Desejo de Amar, Vontade de Partir

Desejo de Amar, Vontade de Partir

Gavin

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Capítulo

Eu fiz três desejos a Lucas em três momentos cruciais da minha vida. Aos quinze, sonhei que ele, o melhor amigo do meu irmão, finalmente me notasse como mulher. Aos vinte e três, desejei que Lucas, meu namorado por alguns anos, me pedisse em casamento. Hoje, no meu aniversário de trinta, com um anel de noivado no dedo, fiz um desejo para mim. "Eu desejo me afastar de você, Lucas." A música parou. Os convidados me encararam, confusos. Lucas, ao meu lado, congelou. "A Duda bebeu um pouco demais, pessoal", ele sorriu, forçado. Ele roubou o microfone. "Que porra você tá fazendo, Maria Eduarda? Quer estragar a sua própria festa?" A festa "minha", mas era toda dela. Balões dourados, bolo de chocolate com morango, a playlist... tudo dela. Ele me olhou com desdém. "Amanhã você vai acordar de ressaca, arrependida, e vai me ligar pedindo desculpas, como sempre. Você sempre volta." Sorri, mas sem alegria. Ele não sabia, mas a passagem para Lisboa de só ida estava comprada. Uma hora antes, eu o observava ser o centro das atenções, com Rafaela grudada. Ele me trouxe um perfume genérico, presente comprado por obrigação. "Duda, eu já pedi desculpas por não ter tido tempo de comprar algo melhor. O projeto da Rafaela consumiu meu tempo." Rafaela. Sempre Rafaela. Naquele momento, decidi. Levantei, peguei o microfone e fiz meu desejo em voz alta. "Eu não bebi, Lucas. E eu não vou te ligar amanhã." Ele apertou meu braço. "Você é tão difícil de agradar? Eu organizo essa festa toda para você, gasto uma fortuna, e é assim que você me agradece?" A calma se quebrou em mim. "Essa festa? Você chama isso de festa pra mim? Lucas, olhe em volta! Nada aqui é pra mim! Essa festa é para a Rafaela!" O rosto dele ficou vermelho. "Não ouse colocar a Rafaela no meio disso! Ela não tem nada a ver com as suas neuroses!" Rafaela se aproximou, olhos cheios de lágrimas falsas. "A culpa é minha. Lucas, talvez seja melhor a gente ir embora." A performance foi perfeita. Os olhares de reprovação caíram sobre mim. "Eu não acredito que você se rebaixou a esse nível, Maria Eduarda. Estou profundamente decepcionado com você." Ele a pegou pela mão e a guiou para fora. Me deixou para trás. Sozinha. Na minha própria festa.

Introdução

Eu fiz três desejos a Lucas em três momentos cruciais da minha vida.

Aos quinze, sonhei que ele, o melhor amigo do meu irmão, finalmente me notasse como mulher.

Aos vinte e três, desejei que Lucas, meu namorado por alguns anos, me pedisse em casamento.

Hoje, no meu aniversário de trinta, com um anel de noivado no dedo, fiz um desejo para mim.

"Eu desejo me afastar de você, Lucas."

A música parou. Os convidados me encararam, confusos.

Lucas, ao meu lado, congelou.

"A Duda bebeu um pouco demais, pessoal", ele sorriu, forçado.

Ele roubou o microfone.

"Que porra você tá fazendo, Maria Eduarda? Quer estragar a sua própria festa?"

A festa "minha", mas era toda dela. Balões dourados, bolo de chocolate com morango, a playlist... tudo dela.

Ele me olhou com desdém.

"Amanhã você vai acordar de ressaca, arrependida, e vai me ligar pedindo desculpas, como sempre. Você sempre volta."

Sorri, mas sem alegria. Ele não sabia, mas a passagem para Lisboa de só ida estava comprada.

Uma hora antes, eu o observava ser o centro das atenções, com Rafaela grudada.

Ele me trouxe um perfume genérico, presente comprado por obrigação.

"Duda, eu já pedi desculpas por não ter tido tempo de comprar algo melhor. O projeto da Rafaela consumiu meu tempo."

Rafaela. Sempre Rafaela. Naquele momento, decidi.

Levantei, peguei o microfone e fiz meu desejo em voz alta.

"Eu não bebi, Lucas. E eu não vou te ligar amanhã."

Ele apertou meu braço.

"Você é tão difícil de agradar? Eu organizo essa festa toda para você, gasto uma fortuna, e é assim que você me agradece?"

A calma se quebrou em mim.

"Essa festa? Você chama isso de festa pra mim? Lucas, olhe em volta! Nada aqui é pra mim! Essa festa é para a Rafaela!"

O rosto dele ficou vermelho.

"Não ouse colocar a Rafaela no meio disso! Ela não tem nada a ver com as suas neuroses!"

Rafaela se aproximou, olhos cheios de lágrimas falsas.

"A culpa é minha. Lucas, talvez seja melhor a gente ir embora."

A performance foi perfeita. Os olhares de reprovação caíram sobre mim.

"Eu não acredito que você se rebaixou a esse nível, Maria Eduarda. Estou profundamente decepcionado com você."

Ele a pegou pela mão e a guiou para fora. Me deixou para trás. Sozinha. Na minha própria festa.

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No quinto aniversário de casamento. Ou, como Tiago fazia questão de lembrar, o aniversário do acidente que ceifou a sua família. Em vez de celebração, iniciava-se mais um capítulo da minha tortura insaciável. Ele, o homem que um dia amei mais que tudo, transformara-se num carrasco implacável. Fui forçada a beber noventa e nove garrafas de vinho, um símbolo macabro da minha "dívida de sangue". Confinada, isolada, humilhada, vi-o dar afetos a Clara, uma mulher escolhida pela semelhança com a Sofia de outrora. Fui submetida a uma cirurgia perigosa para doar um rim a ela, depois de um "acidente" suspeito. O nosso leal cão, Max, o último elo do nosso amor passado, foi cruelmente morto. E o cúmulo da humilhação: fui forçada a engolir as cinzas do meu querido amigo. Arrastada de joelhos, sob a vigilância fria dele, até ao cemitério para proclamar os pecados dos meus pais. A dor física não era nada comparada à exaustão da minha alma. Eu só ansiava pela paz, a paz que só a morte parecia poder oferecer. Cansada de amar, cansada de sofrer, o meu único desejo era que tudo acabasse. Num ato de desespero, atirei-me da Ponte da Arrábida, buscando o abraço gélido do Douro. Mas abri os olhos novamente. E, para meu horror e espanto, estava de volta. Um dia antes do acidente fatídico, com todas as memórias vívidas da minha tortura. O mais chocante? Tiago também se lembrava. Agora, perante esta segunda chance inesperada: escolheríamos o ódio mais uma vez, ou haveria redenção para um amor que se transformara em veneno?

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