A vida secreta de Kate

O grito ecoou pelas ruas escuras, preenchendo cada canto com uma dor indescritível. Meghan estava ajoelhada no chão, seu corpo tremendo incontrolavelmente enquanto lágrimas quentes escorriam por seu rosto. Seu filho, Jacob, estava deitado inerte à sua frente, e a realidade de sua perda começou a se assentar como um peso esmagador em seu peito.

“NÃO! EU MATEI MEU FILHO!” A culpa e o desespero na voz de Meghan eram palpáveis, reverberando em seu próprio ser como um eco interminável. Ela não conseguia compreender como sua vida havia chegado a esse ponto. Tudo o que restava eram fragmentos de uma realidade que agora parecia irreal e distorcida.

Enquanto a polícia e os paramédicos se movimentavam ao redor da cena, Meghan foi tomada por uma série de flashbacks confusos. Os rostos dos muitos amantes que passaram por sua vida desfilaram em sua mente, mas um rosto em particular se destacava – o homem que havia destruído sua vida de forma irreparável. Ela se lembrava de suas promessas vazias, de sua paixão avassaladora, e de como ele havia cruzado a linha entre a sedução e a violência.

A mente de Meghan viajou para a noite anterior, quando tudo ainda estava inteiro. Jacob estava sentado à mesa, jantando rapidamente antes de ir para a faculdade, rindo e iluminando a casa com sua alegria contagiante. Meghan tinha recebido uma mensagem de um de seus amantes, e a promessa de uma noite de prazer tinha sido irresistível. Ela se odiava por sua fraqueza, por ter permitido que seus desejos dominassem sua vida de tal forma que agora, seu filho pagava o preço mais alto.

Cada detalhe daquela noite fatídica voltou à tona com uma clareza cruel. Seu amante havia se mostrado instável, agressivo. As coisas tinham saído do controle rapidamente, e no meio da confusão, Jacob havia sido apanhado no caos. O momento exato em que tudo desmoronou estava gravado em sua mente, um pesadelo incessante do qual ela não podia acordar.

Meghan sentiu uma mão firme em seu ombro, tentando reconfortá-la, mas nada poderia aliviar a dor que rasgava sua alma. Ela olhou para os olhos compassivos do policial à sua frente, mas tudo o que conseguiu ver foi o reflexo de sua própria desolação.

"Senhora, precisamos de você para nos contar o que aconteceu," disse o policial, sua voz um misto de autoridade e empatia. Meghan tentou falar, mas as palavras ficaram presas em sua garganta, sufocadas pela culpa esmagadora.

O estado de choque em que Meghan se encontrava era desesperador. Ela teria que contar a seu marido como Jacob havia morrido; seu segredo agora seria revelado. Mas a dor da perda era tamanha que se dar ao luxo desta preocupação era insignificante. Sua família estava destruída. Louise amava o irmão, e o impacto dessa tragédia seria insuportável para ela também.

Ela sabia que teria que enfrentar as consequências de suas ações, que cada detalhe de sua vida secreta seria exposto e julgado. Mas, naquele momento, tudo o que ela podia sentir era o vazio deixado pela perda de Jacob, um vazio que nada poderia preencher.

A partir deste momento, Meghan se viu forçada a confrontar a dura realidade de suas escolhas e as consequências devastadoras que elas trouxeram. O primeiro capítulo de sua nova vida começava agora, marcado pelo sofrimento, pela culpa e pela necessidade desesperada de encontrar uma forma de redenção em meio ao caos.

Sebastian estava parado ao lado do carro da polícia, o corpo rígido e os olhos arregalados enquanto tentava processar a cena diante dele. As luzes intermitentes dos carros de emergência pintavam a rua com flashes de vermelho e azul, refletindo no asfalto molhado pela chuva recente. Cada passo em direção ao local do crime parecia um esforço hercúleo, e ele sentia como se estivesse andando em câmera lenta.

Quando finalmente avistou Meghan, ajoelhada no chão com os braços envolvendo o corpo de Jacob, o mundo ao seu redor pareceu desmoronar. A dor em seu peito era tão aguda que ele mal conseguia respirar. Os paramédicos estavam ao redor, mas parecia que nada mais importava, exceto a imagem de sua esposa e filho no meio daquele caos.