Eu estava morrendo. Cinco anos atrás, doei um rim para salvar meu pai, mas minha irmã gêmea, Juliana, mentiu e levou todo o crédito. Ela se tornou a heroína da família; eu, a egoísta. Agora, os rins dela estavam falhando. Minha família e meu noivo, Iago, me encurralaram, exigindo que eu doasse meu outro rim. "Se você não doar, nosso noivado acaba. Eu vou ficar com ela", ameaçou Iago. "Você tem dois rins! Que egoísmo é esse?", gritou minha mãe. Meu pai, cuja vida eu salvei, me acusou de ser cruel. Eles me forçaram a ir para a mesa de cirurgia, ignorando meus avisos. Eu tentei dizer a verdade. Que eu só tinha um rim. Que eu já estava morrendo. Mas eles não me ouviram. Para eles, meu sacrifício era apenas um dever. Eu morri na mesa de operação. Mas a cirurgiã, ao me abrir, descobriu não apenas que eu só tinha um rim, mas também o veneno que já me matava. A verdade estava prestes a explodir, e o inferno deles estava apenas começando.
Eu estava morrendo. Cinco anos atrás, doei um rim para salvar meu pai, mas minha irmã gêmea, Juliana, mentiu e levou todo o crédito. Ela se tornou a heroína da família; eu, a egoísta.
Agora, os rins dela estavam falhando. Minha família e meu noivo, Iago, me encurralaram, exigindo que eu doasse meu outro rim.
"Se você não doar, nosso noivado acaba. Eu vou ficar com ela", ameaçou Iago.
"Você tem dois rins! Que egoísmo é esse?", gritou minha mãe.
Meu pai, cuja vida eu salvei, me acusou de ser cruel. Eles me forçaram a ir para a mesa de cirurgia, ignorando meus avisos.
Eu tentei dizer a verdade. Que eu só tinha um rim. Que eu já estava morrendo. Mas eles não me ouviram. Para eles, meu sacrifício era apenas um dever.
Eu morri na mesa de operação. Mas a cirurgiã, ao me abrir, descobriu não apenas que eu só tinha um rim, mas também o veneno que já me matava. A verdade estava prestes a explodir, e o inferno deles estava apenas começando.
Capítulo 1
Alice POV:
Eu sabia que estava morrendo. A doença rara, um sussurro cruel dentro do meu sangue, havia progredido silenciosamente, e eu havia aceitado meu destino há muito tempo. A paz gelada da resignação era minha única companheira.
Então, Iago Bernardino apareceu. Sua beleza era uma faca afiada, e seu rosto, hoje, estava retorcido em uma paródia de tristeza. Eu sabia que algo estava errado.
"Alice", ele disse, sua voz tensa, "Juliana está doente. Muito doente."
Eu o olhei, sem expressão. Minha irmã gêmea, Juliana Ramalho, sempre foi frágil, uma flor em estufa que o mundo devia proteger.
"Os rins dela estão falhando", ele continuou, a voz embargada. "Os médicos disseram que ela precisa de um transplante. É a única chance."
Meus olhos se fixaram nele. Eu já tinha ouvido essa história antes.
Ele hesitou, os olhos desviando dos meus. "E... você é a única compatível, Alice."
A ironia era um veneno amargo na minha boca. A única compatível. Sempre eu.
Ele tirou um documento do bolso do paletó. Um envelope branco, pesado.
"Se você não doar, Alice", ele disse, a voz quase um rosnado, mas com a tristeza forçada ainda ali, "nosso noivado acaba. Eu... eu vou ficar com ela."
O documento. Um acordo de dissolução de noivado. Minha assinatura, um ponto final na minha vida, mesmo que eu já estivesse morrendo.
Ele me olhou nos olhos, uma súplica misturada com algo que se parecia mais com exigência. "Juliana quer que você seja a doadora. Ela disse que é seu último desejo, se ela não sobreviver."
Um desejo. Não uma súplica, uma ordem. A família inteira exigia meu sacrifício.
"Eu te amo, Alice", ele forçou, as palavras soando ocas. "Mas a família dela precisa de mim. Juliana precisa de mim. Se você fizer isso, nós... nós podemos voltar depois. Quando tudo isso passar."
A promessa vazia ecoou em meus ouvidos. Voltar? Para quê? Para quem?
Eu peguei o documento, meus dedos tremendo levemente. Meu nome, Alice Ramalho, esperando para ser riscado.
Não havia escolha. Nunca houve.
Lembrei-me dos olhos de minha mãe, Ivone, implorando, "Alice, você tem dois rins! Que egoísmo é esse?" E meu pai, Walter, a quem eu havia secretamente doado um rim cinco anos antes, o órgão que salvou sua vida, mas que Juliana havia reivindicado com uma mentira. "Pense na sua irmã! Ela sempre foi tão delicada!"
Eles me forçaram a ceder. A família, toda ela, me cercou, suas vozes um coro de acusações e expectativas.
"Você é a mais forte, Alice", dizia minha mãe, as lágrimas escorrendo por seu rosto. "Juliana é tão frágil. Você não pode deixá-la morrer."
Eu tentei dizer a eles. Tentei dizer que eu tinha apenas um rim. Tentei dizer que eu estava morrendo. Mas as palavras se engasgaram na minha garganta. Eles não iriam ouvir. Eles nunca ouviram.
Minha recusa inicial foi recebida com uma onda de decepção e raiva.
"Inacreditável!", exclamou Walter, o desprezo evidente em sua voz. "Depois de tudo que Juliana fez por mim, você não pode fazer isso por ela?"
Ivone se agarrou a Juliana, como se para protegê-la de minha suposta crueldade. "Você é tão imatura, Alice. Tão egoísta!"
As palavras eram flechas envenenadas, mas eu já estava acostumada. Cinco anos de mentiras e abusos emocionais haviam me transformado em um alvo fácil.
Então Iago, o homem que prometeu amor eterno, interveio. Seu rosto estava endurecido. "Alice, você vai doar, ou eu e Juliana vamos ficar juntos. Você não vai mais ter um lugar nesta casa, nem na minha vida. É ela ou nada."
O ultimato dele selou meu destino. Eu estava exausta, meu corpo já uma casca vazia, minha alma, uma névoa. A morte já estava batendo à minha porta. Doar meu último rim seria apenas apressar o inevitável.
Eu concordei. A palavra "sim" saiu da minha boca como um último suspiro.
O sorriso de Iago foi instantâneo, largo, e horripilante. O documento de dissolução rasgou em suas mãos, e ele me puxou pelo braço, arrastando-me para o hospital como um item a ser usado.
Meus pais chegaram logo depois, minha mãe correndo para abraçar Juliana, que estava deitada na cama, pálida e respirando com dificuldade. Walter, vendo-me ali, exigiu que os médicos preparassem os papéis para a doação imediatamente. Ele não queria que eu mudasse de ideia, não queria que eu "fugisse" como ele pensava que eu havia feito antes.
Quando assinei, a letra tremendo, eles soltaram um suspiro coletivo de alívio.
"Veja só, ela amadureceu", disse Ivone, com um sorriso fraco. "Aprendeu a amar a irmã."
Walter se aproximou, colocando uma mão em meu ombro. "Juliana sempre precisou de mais cuidado, Alice. Você sempre foi mais forte. Mas agora... agora você será amada por isso."
Ele mencionou uma parte da herança, uma "compensação" pela minha generosidade. Mas eu apenas balancei a cabeça. "Não preciso mais", eu disse, as palavras quase inaudíveis.
Minha mãe fez uma falsa repreensão, "Não seja boba, Alice! É o mínimo! E pense no seu noivo, Iago. Ele tem um futuro brilhante. Vocês precisarão de estabilidade."
A doçura repentina em suas vozes era chocante. Tão rara.
Lembro-me de cinco anos atrás, quando Walter precisou de um transplante de rim. Eu, sua filha, doei secretamente. Mas Juliana, minha gêmea idêntica, mentiu. Ela alegou ter sido a doadora, e o crédito heroico a transformou na santa intocável da família. Eu me tornei a pária egoísta, a quem eles não perdoavam por "ter fugido" de meu pai doente.
"É seu dever, Alice", eles sempre diziam, quando Juliana me pedia para fazer coisas por ela.
Juliana começou a me difamar, a espalhar mentiras sobre mim. Meus pais, cegos pela mentira e pela gratidão que achavam que deviam à Juliana, rapidamente se voltaram contra mim. O ódio deles por mim cresceu, até mesmo quando eu os amava de todo o coração.
Tudo o que eu fazia era errado aos olhos deles. Eu parei de lutar. Parei de me defender. O silêncio era meu único refúgio.
Agora, minha mãe voltou para a cama de Juliana, e meu pai a seguiu. Iago também. Os três se inclinaram sobre Juliana, formando um círculo de amor e atenção que me excluiu completamente. Juliana sorriu, uma flor renascida, cercada por sua corte.
Eu estava sozinha, em um canto, invisível. Um estorvo. Uma estranha. Uma peça descartável em um jogo que nunca foi meu.
Minha visão ficou turva. A dor, uma velha amiga, me abraçou.
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