A Vítima Que Se Recusou a Ser

A Vítima Que Se Recusou a Ser

Gavin

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Capítulo

Quando abri os olhos, o teto branco do hospital era a primeira coisa a saudar-me. Todo o meu corpo gemia de dor, especialmente a cabeça, que parecia prestes a explodir. Ao meu lado, Sofia, a minha melhor amiga, observava-me com uma expressão sombria. "Finalmente acordaste, Clara." A voz dela era rouca, e a minha era um sussurro doloroso. "Onde... onde está o Leo?" perguntei. Sofia parou de descascar a maçã, sem olhar para mim. "Ele está a tratar dos procedimentos de alta da Inês." Inês. A ex-namorada do Leo, a mulher que ele sempre insistiu ser "apenas uma amiga". O nome atingiu-me com a força de um soco. Foi então que as memórias invadiram-me: o chiar dos pneus, o barulho ensurdecedor do metal a torcer. E o Leo, ao volante, a virar instintivamente para proteger a Inês no banco do passageiro. Deixando-me a mim, a sua noiva, no banco de trás, a levar o impacto principal. Dois dias. Dois dias em que o meu noivo cuidou da ex-namorada enquanto eu estava inconsciente. Quando ele entrou, aliviado, nem sequer me perguntou como eu estava. Pelo contrário, ele justificou que a Inês precisava dele, que "somos compreensivos". E depois, descobri o seu diário. Nele, meses de dúvidas, comparações e a revelação mais dolorosa de todas: a minha quase-morte era "um sinal" para ele. Um sinal de que ele não me ia escolher. "Estou a deixar-te porque tu já me tinhas deixado há muito tempo." Eu estava a ser expulsa da minha própria casa. Ele estava a pintar-se como a vítima de uma noiva ciumenta. Mas eu tinha de perguntar: "O que era eu, Inês? Um obstáculo?" Depois de o Leo tentar comprar o meu silêncio com um advogado e me ter pedido para voltar depois de a Inês o ter deixado. Eu sorri. Um sorriso genuíno e sem esforço. Isto não era o fim, era o meu verdadeiro começo.

Introdução

Quando abri os olhos, o teto branco do hospital era a primeira coisa a saudar-me.

Todo o meu corpo gemia de dor, especialmente a cabeça, que parecia prestes a explodir.

Ao meu lado, Sofia, a minha melhor amiga, observava-me com uma expressão sombria.

"Finalmente acordaste, Clara."

A voz dela era rouca, e a minha era um sussurro doloroso.

"Onde... onde está o Leo?" perguntei.

Sofia parou de descascar a maçã, sem olhar para mim.

"Ele está a tratar dos procedimentos de alta da Inês."

Inês. A ex-namorada do Leo, a mulher que ele sempre insistiu ser "apenas uma amiga".

O nome atingiu-me com a força de um soco.

Foi então que as memórias invadiram-me: o chiar dos pneus, o barulho ensurdecedor do metal a torcer.

E o Leo, ao volante, a virar instintivamente para proteger a Inês no banco do passageiro.

Deixando-me a mim, a sua noiva, no banco de trás, a levar o impacto principal.

Dois dias. Dois dias em que o meu noivo cuidou da ex-namorada enquanto eu estava inconsciente.

Quando ele entrou, aliviado, nem sequer me perguntou como eu estava.

Pelo contrário, ele justificou que a Inês precisava dele, que "somos compreensivos".

E depois, descobri o seu diário.

Nele, meses de dúvidas, comparações e a revelação mais dolorosa de todas: a minha quase-morte era "um sinal" para ele.

Um sinal de que ele não me ia escolher.

"Estou a deixar-te porque tu já me tinhas deixado há muito tempo."

Eu estava a ser expulsa da minha própria casa.

Ele estava a pintar-se como a vítima de uma noiva ciumenta.

Mas eu tinha de perguntar: "O que era eu, Inês? Um obstáculo?"

Depois de o Leo tentar comprar o meu silêncio com um advogado e me ter pedido para voltar depois de a Inês o ter deixado.

Eu sorri. Um sorriso genuíno e sem esforço.

Isto não era o fim, era o meu verdadeiro começo.

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Oito anos de casamento. No dia do nosso aniversário, Pedro Silva me presenteou com novecentas e noventa e nove rosas vermelhas, quase sufocando a sala com seu perfume. Qualquer outra mulher choraria de emoção, mas meu coração estava frio como uma pedra de gelo, afinal, eu acabara de receber alta do hospital após uma cirurgia. Disquei o número dele e uma jovem atendeu, a voz de Ana, sua secretária, chorosa e acusatória: "Dona Silva... me desculpe... foi tudo culpa minha." Ao fundo, a voz de Pedro, terna e consoladora: "Não chore, não foi culpa sua. Fique tranquila, eu resolvo." Minutos depois, ele finalmente atendeu, mas sua voz era fria, desprovida de qualquer afeto: "O que você quer?" Foi então que a bomba explodiu: "Pedro, vamos nos divorciar." Ele não hesitou, apenas respondeu com uma indiferença cortante: "Como você deseja." E desligou. Naquela noite, o cheiro de álcool caro e o perfume feminino de Ana impregnavam seu terno. Ele se sentou ao meu lado, oferecendo uma bolsa de grife como um suborno por sua ausência. Eu o confrontei diretamente: "Você está tendo um caso com a Ana?" Ele negou, desdenhando da minha desconfiança, me acusando de ser amarga, de afastar até nosso filho. A humilhação de ter sido impedida de buscar João na escola por sua ordem, porque "eu faria uma cena", ainda ardia. Ele se inflamou em raiva, gritando que eu não sabia "ser a esposa de Pedro Silva", que eu o envergonhava. Em meio à fúria dele, uma clareza fria me atingiu: não havia mais dor, apenas um vazio profundo. Então, com a voz mais calma e firme que consegui reunir, revelei a verdade que o mergulhou no mais absoluto silêncio: "Eu tive um aborto espontâneo hoje."

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