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O silêncio santo -

O silêncio santo -

Advanjat

5.0
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359
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5
Capítulo

Penélope sempre viveu em meio a solidão, órfã de mãe e abandonada pelo seu pai, passou toda sua vida confinada a um internato, até Ezra D'Artagnan aparecer, um homem misterioso e cruel, reivindicando-a como sua protegida. Entre profundos segredos a beira de transbordar, seus olhos são como a linha do pecado, perigosos, porém diabolicamente atraentes, será que Penélope resistirá?

Capítulo 1 Prólogo

O vento carrega consigo uma temperatura morna, fazendo os meus cabelos esvoaçarem. A paisagem se vangloria em tons de laranja, amarelo e vermelho, tornando a época extremamente agradável aos olhos de qualquer um.

Memórias distantes fazem-me afirmar sempre que o outono é minha estação preferida de todo ano, nem sequer a primavera e nem mesmo o inverno tem a mesma beleza e embevecimento que o outono possui.

Com isso, doces lembranças tomam a minha mente em nostalgias leves, que, de certa forma, fazem-me sorrir.

O que é extremamente inapropriado nesse momento.

Portanto, suspiro e fecho a janela de vidro, notando que algumas folhas húmidas entraram no cómodo quente.

Sento no zabuton, e o álbum de fotos aberto descansa na mesa de centro como se fosse apenas um objeto, se é que ele não passasse apenas disso — ou pelo menos deveria.

Passo os dedos delicadamente sobre as fotos, e embora eu me arrependa amargamente, eu não posso evitar o sentimento de solidão se manifestar no meu coração.

Embora, que o tal sentimento não seja nenhuma novidade para mim, e mesmo se passando seis anos, eu imaginava que já o havia ultrapassado.

Fecho os olhos e duramente o álbum de fotos também.

Eu sou mesmo uma estúpida.

Toques são dados na porta branca e em seguida aberta pela Sra. Colleen.

Os seus cabelos estão presos num coque formal e o seu corpo veste um terno com saia de uma cor cinza opaca — como sempre.

A sua afeição está relaxada, mas a postura rígida como sempre evidencia a sua autoridade e elegância.

— Srta. Penélope, imaginei que estivesse a dormir — fecha a porta e caminha até ao vão, olhando a paisagem oferecida pelo bom posicionamento da janela do meu quarto. — Por que não veio ao meu gabinete quando ouviu a minha convocação?

— Perdão, Sra. Colleen, eu não estava em condições de sair do quarto — respondi, olhando na parede monótona cor bege.

Mas o olhar da diretora corre em direção ao buquê de Higanbana jogadas no lixo e se aproxima de modo a tocar nas pétalas vermelhas.

Apesar de ser uma bela flor, embora venenosa, considerada símbolo do equinócio do outono no Japão, é tradicionalmente associado com a morte na sociedade japonesa, acho que os funcionários da I.T.I sentem tantas condolências pelo meu luto, que não puderam ignorar isso, mesmo eu estando a ser egoísta pelo ato tão nobre, não sou suficientemente forte para suportar isso.

As flores só me fazem recordar que já nem pai sequer possuo, ou seja, estou agora por minha conta.

Mas, no fundo, não estive sempre?

— Entendo — ela disse de repente, me fazendo prestar atenção novamente nela enquanto a mulher se endireita e encara-me de forma breve antes de caminhar em direção à saída. — Prepara-te, o seu atual tutor está prestes a chegar, venho buscar-lhe em alguns minutos — e parte por fim do meu espaço particular.

~

Espero alguns segundos antes de levantar do zabuton e fazer questão de fazer as minhas malas e em seguida preparar-me.

As flores permanecem onde as deixei e o álbum também, eu não tenho intenção nenhuma de os carregar comigo.

Além disso, eu tenho as minhas próprias dúvidas com a pessoa que ficou com o fardo de ser meu responsável legal, já que o meu pai não era conhecido por ter grandes amigos, ou amigos sequer.

Visto uma camisa branca e calças de ganga pretas, coloco por cima um sobretudo bege simples que chega até a metade do meu joelho e coturnos pretos.

Penteio calmante os meus cabelos e logo a diretora entra novamente no meu espaço particular com um homem de terno preto, cujo é um dos funcionários da instituição.

Logo ele pega as duas malas pretas que estavam encostadas do lado direito da porta e sai rumo ao corredor enquanto a Sra. Colleen fica parada esperando por mim.

Levanto da cadeira e deixo a escova por cima da penteadeira, caminho até si com as mãos à frente do corpo, antes da mulher fechar a porta do cómodo pela última vez, despeço-me mentalmente dele.

Eu nunca escolhi ou pretendi afeiçoar-me ao cómodo, mas ainda assim, foi estranhamente o meu lar, o único sítio onde eu tinha conforto, afinal aquelas foram as únicas testemunhas das minhas insónias e prantos.

Respiro fundo e sigo por trás da mulher fria até chegar a saída do internato.

A brisa morna fez alguns fios rebeldes cobrirem o meu rosto e observei atentamente a única limusina presidencial preta no vasto campo de estacionamento enquanto ajeitava o meu cabelo.

Demorou alguns segundos até sair de lá, alguém, no caso, o motorista, sendo um homem alto e velho, atravessou até chegar a porta de trás, abrindo assim para o seu senhor.

Do carro surgiu um homem alto, muito mais alto que eu, a diferença de altura é gritante e é impossível não intimidar nenhum que fique ao seu lado.

O seu corpo é escondido por um terno formal preto acompanhando por belos sapatos envernizados da mesma cor, o seu relógio reluzia e é percetível que se trata de um homem poderoso. O ser possui curtos cabelos pretos que harmonizam com a sua pele de tom orvalhada; o seu corpo é musculoso com ombros largos, a mandíbula é quadrada e entre os seus dentes prende um charuto.

A sua expressão é fechada e posso ver a cor oliva dos seus olhos cintilando na minha direção, me analisando.

O seu belo terno preto possui algo que me chamou bastante atenção desde o momento que consegui desenvencilhar-me do seu magnetismo, um broche com as iniciais D'AR, um símbolo bastante presente na minha antiga casa, e por alguma razão, essa constatação faz o meu peito bater freneticamente.

Quem é esse homem?

— Sr. D'Artagnan, esta é a Penélope Veronesi, sua protegida — a Sr. Colleen pronuncia quando ele se aproximou o suficiente nós.

Caminho até ele em passos lentos e curtos, prestando atenção na sua expressão que não mudou em nenhum momento desde que saiu do automóvel, entretanto, sinto que continuar desse jeito, posso-me perder na imensidão dos seus olhos em tom de azeitonas derretidas em divergência com o gelo que o seu olhar transparece.

Solto a respiração que havia prendido inconscientemente, mas continuo o encarando.

— Olá, Penélope. — cumprimentou.

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