Grande parte da sociedade nova-iorquina sonha com o sucesso e o reconhecimento. Nessa nova realidade, diferente da que sonhou viver na faculdade, a correta e confiante Natasha Damasceno, encontra o emprego dos sonhos na movimentada Nova York. Entretanto, o motivo de sua contratação pelo curioso empresário, Eduardo Cooper, é um problema. Sempre tão correta e ética, Natasha busca ajudar seu novo chefe a descobrir o culpado pelo desfalque na empresa, enquanto lida com seus traumas românticos. Em uma cidade cheia de amores e riquezas, temos as novas possibilidades que surgem para os audaciosos.
PRÓLOGO
Eduardo Cooper
- Não ouse aparecer. - Digo secamente enquanto encaro a mulher
que um dia me arrancou suspiros.
- Fique tranquilo, com essa grana que estou levando nem sei quem
são vocês. - Piscou um olho e sorriu vitoriosa.
Fico paralisado vendo a mulher que tanto amei ir embora,
literalmente bater à porta e sungando a última gota de esperança que eu
tinha de manter o casamento vivo. Elle se rebelou contra a família.
Quando você sabe que o amor do outro não é mais o suficiente?
É como um piscar de olhos e pronto? Acabou?
Porque eu não me sinto assim. Sinto o buraco se abrir em meu peito,
é como se uma mão pegasse meu coração e o apertasse, espremesse,
transformando-o em migalhas.
Sento-me no sofá, desolado, meus olhos embaçam, estão marejados,
nunca pensei que poderia ser deixado de lado, que seria apunhalado dessa
forma.
Olho para o teto e puxo o ar com força, o soltando aos poucos, a
decoração de gesso nos cantos das paredes me relembram quando ela pediu
minha permissão para acrescentar esse detalhe na decoração. Toda
empolgada porque deixaria a sala mais sofisticada e eu quis deixa-la
contente, concordei.
Sempre tinha algo em mente, alguma surpresa, um jantar diferente,
um passeio, tudo só para ver o sorriso dela, os olhos brilhando.
Não se enganem quando dizem que homens não sentem na mesma
intensidade que as mulheres, porque eu senti. Foi como assumir um papel
de trouxa por demonstrar demais. Elle sempre teve tudo de mim, sempre
teve minha total atenção, teve do bom e do melhor, o luxo, eventos
marcantes na sociedade, um casamento exuberante e uma filha.
A filha que um dia disse amar mais que a própria vida, mas que
acabou de abandonar, apenas por ganância.
Ela teve a coragem de exigir uma enorme quantia antes de levar sua
última mala, diante dessa situação alarmante, meus advogados me
aconselharam a entrar com o pedido da guarda de Zoe, para que a guarda
integral seja minha. Elle deixou bem claro, várias e várias vezes, que nunca
voltará, então ela não poderia mais chegar perto de nós. Amanhã
assinaremos todos os papéis do divórcio e ela perderá qualquer direito
relacionado a guarda da Zoe.
Respiro fundo tentando controlar meus soluços.
Dói tanto.
Ergo meu olhar para a escada, lá no topo, atrás das grades de
madeira rústica, minha garotinha de olhos castanhos me encara agarrada ao
ursinho do Mickey. Ela viu a mãe sair carregando uma mala grande e dizer
que nunca nos conheceu.
Como vou cuidar sozinho de uma menina de três anos? Não tenho
mais ninguém, meus pais já faleceram, Elle não mantinha contato com a
família dela desde a faculdade, não tenho irmãos, tios, mais ninguém.
Caralho!
- Papai, posso descer? - Pede receosa e bufo frustrado em ver
seus olhinhos vermelhos.
- Claro meu bem, vem aqui.
Ela desce correndo com cuidado para não cair vestida em sua
fantasia da branca de neve, a pego no colo e a abraço. Não chora Eduardo,
não chora. Ela só tem você agora.
- Cadê a mamãe?! - Pergunta baixinho olhando para a porta
branca de saída.
- Ela foi morar em outro lugar.
- E não vai voltar? - Arregala os olhos atentamente.
- Não, agora somos só eu e você aqui. Tudo bem?
- Claro papai, - Curva a mãozinha na boca como se estivesse
contando um segredo - A mamãe estava chata mesmo. - Dou um sorriso.
- Estava mesmo, nós vamos nos divertir muito. - Forço uma voz
animada e toco no nariz dela.
- Eba!
Pula animada e a abraço com força, tão nova para entender o que
realmente aconteceu. Elle simplesmente foi se afastando e agora deu a
cartada final.
Preciso ser forte, tenho uma filha e uma empresa para manter de pé.
Meu Deus, preciso de ajuda. Muita ajuda!
- Vamos trocar de roupa e passear um pouco? - Passo as mãos
nos cabelos castanhos tentando arrumar, vou precisar aperfeiçoar mais
algumas técnicas de cuidados com meninas.
- Vai ter sorvete?! - Subitamente para no meio da escada
enquanto subíamos e me olha esperançosa.
- O que você quiser.
Talvez se eu ficar ligado nos duzentos e vinte todos os dias não
sobre espaço para sentir a dor.
Pelo menos, não por enquanto.
Estarei sem espaço para outra pessoa.
CAPITULO 1
Natasha Damasceno
Sinceramente espero conseguir esse trabalho na Associação Cooper,
não que esteja desesperada por um emprego, afinal tenho minhas
economias, mas honestamente, não aguento ficar mais parada.
Até onde sei, tenho grandes chances de conseguir!
- Quero que você experimente algumas roupas da minha nova
coleção. - Ronrono enquanto ganho um delicioso carinho no cabelo.
- Me usando como cobaia de novo Chris?
- Como amo que mexam no meu cabelo.
- Primeiro que você tem um corpo dos deuses e preciso ver essas
maravilhas arrancarem suspiros e bem, sabe que pode ficar com algumas
peças.
- Tudo bem, tudo bem, eu vou. - Claro que eu não recusaria um
pedido dele.
- Ótimo, passa no Studio amanhã de tarde. Mas me diga, como foi
a entrevista?
Me sento no sofá para o encarar. Chris é tão lindo que desejaria me
apaixonar perdidamente por ele, seus olhos castanho-claro rodeados por
uma fina bolinha verde, o cabelo liso castanho claro todo bagunçado, um
metro e oitenta de altura com músculos definidos e muito bem distribuídos
pelo corpo. Ergo minha mão para bagunçar ainda mais seu cabelo macio.
- A entrevista em se foi boa, quer dizer, respondi tudo o que a
moça queria saber, consegui ficar calma até, ela foi muito simpática
comigo, trabalha no RH, pelo que me disse estão em dúvida entre mim e
mais duas quando leram os currículos. Entretanto, a decisão final é do Sr.
Cooper.
- Sr. Cooper, diz como se ele fosse um senhor de cinquenta anos. –
Enruga o nariz em uma careta.
- Talvez ele seja. - Rimos enquanto ele se estica para pegar o
notebook na mesinha.
- Vamos dar uma bisbilhotada na vida dele. - Diz todo
empolgado.
Amo Chris, ele é praticamente um irmão para mim, é estilista e está
no auge com suas roupas. Na verdade, ele não é natural de Nova York, é
europeu, mais precisamente de Doncaster. Nos conhecemos através de um
intercâmbio que ele fez, ficou na casa dos meus pais em Nova Jersey, na
época faltavam alguns meses para que eu terminasse a faculdade de
contabilidade, quando não estava em aula, estava com ele, mostrando cada
detalhe da cidade e o fazendo se apaixonar por cada detalhe assim como eu.
Tenho saudade de quando saíamos pelas ruas principais, eu
cumprimentava todos e às vezes ganhávamos alguma guloseima, ou ele
ganhava uma flor para me dar, muitos achavam que estávamos namorando
de tão unidos que éramos, mas claro, eu já tinha namorado.
Quando teve que voltar, seis meses depois, não perdemos o contato.
Chris sempre desenhou muito bem, quando possível vínhamos para Nova
York, "a cidade onde os sonhos se realizam", ele se formou em moda e eu...
Em contabilidade.
Me mudei de vez para cá oito meses depois de terminar os estudos e
já com a carteira de trabalho assinada e ele três meses depois já lançando
algumas roupas. Claro que sofri um pouco para conseguir meu primeiro
emprego, eu era uma garota de outra cidade e recém formada, foi
complicado, fazia estágio no escritório do Sr. Jones de manhã e à noite
trabalhava como garçonete, pelo menos conseguia pagar o aluguel do
quartinho que fiquei no começo.
Então o Sr. Jones demitiu um funcionário, claro que foi
constrangedor, mas naquele momento eu consegui meu emprego. Claro que
tive a ajuda de meus pais, mas prometi a mim mesma que seria
independente e devolveria a eles tudo o que fizeram por mim.
No começo Chris morava comigo, na verdade, depois que consegui
achar um lugar melhor para morar, foi embora quando conseguiu tirar o
próprio sustento, se manter razoavelmente, hoje ele é um puto de um amigo
gato que tem de tudo e um pouco mais por causa do seu amor pelo que faz.
Bem, no começo também não foi fácil, principalmente porque em Nova
York a concorrência é grande e há muitos críticos de todas as formas e
gostos, mas ele conseguiu captar cada ensinamento, crítica, conselhos que
ganhava e fazer um trabalho fabuloso.
Dou o último gole no vinho e me aproximo mais vendo a pesquisa
dele, o dono, Eduardo Cooper, é um verdadeiro homão, porém uma pedra
de gelo diante das câmeras. Até mesmo quando é pego de surpresa pelas
câmeras está sempre sério. Eu não tinha me interessado em fazer uma
pesquisa sobre ele, já que meu interesse está em papéis, mas como toda boa
mulher que adora ver o corpo esbelto de um homem, sinto um leve
comichão entre minhas pernas. Santa Pipoca, um verdadeiro deus grego.
O que me deixaria enlouquecida nessa cidade, se eu não soubesse
me controlar, meus desejos sexuais que se tornaram insaciáveis, os homens
daqui são vaidosos e adoram uma pose de CEO.
- Ok, ele não é um senhor de cinquenta anos. - Admito.
- Bem que você queria um boy desses. - Me cutuca com o
cotovelo.
- Não sei, vai que ele joga no outro time, não tem nenhuma
fotozinha, nem de paparazzi com mulher. - Olho foto por foto, ou ele está
correndo na praça com fones de ouvido com o semblante fechado, ou
correndo em uma esteira do lado da janela para todos verem seus músculos
expostos pelas regatas, ou com uma garotinha pelo shopping, ou um jantar
da alta sociedade usando ternos sob medida posando para as câmeras.
- Segundo meus conhecimentos, cem por cento hétero. - Afirma
e me olha com uma sobrancelha erguida.
Reviro os olhos. Ele está sempre querendo saber quem fisguei ou se
vou pegar.
- Chris mudando de assunto, e quanto a você? - Ele fica sério e
fecha a tela do notebook.
- Sinceramente não sei. Aquilo... Aquela noite mexeu comigo, mas
não tenho certeza se... Se sou gay ou bi. - Suspira com pesar.
- Sabe que independente do que for, da escolha que fizer, estou
com você, não é? Sou leiga sobre esse assunto, mas vou tentar entender
melhor para te ajudar.
- Sei e te amo por isso. - Seus olhos brilham como se eles
sorrissem para mim.
Suas mãos me puxam para seu colo me espremendo em seus braços.
Me aconchego, isso nunca muda, mesmo que ele esteja para baixo eu que
sou colocada no colo para ser ninada.
Chris recentemente passou por uma redescoberta. Desde quando nos
conhecemos ele sempre foi tímido para falar com alguma garota, mesmo
quando eu pedia para elas serem espontâneas e terem paciência, Chris não
conseguia agir da mesma forma que agia comigo, talvez porque estávamos
na mesma casa.
Recentemente, durante uma noitada entre amigos, um homem,
muito gato por sinal, se aproximou do nosso grupo. Eu estava pronta para
dar o bote, mas o bendito só deu atenção para o Chris, eu e as meninas
percebemos na hora, mas para mim, foi uma surpresa, nunca imaginei que
Chris pudesse se sentir atraído por homens. Nada contra, obviamente, mas
ele mesmo ficou envergonhado quando desabafou comigo depois.
Ele se sentia muito atraído em ficar admirando as curvas, tanto de
homens quanto de mulheres. Já teve noites calorosas com algumas moças,
claro, mas naquela noite viu que alguém se aproximou, bateram um bom
papo e depois tiveram uma noite muito quente. Chris ficou ainda mais
dividido. Não tem certeza se é apenas admiração pelos homens, só por
curiosidade, ou se realmente é gay. Da mesma forma se é hétero.
Eu não soube exatamente o que dizer, apenas disse para ele
pesquisar mais, falar com alguns profissionais, não sei se agi certo, mas só
sei que quero que ele descubra e seja feliz.
Capítulo 1 O empresário
09/03/2022
Capítulo 2 O empresário
09/03/2022
Capítulo 3 O empresário
09/03/2022
Capítulo 4 O empresário
09/03/2022
Capítulo 5 O empresário
09/03/2022
Capítulo 6 O empresário
09/03/2022
Capítulo 7 O empresário
09/03/2022
Capítulo 8 O empresário
09/03/2022
Capítulo 9 O empresário
09/03/2022
Capítulo 10 O empresário
09/03/2022
Capítulo 11 O empresário
09/03/2022
Capítulo 12 O empresário
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Capítulo 13 O empresário
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Capítulo 14 O empresário
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Capítulo 15 O empresário
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Capítulo 16 O empresário
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Capítulo 17 O empresário
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Capítulo 18 O empresário
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Capítulo 19 O empresário
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Capítulo 20 O empresário
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