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NOAH BENSON
Simon chegou na escola nova numa terça-feira de sol calado. Ainda no fundamental, com a mochila maior que ele e os olhos perdidos entre corredores desconhecidos. Noah o viu de longe, sentado sozinho no banco perto da quadra, desenhando no caderno enquanto o recreio acontecia em volta dele como um ruído abafado. Havia algo em Simon que não tentava agradar, e isso intrigou Noah mais do que qualquer coisa.
-Legal esse dragão - foi a primeira coisa que disse. Simon olhou surpreso, depois sorriu.
-É um basilisco - Foi assim. Uma frase, um sorriso, e a amizade nasceu sem cerimônia - como nascem as amizades que duram.
Os anos passaram com videogames, desenhos compartilhados, tardes na casa da avó de Noah e uma cumplicidade silenciosa. Eles sabiam o que o outro estava sentindo mesmo sem falar. Mas o ensino médio trouxe mudanças: novos corpos, novos medos, novas verdades difíceis de esconder.
Simon começou a evitar certas atividades - educação física, por exemplo. Usava moletons largos, mesmo no calor. Noah percebeu, mas respeitou o silêncio do amigo. Até aquela noite em que foram dormir na casa de Noah, e Simon teve febre. Estava envergonhado, com o rosto úmido de dor e vergonha.
Noah
- Simon, você está bem? - Pergunto, minha voz carregada de preocupação.
- Vai dormir, Noah. Eu estou bem... uhmmm.
Seu tom soa arrastado, e uma expressão de desconforto cruza seu rosto.
Franzo a testa, inquieto. - Cara, por que está gemendo? Está sentindo dor? Você está suando pra caramba.
Movo-me rapidamente e coloco a mão em sua testa. O calor intenso me faz recuar ligeiramente.
- Simon, você não está bem porra nenhuma. Você está ardendo em febre! Vou ter que chamar a mamãe...
Dou um passo para trás, decidido a buscar ajuda, mas antes que eu possa me afastar, sinto sua mão agarrar firmemente meu braço, impedindo-me de levantar-se.
Seus olhos estão semicerrados, e sua respiração irregular. - Não, Noah... eu... eu vou ficar bem. Assim que amanhecer, eu vou pra casa e resolvo isso... uhmmm.
Seus dedos apertam meu braço por um instante antes de afrouxarem, como se toda sua força estivesse se esvaindo.
- Cara, deixa eu chamar minha mãe, ela pode ajudar. Sei lá, te dar um remédio, fazer alguma coisa. - Minha voz carrega preocupação enquanto observo seu rosto suado e tenso.
Simon balança a cabeça lentamente, seu olhar perdido no teto. - Não... uhmm... ela não poderá fazer nada. Eu já estou acostumado. Vai dormir, eu aguento até de manhã...
Passo uma mão pelos cabelos, frustrado. - Eu não vou conseguir dormir com você assim, Simon... deixa eu te ajudar. Me diz o que você tem.
Ele desvia o olhar, cerrando os lábios por um instante. - Você não vai entender... me deixa quieto.
Minha inquietação aumenta. Hesito por um instante e, então, estendo a mão, pousando-a sobre seu peito, na região do tórax, tentando entender se há algum ferimento.
Assim que meus dedos tocam sua pele, ele solta um gemido alto e seu corpo enrijece.
Minha expressão se contorce em preocupação imediata. - O que você tem aí, cara? Tem algum machucado? Levou alguma pancada?
- Para de fazer perguntas, Noah. Vai dormir e me deixa quieto. - Sua voz soa tensa, irritada, mas há um peso nela que me faz hesitar.
Meu peito aperta. - Me deixa ver, Simon. Me deixa te ajudar. Você está me deixando nervoso.
Ele vira o rosto para o lado, evitando meu olhar. Seus ombros tremem ligeiramente.
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