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A Esposa de Mentira do Sottocapo

A Esposa de Mentira do Sottocapo

Yana _ Shadow

5.0
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32
Capítulo

Após ser vendida pela madrasta, Antonella foi trancada num quarto escuro com um brutamontes que pretendia tirar a sua inocência. Desesperada, a garota conseguiu se desvencilhar e fugir pela janela. Em busca de ajuda, ela segurou o vestido rasgado enquanto corria pelas ruas durante a noite fria. No meio do caminho, um carro freou bruscamente e por pouco, não atropelou Antonella. “Você é louca?” O tom rouco inquiriu. “Por que você não olha para onde anda, garota?” O homem alto estava bastante irritado quando saiu do automóvel. Bernardo Matarazzo era o sottocapo de um dos clãs ligados a uma organização mafiosa e o filho do homem que humilhou Antonella e destruiu tudo o que ela tinha sem piedade. Ele a examinou minuciosamente antes de fazer mais perguntas, “O que houve com você?” Os olhos verdes observaram a ferida no ombro de Antonella. “Quem te atacou?”. A moça assustada piscou algumas vezes, as lágrimas molharam o rosto anguloso. Ela não imaginava que o destino colocou em seu caminho a peça chave para saciar a sua sede de vingança.

Capítulo 1 A dívida

Antonella

O céu estava cinzento quando parei na porta do casebre durante a manhã.

Eu respirei profundamente o ar úmido do orvalho e então apressei os passos a caminho da pequena horta, onde reguei uma pequena plantação de alcachofra e as mudas de tomate que havia plantado cuidadosamente no dia anterior. Diariamente, eu costumava acordar um pouco antes do sol nascer para cuidar da plantação e colher verduras e frutas para vender no estabelecimento onde eu trabalhava para auxiliar no sustento da minha família. Após organizar tudo em uma cesta de vime, voltei para casa. Eu estava tão distraída que não vi o homem de meia-idade que se aproximou furtivamente. Ele puxou as rédeas do cavalo e parou diante de mim.

— Olá, Antonella! — Esboçou um sorriso amarelo.

— Bom dia, senhor Giuseppe!

Os equinos dos outros dois homens trotaram no pedregoso caminho ao se aproximarem.

— Você já tem o dinheiro?

— Não, senhor. — Eu encolhi os meus ombros.

— Ragazza, — o brutamontes desceu do cavalo. — Esse é o terceiro mês que você atrasa o pagamento. O meu chefe não está muito feliz com isso. — Ele caminhou em torno de mim e apertou a minha cintura.

Sobressaltada, eu tomei distância daquele homem asqueroso.

— Vou pagar!

— Chega de promessas. — Giuseppe berrou.

Os outros dois homens me olhavam de uma maneira que me enojava.

— Vou falar com o meu patrão para te dar mais uma semana. — Ele tocou os meus cabelos e cheirou.

Dei um salto e saí de perto quando Giuseppe tentou beijar meu rosto.

— Se você não tiver o dinheiro, o senhor Matarazzo cobrará a dívida com juros. — Ele pegou a cesta das minhas mãos. — Agradeço pelo presente.

— Tenho que levar essas verduras e frutas para a mercearia. — Eu tentei tomar a cesta.

Um dos capangas desceu do cavalo e segurou os meus braços atrás das minhas costas.

— Essa garota é muito arisca! — disse a voz profunda do jovem que me continha.

— Solte a ragazza, — O senhor Giuseppe mandou.

Em certo momento, eu fui derrubada no chão. Olhei para as folhas secas e marrons que o vento daquela manhã espalhou pela propriedade.

— Não levante, Antonella, fique onde está! — Giuseppe estreitou o olhar. — Eu não tolero esse desrespeito. Considere isso como um aviso. Da próxima vez, não serei tão compassivo. Entendeu?

— Sim, senhor! — Respondi.

A fisionomia sombria daqueles homens me assustava.

— Antonella! — A voz crepitante veio da janela da casa. — O que está acontecendo aí fora? — A minha madrasta indagou.

— Olá, senhora Francesca! — Giuseppe sorriu. — Prazer em vê-la. — Pôs o chapéu de volta à cabeça.

Ele montou no cavalo e se foi com seus capangas. Giuseppe era um dos homens de confiança do dono de boa parte das terras naquela região. Diversas famílias e comerciantes da aldeia sofriam com aquelas cobranças exorbitantes.

— Antonella, entre!

— Eu já vou, — levantei e limpei as folhas da minha saia.

A minha madrasta estava na soleira da porta quando eu me aproximei.

— Por que você estava no chão?

— Eu tropecei. — escondi a verdade.

Não queria que a minha madrasta visse aquilo. A Francesca já estava sofrendo demais desde a morte do meu pai. Eu não queria atormentá-la com mais problemas.

— A senhora está bem? — Perguntei quando ela cambaleou.

— Sim, foi só uma tontura. — Francesca apoiou a mão na parede.

— Deite-se e descanse um pouco! — Olhei para os ossos da clavícula que começavam a despontar na pele pálida da minha madrasta.

Francesca chegou em minha vida quando eu tinha cinco anos. Mesmo não sendo filha de sangue, ela cuidou de mim. Anos mais tarde, o meu pai morreu em um acidente. Depois dessa tragédia, a vida parecia não fazer mais sentido para a minha madrasta.

— O que o Giuseppe queria?

— Não era nada!

— Eu sei que ele veio cobrar a dívida.

Fiquei em silêncio e ajeitei a mulher emaciada sobre a cama no canto estreito da sala. Eu já sabia onde aquela conversa chegaria.

— Você tem que casar e cuidar do seu irmão, Antonella — As mãos ressequidas acariciaram o meu antebraço. — Você precisa de um homem para te ajudar a cuidar desse lugar.

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