Cem Dias Para Mudar o Destino

Cem Dias Para Mudar o Destino

Gavin

5.0
Comentário(s)
318
Leituras
24
Capítulo

"Ana, acorda, a gente vai se atrasar." A voz fria de João Pedro me tirou de um pesadelo, só para me jogar em outro: o dia do nosso casamento, dez anos atrás. Eu havia voltado no tempo. Em minha vida passada, João morreu salvando minha vida em nosso décimo aniversário de casamento, um acidente que era, para ele, uma libertação. Ele morreu infeliz, preso a mim por uma promessa feita ao meu pai, e não por amor, pois seu coração pertencia a outra mulher, Ana Clara. A pontada aguda de arrependimento em meu peito era real: eu o sufoquei com meu amor egoísta. Desta vez, eu não ia assinar aquele papel. "Eu não vou me casar com você," eu disse, para o choque dele e de meus pais. Parecia que eu estava enlouquecendo, mas eu tinha uma segunda chance, um limite de cem dias para realizar todos os desejos não cumpridos de João, aqueles que eu descobri em seu diário oculto após sua morte. Porém, o destino não se dobrava tão facilmente. No cartório, minha recusa escrita sumiu, substituída por minha assinatura perfeita. A voz etérea que me concedeu essa segunda chance ecoou: "O destino não pode ser mudado tão facilmente, você deve desfazer os nós, não apenas cortá-los." Ainda estávamos casados, ao menos legalmente. O primeiro dos desejos de João era ficar com Ana Clara, sua grande paixão. Então Lúcia, a Ana Clara desta linha do tempo, ligou: "Eu... eu sofri um acidente de carro. Estou no Hospital Santa Maria." João não hesitou, correu para ela, me deixando para trás mais uma vez. Ao tentar explicar o ocorrido em casa, a desculpa fraca de uma emergência familiar se esvaiu quando soube do que me acusavam no hospital. "O carro dela foi sabotado! E a polícia disse que a última pessoa que ligou para ela, ameaçando-a, foi você!" João gritou, minha suposta ameaça o deixava cego. Eu, a vilã? Meu desespero crescia. No hospital, João me tratou como um objeto, um mero reservatório de sangue raro para Lúcia. "Tirem o quanto for necessário!" ele ordenou, e eu, exausta e invisível, permiti, me sacrificando ao limite da vida. Mais tarde, ele ainda me acusou, esfaqueando-me com uma ingratidão que me fez desistir. "Significa que eu cansei, João. Acabou," eu declarei, cortando os laços. Minha missão agora era libertá-lo de mim, mesmo que isso ferisse a mim e aos meus pais. "Eu vou estudar no exterior, vou fazer aquele mestrado em artes que eu sempre quis," anunciei, uma mentira com fundo de verdade para quebrar as correntes. Para convencer meus pais a libertá-lo da promessa, inventei um pesadelo premonitório. "No sonho... ele... ele morria em um acidente de carro, porque se sentia preso a mim," eu gaguejei, as lágrimas genuínas. Eles hesitaram, mas o medo de uma tragédia os fez ceder. Quando João voltou, ouviu seu mundo desabar. Uma gravação de Lúcia revelou sua verdadeira natureza vil, zombando dele e de mim. A ironia era esmagadora: ele havia pisoteado o verdadeiro amor que eu lhe dei por uma miragem. Pela primeira vez, vi seu rosto pálido e chocado de vergonha. Ana estava viva, mas longe. Dez anos depois, eu era uma curadora de arte em Paris, e ele um arquiteto de sucesso. Nesse reencontro, sob o céu estrelado, ele pediu: "Eu posso... eu posso ser seu irmão?" Eu, a antiga Ana que um dia implorou pelo amor dele, aceitei. "Irmão. Eu aceito." E assim, em vez de se odiarem, eles foram curados.

Introdução

"Ana, acorda, a gente vai se atrasar." A voz fria de João Pedro me tirou de um pesadelo, só para me jogar em outro: o dia do nosso casamento, dez anos atrás. Eu havia voltado no tempo.

Em minha vida passada, João morreu salvando minha vida em nosso décimo aniversário de casamento, um acidente que era, para ele, uma libertação.

Ele morreu infeliz, preso a mim por uma promessa feita ao meu pai, e não por amor, pois seu coração pertencia a outra mulher, Ana Clara.

A pontada aguda de arrependimento em meu peito era real: eu o sufoquei com meu amor egoísta.

Desta vez, eu não ia assinar aquele papel.

"Eu não vou me casar com você," eu disse, para o choque dele e de meus pais.

Parecia que eu estava enlouquecendo, mas eu tinha uma segunda chance, um limite de cem dias para realizar todos os desejos não cumpridos de João, aqueles que eu descobri em seu diário oculto após sua morte.

Porém, o destino não se dobrava tão facilmente.

No cartório, minha recusa escrita sumiu, substituída por minha assinatura perfeita.

A voz etérea que me concedeu essa segunda chance ecoou: "O destino não pode ser mudado tão facilmente, você deve desfazer os nós, não apenas cortá-los."

Ainda estávamos casados, ao menos legalmente.

O primeiro dos desejos de João era ficar com Ana Clara, sua grande paixão.

Então Lúcia, a Ana Clara desta linha do tempo, ligou: "Eu... eu sofri um acidente de carro. Estou no Hospital Santa Maria."

João não hesitou, correu para ela, me deixando para trás mais uma vez.

Ao tentar explicar o ocorrido em casa, a desculpa fraca de uma emergência familiar se esvaiu quando soube do que me acusavam no hospital.

"O carro dela foi sabotado! E a polícia disse que a última pessoa que ligou para ela, ameaçando-a, foi você!" João gritou, minha suposta ameaça o deixava cego.

Eu, a vilã? Meu desespero crescia.

No hospital, João me tratou como um objeto, um mero reservatório de sangue raro para Lúcia.

"Tirem o quanto for necessário!" ele ordenou, e eu, exausta e invisível, permiti, me sacrificando ao limite da vida.

Mais tarde, ele ainda me acusou, esfaqueando-me com uma ingratidão que me fez desistir.

"Significa que eu cansei, João. Acabou," eu declarei, cortando os laços.

Minha missão agora era libertá-lo de mim, mesmo que isso ferisse a mim e aos meus pais.

"Eu vou estudar no exterior, vou fazer aquele mestrado em artes que eu sempre quis," anunciei, uma mentira com fundo de verdade para quebrar as correntes.

Para convencer meus pais a libertá-lo da promessa, inventei um pesadelo premonitório.

"No sonho... ele... ele morria em um acidente de carro, porque se sentia preso a mim," eu gaguejei, as lágrimas genuínas.

Eles hesitaram, mas o medo de uma tragédia os fez ceder.

Quando João voltou, ouviu seu mundo desabar.

Uma gravação de Lúcia revelou sua verdadeira natureza vil, zombando dele e de mim.

A ironia era esmagadora: ele havia pisoteado o verdadeiro amor que eu lhe dei por uma miragem.

Pela primeira vez, vi seu rosto pálido e chocado de vergonha.

Ana estava viva, mas longe.

Dez anos depois, eu era uma curadora de arte em Paris, e ele um arquiteto de sucesso.

Nesse reencontro, sob o céu estrelado, ele pediu: "Eu posso... eu posso ser seu irmão?"

Eu, a antiga Ana que um dia implorou pelo amor dele, aceitei.

"Irmão. Eu aceito."

E assim, em vez de se odiarem, eles foram curados.

Continuar lendo

Outros livros de Gavin

Ver Mais
Quando o Conto de Fadas Vira Pesadelo

Quando o Conto de Fadas Vira Pesadelo

Moderno

5.0

Sofia e Vicente eram o casal invejado, 10 anos de união estável que parecia um conto de fadas moderno. Ele, herdeiro de um império do café. Ela, uma talentosa restauradora de arte. O amor deles era a manchete preferida das colunas sociais do Rio de Janeiro. Mas a perfeição desmoronou sem aviso. Primeiro, Vicente é drogado e seduzido por uma estagiária numa festa familiar. Pouco depois, essa mulher, Isadora, surge grávida, abalando o mundo de Sofia. A humilhação culmina quando ele entrega à amante a joia mais preciosa de Sofia, herdada da bisavó, e a empurra para longe em público, priorizando a falsa dor da outra. A cada traição, Vicente prometia perdão com desculpas elaboradas. Sofia, ferida e exausta, cedia, acreditando na redenção. Mas ele continua a despedaçá-la. Pede o sangue dela para salvar a amante que a agrediu num hospital. Permite que ela seja isolada numa ilha deserta durante uma tempestade, enquanto a voz vitoriosa de Isadora atende o telefone dele, longe do caos. Como o homem que prometeu cuidar dela na saúde e na doença podia construir uma nova vida sobre as ruínas da dela? Onde estava o amor que ele jurava com tanta intensidade? Teria sido toda essa história um conto de fadas que ela mesma criou, uma ilusão perfeita que agora ruía? A dor de vê-lo cego à verdade, ao seu próprio sofrimento, transformou o que restava do seu coração em cinzas e um vazio gelado. Isolada naquela ilha, no meio de uma fúria infernal, e com a certeza de que ele não a resgataria, Sofia percebeu: seu amor por Vicente não apenas morreu, ele se transformou em pó, levado pelo vento. Era o fim cruel de um conto de fadas e o início de uma nova Sofia, que jurou construir seu próprio futuro e encontrar a verdadeira liberdade, custe o que custar.

Você deve gostar

Per Sempre Noi – Amor Além do Contrato 🔥 Série: Bella Mia

Per Sempre Noi – Amor Além do Contrato 🔥 Série: Bella Mia

Afrodite LesFolies
5.0

❤️ LIVRO 1: Per sempre Noi – Um Contrato de Amor com o Italiano Sob o sol dourado de Positano, Giovanni Marzano - herdeiro de um império e acostumado a vencer - aceita a aposta mais perigosa da sua vida: contratar uma mulher misteriosa para fingir ser sua namorada por uma semana. Elena não esperava que um simples acordo a colocasse no centro de um jogo entre poder e desejo. O Mediterrâneo se torna cenário de uma farsa cuidadosamente encenada, mas conforme os dias passam, os papéis se confundem, e o que era contrato vira tentação. Entre olhares que queimam e verdades que doem, Giovanni e Elena descobrem que há limites que nem o orgulho pode sustentar - e sentimentos que nenhum contrato é capaz de conter. Quando o desejo se mistura à mentira, o amor pode ser a salvação... ou a ruína definitiva. ❤️ LIVRO 2: Per sempre Noi – Um Amor Proibido com o Italiano Luana Ramírez nunca imaginou que sua nova oportunidade profissional a colocaria frente a frente com Octavio Rinaldi, o advogado mais arrogante - e irresistível - de toda a Itália. Ele dita regras. Ela as desafia. E o choque entre os dois é imediato. O que começa como um embate feroz logo se transforma em um jogo perigoso de provocações, silêncios e desejos reprimidos. A cada encontro, a tensão cresce, o controle escapa e o proibido se torna inevitável. Mas há segredos enterrados sob o luxo e a ambição - verdades capazes de destruir tudo o que eles ousaram sentir. Quando as máscaras caírem, o amor será redenção... ou condena. 🔥 Ele segue regras. Ela as quebra. Mas quando o desejo é mais forte que a razão, quem poderá detê-los?

Capítulo
Ler agora
Baixar livro