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Capítulo

Whitney lutava com todas as forças para impedir que uma esperança se instalasse em seu coração. Precisava ser realista! Como alimentar a ilusão de que Sloan poderia amá-la se ela destruíra o noivado dele? Jamais se esqueceria daquela cena: Gleda entrando no quarto e os surpreendendo seminus na cama. E agora Sloan lhe pedia que representasse uma farsa para ajudá-lo, mas como conseguir isso se estava perdidamente apaixonada por ele?

Capítulo 1 1

Whitney lutava com todas as forças para impedir que uma esperança se instalasse em seu coração. Precisava ser realista! Como alimentar a ilusão de que Sloan poderia amá-la se ela destruíra o noivado dele? Jamais se esqueceria daquela cena: Gleda entrando no quarto e os surpreendendo seminus na cama. E agora Sloan lhe pedia que representasse uma farsa para ajudá-lo, mas como conseguir isso se estava perdidamente apaixonada por ele?

CAPÍTULO I

A vida tinha estado um tanto monótona ultimamente. Whitney Lawford não conseguia se divertir naquela festa e pela centésima vez desejou ter recusado o convite de Toby Keston para acompanhá-lo. Afastando-se do barulho, refugiou-se no vestiário e considerou que talvez devesse se sentir feliz com sua existência tranqüila.

- Vamos - ele implorara. - Sei que você tem motivos para não querer se envolver com os homens, mas prometo que não vou aborrecê-la.

Trabalhavam na mesma firma, tinha vinte e três anos, mas para Whitney parecia que ele era bem mais novo. Todos gostavam desse rapaz simpático que estava sempre disposto a ajudar e a agradar as pessoas.

- Por favor - Toby insistiu, e Whitney já começava a aceitar a idéia quando, parecendo um menino perdido, ele continuou com voz assustada: - Val prometeu apresentar-me a uma de suas amigas se eu não comparecer acompanhado.

Não sabia por que Toby não queria conhecer uma amiga da irmã; ficou comovida e concordou:

- Está bem, eu irei. Em que bairro de Londres sua irmã mora? - Whitney percebeu que Toby ficara aliviado e que ela já estava irremediavelmente comprometida.

- A festa não é na casa de Val.

- Não?

Ele balançou a cabeça.

- É uma espécie de festa-surpresa para o noivo de uma garota chamada Gleda Caufield, que está voltando à Inglaterra depois de três meses no exterior. Ele é um magnata da indústria e tem negócios em quase todos os países. Gleda e minha irmã estão se esforçando para recebê-lo com uma festa de arromba!

- Será que ele vai gostar? - Whitney perguntou. Em sua opinião, qualquer homem que estivesse três meses longe da noiva, gostaria de encontrá-la a sós quando regressasse.

- Gleda acha que sim, e Val também - Toby respondeu. - E a governanta de Heathlands vai ajudar.

- Heathlands? - Whitney repetiu.

- A casa de Sloan Illingworth, em Berkshire - o rapaz informou de imediato.

O nome do proprietário não lhe chamou a atenção, mas ela ficou preocupada com a distância.

- Berkshire!

- Não fica longe indo pela rodovia - ele assegurou-lhe. - E Val vai nos levar em seu carro até lá. Assim não precisarei controlar a bebida...

Whitney escolheu um vestido leve, decotado, com alças bem finas, para usar nessa noite quente de maio.

Quando Toby e a irmã vieram buscá-la, ela percebeu que não havia semelhança alguma entre os dois. Além de serem diferentes fisicamente, o rapaz era caloroso e gentil, enquanto Valerie Keston parecia ter saído do congelador. Chegaram a Heathlands sem que Whitney mudasse de opinião.

- Fiquem à vontade - ela falou ao irmão, assim que chegaram. Em seguida gritou: - Querido! - e foi em direção a um homem corpulento que se aproximava. Apoiando-se em seu braço, afastou-se e deixou que Toby apresentasse Whitney à dona da festa.

- Que prazer recebê-los! - Gleda, uma loira muito elegante, sorriu para Whitney. Em sua mão esquerda se destacava um magnífico anel de noivado com safiras e brilhantes incrustados. Ela acenava em todas as direções para pessoas que se serviam de bebidas. Quase ao mesmo tempo se voltava para mais alguém: - Querido, que prazer em recebê-lo!

Whitney ouviu o refrão.

- Que prazer recebê-los! - e fez uma careta em frente ao espelho do toalete. Tinha a impressão de que se passara um século desde que ouvira Gleda Caufield recitar sua fútil saudação. Mas fazia apenas três horas...Rezou para que o tão esperado industrial logo aparecesse e ela pudesse manifestar o desejo de voltar para casa. De repente, verificou que não ficaria escondida por muito tempo. Alguém entrou no toalete e Whitney tocou seus longos cabelos castanhos com os dedos, como se acabasse de penteá-los.

Esforçando-se por colocar um pouco de alegria nos grandes olhos verdes, cumprimentou a outra pessoa e voltou à festa. Suspeitou que todos já estivessem bêbados.

Agora as pessoas aglomeravam-se num enorme hall. Não viu sinal de Toby. Deveria estar no toalete. Com a intenção de procurá-lo, caminhou e se afastou para dar passagem a um carrinho de bebidas que vinha em ziguezague. Ficou irritada. Aquelas pessoas só se divertiam espremendo-se umas contra as outras.

O homem que empurrava o carrinho estendeu-lhe uma mão trêmula com um copo.

- Obrigada, já experimentei. - Ela pretendia ser gentil.

- Este não, tem sabor de caramelo - ele gaguejou, ofendido, e seguiu, quase atropelando as pessoas.

Então Whitney enfrentou uma verdadeira maratona. Cinco minutos depois ela ainda estava tentando abrir caminho entre a massa humana que dançava ao som que vinha de algum tape-deck.

Alguns homens, bem alegres, dirigiram-lhe gracejos. Contudo, sua irritação atingiu o limite quando, encontrando um espaço livre e tentando passar por ele, foi agarrada por um indivíduo com a face vermelha e suada.

- Ei, doçura, vamos dançar? - Ele a olhou maliciosamente e colocou as mãos úmidas e pegajosas em seus ombros nus, fazendo-a sentir-se mal.

Só depois de alguns segundos conseguiu desvencilhar-se ao atingi-lo no estômago com o cotovelo, fazendo-o urrar de dor. Vendo-se livre, fugiu sem se desculpar.

Whitney se chocou com alguns pares que dançavam. Ao se afastar da multidão, chegou perto de uma escada onde não havia ninguém. Então percebeu que a luta contra o bêbado teve uma conseqüência: a estreita alça do vestido sobre seu ombro direito estava solta.

Para sua surpresa, o acesso à escada estava bloqueado por barreiras. Lembrou que a governanta ajudaria na recepção e tivera a preocupação de isolar o andar superior. Achou que fora uma boa idéia. Poucos convidados, àquela hora, mantinham-se firmes e teriam condições de enfrentar os degraus.

Tentou colocar a alça arrebentada para dentro da blusa. Deu alguns passos, espreitou a festa e viu que a animação era geral. Esperava localizar Toby, mas, para seu desânimo, foi um palhaço com rosto vermelho e suado que se destacou em primeiro lugar. - Oh, que droga! - praguejou, percebendo que ele procurava alguém. - Não serei sua vítima de novo. Prefiro qualquer outra coisa. Só não quero aquelas mãos pegajosas me segurando outra vez. Então retrocedeu e contornou o canto da escada. Silenciosamente, desviou-se das barreiras e começou a subir os degraus.

Atingindo o andar superior, permaneceu num canto mal iluminado e reviu a situação.

- Aqui está bem melhor - falou para si mesma. - Não há nenhuma pessoa com quem eu gostaria de conversar. Até Toby já estava diferente quando o vi pela última vez.

Descansando seu corpo contra a parede, desejou de todo o coração que Sloan Illingworth chegasse o mais rápido possível.

Ela não saberia dizer quanto tempo permaneceu ali.

Se demonstrasse desejo de voltar para casa, com certeza Valerie Keston a consideraria louca. Heathlands estava situada numa região isolada e, sem condução própria, teria de esperar até que a irmã de Toby resolvesse ir embora.

Cansaço e chateação tomaram conta dela.

Já passava de seu horário de dormir e Whitney voltou-se para olhar a porta de um quarto do outro lado do corredor.

- Deve haver um banco ou uma cadeira lá dentro - pensou. Ela se esforçava para resistir à tentação de abrir a porta. Certamente a governanta chaveara os quartos como fizera com outros cômodos no andar inferior.

Sua educação determinava que ela não poderia ficar escondida até ouvir alguém gritar: "Surpresa! Surpresa!" Suspirou e afastou-se da parede com a intenção de juntar-se à algazarra. Porém, contra sua vontade, viu sua mão segurar o puxador da porta do quarto. Seus dedos foram incapazes de soltá-lo antes de experimentar e... ele não estava trancado. Abriu a porta vagarosamente; apenas a luz da escada iluminava o aposento. Nessa semi-escuridão, não conseguia observar todos os detalhes do quarto. Mas, bem no centro, havia uma cama.

- Uma cama! - lembrou saudosa, e tentou dominar o impulso de entrar e passar ali alguns momentos calmos. De repente, uma risada estridente ecoou pelos ares, anunciando que a festa continuava ainda mais selvagem.

Whitney agiu instintivamente, e depois de alguns segundos refugiava-se naquele quarto. "Vou dar um tempo. Farei uma pausa", pensou. "Não sei a quem pertence este quarto, mas ficarei só alguns minutos... ninguém vai saber..."

Deixando a porta encostada, entrou e sentou numa extremidade da cama para espairecer por alguns minutos.

Era agradável sentir a escuridão calma. Tardiamente concluiu que nunca deveria ter concordado com Toby. A movimentação que acontecia no primeiro andar parecia mais uma anarquia do que o tipo de festa que costumava freqüentar.

Inconscientemente, tirou os sapatos e colocou os pés sobre o colchão. Outros pensamentos assaltaram sua mente: a culpa dessa situação seria da festa ou dela mesma? Seria diferente se estivesse acompanhando Dermot, e não Toby?

Dermot...

Suas lembranças pousaram em fatos ocorridos há seis meses, quando ainda trabalhava na empresa Implementos Hobson. Numa segunda-feira, fora apresentada a Dermot Selby. Ao cumprimentá-lo, Whitney ouviu:

- Tenho certeza de que vamos nos entender bem!

Ela soube por intuição que sua vida nunca mais seria a mesma. E estava certa. Em pouco tempo ela e Dermot estavam saindo juntos, regularmente, conforme ele determinava. E justificou:

- Se não fosse por este novo emprego e pelo fato de que ainda tenho muito a aprender, eu a veria todas as noites, querida, mas...

- Não precisa dizer nada, eu posso entender - ela interrompeu. Estava satisfeita encontrando-o duas vezes por semana. Além disso, gostaria de ser sua secretária para trabalhar com ele até mais tarde. Simplesmente, já o amava.

Já se viam há dois meses e um dia. Aproveitando a hora do almoço, Whitney fora fazer algumas compras. Entrava numa galeria quando viu Amanda Clarice, a mulher que tinha a sorte de ser a secretária de Dermot. Elas não se conheciam muito bem e Whitney cumprimentou-a com um movimento de cabeça. Percebeu que Amanda hesitava, e parou para saber o que ela tinha a dizer. O que ouviu deixou-a completamente abalada:

- É verdade que você tem se encontrado com Dermot Selby? A primeira idéia que lhe veio à cabeça foi de que a secretária estivesse com ciúme.

- Sim, já saímos juntos algumas vezes.

Whitney procurava palavras que pudessem aliviar alguma dor que Amanda sentisse. Contudo, para sua surpresa, ouviu-a dizer:

- Não pense que estou enciumada. Estou preocupada, e preocupada com você.

A princípio, Whitney nada entendeu, mas a secretária de Dermot continuou:

- Você sabe que ele é casado, não sabe?

- Casado? - Essa pergunta revelava que ela desconhecia o fato. - Não pode ser! Você está enganada. Você...

- Então pergunte a ele - Amanda interrompeu com calma, e saiu.

Atordoada, Whitney não queria acreditar naquelas palavras.

De volta ao escritório, não conseguiu se concentrar no serviço.

"Ele não pode ser casado", continuou pensando. "Talvez tenha se casado, mas agora está divorciado."

Sabia que Dermot passaria a tarde toda fora, senão iria lhe perguntar diretamente. Teria de esperar até a noite, quando se encontrariam para jantar.

Mais tarde, em seu apartamento, Whitney recordou os últimos tempos. Certa vez comprara dois ingressos para um show que ele pretendia assistir. Queria lhe fazer uma surpresa, mas fora ela quem ficara surpreendida com sua reação:

- O que você está pensando? - Dermot quase gritava. - Já tenho compromisso. Sábado vou buscar minha tia no aeroporto.

Agora ela se lembrava de que nunca ouvira falar dessa tia antes. Será que um homem solteiro, com trinta anos, ocuparia suas noites de sábado esperando por uma tia no aeroporto? Ou não saía nos fins de semana porque tinha uma esposa?

Whitney sofria com esses pensamentos. Em outra ocasião, quando se despediam, ele exclamou, alarmado:

- Não deixe minha camisa marcada de batom!

- Ora, você é um rabugento. Eu nem estou usando batom agora.

Sem dar conta de seus atos, Whitney saiu da beirada da cama onde estava sentada, em Heathlands, e deitou-se com a cabeça sobre o travesseiro; seus pensamentos voltaram àquela noite quando abriu a porta para Dermot.

- Boa noite, querida - ele a cumprimentou. - Você está tão pálida!

- Entre - ela convidou. Não esperou chegar até o apartamento e, escapando das mãos que queriam abraçá-la, perguntou bruscamente: - Você é casado?

- O quê?... Quem foi que te falou...

- Adeus, Dermot - ela se expressou com voz fria e manteve a porta aberta.

Quando se recuperou, ele falou:

- Não é como você está pensando.

- Você é ou não é casado? - ela persistiu na pergunta. E essa moça que falava friamente era uma estranha para ela, pois Whitney sempre se mostrava calma e compreensiva.

- Sim... sou casado - Dermot foi forçado a admitir. - Mas eu amo você!

As pernas de Whitney tremiam. Ela desejara que Dermot a amasse. Ouvir essa declaração seria o coroamento de todos os seus sonhos.

- E você ainda vive com sua mulher? - a voz soou menos seca. Talvez o aceitasse se ele e a esposa estivessem separados.

Mas a resposta de Dermot não foi aquela que esperava ouvir:

- Eu preciso viver com ela por enquanto...

- Precisa?

- As crianças ainda são muito pequenas - ele argumentou, chocando-a mais ainda. Não passara pela sua cabeça que ele tivesse filhos. - Mas logo que elas crescerem, eu a deixarei e nós...

Whitney procurou se controlar. Desapontada, interrompeu-o antes que tentasse qualquer outra explicação:

- Nós... coisa nenhuma. Nunca! - ela gritou, ofendida. Abrindo mais a porta, recusou-se a ouvir mais detalhes.

Aquela noite, chorara por um homem que não merecia suas lágrimas.

Mais tarde imaginou se essas lágrimas foram derramadas porque terminara com Dermot ou se, por causa dele, recordara-se do sofrimento de sua mãe.

Quando tinha vinte anos, morava com os pais e eram muito felizes. Certo dia, atendeu à porta e cumprimentou uma mulher de aproximadamente trinta e cinco anos. Mandou-a entrar quando soube que ela desejava ver o sr. Lawford.

- Desculpe-me, mas não ouvi seu nome - Whitney lembrou quando ia apresentá-la à mãe.

- Meu nome não é importante - ela replicou, e deixou as duas sem fala ao informá-la de que, há cinco anos, ela era a sra. Lawford.

A princípio, Whitney se recusou a acreditar e ia indicar a porta para que a mulher se retirasse. Nesse instante, Lawrence Lawford entrou na sala e três pares de olhos voltaram-se para ele.

- O que... - começou a esbravejar. Seus olhos moviam-se da estranha que dizia ser sua amante até a face muito pálida da esposa.

- Eu tinha de vir...

Whitney ficou horrorizada. A expressão daquela mulher revelava que seu pai prometera abandonar a família e ela não queria esperar mais.

Mas as coisas não aconteceram assim. Lawrence Lawford não tinha a intenção de deixar sua confortável casa.

Whitney nunca conseguiu saber o que acontecera entre os pais depois daquele dia. Sua mãe tornara-se uma pessoa fechada e distraída, que nunca concluía as coisas que começava a fazer. Certo dia, quando dirigia o carro, sem nenhuma razão aparente, chocou-se com um caminhão parado. Nunca mais se recuperou, e veio a falecer. Ela não havia superado o choque, nem conseguira esquecer a traição do marido.

Whitney ainda amava o pai, mas esse fato afastou-os um pouco. Tempos depois ele se casara novamente, mas não com a antiga amante. Ela então saiu de casa.

Em Londres foi morar num pensionato e conseguiu um emprego na firma Implementos Hobson. Estava lá havia quatro meses quando se instalou no apartamento. Ao terminar com Dermot, pediu demissão. Um mês após era admitida na Plásticos Alford e logo conheceu o inofensivo Toby Keston.

- Vai fazer alguma coisa esta noite? - ele quis saber logo no primeiro fim de semana.

- Vou. - Ela fora agressiva, sem se importar se feria os sentimentos do rapaz.

Essa indelicadeza não a deixou satisfeita. Agredindo-o, agrediu a si mesma. Começou a entender que nem todos os homens eram iguais.

Com Toby em seu pensamento, Whitney imaginou se não deveria enfrentar a festa e procurar por ele. Entretanto, sentia-se mais confortável ali, sozinha, do que em qualquer outro lugar da casa.

Não saberia dizer quanto tempo se passou. Calculava que já fossem mais ou menos duas horas da manhã. E o barulho continuava intenso no andar inferior.

Uma sonolência tomou conta dela quando fechou os olhos para se decidir procurar o rapaz. Mas, se não descesse, não presenciaria a chegada do noivo.

Sentindo frio, puxou inconscientemente um acolchoado e acomodou-se sob ele.

- Que delícia! - sussurrou, e anotou mentalmente que precisava alisar a coberta antes de deixar o quarto.

E onde estaria Sloan Illingworth? Seu vôo estaria atrasado?

A idéia de vôo lembrou-lhe Dermot esperando a tia no aeroporto. De repente, começaram a passar pela sua cabeça as figuras de seu pai, de sua mãe, de Dermot, e de um desconhecido Sloan Illingworth. Uma imagem seguia a outra rapidamente ao som de uma música longínqua e Whitney adormeceu.

Despertou do sono acreditando que estava no meio de um pesadelo. Primeiro, uma voz aguda e penetrante gritava:

- Venha, idiota, você sabe que não pode ir à parte superior da casa!

Depois, antes que fizesse idéia de onde pudesse estar, alguém invadiu o quarto, encontrou o interruptor e iluminou o cômodo inteiro. A claridade fez com que ela acordasse de uma vez. E foi quando o pesadelo começou.

Deitada de um lado da cama, subitamente viu um braço nu que surgia de baixo do mesmo acolchoado que a cobria. Então, abriu bem os olhos. Não soube como, mas não estava sozinha naquela cama.

Antes que pudesse relaxar os músculos, o companheiro, visivelmente irritado, resmungou e sentou.

Whitney estava para se sentar também quando uma voz vinda da porta atingiu-lhe os ouvidos. Seus olhos perceberam seu próprio braço nu. Com as idéias confusas, não foi capaz de saber se estava totalmente sem roupas, como aquele homem parecia estar. Ela se voltou vagarosamente para a porta e viu a gritaria começar:

- Seus cretinos! Miseráveis! - Uma multidão contemplava os dois na mesma cama. - Pensar que durante todos esses meses eu confiei em você - a voz reclamava outra vez.

Então Whitney se arrepiou. À frente do grupo, a mulher que ralhava com o homem a seu lado não era outra senão Gleda Caufield! Ela ainda não conhecera seu noivo. Porém, ao observar o homem com trinta e poucos anos, de boa aparência e que balançava a cabeça para espantar o sono, teve a certeza de que estava acabando de ter o prazer de conhecê-lo...

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