william wedell ator

Angelina Leone

- Angel, meu amor, olha só você no comercial da Bradiley. – Belinda gritou da sala. Estava terminando de lavar os pratos do nosso jantar, mas corri para fora da cozinha e pulei no sofá para ver meu comercial sobre os novos batons ultramatte. Não é que o batom realmente é ultra fixante, pois usei para ir à boate e depois de beber e beijar durante a noite inteira o batom não saiu.

- Deslumbrante amiga. – Bel murmurou olhando o fim do comercial. Ela ama quando faço comerciais de produtos de beleza, pois sempre ganho muitos e divido com ela. Tenho feito diversos comercias e propagandas de roupas, de marcas conhecidas, e também participei de seis filmes, mas com papéis pequenos que não tiveram nenhum destaque, e isso está me matando, pois desde o dia que me formei, há três anos, tenho o sonho de fazer um filme ou uma serie de sucesso como protagonista.

- Não desanime meu amor – Bel murmurou ao meu lado, pois ela sabe da minha luta. Bel atua na área que gosta, ela se formou em designe e atua na criação de móveis conforme o pedido do cliente. Temos uma amizade de anos, nós nos conhecemos no ensino médio quando ainda morávamos em Chicago, quando decidir que faria curso de cinema na UCLA, ou seja, eu não sou qualquer atriz, eu me formei em uma das melhores universidades de Los Angels, onde passei por um processo seletivo rigoroso para entrar.

- Quando será o teste para o filme, Laços perigosos? – Ela pergunta.

- Amanhã – Falo com meu coração acelerado.

- Você sabe que uma das exigências para gravar o filme é não utilizar dublê, e nós sabemos as cenas que terá nesse filme – Fala com os olhos brilhando de ansiedade.

- Estou disposta a mostrar que sou a melhor e não importa a cena que tenha que fazer. Estou disposta a tudo, bel. – Murmuro determinada.

O som do alarme preencheu o meu quarto, mas diferente do que vocês imaginam, eu não desliguei meu despertador e implorei para dormir mais cinco minutos. Pulei da cama e comecei a cantar junto com Shania, Man! I Feel Like a Woman.

Oh, oh, oh, enlouquecer totalmente, esquecer que sou dama

Camisa de homem, saias curtas

Oh, oh, oh, realmente ficar desvairada sim, fazendo isso com estilo

Oh, oh, oh, entrar em ação, sentir a atração

Pintar meu cabelo, fazer aquilo que ousar

Oh, oh, oh eu quero ser livre, sim, para sentir o que eu sinto:

Cara! Eu me sinto como uma mulher

Bel abriu a porta com um sorriso enorme e começou a cantar comigo. Cantamos e rebolamos juntas, e ao final da música nos jogamos na cama ofegantes. Olhei para minha melhor amiga e ela olhou para mim.

- Amo você sua louca. – Falei.

- É reciproco. – Murmurou jogando um travesseiro em mim.

Após o banho, vestir-me com uma calça legue preta, botas de cano baixo e uma blusa azul com um belo decote na frente e um corte nas costas, deixei meu cabelo solto e passei uma maquiagem leve.

- Que delícia. – Falei ao sentir o cheiro delicioso do cappuccino que bel fez.

- Vai lá e arrasa! – Falou dando uma tapinha na minha bunda. Saí do nosso apartamento com um sorriso enorme e com a certeza que tudo daria certo. O teste acontecerá na produtora Fellini, no distrito de Hollywood, esta é a chance da minha vida e não posso deixar passar. Assim que surgiram as chamadas para as audições do filme, eu mandei meu currículo, carta de apresentação, fotos de rosto e demo reel, uma semana depois fui chamada para as audições.

Ao chegar à frente da imponente produtora respirei fundo e me preparei para encenar a mulher confiante e poderosa que a em mim. A recepcionista me encaminhou para sala de espera e mandou que eu aguardasse, pensei que o lugar estaria lotado de mulheres, mas para minha surpresa havia apenas quatro mulheres contando comigo. Assim que entrei na sala para aguardar ser chamada, as mulheres me mediram da cabeça aos pés. Esqueçam mocreias, o papel é meu. Pensei suspendendo a sobrancelha confiante.

Entrei na sala da audição com passos firmes, parei na marca X que havia no chão e dei bom dia, falei meu nome completo e qual monólogo apresentaria. Apresentei perfeitamente o monólogo com base no livro de Jorge Amado, dona flor e seus dois maridos. Não sei ao certo se foi a melhor escolha, mas quis arriscar e trazer algo diferente. Os olhos dos auditores e do diretor de elenco estavam focados em mim quando terminei a apresentação, nenhum deles falou nada, e quando pensei que daria por encerrado, um deles murmurou.

- Quero que faça uma leitura fria deste script. – Falou e um rapaz me entregou o papel. Li rapidamente por cima, e notei que se trata do quinto capítulo do livro. Deixei o papel de lado e apresentei a cena em que Luiza narra a sua angustia ao descobrir a forma como seu marido quer apimentar a relação.

Quando eu terminei o mesmo homem que mandou que eu fizesse a leitura se levantou e saiu da sala sem dizer nada, deixando-me mais angustiada que a personagem Luiza.

***

- Como está a mulher mais sortuda do mundo. – Bel fala quando entro no nosso apê.

- Totalmente angustiada. – Falo e me jogo no sofá. Tomo o pote de soverte da mão dela e começo a tomar. Conto a Bel como foi à audição e ela diz que não posso ficar me remoendo com o resultado, mas isso é impossível.