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Autora Diene Médicci
Era sábado, e Angélica ansiava pela noite, um desejo constante para aquela baladeira de carteirinha. Para ela, qualquer festa servia, de eventos badalados a modestos batizados. Naquela noite, sua chegada à festa já prenunciava percalços. A entrada era gratuita para mulheres até as 22h, mas ela chegou dez minutos após o limite, enfrentando uma fila. O segurança hesitou em liberá-la sem o pagamento, e Angélica contava apenas com uma quantia limitada para consumir e o crédito do cartão, que não era aceito para a entrada. Sozinha, tentou inutilmente contatar as amigas que já estavam lá dentro. Encostada, observava o fluxo de pessoas, sentindo o peso de um início de noite desfavorável, enquanto persistia nas ligações.
Sua produção era impecável: batom vermelho intenso, saia preta justa e curta, um cropped branco adornado com pérolas ao estilo de sua cantora favorita, e um salto alto preto envernizado. Angélica chegou com a postura de uma madame, mas a espera solitária na entrada a consumia em vergonha. Os olhares alheios pareciam questionar sua capacidade financeira ou idade para estar ali. Um rapaz alto, coberto de tatuagens e com um boné de marca, fitou-a ao chegar sua vez de entrar. Angélica notou-o pelos detalhes em seu visual todo preto, pelas correntes, pulseira e o relógio elegante. Imediatamente desviou o olhar, concentrando-se no celular. O rapaz iniciou uma conversa animada com o segurança e, ao olhar novamente para a portaria, Angélica percebeu que ele a observava fixamente. Ele a cumprimentou com um sorriso aberto e encantador. Sem graça, ela retribuiu o cumprimento e voltou a fitar a tela do celular. Em poucos passos, ele se aproximou, parando ao seu lado.
— E aí, tudo bom? Qual seu nome, moça? — perguntou ele.
Angélica respondeu, olhando para as pessoas na fila, evitando seu olhar.
— Tudo. Angélica!
Ele sorriu. — Prazer, Angélica. Sou o Guto e vou te colocar lá dentro, pode ser?
Ela o encarou, séria. — Como assim?
Com simpatia, ele explicou: — Bora lá, o segurança é meu amigo. Ou não quer entrar?
Angélica, esperta, assentiu. Caminhou ao lado dele até a entrada, onde Guto pegou duas pulseiras para a área VIP com open bar, sem efetuar pagamento, assim como fez com a sua. Ao colocar a pulseira no pulso dela, Angélica agradeceu. Gentilmente, ele segurou sua mão para ajudá-la a subir alguns degraus. Caminharam lado a lado por um instante, enquanto Angélica procurava suas amigas com o olhar.
— Você está sozinha? Ou com alguém? — ele perguntou.
Ela explicou que estava procurando as amigas. Ele se ofereceu para esperar que ela as encontrasse, mas Angélica dispensou a oferta, agradecendo novamente por tê-la ajudado a entrar. Guto sorriu, beijou seu rosto e disse: — Que isso, aproveita a noite. A gente se vê por aí então?
— Guto, né? Valeu, te devo uma! — respondeu Angélica.
Ele se afastou, e logo Angélica encontrou suas amigas. Procurou por Guto, mas não o viu por um bom tempo. Contou o ocorrido, e as amigas brincaram que ele não devia ser tão bonito assim, senão ela teria ficado para agradecer a gentileza. Angélica insistiu que ele era bonito, estiloso e muito simpático, bom demais para ser verdade, e que só não ficou porque ele desapareceu. As amigas ficaram curiosas para vê-lo. Enquanto dançavam e se divertiam, Angélica o avistou no camarote VIP, encostado na sacada, observando-a. Olhou discretamente duas vezes e percebeu que ele a encarava seriamente, com um olhar quase predatório. Angélica começou a dançar de forma mais expressiva, como se fosse para ele, e ao verificar, ele ainda a observava, até esboçando um sorriso enigmático.
Ao ir buscar uma bebida, Angélica se distraiu. Quando voltou a olhar para o camarote, Guto não estava mais lá. Perdeu-o de vista por uns vinte minutos ou mais, até sentir uma mão leve em seu braço. Virou-se e viu Guto, sorrindo.
— Oi — disse ela.
Ele se aproximou e falou: — Vamos sair daqui? Está muito barulho!
Angélica respondeu, feliz, tentando disfarçar a empolgação: — Tá, só deixa eu avisar as meninas. Me dá um minuto!
Ela comunicou às amigas que ia dar uma volta. Guto pegou sua mão e a guiou pela frente. Ao perceber que se dirigiam à saída, Angélica perguntou, curiosa: — Onde a gente vai?
Ele respondeu com naturalidade: — Vou te levar pra casa, vamos? A minha casa!
Angélica recuou, soltando a mão dele. — Não, espera, eu não... — Balançou a cabeça em negativa.
Ele perguntou, em tom de deboche: — Não quer ir comigo? Qual foi? Tá com medo?
Angélica sorriu, jogando os cabelos com charme, e disse que não podia deixar a amiga, inventando uma desculpa por sentir um certo receio daquele estranho. Guto se aproximou de sua boca e beijou o canto dos lábios dela. Colocou a mão na nuca de Angélica, puxou-a delicadamente, aproximando-a pela cintura.
— Posso? Estou louco para beijar sua boca, morena! — sussurrou no ouvido dela.
Angélica sorriu sutilmente, mordendo os lábios. — Pode!
Ela inalou o perfume dele, sentiu sua pele e colocou as mãos no rosto dele com suavidade. Ele se aproximou e a beijou. O beijo começou lento e foi ganhando intensidade. Desde o início, houve uma química inegável, e logo estavam trocando beijos apaixonados, de tirar o fôlego. A pegada de Guto a desestabilizou rapidamente. Era um conjunto de sensações: a mão no cabelo, na cintura... Ficaram se agarrando perto da saída por um tempo, sem trocar muitas palavras. Ele a convidou para voltar à festa, queria que ela ficasse onde ele estava e prometeu levá-la e à amiga para casa depois. Angélica avisou a amiga por mensagem e, de mãos dadas, seguiram para o camarote VIP. Ao subir, Angélica se sentiu um pouco deslocada em meio àquelas pessoas elegantes e sofisticadas. Não interagiu com ninguém, e Guto permaneceu ao seu lado, abraçado a ela, beijando-a constantemente. Havia mais homens do que mulheres ali, e as poucas presentes não demonstraram interesse em conversar com Angélica. Um amigo de Guto o chamou para um canto, onde conversaram brevemente, olhando para o celular. Depois disso, Guto ficou mais distante, com o olhar vago, pensativo, e parou de beijá-la e abraçá-la. Angélica sugeriu que voltasse para perto das amigas. Ele disse que já podiam ir embora, deu-lhe um selinho e perguntou: — Vamos?!
Angélica foi falar com a amiga, que também já queria ir embora. Encontraram-na na saída, e Guto não segurou mais sua mão depois que deixaram a multidão. Caminharam até o estacionamento, onde o carro dele, um Golf impecável, com rodas estilosas, rebaixado e com vidros escuros, chamou a atenção de Angélica. Ao entrarem no carro, ele se aproximou para colocar o cinto nela e disse, quase beijando-a: — Tem que andar na linha no meu carona, moça!
Angélica riu, lambendo os lábios em provocação. — Ou não? O que você faz com quem não se comporta no seu carro?
Ele se afastou, sorriu e respondeu: — Deixo a pé. Ué?!
Ela gargalhou. Ele acariciou sua mão brevemente. Levaram a amiga de Angélica primeiro. Durante o trajeto, ouviram músicas de artistas como Hungria e Tribo da Periferia, e Guto permaneceu um tanto quieto. Ao deixarem a amiga em casa, ela perguntou se Angélica iria dormir ali. Guto olhou para Angélica e disse, sério: — Se você quiser, te trago depois ou de manhã, você que sabe, sei lá.
Naquele momento, a mente de Angélica gritava "NÃO", mas seu corpo ansiava por dizer "SIM". Ela disse à amiga que ficaria com ele um pouco e depois iria para sua casa. Guto perguntou onde ela morava, e ela mencionou o bairro. Conversaram mais para se conhecerem. Ele disse onde morava, que dividia a casa com um primo que raramente estava lá. Angélica contou que estudava e morava com o pai e a madrasta. Ele mencionou que tinha um estúdio de tatuagem e piercing. Chegaram à casa dele, um imóvel bonito com portão eletrônico fechado e muros altos. Ele guardou o carro na garagem, e ao entrarem, Angélica notou que a casa era arrumada para ser habitada apenas por homens. Assim que entraram na sala, ele fechou a porta e começou a beijá-la, encostando-a na parede. Tirou o boné, e Angélica jogou a bolsa no sofá. Ele a puxou, sentou-se e a colocou no colo. Sem dizer nada, tudo aconteceu naturalmente. Angélica nem estava bêbada e não tinha o costume de ter relações íntimas no primeiro encontro. Estavam apenas se beijando, com ele passando as mãos em suas costas e braços. Pararam o beijo e se olharam. Angélica sorriu e perguntou: — Quantas tatuagens você tem?
Ele disse que já tinha perdido a conta, mas que cerca de 80% do corpo estava tatuado, ou melhor, "rabiscado", como dizia o avô dele. Angélica, tirando a camiseta dele, falou: — Então, deixa eu contar.
Ele estava um pouco sério, sorriu e disse que ela demoraria muito. Angélica respondeu, beijando o pescoço dele: — Tudo bem, tenho a noite toda para você!
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