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Capítulo

A história acompanha a vida de Kayke Ávila, um adolescente de 17 anos que sofre com os efeitos da sua sexualidade na escola e na família, mas vê sua vida mudar quando conhece um excêntrico grupo de amigos em uma noite paulistana e se apaixona por Arthur Castilho, um promíscuo e bem sucedido publicitário, que foge de relacionamentos sérios e vive cercado de seus três amigos: Mathias, seu melhor amigo do ensino médio, viciado em gibis. Rogério, um escandaloso e afeminado cabeleireiro. E Edu, um advogado solteiro e viciado em pornografia. Kayke passa a integrar o grupo e vivencia de perto situações de homofobia, abuso de substâncias, sexo casual, bebidas, baladas agitadas e muito glamour ao mesmo tempo em que procura se reestruturar com a família e superar o amor não correspondido de Arthur.

Capítulo 1 Uma noite alucinante

Vestido com um jeans escuro apertado e uma regata justa, Kayke termina de secar os cabelos loiros e finaliza com um topete extremamente alto, que favorece a visão do seu rosto juvenil e ainda sem rugas. Passa o lip tint vermelho na boca da marca da influenciadora digital que tanto gosta e esfrega os lábios para que fiquem mais rosados e chamem mais atenção, mas não atenção o suficiente para que seus pais notem, afinal, isso poderia levar suspeitas de que ele não iria dormir na casa da Monica, conforme havia falado.

Colocou a carteira no bolso traseiro e passou perfume, agarrou um tablete de Trident ne enfiou no bolso dianteiro, calçando em seguida o vans preto. Estava ansioso pela descoberta da noite paulistana e sentia que esta seria diferente... como seus pais sempre foram bastante controladores, nunca havia aproveitado uma noite sozinho, e ainda mais em alguma balada gay, que tanto sonhou em frequentar. Essa era a noite! Não sabia direito em que balada entraria, mas tinha ouvido falar sobre uma rua de bares e boates bastante frequentada por homens e mulheres gays, era noite de arriscar. Pediu o UBER e desceu as escadas rapidamente, passando por seus pais que estavam sentados na sala assistindo à novela e se despedindo rapidamente, para que não desse tempo que reparassem nas suas roupas apertadas.

O banheiro da balada estava lotado de homens, e Arthur Castilho estava dividindo um box com Mathias, seu melhor amigo desde a adolescência. Arthur é o típico arquétipo que chama a atenção de homens e mulheres por onde passa. Alto, aos 29 anos, esbanja porte de atleta e peitoral definido, possui feições irônicas e um cabelo preto extremamente liso e modelado em um penteado moderno, fazendo com que fios escapem pela sua testa e lhe garanta um olhar misterioso.

- “Vai com calma, Mathias. Esse é um pouco mais forte. É puro, da boa”. Orientava Arthur ao amigo, enquanto encaixava um canudo no nariz e aspirava com força a cocaína que estava espalhada em cima da tela do celular, apoiada em suas mãos.

- “O cheiro está bom. Quem diria... nós dois ficando ‘colocadas’ na balada outra vez”. Mathias aspirou também o pó branco e os dois se olharam, trocaram um selinho rápido e se abraçaram. Arthur deu uma risada alta e abraçou o amigo:

- “Vamos... vamos sair do banheiro. Vamos pra pistar... Hoje eu quero foder”.

Eles saíram do box e notaram a fila de homens esperando para usar o box, Arthur sabia que não seriam julgados por estarem juntos, pois todos os outros homens provavelmente estavam esperando para fazerem a mesma coisa que ele. Sentiu o efeito da droga sendo absorvida e foi tomado pela eletricidade do efeito, lavou as mãos rapidamente e jogou água no rosto, voltando em seguida para a pista.

- “Que demoraaaaaaaaaaaaaaa, gloriosas! Já foram se colocar, bichas?! Espero que tenha sobrado pra mim”. Este é Rogério, magro e extremamente vaidoso e arrumado, faz sucesso e chama atenção por onde passa devido seu humor extravagante e inteligente, os trejeitos afeminados fazem com que ande rápido e seja delicado, ao mesmo tempo que performa com excessos de gestos e caras engraçadas, que às vezes lembram algumas caretas. “Arthur, Arthur... você está chegando aos 30 anos, honey. Logo mais não poderá ficar louca nas baladas dessa forma. Olha seus olhinhos: BRI-LHAN-DO!

- “Com 30 anos ainda vou foder mais rabo que você, com essa voz esganiçada”. Arthur não gostava que falassem sobre sua idade, sendo ele o segundo amigo mais velho do grupo, antecedendo apenas Edu, o advogado que havia recém completado 36 anos.

- “Não fica nervosa, honey! Ainda temos o Eduardo, que vai morrer antes de você”. Os três gargalharam alto enquanto Edu se aproxima, segurando uma taça extremamente grande de gin. Edu é um homem mais sério, com feições tímidas e as entradas avançadas da sua cabeça denunciam sua idade, sempre demonstra preocupação com seu futuro e não enxerga muitas possibilidades de ainda encontrar alguém, ou um amor para dividir a vida... e a cama.

- “Do que estão rindo? Nossa... acabei de ver um menino delicioso na pista de dança, Vocês não vão comprar bebida? Vamos para a pista!”

A atenção de Arthur já estava voltada a um outro garoto que o reparava, parecia ser mais novo que ele e os cabelos ruivos chamavam atenção conforme a iluminação dos globos de luz passeavam pelo seu rosto. Trocaram sorrisos:

- “Bom, meninas... melhor vocês irem para pista. Acho que encontrei alguém pra me divertir”. E se afastou do grupo de amigos, indo de encontro ao ruivo e pegando diretamente em sua mão, arrastando-o para o dark room da balada, um espaço escuro e reservado que era usado pelos casais para praticarem sexo sem ser interrompidos.

O UBER encostou e Kayke desceu, guardando o celular no bolso e olhando para as baladas em volta, demonstrando certo deslumbre pelas luzes das fachadas da balada e a quantidade de pessoas que andavam pelas calçadas, em seus mais variados tipos: travestis, casais de lésbicas, casais de homens gays, drag queens e até mesmo alguns casais heteros aguardavam nas imensas filas. Parecia um pouco perdido, mas sentiu que havia se encontrado: aquele lugar alternativo e iluminado era o que queria para sua vida, aquela parecia ser a sua vida. Encostou no poste e um homem mais velho se aproximou:

- “Perdido na noite, garoto?”

- “Na verdade... estou decidindo para onde ir. Não conheço muito essa região, mas estou em busca de curtir.”

- “Bom, se quiser drogas, você pode ir para o ‘The Hoods’. Pra encontrar homens mais velhos, o ‘Bottons’. Se gostar de couro e queira curtir alguns fetiches, o ‘DomXxX”, e se quiser tudo isso e mais um pouco, a ‘Vogue’ é a melhor opção. ‘Vogue’, sabe? Madonna... essas coisas da época que você não tinha nascido”.

- “Entendi... bom, é minha primeira noite aqui. Não sei...”

- “Você parece um bebê, o melhor lugar pra você seria a Disneylândia. Acha mesmo que vai entrar em alguma dessas boates? A fiscalização aqui está cada vez mais pesada. Se não procuram por drogas, procuram por lugares que deixam menos entrarem. Mas tem um lugar que você entraria com facilidade, e curtiria bastante a sua noite”.

- “Onde?”. Kayke, que havia se desapontado anteriormente, abriu um largo sorriso.

- “Minha casa. É aqui na rua de trás... posso trocar sua fralda!”

- “Eu acho que consigo fazer isso sozinho, mas obrigado pelas dicas”.

Mathias já estava alcoolizado e sentindo os efeitos da droga, olhou no relógio e viu que havia se passado muito tempo, olhou para os amigos e também notou que já apresentavam sinais de exaustão.

- “Acho que está na hora de irmos embora... Cadê o Arthur?”, perguntou.

- “Deve estar na quarta gozada. Eu já estou des-tru-í-da. Vamos para casa, pelo amor de Deus.”, respondeu Rogério, já não conseguindo dançar com o mesmo ânimo.

- “Eu vou atrás do Arthur, vou até o dark room.”

- “Cuidado para não se perder por lá, Mat Mat...”, Eduardo soluçava por conta da bebida.

Mathias andou se desvencilhando dos outros garotos que dançavam e bebiam e caminhou até o dark room da balada, um quarto pouco iluminado que cheirava à sexo. Tomou cuidado para não esbarrar em nenhum casal que estava transando, mas logo avistou Arthur encostado na parede, com um homem de joelhos na sua frente.

- “Precisamos ir embora...”, Mathias olhou para baixo e notou que tratava-se de um rapaz negro musculoso, que parecia querer sugar toda a alma de Arthur através de sua rola. “Arthur... você não estava com um rapaz ruivo?”

- “Estava... há três horas atrás. Já atualizei o cardápio, e agora estou na sobremesa”.

- “Vamos embora! Essa noite já deu, estamos cansados”.

Arthur deu um selinho na boca de Mathias e agarrou o rapaz pelo cabelo, puxando para trás e dando um sorriso sacana: “Você tem mais três minutos, aproveite”. Olhou novamente para Mathias e deu dois tapinhas leve no rosto: “Nós já vamos”.

- “ARTHUR! Se você não for agora, vamos pedir um UBER. Rogério precisa trabalhar cedo, não vamos esperar!”

- “Vá pagando a conta, eu sigo vocês”. Arthur entregou a comanda para que o amigo acertasse o que gastaram, e o empurrou para longe.

Os 04 amigos saíram da balada visivelmente alcoolizados e falando alto, Eduardo gargalhava:

- “Quantas vezes você gozou hoje, Arthur? Cinco?”

- “Quatro vezes, e gozei tão gostoso em todas que consigo ficar sem transar até amanhã.”

Todos gargalhavam e Arthur procurava a comanda do estacionamento no bolso, ainda com os reflexos lentos, deixou o papel cair no chão e se agachou, no mesmo instante em que foi derrubado na calçada por um garoto que corria na calçada, parecendo assustado.

- “Mas que porra... você está louco, filho da puta?”

O menino parou:

- “Me desculpa... É que eu quase fui assaltado ali pra cima, e precisei sair correndo. Olha, rasgaram minha camiseta”. Agora o menino parecia estar chorando e Mathias o segurou:

- “Calma... esse horário é perigoso para sair andando sozinho mesmo. Você está machucado?”, enquanto Mathias conversava com o menino, Eduardo ajudava Arthur a se levantar.

- “Não... eu consegui correr, acho que deixei cair minha carteira em algum lugar, mas meu celular está aqui”.

Arthur ajeitou a camisa e olhou para o menino, de imediato reparou os olhos claros e os cabelos loiros com o topete já desmanchado por conta do suor, além do seu peito ofegante devido à recente fuga. O garoto também o olhou, e começou a se acalmar enquanto abria um leve sorriso.

- “Olha... calma, garoto. Você é muito novo pra ficar andando por aí sozinho. Qual é o seu nome?”

- “Eu sou o Kayke... me desculpa de verdade, eu não sabia pra onde correr.”

- “Não se preocupa com isso, que bom que esbarrou em mim. Se fosse outra pessoa, poderia não ser tão bonzinho como eu. Imagina... A propósito, me chamo Arthur. Vem, eu te levo para casa”. Ele agarrou a mão de Kayke e entrelaçou os dedos, levando em seguida um soco leve de Mathias:

- “Arthur... ele é uma criança”.

Arthur riu:

- “Exatamente por isso... vai ser muito perigoso que ele fique a noite inteira pela rua.” Ele olhou para Kayke. “Eu moro aqui perto, na Paulista. Quer ir comigo até você se acalmar, e depois te levo em casa?”

Kayke sentiu a mão de Arthur e apertou, sentindo seu coração disparar mais rápido:

- “Bom... essa hora não vou conseguir voltar pra casa. Podemos ir”

Mathias deu outro soco em Arthur:

- “ARTHUR!”

Arthur o olhou de rabo de olho, passando o olho pelos três amigos e dobrando o papel do estacionamento:

- “Bem... vocês podem pedir um UBER. Eu vou com o Kayke para casa. Até amanhã!”, e puxando Kayke, foi em direção ao estacionamento.

Os três amigos se olharam, não tão perplexos, pois já estavam acostumados com isso. Rogério rodopiou e, cantarolando, previu:

- “Parece que nosso garoto Arthur vai gozar pela quinta vez essa noite, queridas. E nós, vamos pegar o uber e bater punheta em casa”.

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