol 1

Nada a Perder vol 1

ElianeAmado2024

5.0
Comentário(s)
18
Leituras
10
Capítulo

"Nada a Perder" David é um jovem atormentado por um passado sombrio e envolvimento com drogas, buscando um propósito que até então parecia impossível de alcançar. Ao conhecer Jacob, um cristão dedicado, David finge interesse na fé para se aproximar de Vivi, uma garota por quem se encantou, mas que não o vê como uma possibilidade por ele não compartilhar sua crença. No entanto, algo muda profundamente em David durante esse disfarce. A convivência com Jacob e as pregações de Gabriel tocam sua alma de forma inesperada, e ele acaba tendo uma experiência espiritual transformadora em um retiro. A vida de David começa a mudar, mas sua antiga ligação com o crime, especialmente com seu amigo de infância Michel, ameaça desmoronar o novo caminho que ele escolheu. Enquanto isso, Peter, um rapaz com ambições religiosas e cego pelo próprio ego, busca conquistar Vivi por motivos errados, acreditando que ela faz parte do seu destino como pastor da igreja. Peter, no entanto, passa por sua própria jornada de redenção quando percebe que seus sentimentos por Vivi eram superficiais e que o verdadeiro amor estava ao lado dele o tempo todo: Micaela, a confidente silenciosa. "Nada a Perder" é uma história sobre escolhas, redenção, e as batalhas espirituais que se travam dentro de cada um. Entre conflitos internos e ameaças externas, David, Peter, Jacob e Vivi descobrem que, às vezes, para encontrar o verdadeiro propósito da vida, é preciso perder tudo aquilo que acreditavam ser essencial

Capítulo 1 Quem encontra um amigo, encontra um tesouro

Era um dia lindo, daqueles que fazem qualquer um se sentir em paz. No Rio de Janeiro, dois senhores de cabelos brancos estavam sentados em um banco de frente para um lago sereno. O sol refletia nas águas, e um deles, Jacob, fitava o reflexo de seu rosto, perdido em pensamentos.

Jacob narrando:

Eu ainda me lembro do dia em que conheci David. Ele tinha 17 anos e era nosso último ano de colégio. David entrou na sala como um furacão: camiseta básica, calça jeans rasgada e um tênis surrado. Parecia que o mundo não o afetava, mas o olhar dele entregava uma inquietação. Ele jogou a mochila em cima da mesa e, sem pedir licença, colocou o pé em uma cadeira à minha frente. Não éramos parecidos. Eu preferia ficar na minha, mas algo dentro de mim – acho que era Deus – me dizia que eu precisava fazer amizade com aquele cara.

Respirei fundo, levantei o olhar e, sem saber o que esperar, disse "oi".

Ele ergueu uma sobrancelha, com um sorrisinho de deboche, e respondeu:

- O que tem de interessante pra fazer nessa escola?

Eu não sabia se era piada ou provocação, então, sem querer prolongar, respondi:

- Estudar, claro.

Ele riu e me disse:

- Estudar? Com essas garotas por aqui, estudar vai ser o de menos.

Mesmo sem entender o motivo, algo em mim sabia que toda aquela arrogância escondia uma história maior. Então, perguntei de onde ele era. Ele me contou que tinha acabado de se mudar de São Paulo, que não conhecia ninguém no Rio, mas que isso não seria problema, já que ele era "bom de papo".

Após aquele primeiro encontro, algo nele me incomodava. Quando cheguei em casa, mal conseguia tirar da cabeça o comportamento do David. Tomei um banho, peguei minha Bíblia e orei, pedindo a Deus alguma clareza. "Por que eu?", perguntei. Ele parecia o tipo de pessoa que não me daria abertura para falar de Jesus. Mas, naquela noite, Deus me disse que não une pessoas, une propósitos. Eu entendi que havia um propósito para David e eu, só não sabia qual.

No dia seguinte, lá estava ele de novo, mas dessa vez envolvido em uma briga feia, quebrando tudo ao redor. Acabou na sala do diretor. Quando ele saiu, decidi me aproximar. Perguntei o que tinha acontecido, mas ele, mais uma vez, foi grosso:

- Não é da sua conta. Não se mete.

David estava cheio de raiva, e eu não sabia exatamente o que fazer, mas continuei ao lado dele, caminhando em silêncio. Enquanto ele andava sem olhar para trás, eu disse calmamente:

- Não sei o que aconteceu, mas, se precisar conversar, estou aqui.

Ele me olhou com desdém e disse para eu parar com o "papinho mole".

Eu continuava a orar por ele todos os dias. E, aos poucos, nossa distância diminuiu. Começamos a nos falar com mais frequência, e ele passou a confiar em mim. Com o tempo, percebi que aquela rebeldia era uma fachada. Por trás de tudo, David era apenas alguém machucado, precisando de apoio.

Um dia, enquanto estávamos jogando na minha casa, ele derramou suco no casaco. Insisti para que tirasse, mas ele resistiu. Quando finalmente tirou, vi marcas de cortes nos pulsos. Perguntei sobre aquilo, e, sem me encarar, ele me contou que sua mãe o havia abandonado aos quatro anos, e seu pai tinha morrido em um acidente de carro antes de ele nascer. David foi criado por um tio violento, e aquilo deixou cicatrizes não só no corpo, mas na alma.

Eu sabia que era minha chance de falar de Jesus. Mas, como eu esperava, David ficou furioso. Disse que havia sido um erro ter confiado em mim e saiu da minha casa.

A semana seguinte foi difícil. Ele mal ia às aulas, e quando ia, evitava qualquer contato comigo. Depois da aula, tentei me aproximar, mas ele puxou o capuz e saiu sem dizer nada.

Certa tarde, vi David com um grupo perigoso na praça. Ele estava com uma galera que claramente não era boa companhia, e usava drogas. Aquilo me deixou devastado, mas, em vez de julgá-lo, subi na bike e, no caminho de casa, orei por ele, pedindo que Deus o protegesse.

Mais tarde, recebi uma mensagem no grupo da igreja sobre um culto especial e que deveríamos convidar um amigo. Tentei ligar para David, mas ele não atendeu. Conversei com minha mãe sobre o que eu estava sentindo, e decidimos ir até a casa dele.

Chegando lá, o tio de David, bêbado, nos expulsou. Fomos até a praça onde eu o tinha visto, mas não encontramos ninguém. Quando estávamos quase desistindo, recebi uma ligação. Era David, pedindo ajuda. Ele havia sido espancado e roubado.

Minha mãe e eu o encontramos em um beco, todo machucado. Insisti em levá-lo ao hospital, mas ele recusou. Ele aceitou apenas ir para nossa casa, onde minha mãe cuidou dos ferimentos. No meu quarto, ele dormiu na cama de baixo do beliche que era do meu irmão, que estava servindo na Marinha.

Naquela noite, olhando para ele dormindo, machucado e vulnerável, percebi que Deus estava usando nossa amizade para algo muito maior. Às vezes, tudo o que alguém precisa é de uma mão estendida para encontrar o caminho de volta.

Conclusão do capítulo: Apesar das dificuldades, Jacob continua a apoiar David, mostrando que a verdadeira amizade envolve paciência, compreensão e fé. A mensagem central é que a amizade verdadeira é um tesouro valioso, capaz de transformar vidas.

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