Cem Dias Para Mudar o Destino

Cem Dias Para Mudar o Destino

Gavin

5.0
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Capítulo

"Ana, acorda, a gente vai se atrasar." A voz fria de João Pedro me tirou de um pesadelo, só para me jogar em outro: o dia do nosso casamento, dez anos atrás. Eu havia voltado no tempo. Em minha vida passada, João morreu salvando minha vida em nosso décimo aniversário de casamento, um acidente que era, para ele, uma libertação. Ele morreu infeliz, preso a mim por uma promessa feita ao meu pai, e não por amor, pois seu coração pertencia a outra mulher, Ana Clara. A pontada aguda de arrependimento em meu peito era real: eu o sufoquei com meu amor egoísta. Desta vez, eu não ia assinar aquele papel. "Eu não vou me casar com você," eu disse, para o choque dele e de meus pais. Parecia que eu estava enlouquecendo, mas eu tinha uma segunda chance, um limite de cem dias para realizar todos os desejos não cumpridos de João, aqueles que eu descobri em seu diário oculto após sua morte. Porém, o destino não se dobrava tão facilmente. No cartório, minha recusa escrita sumiu, substituída por minha assinatura perfeita. A voz etérea que me concedeu essa segunda chance ecoou: "O destino não pode ser mudado tão facilmente, você deve desfazer os nós, não apenas cortá-los." Ainda estávamos casados, ao menos legalmente. O primeiro dos desejos de João era ficar com Ana Clara, sua grande paixão. Então Lúcia, a Ana Clara desta linha do tempo, ligou: "Eu... eu sofri um acidente de carro. Estou no Hospital Santa Maria." João não hesitou, correu para ela, me deixando para trás mais uma vez. Ao tentar explicar o ocorrido em casa, a desculpa fraca de uma emergência familiar se esvaiu quando soube do que me acusavam no hospital. "O carro dela foi sabotado! E a polícia disse que a última pessoa que ligou para ela, ameaçando-a, foi você!" João gritou, minha suposta ameaça o deixava cego. Eu, a vilã? Meu desespero crescia. No hospital, João me tratou como um objeto, um mero reservatório de sangue raro para Lúcia. "Tirem o quanto for necessário!" ele ordenou, e eu, exausta e invisível, permiti, me sacrificando ao limite da vida. Mais tarde, ele ainda me acusou, esfaqueando-me com uma ingratidão que me fez desistir. "Significa que eu cansei, João. Acabou," eu declarei, cortando os laços. Minha missão agora era libertá-lo de mim, mesmo que isso ferisse a mim e aos meus pais. "Eu vou estudar no exterior, vou fazer aquele mestrado em artes que eu sempre quis," anunciei, uma mentira com fundo de verdade para quebrar as correntes. Para convencer meus pais a libertá-lo da promessa, inventei um pesadelo premonitório. "No sonho... ele... ele morria em um acidente de carro, porque se sentia preso a mim," eu gaguejei, as lágrimas genuínas. Eles hesitaram, mas o medo de uma tragédia os fez ceder. Quando João voltou, ouviu seu mundo desabar. Uma gravação de Lúcia revelou sua verdadeira natureza vil, zombando dele e de mim. A ironia era esmagadora: ele havia pisoteado o verdadeiro amor que eu lhe dei por uma miragem. Pela primeira vez, vi seu rosto pálido e chocado de vergonha. Ana estava viva, mas longe. Dez anos depois, eu era uma curadora de arte em Paris, e ele um arquiteto de sucesso. Nesse reencontro, sob o céu estrelado, ele pediu: "Eu posso... eu posso ser seu irmão?" Eu, a antiga Ana que um dia implorou pelo amor dele, aceitei. "Irmão. Eu aceito." E assim, em vez de se odiarem, eles foram curados.

Introdução

"Ana, acorda, a gente vai se atrasar." A voz fria de João Pedro me tirou de um pesadelo, só para me jogar em outro: o dia do nosso casamento, dez anos atrás. Eu havia voltado no tempo.

Em minha vida passada, João morreu salvando minha vida em nosso décimo aniversário de casamento, um acidente que era, para ele, uma libertação.

Ele morreu infeliz, preso a mim por uma promessa feita ao meu pai, e não por amor, pois seu coração pertencia a outra mulher, Ana Clara.

A pontada aguda de arrependimento em meu peito era real: eu o sufoquei com meu amor egoísta.

Desta vez, eu não ia assinar aquele papel.

"Eu não vou me casar com você," eu disse, para o choque dele e de meus pais.

Parecia que eu estava enlouquecendo, mas eu tinha uma segunda chance, um limite de cem dias para realizar todos os desejos não cumpridos de João, aqueles que eu descobri em seu diário oculto após sua morte.

Porém, o destino não se dobrava tão facilmente.

No cartório, minha recusa escrita sumiu, substituída por minha assinatura perfeita.

A voz etérea que me concedeu essa segunda chance ecoou: "O destino não pode ser mudado tão facilmente, você deve desfazer os nós, não apenas cortá-los."

Ainda estávamos casados, ao menos legalmente.

O primeiro dos desejos de João era ficar com Ana Clara, sua grande paixão.

Então Lúcia, a Ana Clara desta linha do tempo, ligou: "Eu... eu sofri um acidente de carro. Estou no Hospital Santa Maria."

João não hesitou, correu para ela, me deixando para trás mais uma vez.

Ao tentar explicar o ocorrido em casa, a desculpa fraca de uma emergência familiar se esvaiu quando soube do que me acusavam no hospital.

"O carro dela foi sabotado! E a polícia disse que a última pessoa que ligou para ela, ameaçando-a, foi você!" João gritou, minha suposta ameaça o deixava cego.

Eu, a vilã? Meu desespero crescia.

No hospital, João me tratou como um objeto, um mero reservatório de sangue raro para Lúcia.

"Tirem o quanto for necessário!" ele ordenou, e eu, exausta e invisível, permiti, me sacrificando ao limite da vida.

Mais tarde, ele ainda me acusou, esfaqueando-me com uma ingratidão que me fez desistir.

"Significa que eu cansei, João. Acabou," eu declarei, cortando os laços.

Minha missão agora era libertá-lo de mim, mesmo que isso ferisse a mim e aos meus pais.

"Eu vou estudar no exterior, vou fazer aquele mestrado em artes que eu sempre quis," anunciei, uma mentira com fundo de verdade para quebrar as correntes.

Para convencer meus pais a libertá-lo da promessa, inventei um pesadelo premonitório.

"No sonho... ele... ele morria em um acidente de carro, porque se sentia preso a mim," eu gaguejei, as lágrimas genuínas.

Eles hesitaram, mas o medo de uma tragédia os fez ceder.

Quando João voltou, ouviu seu mundo desabar.

Uma gravação de Lúcia revelou sua verdadeira natureza vil, zombando dele e de mim.

A ironia era esmagadora: ele havia pisoteado o verdadeiro amor que eu lhe dei por uma miragem.

Pela primeira vez, vi seu rosto pálido e chocado de vergonha.

Ana estava viva, mas longe.

Dez anos depois, eu era uma curadora de arte em Paris, e ele um arquiteto de sucesso.

Nesse reencontro, sob o céu estrelado, ele pediu: "Eu posso... eu posso ser seu irmão?"

Eu, a antiga Ana que um dia implorou pelo amor dele, aceitei.

"Irmão. Eu aceito."

E assim, em vez de se odiarem, eles foram curados.

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