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Jogo entre mafiosos

Jogo entre mafiosos

Danny veloso

5.0
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Leituras
101
Capítulo

Um dom que precisa de um herdeiro. Uma mulher determinada que não precisa de ninguém. Irmãos e muita disputa por poder. Os Mitolli sempre foram cercados de polemicas e inimigos. Agora, Lorenzo está correndo atras de uma esposa, quando um demonio do passado volta para assombrar a sua familia. Dark é uma mulher selvagem e nunca se renderia ao mafioso. Dante por sua vez, era um homem frio e comandava tudo, o bastardo que todos odiavam, mas era ele quem resolveria essa nova batalha, em meio ao seu proprio conflito, amar a filha de um traidor e manipula-la para ser sua esposa.

Capítulo 1 A ORIGEM

DARK

Minha vida nunca foi a melhor do mundo, mas sempre dei um jeito de ajeitar as coisas. Era uma merda ser mulher na minha antiga casa, isso machucava a mim, minha irmã e mãe.

Não sei se Deus estava me punindo por algum erro na vida passada. Fui uma menina de fé, apesar de tudo, mas quanto mais rezava, mais ira causava ao demônio que me aprisionava no escuro.

Quando criança, sonhava em ser medica, ajudar as pessoas e ser uma boa mãe. Claro, isso foi antes de descobri que sonhos são para os fracos ou os que têm mais sorte, pois no meu mundo, os sonhos eram pesadelos.

Depois de perder tudo, trabalho e o pouco de dinheiro que tinha, meu pai, ou progenitor, se transformou em Satanás em sua personificação. Se sucumbiu ao álcool, gastou o pouco que minha mãe ganhava com bebida, e transformou nossa casa em uma câmara de tortura.

Dizem que os pais são os heróis das crianças, o meu, era o vilão e eu tive que ser forte, ou criar algo forte para nos livrar dele.

Nos meus dez anos fui diagnosticada com TDI, transtorno dissociativo de identidade. Um dia era a Roseli, uma menina chorosa e fraca que rezava para Deus, clamando por uma ajuda divina, e no outro, era a Rose, uma garota dissimulada, que usava sua inteligência para manipular todos, inclusive aquele que tanto a machucava.

Foi uma alternativa para fugir da realidade. Enquanto minha mãe e irmã sofriam na gaiola que ele criou, Rose andava livre pela casa, o ajudando como podia, mas não por ama-lo ou por aceitar a sua nova vida, mas esperando o momento certo para atacar.

Sim, desde criança sou uma assassina, esperei muito por algo bom e glorioso, onde me salvaria e apagaria todo o mal, mas o que obtive foi uma alternativa vinda do próprio diabo. Muito antes de tudo isso acontecer, eu adorava documentários de crimes e muito mais.

Isso era demais para uma criança, mas quando se era pobre e essa era única alternativa de assistir algo, não tinha como mudar a rotina, pois era a programação que meu progenitor gostava de assistir.

O que ele não sabia era que me mostra desde cedo imagens e vídeos explicando como se torturava ou matava uma pessoa seria um perigo para ele mesmo.

O demônio que crescia dentro de mim apenas observava, ansiava pela hora de saber mais e mais só para usar esse conhecimento contra aquele que a machucava.

Viver era uma tortura, ser abusada por um nojento como ele era punição demais para alguém com tão pouca idade. E aos poucos ele foi apagando da história a menina boa e doce que nasceu no corpo que ele usava.

Talvez o pior não fosse fingir que o amava, mas esperar. Quando Rose estava no comando não existiam sentimentos bons, só ódio. Esse rancor foi usado no dia em que finalmente alguém ligou para a polícia e eles resolveram verificar como os Mendes viviam naquela pequena casa imunda.

Até hoje eu não sabia quem fez a ligação, mas me deu a oportunidade de usar isso a meu favor. O homem ficou histérico por conta do álcool, não conseguia pensar direito, porém, eu conseguia.

Quanto mais perto a polícia estava de nós, mais se aproximava da hora em que eu o mataria, e assim que minha voz pode ser audível, eu gritei, mas não para tentar fugir ou realmente pedir socorro, isso era parte do plano que bolei naquele momento.

A faca que ele usava para ameaçar minha mãe, estava em cima da mesa. Era linda e reluzente, conseguia me ver refletida nela e foi uma alegria poder mancha-las com o sangue daquele homem.

Ele resistiria e já estava esperando por isso. Apesar de ser forte, não aguentava dor. Como era pequena e ele não estava esperando por isso, então foi fácil dar os primeiros golpes no peito e na barriga. Ele tentou de defender e me fazer parar, isso deixou a minha pele marcada, mas era uma boa justificativa.

A melhor parte de tudo isso foi olhar em seus olhos de pavor e senti a sua dor, a decepção e consequência de tudo. Ele iria para o inferna, e claro que nos encontraríamos em um futuro, mas esperava que não tão cedo.

Em um momento o homem caiu sobre mim, mas nem isso me fez parar. A sensação era boa, como se tivesse provando um doce suculento ou chegado ao orgasmo, e eu não perderia o momento, mesmo que eu soubesse que não tinha volta.

Antes que os homens de farda arrombassem a porta para entrar, eu o afastei soltando finalmente a faca. Meu corpo estava coberto por sangue, como se tivesse saído de uma banheira repleta de fluido e o gosto até me atraiu um pouco.

Quando olharam para a menina amedrontada, chorando no chão, coberta de sangue, os homens se chocaram. Era obvio que pensaria em legítima defesa, assim que fosse limpa, veriam as marcas que ele gostava de deixar na minha pele.

Uma entre muitos policiais, era mulher. Ainda em lagrimas eu tentei contar como tudo aconteceu, disse onde estava a minha mãe e irmã e no fim, fomos levadas para o hospital.

Depois daquele dia, passei a ser consultada com um especialista e o pior era ter que fingir que eu não fiz tudo aquilo de caso pensando. Tinha que admitir, Gregori era um ótimo psiquiatra e era especialista no transtorno de identidade. Ele seria um problema, se eu não fosse tão boa em mentir.

O mais impressionante foi que o velho se tornou meu professor quando me formei na faculdade e quis me especializar na sua área. Nos tornamos amigos e antes de encontrar Lorenzo Mitolli, o velho era o meu psiquiatra.

Eu estava livre dela por quase vinte anos, mas nada do que vivi durante todo esse tempo a apagou da minha cabeça. Roseli era fraca, a menina chorosa, e a personalidade que mais odiava.

Eu sabia que no momento em que ela voltasse, a minha vida mudaria, e me traria problemas. Passei os últimos tempos punindo homens como o meu progenitor, frios, cruéis e pecadores. Eles mereciam o fim que os dei, mas a lei, a mesma que demorou em me salvar, pensava de outro jeito.

Para eles, esses traficantes, assassinos, pedófilos e tudo o que a de ruim no mundo, tinham que ser presos, a leis os puniria, mas isso era uma bela mentira e propagando enganosa.

Não adiantava prende-los por um tempo e os colocar na sociedade novamente, como se tivessem sido convertidos ou reiniciados, como computadores.

Eu tinha que ajudar aqueles que precisavam, como eu precisei. Talvez fosse esse o meu destino, no fim das contas, porém, um homem dentre todos eles eu não consegui matar, e o mais interessante foi que a sua chegada veio em boa hora. Eu estava péssima, iria ser pega e até aceitei esse fim, até o momento em que ele me propôs algo diferente. Mas antes, eu tinha que me concertar, pois estava em completo surto por conta das várias personalidades dentro de mim.

Como psiquiatra eu sabia que transtorno dissociativo de personalidade devia ser tratado com mais que terapia, anos de remédios e conversas intermináveis poderiam me aniquilar e dar a vida da Roseli de volta.

Eu era a dona do corpo, eu deveria viver e ela morrer, porém, o que ela não fez a anos estava se voltando a mim agora. A menina não desistiria e eu também não desistiria, por isso tivemos que chegar um mutuo acordo.

Caso ela voltasse sem mim, seria presa por todos os crimes, ou pior, ficaria em uma clínica psiquiátrica pelo resto da vida, e como eu sabia o que isso significava, ela também sabia.

Não posso dizer que sou a mais forte e nem a mais fraca, pois o acordo era que as duas coexistissem e isso nunca tinha sido possível, mas uma nova personalidade unindo o útil ao agradável sim.

Pessoas como eu são propiciais a isso. Sempre que querem fugir de uma dor elas criam algo forte o bastante para se proteger. Dark não era só a Roseli ou Rose, ela unia a assassina cruel e impiedosa com a amorosa e frágil, dando a mim uma personalidade que usa o emocional e a lógica.

Se isso não tivesse acontecido, Lorenzo estaria morto hoje. Com certeza ele é o tipo de homem que não deve viver por muito tempo. Um assassino, bandido e traficante que tem um charme ainda surpreendente para mim.

Claro, não sou tão idiota, eu sei dos riscos e estou indo contra a minha moral assassina, mas algo nele me instiga a querer saber mais e testar a sua capacidade.

Quando me fez a proposta de vir com ele, eu pensei em recusar no estilo Rose, no entanto, a polícia estava traz de mim, eles tinham provas e Lorenzo era a minha passagem para outra vida.

Aquela parte idiota e sensível estava triste e amedrontada. Estávamos deixando para trás a família e mesmo que a razão odiasse sentimentalismo ou amor, ainda restava aquela parte em que sentiria falta do carinho que minha mãe tinha por nós.

Esse foi o único amor que conheci. Era pouco comparado com a dor que carrego a anos, mas ainda era algo que me confortava.

Vê-las seguir a vida, como se o passado tivesse sido apagado, era difícil, pois para mim eu ainda estava no inferno.

Sabia que nunca sentiria o que elas sentem. Nunca seria amada como uma mulher comum. Afinal, quem amaria alguém que se recusa a sentir, como se fosse uma punição por tudo o que fiz?

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