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ME ACORDE APÓS O INVERNO

ME ACORDE APÓS O INVERNO

Roseanautora

5.0
Comentário(s)
472
Leituras
7
Capítulo

Samuel Beaumont, um rei idolatrado, é cercado por luxúria e prazer, vivendo uma vida de excessos ao lado de seu melhor amigo, Dom. Mas, por trás das máscaras e dos relacionamentos efêmeros, Sam carrega uma solidão profunda, ciente de que nenhum desses prazeres pode curar seu coração partido. Tudo muda quando, em uma noite de desejo, ele se vê irresistivelmente atraído por uma mulher misteriosa, cuja voz suave e coração ferido refletem sua própria dor. Determinado a encontrá-la, Sam ignora que seus destinos estão entrelaçados de maneiras inesperadas. Porém, a Corte e a rainha de Avalon têm outros planos: exigem que ele se case e gere um herdeiro para restaurar a credibilidade política e unir os reinos aliados. Em sua busca por uma mulher com braceletes de couro e um perfume envolvente, Sam não percebe que a mulher que procura também o procura, reconhecendo-o apenas pela tatuagem de coroa quebrada que ele carrega. Mas, ao encontrá-lo, ela o rejeita com frieza, sem saber que o rei, apaixonado pelo inverno, deseja mais do que tudo derreter corações solitários. À medida que Sam se aproxima dessa mulher, ele se vê dividido entre a atração pela sedutora mascarada que o encantou e o amor crescente pela mulher real, fria e distante, que lentamente conquista seu coração. Em um jogo de máscaras, de amor e de poder, o rei se vê em um dilema: poderá o verdadeiro amor superar as obrigações da coroa e curar as feridas do passado? No final, há uma única certeza que todos compartilham: o inverno de Avalon deve perdurar, para que eles possam viver plenamente tudo o que o castelo tem a oferecer no breve tempo que tem juntos.

Capítulo 1 A batalha é melhor que a vitória

País Del Mar

POV SAMUEL

Ouvi quando Alexia perguntou:

- E Dom? Eu não o vi. Ele não foi convidado?

- Claro que foi. O nome dele estava sim na lista. – Respondeu Satini.

- Deve estar por aí, num beco escuro em País del Mar, tentando encontrar uma donzela em perigo. – Respondi, tomando meu lugar à mesa – Ele veio comigo, mas faz um tempinho que não o vejo...

- E você? Já encontrou sua donzela em perigo, Samuel? – Estevan questionou-me.

Às vezes eu achava que ele fazia para me provocar, exibindo sua vitória frente a todos. Me senti até mal por pensar em Satini como um troféu. E caralho, ela estava ainda mais linda naquele dia!

Encarei Satini e provoquei, revidando à altura a provocação de Estevan:

- Talvez... – Tentei um sorriso sedutor.

Satini, por sua vez, ficou um tempo com os olhos nos meus, logo em seguindo ruborizando as bochechas. Eu achava aquilo bem estranho, como se ela tivesse vergonha de mim depois de toda intimidade que tivemos no passado. Minha Satini não era o tipo de mulher que sentia vergonha ou temia qualquer coisa. Eu resistia em admitir que ela não era a mesma. E talvez eu também não fosse o mesmo Samuel.

Fazia anos que eu não era mais o garoto com uma guitarra que sonhava tomar o castelo e se tornar o herdeiro de Avalon. Parecia que a batalha era melhor do que a vitória. Eu tentava acreditar que toda emoção a adrenalina do passado era por conta da minha juventude, onde tudo era mais intenso.

- Não precisa ficar ruborizada, Satini! – saiu de forma automática – Você não é mais minha donzela em perigo. – Aliás, acho que ela nunca tinha sido uma donzela em perigo.

- Salvei primeiro. – Estevan debochou, seu hálito alcóolico chegando até mim.

Respirei fundo enquanto tentava dissipar da minha mente a vontade de dar-lhe um soco no meio da cara, quebrando seu nariz.

- Hum, isso quer dizer que realmente encontrou uma "donzela". – Kim ficou curioso, fazendo com que minha raiva momentânea (ou nem tanto) passasse.

- Não é a primeira, nem a segunda, tampouco a terceira – me exibi, sorvendo todo o champagne da taça, tentando me embriagar como todos naquela mesa – O amor é uma coisa doida. E relacionamentos, definitivamente, são para loucos.

- À loucura! – Dereck levantou a taça e todos brindamos – À esta loucura que se chama amor.

Bebi mais uma taça cheia, procurando Dom com os olhos. Com certeza o filho da puta não viria, me deixando sozinho com os casais apaixonados.

Havíamos vindo no mesmo voo, que fretei especialmente para nos levar a País del Mar a fim de participarmos do casamento de Aimê. Quando chegamos ao palácio simplesmente não o vi mais. E não tinha dúvidas de que estava com alguma mulher. E eu não queria, mas infelizmente sabia muito bem o motivo pelo qual ele fazia aquilo. Éramos dois quebrados, tentando juntar os pedaços, incertos se algum dia conseguiríamos.

Champagne não era minha bebida favorita, mas não serviam cerveja ali. E o que eu mais gostava era sentar na banqueta de um bar e tomar uma cerveja gelada pensando em nada. Claro que atualmente para eu fazer este tipo de coisa só disfarçado ou num país muito grande e populoso que nunca tivessem ouvido falar de um lugar minúsculo no mapa mundo chamado Avalon.

Fiquei ali jogando conversa fora com meu grupo de amigos dos tempos da juventude. E ri sozinho ao me dar em conta de que apesar de tudo, eu ainda sentia falta deles e de todas as batalhas que lutamos juntos.

- Você realmente vai deixar por isto mesmo o "roubo" do trono? – Dereck perguntou, ansioso.

- O que você acha? – Estevan sorriu de forma confiante e debochada.

Eu poderia encontrar mil defeitos nele, mas ser uma covarde não era um deles.

Montar uma estratégia de invasão a um castelo nunca foi um problema para nós. Claro que com o tempo passamos a tentar resolver as situações de forma amigável e menos tensa. E eu não sabia exatamente o que se passava na cabeça de cada um deles, mas eu adorava uma guerra por tomada legítima de um trono.

Minha cabeça estava leve devido ao efeito do álcool. Mas eu era ciente do que estávamos fazendo. Estevan não queria mais ser rei e não cogitava o nome das filhas para assumir Alpemburg. Alexia já tinha feito sua parte e se saiu bem como a rainha. Aimê parecia estar satisfeita na posição de rainha consorte e Pauline... Bem eu não sabia muito sobre ela, já que diferente das outras filhas de Satini, com aquela eu não tinha vínculos afetivos ou muito contato.

Estevan queria tirar o sobrinho do poder e eu faria o mesmo em seu lugar, não ficando satisfeito com alguém que levasse meu sobrenome vir a afundar um país inteiro e o nome da família ir para o fundo do poço, aparecendo em todos os livros de história no futuro. E eu já conhecia muito bem aquele tipo de batalha, que era como as de Magnus e Dereck em Noriah Sul, que deram fim à monarquia e decretaram seu país uma república democrática.

Então sim, a retomada de Alpemburg foi planejada na mesa da recepção de casamento da filha de Satini e Estevan.

Para quem nos olhasse, parecíamos um bando de homens e mulheres que riam e se divertiam falando sobre o passado. Mas o que fazíamos era rodearmos uma mesa enquanto maquinávamos destronar um usurpador que tomou a coroa a qual não tinha direito, como no passado Stepjan Beaumont fez com Avalon, onde montou um plano maligno para matar minha mãe e assumir o lugar de rei.

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