A Promessa Que Quase a Destruiu

A Promessa Que Quase a Destruiu

Gavin

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Capítulo

Por mil, oitocentos e vinte e cinco dias, honrei a promessa que fiz no leito de morte ao homem que eu amava. Fiquei ao lado do irmão dele, agindo como a leal assistente de Guilherme Monteiro, sua sombra e a guardiã de seus segredos. Quando minha sentença de cinco anos finalmente acabou, ele anunciou seu noivado com Sharlene, a mulher que sentia um prazer cruel em me atormentar. O presente de comemoração que ele me deu? A tarefa de planejar a festa de noivado perfeita deles. Na festa, ele me dispensou publicamente como uma "obrigação antiga". Mais tarde, bêbado e furioso, ele me encurralou em um escritório nos fundos. Ele me jogou contra a porta, sua boca esmagando a minha em um beijo bruto e desajeitado. Ele me prendeu ali, seu corpo pressionado contra o meu, e sussurrou um nome contra meus lábios. Não era o meu nome. "Sharlene." A violação não foi a agressão; foi o apagamento completo e absoluto. Eu não era uma pessoa que ele odiava ou desejava. Eu era apenas uma substituta, um corpo quente, um disfarce para a mulher que ele realmente queria. A última centelha de lealdade à memória do irmão dele morreu, deixando apenas gelo em minhas veias. Na manhã seguinte, Sharlene gritou que eu tentei seduzi-lo, e ele ficou parado e permitiu. Minha própria mãe me ligou para me envergonhar. Foi o fim. Dirigi até um penhasco com vista para o mar, tirei o chip do meu celular e o parti em dois. Era hora de Clara Bastos morrer.

Capítulo 1

Por mil, oitocentos e vinte e cinco dias, honrei a promessa que fiz no leito de morte ao homem que eu amava. Fiquei ao lado do irmão dele, agindo como a leal assistente de Guilherme Monteiro, sua sombra e a guardiã de seus segredos.

Quando minha sentença de cinco anos finalmente acabou, ele anunciou seu noivado com Sharlene, a mulher que sentia um prazer cruel em me atormentar. O presente de comemoração que ele me deu? A tarefa de planejar a festa de noivado perfeita deles.

Na festa, ele me dispensou publicamente como uma "obrigação antiga". Mais tarde, bêbado e furioso, ele me encurralou em um escritório nos fundos. Ele me jogou contra a porta, sua boca esmagando a minha em um beijo bruto e desajeitado.

Ele me prendeu ali, seu corpo pressionado contra o meu, e sussurrou um nome contra meus lábios.

Não era o meu nome.

"Sharlene."

A violação não foi a agressão; foi o apagamento completo e absoluto. Eu não era uma pessoa que ele odiava ou desejava. Eu era apenas uma substituta, um corpo quente, um disfarce para a mulher que ele realmente queria. A última centelha de lealdade à memória do irmão dele morreu, deixando apenas gelo em minhas veias.

Na manhã seguinte, Sharlene gritou que eu tentei seduzi-lo, e ele ficou parado e permitiu. Minha própria mãe me ligou para me envergonhar. Foi o fim. Dirigi até um penhasco com vista para o mar, tirei o chip do meu celular e o parti em dois. Era hora de Clara Bastos morrer.

Capítulo 1

O quinto ano estava terminando.

Clara Bastos estava parada junto à janela que ia do chão ao teto, o olhar fixo nas luzes da cidade que se espalhavam lá embaixo. Elas se transformaram em um borrão de cores sem sentido.

Por mil, oitocentos e vinte e cinco dias, ela foi a sombra de Guilherme Monteiro. Sua assistente. A pessoa que resolvia seus problemas. A pessoa que absorvia sua raiva e limpava sua bagunça.

E tudo por causa de uma promessa a um homem moribundo.

Uma fagulha de memória, nítida e indesejada. O cheiro estéril do hospital, o bipe insistente de uma máquina e a mão de Júlio, fria na dela.

"Cinco anos, Clara." A voz dele era um sussurro fraco. "Apenas cuide dele por cinco anos. Ele é tudo que eu tenho."

Júlio Palmero. O irmão mais velho de Guilherme. A única luz no mundo de Clara, extinta em uma pilha de metal retorcido e vidro estilhaçado.

Ela havia concordado. Teria concordado com qualquer coisa.

Uma porta se abriu com um estrondo atrás dela.

"Clara."

A voz de Guilherme era ríspida, cortando o silêncio. Ele nem se deu ao trabalho de olhar para ela, sua atenção presa ao celular pressionado contra a orelha.

"Não me importa o que custe", ele rosnou para o aparelho. "Resolva isso."

Ele encerrou a ligação e jogou o celular no sofá de couro. Seus olhos, frios e desdenhosos, finalmente pousaram nela.

"Você conseguiu?"

"A proposta de aquisição está na sua mesa", disse ela, a voz neutra, desprovida de emoção. "Destaquei os principais fatores de risco."

"Eu não pedi sua análise", ele debochou. "Perguntei se você conseguiu."

Sharlene Ferraz entrou na sala, deslizando os braços ao redor do pescoço de Guilherme por trás. Ela deu um beijo em sua bochecha, seus olhos, brilhando de triunfo, encontraram os de Clara por cima do ombro dele.

"Não seja tão duro com ela, Gui", Sharlene murmurou, a voz escorrendo uma doçura falsa. "Ela se esforça ao máximo. Só que... nem sempre é o suficiente."

A expressão de Guilherme se suavizou ao olhar para Sharlene. Ele se virou, puxando-a para seus braços. "Você é gentil demais com ela."

A cena era familiar. Uma peça que ela assistiu repetidamente por cinco anos. O amante dedicado, a namorada inocente, a subordinada inútil e irritante.

A mão perfeitamente manicure de Sharlene se estendeu, pegando uma taça de vinho tinto do bar. Ela tomou um gole delicado, seus olhos nunca deixando Clara.

"Ah, querida", disse Sharlene, um pequeno suspiro escapando de seus lábios. Ela olhou para a frente da camisa branca de Guilherme, onde uma pequena mancha vermelho-escura agora florescia. "Olha o que você fez. Você estava tão perto que me assustou."

A acusação pairava no ar, absurda e descarada. Clara não havia movido um músculo.

O rosto de Guilherme escureceu. Ele olhou da mancha em sua camisa para Clara, seus olhos cheios de uma raiva familiar e arrepiante.

"Você é cega?", ele cuspiu. "Suma da minha frente."

As mãos de Clara, escondidas nos bolsos de seu simples vestido preto, se fecharam em punhos. Suas unhas cravaram em suas palmas. A dor pequena e aguda era uma distração bem-vinda. Era real.

Ela se virou sem uma palavra e caminhou em direção à porta.

"E mais uma coisa", a voz de Guilherme a parou.

Ela pausou, de costas para eles.

"Sharlene e eu vamos ficar noivos", ele anunciou, seu tom carregado de uma crueldade deliberada. "A festa é no próximo mês. Espero que você cuide dos preparativos. Não estrague tudo."

Cada palavra era um golpe de martelo.

Era isso. A confirmação final. O fim de uma esperança que ela nem percebia que ainda nutria.

Ela pensou, tolamente, que quando os cinco anos terminassem, algo poderia mudar. Que ele poderia vê-la. Não como uma amante, mas apenas como uma pessoa. Como a mulher que seu amado irmão havia confiado a ele.

Mas ela não era nada. Um móvel. Uma ferramenta para ser usada e descartada.

"Parabéns", disse ela, a palavra com gosto de cinzas em sua boca.

Ela saiu da cobertura, seus passos firmes e controlados. Ela não correu. Ela não chorou.

No silêncio estéril de seu próprio pequeno apartamento no mesmo prédio, ela pegou seu notebook. Seus dedos voaram pelo teclado, seus movimentos precisos e automáticos.

Ela não estava respondendo e-mails.

Ela estava se inscrevendo no Rally dos Sertões. Uma corrida de resistência. Uma competição brutal e perigosa.

Ela usou um nome que ninguém a chamava há cinco anos. Um nome que pertencia a uma vida diferente. A vida antes da promessa.

O e-mail de confirmação apareceu em sua caixa de entrada. Era irreversível.

Ela fechou o notebook.

A promessa estava cumprida. Sua sentença estava servida.

Era hora de desaparecer.

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