Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
A proposta ousada do CEO
Minha querida, por favor, volte para mim
Um casamento arranjado
O retorno chocante da Madisyn
O caminho para seu coração
Um vínculo inquebrável de amor
Acabando com o sofrimento de amor
O Romance com Meu Ex-marido
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
Parte um - Divergências
Todos os dias, todas as horas, todos os instantes da nossa vida são divergentes. Nada é igual, ou mesmo permanente. Tudo é diferente. À menos que você viva recluso ou preso dentro de um sótão ou em um porão, sabe que o que digo é verdade.
Até mesmo as pessoas são divergentes umas das outras, e em tudo. Somos diferentes nas roupas, nos sexos, na aparência. Somos diferentes, mas únicos. Não há ninguém totalmente igual ao outro, e é isso que nos torna tão especiais.
As pessoas são especiais, o triste é que muitas ainda não conhecem sua capacidade de ser especial.
Uns tocam violino, outros cantam em óperas, alguns mais atuam ou escrevem, fazem tudo isso com sua capacidade de ser especial no que fazem. Todos temos dons. E esta história falará sobre isso.
Sobre dons e sobre a capacidade de alguém ser especial.
***
Loryna preparava-se para entrar no palco, quando, esbaforida, sua mãe invadira seu camarim, aos berros.
– Onde está minha filha? Minha querida? – A mulher gritava e esbravejava.
Ao ver sua filha sentada de frente para um espelho, trajada em seu vestido branco e maquiada com um lindo cisne imaculado, dona Márcia calou-se e de seus olhos jorraram lágrimas espessas que logo caíram de seus olhos.
– Pare com isso, mamãe – dizia Loryna, levantando-se da cadeira e indo acudir sua mãe, abraçando-a. – É o meu sonho, nosso sonho, lembra?
– Enfim, se realizou, querida – fungou dona Márcia, apertando-a ainda mais Loryna contra seu peito.
A cena era comovente. O único que não se comovia era Gerard, o empresário da jovem bailarina, que bateu na porta com seu punho, interrompendo os abraços de mãe e filha.
– Ah, é você – disse Márcia, com um ar de insatisfeita.
– Sim, sou eu, Gerard, o ascensor da fama desse lindo cisne que está seu lado – o homem tinha um leve sotaque francês, ele falava e gesticulava as mãos no ar como se fosse um boneco ou fantoche desengonçado.
Loryna e Márcia se entreolharam, entre risos abafados, e a moça fora outra vez para frente do espelho.
– Está na hora, querida – anunciou Gerard. – Hora de brilhar.
– Estou pronta – disse Loryna, se erguendo e fazendo uma pose para Gerard lhe analisar. Dona Márcia tapava a boca para abafar o choro.
Uma voz masculina anunciava, melodicamente, o início de um espetáculo que prometia ser fabuloso.
– Ok. – Loryna atendera a um gesto de seu empresário, beijara a face da mãe, se despedindo, e rumou para o palco.
O palco estava todo ornamento para atender a beleza e a graça da bailarina. Uma junção fantástica.
– Apenas brilhe, querida – Gerard disse antes de Loryna adentrar no palco e se dispor a bailar ao som da música que era tocada por uma gigantesca orquestra.
***
– É preciso cuidado, John – Merry, uma psicóloga indiscreta, alertava seu mais novo paciente. – Você não está tão bem quanto imagina.
John, um jovem de poucos amigos e muitas lástimas, ouvia atentamente seu mais novo poço de conselhos. O garoto vinha enfrentando uma forte crise emocional. Sofrendo leves pontadas de depressão, baixa alto-estima e alguns outros transtornos psíquicos, John decidiu se consultar com um especialista.
– O que você ainda gosta? – perguntou Dra. Merry, querendo entender o garoto à sua frente.
– Não sei.
John não sabia realmente. Tentava buscar em seu inconsciente algo, mas não encontrou. Ele se sentia triste por isso, se sentia incompleto por ele mesmo não se entender.
– Posso sugerir algo? – Dra. Merry se inclinara para ele. – Se sentiria forçado se eu o fizesse?
– Pode sugerir, doutora. Fique tranquila – John falava com um tom de voz que disfarçava seu verdadeiro estado emocional.
O jovem garoto de olhos azuis e com a alma mais transtornada que uma reviravolta, John lutava contra seus impulsos de ansiedade e, muitas vezes, contra si mesmo, o que para ele era uma batalha árdua.
A primeira consulta com seu psicólogo um desequilibrado nunca esquece, e com toda a certeza, John nunca esqueceria sua consulta primária com a dra. Merry. A psicóloga de muitas olheiras e poucas palavras, uma simplória quarentona de aparência tão problemática quanto a de seus pacientes, lida com os próprios desarranjos mentais a fim de também tentar se curar.
Dra. Merry tratava-se ao mesmo momento em que tratava seus pacientes, como John. O garoto lidava com os sofrimentos alheios, mas esquecia-se dos que ele mesmo também possuía.
Esse era seu modo de ser especial, aquele dom divino que todos têm. Ou pelo menos, algumas pessoas têm.
Três meses depois
O auditório do anfiteatro estava mais uma vez lotado. As filas para garantir um bilhete de entrada para o espetáculo do dia seguinte davam voltas do lado de fora do prédio. De fato, Loryna, a bailarina de cabelos escuros e olhos amendoados, era um grande sucesso.
– Mais que um simples grande sucesso – ressaltava Gerard, gesticulando não só as mãos, mas todo o seu desengonçado corpo fino. – Uma verdadeira arte.
– Parabéns, minha filha – elogiava-a dona Márcia.
– Obrigada, mamãe – agradecia Loryna. Mas ralhava: – Nada de choro hoje, por favor.