Maria Clara teve que se mudar do morro por assuntos pessoais de seu pai, sendo submetida a viver em território inimigo, ela se vê tendo que conviver todos os dias com um dos traficantes mais procurados do Rio de Janeiro. O famoso Grego, temido por todos. Uma menina meiga e sincera com uma vontade enorme de se livrar de um destino que ela não escolheu, ela não desiste de tentar entender a cabeça do homem que só a machuca todos os dias, mas não consegue deixar ela livre. Grego faz de tudo pra manter a menina inferior a ele, ele queria a submissão dela como um troféu, seu medo trazia paz a algo dentro dele. No acordo feito entre as facções quando ela ainda era uma criança, Maria Clara era sua propriedade e Grego não mediria esforços pra fazer ela entender isso da maneira mais difícil. Pra ele tudo que importava era tê-la por completo em suas mãos, mas isso não seria tão fácil assim e o perigo pra ela se torna apenas um detalhe quando vê que o que ele mais ama é o medo em seus olhos e isso seria algo que ela nunca mais teria em sua vida. >>> @aut.izzamarques
Maria Clara
Coloquei o controle da tv em cima do sofá e engoli em seco com a mensagem do Grego. Não fazia nem dois dias que eu estava aqui e já apanhei, surtei, tentei fugir e provavelmente vou morrer.
Foda mesmo foi tentar entender a merda de acordo em que me meteram desde novinha, eu amo o meu pai, mas desde que o Magrinho me explicou tudo eu não consegui mais falar com ele.
Eu entendo, foi pra salvar todo mundo do morro da chacina que a facção rival faria na rocinha. A consequência do ato de heroísmo do meu queridíssimo pai foi entregar a filha pra o rival, sinceramente eu não sei se o Grego chega a ser um ser humano.
Me levantei do sofá e caminhei lentamente com a perna mancando até a cozinha, peguei uma maçã dentro da geladeira e me sentei na mesa. Ele tinha me colocado em uma casa de frente a dele assim que eu cheguei aqui ontem.
Eu não tinha nem como entrar em contato com a Karol, o Kaio ou os meus padrinhos. A minha família sempre foi muito unida, meu pai e a Karol sempre foram a minha meta de relacionamento.
Por mais que eles briguem as vezes, eles sempre dão um jeito de continuar.
Escutei as batidas na porta e me levantei, abri vendo que era ele acompanhado de mais alguns caras que sempre estavam com ele.
Ela passou por mim empurrando o meu ombro com o dele, a dor me fez gemer baixinho e o xingar de todos os palavrões possíveis na minha cabeça.
Os vapores ficaram do lado de fora, tranquei a porta novamente. O Grego se sentou no sofá e ligou a televisão, suspirei.
Clara: Você pode me devolver o meu celular, por favor? – Ele me encarou com a cara fechada de sempre.
Ele se levantou do sofá e veio até mim, sua mão apertou o meu queixo com força.
Grego: Aquela porcaria? – Ele negou. – Quando eu ver que tu tá merecendo eu te entrego.
Tentei me afastar dele, mas ele segurou no meu pulso com tanta força que eu tinha certeza que ficaria a marca dos seus dedos.
Clara: Para... Por favor. – Ele me encarou sem demonstrar expressão nenhuma.
Grego: Se arruma aí, passo pra te buscar de noite pra reunião. Vê se bota alguma coisa bonita, vagabunda. – Ele pareceu pensar antes de falar.
Ele saiu, provavelmente ia pra casa dele que é aqui na frente. Esperei alguns minutos e olhei pela janela ele sentado na calçada conversando com alguns caras.
As palavras do Grego não tinham importância pra mim, ele não me machucando já estava de bom tamanho.
Eu sempre tive tudo o que eu quis, joias, roupas, calçados, tudo do bom e do melhor.
O meu pai quase nunca me negava algo, mas o que eu mais odeio nele é o fato dele me esconder as coisas.
O Magrinho é o meu melhor amigo, quase como um segundo pai pra mim. Quando eu tinha quinze anos ele me contou a história da minha mãe e assim como ele, mesmo sabendo de todo mal que ela fez pra o meu pai e pra Karol eu achava que talvez ela pudesse ter mudado.
Eu não fiquei com raiva por saber que o meu pai teria matado a Aline assim que eu nascesse se ela não tivesse morrido, a Aline quase destruiu a vida dele.
Eu e o Kaio éramos inseparáveis até os dez anos, a gente se afastou muito. Vez ou outra eu sentia os olhares dele meio estranhos. Sabe quando você sente que algo está errado? Eu sentia isso toda vez que ficava ao lado do Kaio.
[...]
O dia parecia demorar séculos pra passar, não tinha muito o que fazer aqui e mesmo que tivesse eu não faria porque eu tô quebrada.
Até conversar com a parede eu já conversei.
Caminhei em direção a porta e abri. Já estava escurecendo e as luzes da casa do Grego estavam acesas.
Xxx: Qual foi mina? Patrão deu ordem de não deixar tu pisar o pé fora sem ele. – Revirei os olhos e concordei.
Me sentei na calçadinha que tinha na porta e tentei puxar assunto com ele pra ver se o tempo passava mais rápido, poucos vezes ele respondia.
Clara: Você devia falar mais Lennon, sua voz é bonita. – Ele riu negando.
Ln: É melhor tu entrar pô, já já ele tá vindo pra cá e se tu tiver aqui vai ser ruim pra nós dois.
Parece que é vidente, foi só falar que o Grego apareceu na porta da casa dele. Me levantei o mais rápido que eu pude e entrei na casa, me sentei no sofá e rezei mentalmente pra que ele não viesse pra cá.
Tirando o fato do Grego ser ruim, muito otario e agressivo... ele também é um gostoso e até cego pode afirmar isso.
Ele passou pela porta da casa, exalava malbec puro. Estava com uma camisa preta da lacoste e uma calça da mesma cor, ele me encarava sério e seu olhar transmitia raiva.
Grego: Tu tem vinte minutos pra se arrumar antes que eu te tire daqui de dentro pelos cabelos. – Ele disse e jogou duas sacolas em cima do sofá. – Veste esses bagulho aí.
Peguei uma sacola e fui até o quarto, tirei as coisas de dentro vendo que tinha um conjunto de lingerie e um vestido preto. Na outra tinha um salto dourado, era lindo e eu ia ficar bem burguesa safada do jeito que eu gosto.
É uma pena ter que usar esse look pra ir em um lugar que eu estou sendo obrigada, com um mostro.
Tomei um banho rápido pra não estressar a fera, Abri a mala que eu tinha trago e tirei a minha necessaire de dentro. Passei um hidratante e o meu perfume, vesti o vestido, mas não consegui subir o zíper atrás. Calcei o salto e fiz uma make básica, optei por deixar os meus cabelos soltos como sempre.
Sai do quarto e ele já não estava mais dentro da casa, abri a porta e vi um carro estacionado em frente. Fui até lá e o Grego abriu a porta do carro por dentro, me sentei no banco e encarei ele olhando pra frente sem picar.
Me virei de costas pra ele e fingi tossir.
Clara: Fecha pra mim, por favor. – Murmurei baixo.
Ele não disse nada, a mão dele puxando o zíper do vestido pra cima. Dava pra perceber que ele estava evitando tocar em mim.
Eu me encostei no banco e ele deu partida no carro, fomos o caminho inteiro sem falar nada.
O Grego já me mostrou que tornaria a minha vida um inferno e eu com certeza não enfrentaria o demônio.
Eu só precisava falar com o meu Padrinho, tentar sair daqui de alguma forma...
[...]
Ele parou o carro na frente do Alemão, reconheci por já ter vindo aqui em um baile uma vez.
Grego: Nós vai subir a pé, é pra ficar na postura lá. Se eu tiver dando moral pra qualquer cara lá dentro tu se prepara. – Concordei. – Tu tá no meu nome, sempre teve e otario nenhum vai mudar isso. Morô?
Meu coração acelerou na hora, a última coisa que eu queria era ter que conviver mais uma semana com o Grego. Eu tenho certeza que eu vou morrer de tanto apanhar, se eu olhar torto pra ele já é motivo pra ele querer vir pra cima de mim.
Ontem eu mal cheguei aqui e já recebi xingamentos e tapas sem nem saber o porque... mas eu tenho certeza que ele estava drogado, o jeito que ele me olhava com arrependimento hoje era notável.
Mas nada diminuía a culpa dele. Toda dele!
>>>
@aut.izzamarques
Capítulo 1 1- Onde tudo começou.
06/02/2022
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