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PAGANDO PARA AMAR

PAGANDO PARA AMAR

RENATA PANTOZO

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65
Capítulo

LIVRO 1 Fernanda só queria viver sua vida de forma livre, mas seu pai queria podar suas asas. Para assumir os negócios da família, ele impôs uma condição. Agora ela precisa cumprir a condição, se quiser finalmente ter o maior cargo da empresa.

Capítulo 1 -1

NARRAÇÃO FERNANDA

A porta da sala se abre e minha secretaria entra nervosa.

- O que foi, Suelen?

- Seu pai pediu para que fosse até a sala dele.

- Avisa que assim que eu terminar de analisar algumas planilhas, vou pra sala dele.

Volto a encarar a planilha na tela do computador.

- Srta. Hernandes!

Sua voz é mais firme. Olho pra Suelen, que fica ainda mais nervosa.

- Me desculpa, mas ele exigiu que fosse agora.

Respiro fundo para não soltar um belo palavrão. Quando ele exige assim é porque vem um belo sermão daqueles. Solto minha caneta sobre a mesa e me levanto da cadeira.

- Vamos para mais um surto do Sr. Hernandes, sobre algo que fiz e ele não gostou.

Ando até a porta, passando por minha secretária.

- Cancele a reunião com o pessoal do marketing.

Dependendo de como eu sair daquela sala, não vou ter cabeça para atura-los.

- Certo!

Saio pela porta e sigo para o elevador. Graças a Deus estamos em andares diferentes. Se fosse no mesmo andar, teria invadido minha sala apontando seu dedo julgador pra mim. Assim que o elevador para no meu andar, entro nele. Tem alguns funcionários que me olham e rapidamente desviam o olhar. Aperto o botão do andar do meu pai e escuto todos respirarem fundo. Tenho vontade de rir. Todos sabem que quando vou para a sala dele, é briga na certa. Os funcionários vão descendo em seus andares e fico sozinha no elevador. Finalmente chego ao meu destino e as portas se abrem. Saio do elevador e dou de cara com Luana, secretária do meu pai.

- Ele esta o cão, se prepara para uma guerra.

- É sempre uma guerra nossos encontros.

Reviro os olhos e sigo para a sala dele. Da porta já posso ouvir seus surtos. Seguro a maçaneta e respiro fundo. Abro a porta e o vejo falar ao telefone.

- Processa essa revista de merda.

Passa a mão pelos cabelos.

- Não me interessa como, apenas faça.

Praticamente joga o telefone na base e se vira para a porta. Me olha com fúria e entro na sala, fechando a porta em seguida.

- Senta!

Ordena muito puto. Caminho como um prisioneiro indo para sua morte por enforcamento, devido a um crime muito pesado. Pior é que não faço ideia do crime que cometi dessa vez. Me sento na cadeira e espero o sermão. Meu pai se senta na dele e já começa.

- Estou cansado de limpar suas merdas.

Pega uma revista de cima de sua mesa e joga na minha frente.

- Olha só... sou capa de uma revista de novo.

É da festa que fui ontem. A foto foi feita no momento que cheguei. Olho para o meu pai que esta com a sobrancelha erguida.

- Isso não é engraçado.

- Qual é pai? Vai brigar comigo por causa disso de novo?

- Leia a matéria.

- Herdeira Hernandes sai de festa, completamente bêbada.

Leio e não tem como não rir.

- Faltava muito pra ficar bêbada ontem, ainda estava normal.

Olho pra ele que agora estreita os olhos para mim.

- Leia a matéria.

Abro a revista e vou para a parte que fala de mim.

- Nossa... essas fotos ficaram horríveis.

- E queria que ficassem lindas como? Você esta com o vestido rasgado e descalça.

- Meu vestido rasgou por culpa da Lívia e meu salto estava me machucando. Não dava mais para suporta-los.

- Você não tem noção de como uma merda dessa repercute na nossa empresa, né?

- Só fui em uma festa, me divertir e tive meu vestido rasgado. Saí de lá segurando meus sapatos caros, que arrebentaram meus pés. Isso vai repercutir como na empresa? Graças a Deus não fabricamos os sapatos de merda que usava.

- Você esta sendo vista como a herdeira sem juízo e que provavelmente sofre de alcoolismo.

Olho para a revista e leio a matéria.

- Que absurdo! Eu não sou alcoólatra!

Digo muito puta.

- Agora tenho que viver uma vida infeliz e sem me divertir, porque caso contrário sou vista como alcoólatra ou sem juízo?

Meu pai se levanta de sua cadeira e anda até a janela.

- Fernanda, você é minha única filha, minha única herdeira.

Diz observando a linda vista que temos de Santos.

- Isso tudo aqui vai ser seu.

Volta os olhos para mim.

- Sabe que desejo me aposentar em breve e deixar tudo em suas mãos.

- Vou cuidar da nossa empresa bem, papai.

- Como posso acreditar nisso se você faz essas coisas?

- Posso cuidar da empresa e ainda sim me divertir.

- Não! Você não pode.

Cruza os braços, ainda mantendo seu olhar em mim.

- Assim como esta vivendo, não confio em deixar minha empresa em suas mãos.

- Mas eu me dedico a isso aqui! Te mostrei que sou capaz.

- Filha, ser presidente de uma empresa vai além do serviço interno. Você precisa de reputação e mostrar que é uma pessoa com princípios e correta. Viver em festas não vai fazer nossos clientes e parceiros confiar em você.

Respiro fundo.

- O que quer que eu faça?

- Precisa mudar sua vida. Esta na hora de encontrar alguém e formar a sua família.

- Não seja retrógrado, papai. Uma mulher não precisa se casar para mostrar a sociedade que é correta.

- Mas eu quero.

Se aproxima de mim.

- Essa é minha condição para entregar a empresa em suas mãos.

- Isso é um absurdo!

- Não é não. Isso é desespero de um pai que quer colocar sua filha nos eixos.

- Não vou me casar só pra assumir algo que já é meu por direito.

Me levanto da cadeira, muito irada.

- Então espere a minha morte para assumir o meu lugar.

- Eu não quero pensar nisso.

Não me imagino sem meu pai. Apesar de nossas brigas na empresa, nos amamos demais como pai e filha.

- Fernanda...

Diz meu nome em um suspiro, vem até mim e segura minhas mãos.

- Quero me aposentar para poder curtir sua mãe e os anos que ainda tenho de vida.

Sobe a mão para o meu rosto.

- Quero fazer isso, sabendo que esta seguindo um caminho certo e não o errado.

Abaixo minha cabeça.

- Infelizmente essa é minha condição para te deixar isso tudo.

- Isso é injusto.

- Injusto é eu ter que ver como pai, minha filha ser rotulada como alcoólatra.

Ergue meu rosto, me fazendo encara-lo.

- Só quero o seu bem!

Me mantenho calada e ele beija a minha testa.

- Agora vai terminar suas planilhas.

Se afasta e sigo de volta para a minha sala, completamente revoltada e indignada.

************************************

Termino de passar o meu batom vermelho e me olho no espelho do carro. Já que é pra me despedir da vida maravilhosa que eu levava, nada como um vestido preto de luto e uma comemoração em um clube das mulheres. Vai ser a minha despedida de solteira, sem noivo. Uma solteira em busca de um noivo. Vai ser difícil achar alguém com quem eu queira dividir a vida.

- Você esta linda.

Minha companheira de festas, melhor amiga e prima, diz sorrindo.

- Vamos curtir muito essa noite, Lívia.

Olho para fora do carro e vejo os fotógrafos prontos para me atacar com fotos.

- Vamos dar carne aos abutres.

Abro a porta do carro e desço dele.

- Fernanda!

Eles começam a me gritar e vou sorrindo. Lívia pega a minha mão e vem me arrastando para dentro do clube. Passamos pelas portas e a música sexy já ecoa em meus ouvidos. Algumas mulheres já estão na beira do palco, alisando um homem que usa apenas sunga vermelha.

- Olha que delícia.

Lívia sussurra em meu ouvido, vendo o dançarino loiro.

- Não faz meu tipo.

Digo dando de ombro. Então um garçom passa por mim com um pequeno sorriso nos lábios e um olhar penetrante.

- Esse faz!

Sussurro o seguindo com os olhos.

- Vamos nos sentar.

Ela me arrasta para um mesa perto do palco. Fica babando, vendo o loiro sendo alisado pelas mulheres.

- Oi!

Uma voz grossa surge em meu ouvido. Viro o rosto e vejo o garçom gato.

- Oi!

- Sou Bernardo, o garçom de vocês. Vão querer alguma coisa?

Se curva apoiando as mãos na mesa e me olhando mais intensamente.

- Sim...

Sussurro sexy e ele sorri.

- Pede que eu faço.

- Faz tudo que eu pedir?

Aproxima mais seu rosto do meu.

- Depende...

Sua voz rouca, arrepia meu corpo todo.

- Se estiver dentro das coisas que posso fazer aqui no meu trabalho, na frente de todos. Se for algo inapropriado, teremos que marcar fora daqui.

Ele é safado e lindo. Olhos castanhos claro, cabelo preto em um corte estilo militar e uma barba rala, que deve fazer um estrago na pele do meu corpo. É alto, forte, uma bela boca que deve chupar muito bem. Pele branca, mas bronzeadinho.

- Eu quero uma cerveja.

Lívia pede, quebrando o nosso jogo de sedução e volta a olhar para o palco.

- Uma cerveja.

Diz, como se tivesse mostrando que ouviu o pedido dela.

- E você?

- Quero um marido, embrulhado para presente.

Começo a rir do que eu disse.

- Sério? Vem encontrar um marido aqui?

- Pois é! Mas na verdade poderia ser um de mentira. Nem precisava ser por amor o casamento e tudo mais. E nem ser eterno.

- Quer alugar um marido? Paga bem?

Olho para ele.

- Existe um lugar que se aluga maridos?

Seu rosto se aproxima tanto do meu que seus lábios quase me beijam.

- Se o valor for legal, aceito ser seu marido de aluguel. Seria um enorme prazer.

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