A Vítima Que Se Recusou a Ser

A Vítima Que Se Recusou a Ser

Gavin

5.0
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Capítulo

Quando abri os olhos, o teto branco do hospital era a primeira coisa a saudar-me. Todo o meu corpo gemia de dor, especialmente a cabeça, que parecia prestes a explodir. Ao meu lado, Sofia, a minha melhor amiga, observava-me com uma expressão sombria. "Finalmente acordaste, Clara." A voz dela era rouca, e a minha era um sussurro doloroso. "Onde... onde está o Leo?" perguntei. Sofia parou de descascar a maçã, sem olhar para mim. "Ele está a tratar dos procedimentos de alta da Inês." Inês. A ex-namorada do Leo, a mulher que ele sempre insistiu ser "apenas uma amiga". O nome atingiu-me com a força de um soco. Foi então que as memórias invadiram-me: o chiar dos pneus, o barulho ensurdecedor do metal a torcer. E o Leo, ao volante, a virar instintivamente para proteger a Inês no banco do passageiro. Deixando-me a mim, a sua noiva, no banco de trás, a levar o impacto principal. Dois dias. Dois dias em que o meu noivo cuidou da ex-namorada enquanto eu estava inconsciente. Quando ele entrou, aliviado, nem sequer me perguntou como eu estava. Pelo contrário, ele justificou que a Inês precisava dele, que "somos compreensivos". E depois, descobri o seu diário. Nele, meses de dúvidas, comparações e a revelação mais dolorosa de todas: a minha quase-morte era "um sinal" para ele. Um sinal de que ele não me ia escolher. "Estou a deixar-te porque tu já me tinhas deixado há muito tempo." Eu estava a ser expulsa da minha própria casa. Ele estava a pintar-se como a vítima de uma noiva ciumenta. Mas eu tinha de perguntar: "O que era eu, Inês? Um obstáculo?" Depois de o Leo tentar comprar o meu silêncio com um advogado e me ter pedido para voltar depois de a Inês o ter deixado. Eu sorri. Um sorriso genuíno e sem esforço. Isto não era o fim, era o meu verdadeiro começo.

Introdução

Quando abri os olhos, o teto branco do hospital era a primeira coisa a saudar-me.

Todo o meu corpo gemia de dor, especialmente a cabeça, que parecia prestes a explodir.

Ao meu lado, Sofia, a minha melhor amiga, observava-me com uma expressão sombria.

"Finalmente acordaste, Clara."

A voz dela era rouca, e a minha era um sussurro doloroso.

"Onde... onde está o Leo?" perguntei.

Sofia parou de descascar a maçã, sem olhar para mim.

"Ele está a tratar dos procedimentos de alta da Inês."

Inês. A ex-namorada do Leo, a mulher que ele sempre insistiu ser "apenas uma amiga".

O nome atingiu-me com a força de um soco.

Foi então que as memórias invadiram-me: o chiar dos pneus, o barulho ensurdecedor do metal a torcer.

E o Leo, ao volante, a virar instintivamente para proteger a Inês no banco do passageiro.

Deixando-me a mim, a sua noiva, no banco de trás, a levar o impacto principal.

Dois dias. Dois dias em que o meu noivo cuidou da ex-namorada enquanto eu estava inconsciente.

Quando ele entrou, aliviado, nem sequer me perguntou como eu estava.

Pelo contrário, ele justificou que a Inês precisava dele, que "somos compreensivos".

E depois, descobri o seu diário.

Nele, meses de dúvidas, comparações e a revelação mais dolorosa de todas: a minha quase-morte era "um sinal" para ele.

Um sinal de que ele não me ia escolher.

"Estou a deixar-te porque tu já me tinhas deixado há muito tempo."

Eu estava a ser expulsa da minha própria casa.

Ele estava a pintar-se como a vítima de uma noiva ciumenta.

Mas eu tinha de perguntar: "O que era eu, Inês? Um obstáculo?"

Depois de o Leo tentar comprar o meu silêncio com um advogado e me ter pedido para voltar depois de a Inês o ter deixado.

Eu sorri. Um sorriso genuíno e sem esforço.

Isto não era o fim, era o meu verdadeiro começo.

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