Estava grávida de nove meses, o nosso Martim prestes a nascer. O meu carro parado no meio da rua inundada na Baixa de Lisboa. A água já me batia nos tornozelos, e o pânico começava a instalar-se. Tentei ligar ao Tiago, o meu marido, a voz esganiçada de medo, dizendo-lhe que o bebé estava a caminho. Mas ele, com música de fundo e risos da prima Clara, desvalorizou tudo. Disse que a Clara precisava dele por causa de uma "pequena infiltração" e desligou-me o telefone na cara. Acordei no hospital, a barriga vazia, o coração desfeito. O meu filho Martim tinha morrido, vítima da falta de oxigénio. No dia seguinte, Tiago apareceu com a prima, fingindo preocupação e revirando a história. Até o pai dele meteu-se, culpando-me por não ter "sensibilidade" e por não ser grata por estar viva. A dor da perda era excruciante, mas a mentira e a indiferença deles eram uma agonia ainda maior. Como puderam ser tão cruéis? Como conseguiram dormir, enquanto eu vivia o meu pesadelo mais profundo? A cada palavra deles, sentia-me mais traída, mais injustiçada, e a minha confusão transformava-se em fúria. Será que a Clara era mais importante que o nosso filho? Foi então que uma amiga em comum me enviou uma foto. Tiago e Clara, sorridentes, com pipocas, a ver um filme na Netflix. A hora? Treze minutos depois de eu lhe ter ligado, pedindo socorro. A "infiltração" era uma única gota de água. Naquele instante, a minha tristeza deu lugar a uma fria e calculista determinação. Ele ia pagar por isso, e eu ia garantir que todos soubessem a verdade.
Estava grávida de nove meses, o nosso Martim prestes a nascer.
O meu carro parado no meio da rua inundada na Baixa de Lisboa.
A água já me batia nos tornozelos, e o pânico começava a instalar-se.
Tentei ligar ao Tiago, o meu marido, a voz esganiçada de medo, dizendo-lhe que o bebé estava a caminho.
Mas ele, com música de fundo e risos da prima Clara, desvalorizou tudo.
Disse que a Clara precisava dele por causa de uma "pequena infiltração" e desligou-me o telefone na cara.
Acordei no hospital, a barriga vazia, o coração desfeito.
O meu filho Martim tinha morrido, vítima da falta de oxigénio.
No dia seguinte, Tiago apareceu com a prima, fingindo preocupação e revirando a história.
Até o pai dele meteu-se, culpando-me por não ter "sensibilidade" e por não ser grata por estar viva.
A dor da perda era excruciante, mas a mentira e a indiferença deles eram uma agonia ainda maior.
Como puderam ser tão cruéis?
Como conseguiram dormir, enquanto eu vivia o meu pesadelo mais profundo?
A cada palavra deles, sentia-me mais traída, mais injustiçada, e a minha confusão transformava-se em fúria.
Será que a Clara era mais importante que o nosso filho?
Foi então que uma amiga em comum me enviou uma foto.
Tiago e Clara, sorridentes, com pipocas, a ver um filme na Netflix.
A hora? Treze minutos depois de eu lhe ter ligado, pedindo socorro.
A "infiltração" era uma única gota de água.
Naquele instante, a minha tristeza deu lugar a uma fria e calculista determinação.
Ele ia pagar por isso, e eu ia garantir que todos soubessem a verdade.
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