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–Prólogo:
[...]
-Acho que Helena sempre vai ser o meu ponto de equilíbrio. Minha fuga.
-Sua fuga, Gustavo? –Pedro questionou visivelmente irritado. –Do que especificamente?
-Das dores do mundo. –Encarei a paisagem a nossa volta. –Ela é o meu antídoto. –Balancei a cabeça negativamente.
-E você o veneno dela. –Pedro falou inconformado enquanto parava ao meu lado e repete meu gesto. –E quanto as dores dela? –Não o encaro, mas sei que ele me fita. –Quem cuida? –Ele insiste. –Não vê o tamanho da desgraça que está causando á ela? –Respirei fundo e o encarei da maneira mais sincera que conseguia fazer.
-Sou um grande egoísta, o que posso fazer? Ela é a única coisa boa que eu tive durante toda a minha vida. –Balancei a cabeça na tentativa de afastar a imagem da Helena chorando. –Sinto por você, Pedro... Você é meu melhor amigo, meu irmão, depois de tudo receio que isso não seja mais recíproco de sua parte, mas Helena é minha, e nem você, nem ninguém irá mudar isso. –Dito isso, nós encaramos por mais algum tempo. Qualquer sentimento de cumplicidade havia acabado naquele exato momento, era notável.
Um prédio antigo. Esse será meu lar por no mínimo doze meses, ou até que eu ganhe minha “saída por bom comportamento”. Volto a encarar o portão agora fechado pelas grossas correntes, um desespero toma conta do meu coração. Eu ainda não acreditava que meus pais tiveram a coragem de me colocar nesse lugar com a desculpa de que seria para o meu bem... Tirar minha liberdade dessa maneira é para o bem? Eu simplesmente não enxergava a situação dessa maneira. Para mim, eles se cansaram de ter uma filha problemática em casa e resolveram me isolar do mundo para que estranhos resolvessem a situação. Apesar já ter a minha maioridade, uma liminar me “convidava” há ficar por doze meses em um internato/reformatório pago, cercado de outros jovens problemáticos de dezessete á vinte e um anos. Enquanto meus amigos curtiam o primeiro ano depois de se formarem em viagens ou intercâmbios, meus pais haviam me colocado nesse purgatório. Eu jamais os perdoaria. Jamais!
Puxei minha mala pelo amplo “corredor” de pedrinhas que levavam até a entrada do internato. Enquanto andava, aproveitei para olhar minha nova moradia, dois prédios que um dia foram pintados de amarelo eram ligados por um ampla passarela com enormes janelas de vidro, o lugar parecia ser absurdamente grande. Todas as janelas do que possivelmente seriam dormitórios eram cercadas por grades grossas, na espessura do meu braço. Em algumas partes da construção, assim como os muros que cercavam o local, eram tomados por plantas trepadeiras. O local cheirava a terra molhada, era também absurdamente gelado, parecia que o sol havia punido o tal lugar e não aparecia há décadas. Subi o pequeno lance de degraus e com certa dificuldade levar minhas coisas comigo, tinha uma porta de maneira grande e antiga que dava acesso ao “purgatório”, tentei empurrá-la algumas vezes, mas parecia ser inútil, alem de pesada, parecia estar trancada, inclinei meu corpo para o lado, tentando ver o que se passava por uma daquelas vidraças coloridas que se assemelham aos de igrejas, mas por conta do vidro colorido e de diversas formas, não consegui ver nada com clareza. Suspirei pesadamente e logo criei coragem para bater na porta. Duas batidas foram suficientes, segundos depois uma senhora que aparentava ter seus cinqüenta anos abriu a porta sem fazer esforço algum, sua cara de poucos amigos praticamente denunciavam o quanto era antiga naquele lugar.
-Sou Helena Sart... –Antes que eu pudesse entrar, a velha balançou a cabeça negativamente e foi logo puxando meu braço de maneira nada simpática.
-Você está atrasada, já começamos a explicar as regras! –Ela resmungou visivelmente irritada por meu atraso. Espera! Eu não estava atrasada... Enfiei a mão no bolso de minha jaqueta e segurei meu celular, retirei o mesmo e olhei para o visor que marcava 16:22h. O horário previsto para que eu estivesse aqui era 16:45h. Ergui meu celular na expectativa de mostrá-la que estava errada.
-Não, eu não estou atrasada! –Ergui meu celular na expectativa de mostrá-la que estava errada. Mas fui surpreendida, a velha tomou o celular das minhas mãos e sorriu com naturalidade.
-Regra numero três... –Nesse momento surgiu outra mulher, essa era ruiva e segurava um pequeno cesto. –Nada de celular! –Assisti completamente atônita enquanto ela colocava meu celular nesse cesto.
-O quê? –Murmurei.
-Aqui é um internato. Não uma colônia de férias, acostume-se. –Ela sorriu de maneira cínica. –Seja bem vinda, senhorita Sarthi. –Dito isso ela virou e voltou ao grupo de jovens com quem falava.
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