A Escolha de Ana Beatriz

A Escolha de Ana Beatriz

Gavin

5.0
Comentário(s)
221
Leituras
11
Capítulo

Para provar a si mesma que não era fraca e dependente, Ana Beatriz dedicou a vida à confeitaria. Seu bistrô estava prestes a inaugurar, um sonho que parecia impossível. Naquela noite, fui buscar meu noivo, Pedro, em um bar. Escondida na penumbra, ouvi uma conversa que congelou meu sangue. "Pedro, você vai mesmo se casar com a Ana Beatriz? Sério?", perguntou o amigo. A resposta dele foi um balde de água fria: "Minha ex, Clara, precisa de um chef para o reality dela. Casar com Ana é a desculpa perfeita para acalmar as coisas". Ele gargalhou, chamando-me de "idiota ingênua" e "submissa". As palavras me atingiram como um soco. Saí cambaleando, a dor tão intensa que mal conseguia respirar. Dirigi desorientada, as lágrimas embaçando minha visão. Não vi o sinal vermelho. O som de uma buzina alta foi a última coisa que ouvi antes da escuridão. Acordei no hospital, sem me lembrar de Pedro, um branco completo. Meus pais arranjaram um casamento em Minas Gerais, com um bom rapaz. Eu precisava cortar todos os laços com o passado. Decidi partir em sete dias. Enquanto arrumava minhas malas, Isabela, minha melhor amiga, entrou chocada. "Ana, você vai mesmo embora? E o Pedro?", ela perguntou. "Eu não tenho nenhuma lembrança desse Pedro", respondi. "O que eu teria que deixar? Eu o amava muito?". Isabela me entregou um diário, dizendo: "Você o amava perdidamente! Os cinco anos em que você correu atrás dele como uma cachorrinha estão aqui!". Naquelas páginas, 999 declarações de amor e a dor de cada rejeição, com o nome "Clara" ecoando. Naquele mesmo instante, Pedro apareceu na porta, seus olhos cheios de desprezo. "Amnésia e casamento arranjado? Que truque novo de sedução é esse, Ana Beatriz? Não perguntei a você, Isabela!". Ele me agarrou, dizendo: "A Clara está grávida e com o humor instável. Você vai servir de escudo no leilão de joias". Grávida! Escudo! Minha raiva explodiu: "Canalha! Eu não vou!". Ele me arrastou. Clara, com uma barriga falsa, surgiu, sorrindo vitoriosa. Pedro me empurrou para se apressar em direção a Clara. Caí, batendo as costas em uma quina. Isabela gritou: "Pedro! A Ana Beatriz é a sua noiva! Como você pode tratar ela assim por causa de uma amante?!". Ele se virou, me chutou no peito e me deu um tapa na cara. "Você é uma criatura cruel e venenosa, Ana Beatriz! Se você ousar instigar a Isabela, levarei uma bofetada atrás da outra até aprender a lição!". Ele saiu com Clara nos braços, sem olhar para trás. Dois dias depois, acordei no hospital, em choque. Isabela, chorando, me disse: "Você abortou, Ana. O feto não era estável. A queda e o chute agravaram tudo". Pedro entrou, pálido, e gritou: "Por que você fez isso de novo? Por que você matou o filho da Clara?". "É falso! Ela não está grávida!", eu gritei. Ele me jogou no chão do quarto de Clara, que choramingava sobre a "perda" de uma filha. "Irreconciliável! Se você ainda quer ser minha esposa, Ana Beatriz, vá ao cemitério da família Silva e se ajoelhe por um dia inteiro para expiar seus pecados." "Tudo bem. Eu vou", disse, com a voz firme. Este era o meu último adeus a ele. Quando Pedro chegou em casa, não havia mais nada. Tudo sumiu. "Ana Beatriz?!", ele gritou, mas o silêncio ecoou. Liguei para Isabela, que revelou a verdade: "Você não disse que ia romper o noivado com ela? Ela já foi embora... para o casamento arranjado dela em Minas Gerais. Ah, e esqueci de te dizer uma coisinha. Antes de você forçar a Ana a se ajoelhar para aquela vadia, a Ana tinha acabado de perder o filho de vocês." Pedro cambaleou, o telefone caindo de suas mãos. Ele percebeu o buraco que ela havia deixado em sua vida. A realidade o atingiu: ele a amava. Ele vasculhou a cidade, implorando, mas ninguém o ajudou. Naquela manhã, em Nova York, Lucas me chamaria de "irmã". Mal sabia de quem ele me salvaria. Não sabia eu que o homem que apareceu para me exigir respostas era o mesmo que me daria a liberdade.

Introdução

Para provar a si mesma que não era fraca e dependente, Ana Beatriz dedicou a vida à confeitaria.

Seu bistrô estava prestes a inaugurar, um sonho que parecia impossível.

Naquela noite, fui buscar meu noivo, Pedro, em um bar.

Escondida na penumbra, ouvi uma conversa que congelou meu sangue.

"Pedro, você vai mesmo se casar com a Ana Beatriz? Sério?", perguntou o amigo.

A resposta dele foi um balde de água fria: "Minha ex, Clara, precisa de um chef para o reality dela. Casar com Ana é a desculpa perfeita para acalmar as coisas".

Ele gargalhou, chamando-me de "idiota ingênua" e "submissa".

As palavras me atingiram como um soco.

Saí cambaleando, a dor tão intensa que mal conseguia respirar.

Dirigi desorientada, as lágrimas embaçando minha visão.

Não vi o sinal vermelho.

O som de uma buzina alta foi a última coisa que ouvi antes da escuridão.

Acordei no hospital, sem me lembrar de Pedro, um branco completo.

Meus pais arranjaram um casamento em Minas Gerais, com um bom rapaz.

Eu precisava cortar todos os laços com o passado.

Decidi partir em sete dias.

Enquanto arrumava minhas malas, Isabela, minha melhor amiga, entrou chocada.

"Ana, você vai mesmo embora? E o Pedro?", ela perguntou.

"Eu não tenho nenhuma lembrança desse Pedro", respondi. "O que eu teria que deixar? Eu o amava muito?".

Isabela me entregou um diário, dizendo: "Você o amava perdidamente! Os cinco anos em que você correu atrás dele como uma cachorrinha estão aqui!".

Naquelas páginas, 999 declarações de amor e a dor de cada rejeição, com o nome "Clara" ecoando.

Naquele mesmo instante, Pedro apareceu na porta, seus olhos cheios de desprezo.

"Amnésia e casamento arranjado? Que truque novo de sedução é esse, Ana Beatriz? Não perguntei a você, Isabela!".

Ele me agarrou, dizendo: "A Clara está grávida e com o humor instável. Você vai servir de escudo no leilão de joias".

Grávida! Escudo! Minha raiva explodiu: "Canalha! Eu não vou!".

Ele me arrastou.

Clara, com uma barriga falsa, surgiu, sorrindo vitoriosa.

Pedro me empurrou para se apressar em direção a Clara.

Caí, batendo as costas em uma quina.

Isabela gritou: "Pedro! A Ana Beatriz é a sua noiva! Como você pode tratar ela assim por causa de uma amante?!".

Ele se virou, me chutou no peito e me deu um tapa na cara.

"Você é uma criatura cruel e venenosa, Ana Beatriz! Se você ousar instigar a Isabela, levarei uma bofetada atrás da outra até aprender a lição!".

Ele saiu com Clara nos braços, sem olhar para trás.

Dois dias depois, acordei no hospital, em choque.

Isabela, chorando, me disse: "Você abortou, Ana. O feto não era estável. A queda e o chute agravaram tudo".

Pedro entrou, pálido, e gritou: "Por que você fez isso de novo? Por que você matou o filho da Clara?".

"É falso! Ela não está grávida!", eu gritei.

Ele me jogou no chão do quarto de Clara, que choramingava sobre a "perda" de uma filha.

"Irreconciliável! Se você ainda quer ser minha esposa, Ana Beatriz, vá ao cemitério da família Silva e se ajoelhe por um dia inteiro para expiar seus pecados."

"Tudo bem. Eu vou", disse, com a voz firme.

Este era o meu último adeus a ele.

Quando Pedro chegou em casa, não havia mais nada.

Tudo sumiu.

"Ana Beatriz?!", ele gritou, mas o silêncio ecoou.

Liguei para Isabela, que revelou a verdade: "Você não disse que ia romper o noivado com ela? Ela já foi embora... para o casamento arranjado dela em Minas Gerais. Ah, e esqueci de te dizer uma coisinha. Antes de você forçar a Ana a se ajoelhar para aquela vadia, a Ana tinha acabado de perder o filho de vocês."

Pedro cambaleou, o telefone caindo de suas mãos.

Ele percebeu o buraco que ela havia deixado em sua vida.

A realidade o atingiu: ele a amava.

Ele vasculhou a cidade, implorando, mas ninguém o ajudou.

Naquela manhã, em Nova York, Lucas me chamaria de "irmã".

Mal sabia de quem ele me salvaria.

Não sabia eu que o homem que apareceu para me exigir respostas era o mesmo que me daria a liberdade.

Continuar lendo

Outros livros de Gavin

Ver Mais
Minha Voz, Minha Vida: O Renascer da Fadista

Minha Voz, Minha Vida: O Renascer da Fadista

Moderno

5.0

Por cinco anos, minha vida foi uma coreografia meticulosa de serviço. Na opulenta quinta dos Azevedo, preparei o café, as torradas e o sumo fresco para Diogo. Nosso casamento? Um "contrato de gratidão" impiedoso. Ele descia as escadas, olhos colados ao telemóvel, a minha existência uma sombra em sua rotina. Nem um "bom dia". Um dia, espreitei o ecrã: "Clara". Um sorriso genuíno e luminoso rasgou o rosto de Diogo- um sorriso nunca a mim dirigido. Pousei uma pasta à sua frente. "São os papéis do divórcio. E uns documentos para caridade, para assinares." A matriarca dissera: "A Clara regressou." Era o fim. Ele, distraído pelas mensagens da Clara, assinou sem ler. "Estudos? Vais fazer um curso de culinária?" perguntou ele, a cegueira quase absurda. Na tasca, um tacho de azeite fervente voou. Diogo protegeu Clara, eu fiquei exposta. O azeite queimou-me o braço. Ele partiu comigo ali, para levar Clara ao hospital por uma pequena queimadura na mão. "Podes tratar disso?" A dor física era insignificante perto da humilhação. Cinco anos de dedicação, de fingimento, por um homem que me abandonou sem pestanejar. Eu, a esposa, tratada como um incómodo descartável. O vazio era palpável. Havia um nó na garganta que nunca se desfazia. Como pude permitir isto por tanto tempo? Mas a resposta chegou. Sozinha no hospital, a notificação da academia de Paris brilhou. Minha voz. Meu fado. Minha vida. Silenciosamente, sem drama, deixei a quinta. Era altura de me erguer das cinzas. De ser livre. O espetáculo do meu renascimento estava prestes a começar.

Quando o Conto de Fadas Vira Pesadelo

Quando o Conto de Fadas Vira Pesadelo

Moderno

5.0

Sofia e Vicente eram o casal invejado, 10 anos de união estável que parecia um conto de fadas moderno. Ele, herdeiro de um império do café. Ela, uma talentosa restauradora de arte. O amor deles era a manchete preferida das colunas sociais do Rio de Janeiro. Mas a perfeição desmoronou sem aviso. Primeiro, Vicente é drogado e seduzido por uma estagiária numa festa familiar. Pouco depois, essa mulher, Isadora, surge grávida, abalando o mundo de Sofia. A humilhação culmina quando ele entrega à amante a joia mais preciosa de Sofia, herdada da bisavó, e a empurra para longe em público, priorizando a falsa dor da outra. A cada traição, Vicente prometia perdão com desculpas elaboradas. Sofia, ferida e exausta, cedia, acreditando na redenção. Mas ele continua a despedaçá-la. Pede o sangue dela para salvar a amante que a agrediu num hospital. Permite que ela seja isolada numa ilha deserta durante uma tempestade, enquanto a voz vitoriosa de Isadora atende o telefone dele, longe do caos. Como o homem que prometeu cuidar dela na saúde e na doença podia construir uma nova vida sobre as ruínas da dela? Onde estava o amor que ele jurava com tanta intensidade? Teria sido toda essa história um conto de fadas que ela mesma criou, uma ilusão perfeita que agora ruía? A dor de vê-lo cego à verdade, ao seu próprio sofrimento, transformou o que restava do seu coração em cinzas e um vazio gelado. Isolada naquela ilha, no meio de uma fúria infernal, e com a certeza de que ele não a resgataria, Sofia percebeu: seu amor por Vicente não apenas morreu, ele se transformou em pó, levado pelo vento. Era o fim cruel de um conto de fadas e o início de uma nova Sofia, que jurou construir seu próprio futuro e encontrar a verdadeira liberdade, custe o que custar.

Você deve gostar

Capítulo
Ler agora
Baixar livro