" Entre amá-la ou odiá-la. Ele escolheu vingar-se." Laiza Nayara é uma jovem menina doce e inocente que foi abandonada em um orfanato. Então, descobriu coisas horríveis sobre o local onde foi abrigada: o simples "orfanato" para meninas, na verdade, é um prostíbulo. Ao descobrir que foi comprada por um misterioso bilionário, ela se vê completamente perdida. Oliver Campbell quer apenas vingança. Ele é um homem frio e calculista que não mede esforços para conseguir tudo aquilo que deseja. Laiza será dele. Na verdade, sempre foi. Um grande mistério do passado liga a vida dos dois para sempre.
EU FUI ABANDONADA pelos meus pais neste
internato quando ainda era bebê. Pelo menos foi isso que a
madame sempre me contou. Sei que todos têm uma
história e suas origens, e apesar da minha ser
desconhecida, isso não me impede de sonhar com algo
maravilhoso que ainda pode estar por vir. Fui crescendo
neste lugar, acostumando-me com a vida aqui, e conforme
me tornava uma garota mais madura, passei, finalmente, a
entender a verdade: vivo em um prostíbulo.
No começo, eu não entendia o porquê de tratarem a
gente como mercadoria, mas hoje sei que valemos muitos
dólares e que há algumas transações milionárias
envolvidas e gente grande, como multimilionários, políticos
corruptos e até mesmo chefes de máfias.
Nós somos preparadas desde cedo para ser esposas
perfeitas em tudo, como o próprio nome da academia diz.
Até a nossa alimentação é regrada para não engordarmos
muito. Além disso, somos divididas por idade e cor da pele.
Eu faço parte das loiras com 18 anos, olhos azuis e um
metro e meio de altura. Costumo dizer que meu
comprimento é bastante desproporcional à minha idade.
Enquanto isso, a Chelsea, de apenas 15 anos, tem quase o
dobro do meu tamanho. Bem... Exagero é uma das minhas
características principais.
Chelsea é a minha melhor amiga de todas, e é como
uma irmã para mim. Somos inseparáveis.
Eu sei que irei deixar este lugar um dia, e o motivo
mais óbvio é: serei vendida para algum milionário que
deseje ter uma mulher submissa para saciar todos os seus
desejos. Faço parte da categoria de garotas inocentes e
virgens que valem milhões de dólares para os desgraçados
fúteis que só gastam com sapatos caros e roupas de grifes.
É desumano a maneira como eles olham para nós, e a pior
parte de tudo isso são os leilões que organizam uma vez
por mês.
Sinceramente, a minha vida nunca foi fácil, mas,
mesmo assim, jamais perdi a esperança de que algo
diferente possa acontecer. Quem sabe um príncipe
encantado venha em seu cavalo branco me salvar?
Eu não conheço o mundo lá fora, as pessoas de lá ou o
amor; apenas a dor.
A dor da rejeição.
A dor do abandono.
A dor da discriminação
A dor da minha infelicidade.
Por que nunca fugi? Porque é praticamente impossível
fazer isso. O local é rodeado por seguranças armados que
não têm receio de atirar contra qualquer uma de nós que
tente escapar. Isso aconteceu com uma garota há dois
dias. Foi lamentável a maneira como ela foi brutalmente
assassinada.
Essa é a nossa realidade. E na minha realidade, a fase
de lamentações já passou, porque aprendi que não tenho
como fugir do meu destino, por mais que ele seja horrível e
completamente abominável.
Essa sou eu: Laiza Nayara; Iza para os mais íntimos.
Chelsea me deu esse apelido. Sou uma menina totalmente
diferente das demais da minha idade, pois fui criada para
obedecer fielmente àqueles que são superiores a mim. O
direito de escolha nunca fez parte da minha vida, e nunca
fará.
Como destinos são incertos, a única coisa que tenho
certeza é de que serei feliz algum dia, mesmo que leve
anos para que isso aconteça.
Capítulo Um
CAMINHO O MAIS rápido que minhas pernas podem ir,
sentindo minha respiração ofegante ecoar por todo o
corredor. O sinal está tocando, fazendo um barulho imenso,
e isso significa uma única coisa: reunião de última hora.
Meus livros quase caíram no chão quando eu estava
andando tranquilamente e o som começou a ecoar.
Passo pelos corredores vazios, imaginando que serei a
última a chegar no local. Com certeza levarei uma bronca
daquelas na frente de todo mundo.
Aqui, no "orfanato" sempre estamos estudando, pelo
fato de haver homens que gostam de mulheres inteligentes
aos seus lados. Ridículos! Nunca me acostumei com a
ideia de que, algum dia, serei vendida para um verme
maldito.
Aos meus 18 anos de vida, a única coisa que aprendi,
foi a me comportar diante de um homem e a obedecê-lo
fielmente. Quanto a isso, já estou conformada. Prefiro ser
de um só do que de vários diferentes a cada noite, como
acontece com algumas meninas daqui.
No meu caso, a senhora Cloe, a diretora-chefe,
afeiçoou-se por mim. Tenho a sorte de ter o seu apoio.
Segundo ela, eu terei um bom casamento e, um dia, serei
feliz. Eu confesso que a madame alimentou essa
esperança em mim ao longo dos anos, por estar sempre
me dizendo o quanto tem algo grande à minha espera.
Finalmente, chego no salão de reuniões com meu
uniforme um pouco amassado. Isso deve ter acontecido na
hora que eu quase caí no chão enquanto corria até aqui.
Um dos instrutores está falando o quanto não tolera
atrasos da nossa parte, e eu preciso ficar bem quietinha
atrás de Chelsea, que me olha preocupada. Logo desvia
sua atenção para a frente, para não levar bronca. Ela é a
pessoa mais importante para mim, pois é como uma irmã.
Lembro-me da sua chegada aqui, ainda bebê. A madame
não gostava quando eu ficava perto dela, mas logo desistiu
dessa ideia absurda. Ninguém nunca irá destruir o amor
que sentimos uma pela outra; um sentimento puro, ingênuo
e um dos mais verdadeiros que existe em todo o mundo.
Percebo que a diretora mantém um olhar sério sobre
mim, por não tolerar atrasos, mas a cobrança comigo
parece maior em comparação às outras garotas. O meu
cabelo deve estar sempre bem penteado, sem nenhum fio
fora do lugar, meu uniforme impecável e meus sapatos
brilhando o tempo todo. Posso ver a face dela. A madame
é rígida, não demonstra muitos sentimentos na maior parte
do tempo e se chateia até se uma de minhas meias não
estiver igual à outra. Sem contar que ela sempre me tratou
como uma bonequinha de porcelana, como se sentisse
medo de que eu quebrasse ou algo do tipo. Na sua opinião,
minha beleza me levará a um lugar muito alto na vida.
Tudo o que sei é que todos os seus cuidados só fazem
eu me sentir muito protegida contra qualquer homem que
vive aqui. Já ouvi relatos de garotas que são abusadas por
seguranças e até mesmo por Rodolfo. Se eu continuo
intocada, devo isso a ela.
Rodolfo é o vice-diretor, um homem cruel. O seu cargo
está bem abaixo do da madame, mas, ainda sim, ele se
sente o dono desse lugar, pois está sempre impondo suas
vontades quando ela não está. Ele é frio, perigoso, alto,
com cabelos negros e uma barriga grande de tanto beber
cerveja. Todos o temem, inclusive eu, porque os olhares
que ele me lança, deixa-me preocupada. O homem não
tem escrúpulos, muito menos respeito por nenhuma de
nós. Somos suas "vadias", como o próprio repete todos os
dias.
- Nesta semana iremos receber visitas de diversos
homens. Devo instruí-las a se comportarem bem, da
maneira como foram ensinadas. Não preciso dizer que se
algo der errado ou se alguém resolver bancar a heroína, as
consequências serão as mais severas possíveis. Nenhum
homem jamais irá acreditar na palavra de vadias como
vocês, pois nenhuma tem valor moral, muito menos caráter.
- Rodolfo, sempre que pode, lembra-nos do quanto não
somos valorizadas perante à sociedade. - Não pensem
que porque algumas têm rostinhos bonitos e são intocadas,
que merecem algum tipo de compaixão! Todas não passam
de vadias.
Fecho os olhos, com raiva. Esse cara me causa
repúdio e nojo.
Chelsea me olha de lado e resmunga baixinho:
- Odeio ele!
- Eu também. - Reviro os olhos.
Eles nos passam as instruções finais e nos entregam
algumas regras digitadas em uma folha de ofício. Regras
essas que já decoramos.
Depois, Chelsea e eu vamos para o nosso quarto, que
é um ambiente decorado em cores brancas e possui alguns
desenhos nossos pregados na parede, destacados. Minha
amiga ruiva de olhos azuis adora pintar desde sempre e
consegue enxergar um mundo mágico, mesmo em meio a
toda escuridão em que vivemos.
Nós conversamos sobre o quanto odiamos Rodolfo e
todo seu jeito sarcástico. Ele é o rei do sarcasmo, sem
dúvida alguma. Um ser desprezível como esse é capaz de
fazer mal até mesmo a um bebê.
- Odeio o Rodolfo! - ela disse, jogando uma
almofada contra a porta.
- Não mais do que eu odeio. - Bufo irritada.
- Sério! Aquele homem fala como se todas nós
estivéssemos aqui porque queremos. Na real, Iza, quem
garante que fomos realmente abandonadas pelos nossos
pais? E se eles tiverem matado toda a nossa família e nos
sequestrado?
Pensando bem, isso pode ser verdade. Chelsea tem
uma imaginação muito forte, mas não parece estar
viajando tanto como nas outras vezes e pode ter razão. O
pessoal daqui é barra pesada, então não duvido de nada
vindo deles. Se isso for mesmo verdade, estamos correndo
perigo em dobro.
- Chelsea, fale baixo! Se alguém ouvir a gente falando
mal do Rodolfo, estaremos perdidas.
- Sim. Tem razão. É melhor lermos isso. - Olha para
o papel e logo demonstra sua insatisfação. - Fala sério!
Nunca revelar que somos obrigadas a ficar aqui? Qualquer
um em sã consciência consegue ver que isso é um lixo de
vida. Até parece que estamos na Disney! - Revira os
olhos.
- Fique em silêncio, menina! - falei séria, mas
morrendo de rir por dentro.
Não gosto de ser dura, mas isso é necessário às
vezes, para sua formação. Eu, como sua irmã mais velha,
devo ser severa de vez em quando, já que ela fala demais.
Neste momento, Mag entra no quarto com um
semblante preocupado. Eu dou um salto da cama,
preocupada, imaginando que ela ouviu alguma coisa da
conversa. Se não é nossa amiga, o que faz aqui? Seu
maior problema é ser mau-caráter e estar sempre disposta
a fazer o mal. Prejudicar os outros é o seu hobby. Uma vez
armou para mim e me fez ficar de castigo, por colocar um
documento da sala da madame em minha gaveta do
armário. Ela acreditou em mim, mas o Rodolfo não me
perdoou por isso.
- Preciso da ajuda de vocês.
Chelsea e eu nos olhamos, sabendo que nada de bom
poderá vir dessa garota.
- Não queremos confusão, menina. Saia daqui! - a
ruiva, como sempre, foi "educada". Mag merece isso e
muito mais.
- Por favor, preciso de ajuda! - pediu aflita.
Se esse é mais um de seus truques, ela está atuando
muito bem. Tão bem, que parece ser uma grande atriz
interpretando seu papel dramatúrgico.
- Em que podemos ajudar? - perguntei.
- Iza, não faça isso...
- Tudo bem, Che. Eu sei me proteger dela.
- Preciso que faça xixi aqui, para mim.
Olho para o potinho em sua mão.
- Para que isso?
- Eu fui selecionada para o próximo leilão e não quero
ficar de fora, mas estou com infecção urinária. Quero que
me ajude.
- Por mim, você pode se ferrar. - Chelsea deixou
bem clara a sua opinião.
- Eu faço.
Ela me entrega o potinho, animada, e eu posso ver um
certo alívio em seu rosto. Acho que está escondendo algo
muito sério, só que por meio das dúvidas, resolvo ajudá-la.
Urino dentro do recipiente e a entrego. Afinal de contas,
todas merecemos uma segunda chance. E se esse leilão
for mesmo acontecer, só de pensar na possibilidade de ela
ser escolhida e me deixar em paz de uma vez por todas,
fico contente.
- Sobre o leilão...? - perguntei com receio.
- Como eu sou a mais bonita de todas, fui avisada
antes de vocês. Não se preocupem, vadias! Não serão
escolhidas. - falou com maldade e deboche, como
sempre. - Obrigada, trouxas! - Sai do quarto, batendo a
porta com força.
- Por que você ajudou essa ingrata? Eu falei para não
fazer isso.
- Todas merecemos ser felizes, inclusive ela.
- Por mim, ela vai para o inferno. - resmungou. - É
boa demais, irmã. Não deixe as pessoas pisarem em você
assim!
(...)
Estou com minha aptidão em mãos, pois fui
selecionada para uma grande avaliação que acontecerá
amanhã à noite. Estou triste e abalada por isso, não
conseguindo acreditar que fui escolhida. Não quero ir, mas
não tenho escolha alguma e precisarei dar o meu melhor.
Já ouvi falar que essas festas com leilões atraem um
enorme público da alta sociedade nova iorquina. Somos
expostas apenas de lingeries e, em alguns casos, ficamos
até sem roupas. É uma situação humilhante.
Não posso chamar isso de vida, porque, de fato, não é.
A única coisa que me faz relaxar é ler um bom livro quando
consigo roubar algum da biblioteca da madame Cloe. Se
não temos autorização nem para ir lá, imagina para pegar
um livro para ler. "Prostitutas" como nós, temos coisas mais
importantes a fazer, segundo eles. São ridículos. Um dia,
ainda verei todos presos.
Capítulo 1 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 2 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 3 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 4 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 5 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 6 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 7 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 8 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 9 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 10 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 11 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 12 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 13 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 14 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 15 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 16 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 17 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 18 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 19 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 20 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
Capítulo 21 A jovem inocente e o milionário
15/03/2022
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