Amor no palácio
e humilhado. – Você vai para a forca – disse Chauvin. – Você vai para a forca. Você não é ninguém. Eu sou da família de um conselheiro. – Vá chamar o príncipe – disse Orlant. O príncipe estava acim
demais para ter consciência disso. "Ele comprou briga com o conselho por sua causa", foi o pensamento que teve, mas o príncipe era um garoto e não sabia que não devia deixar o pescoço ao alcance do inimigo. A Guarda do Regente era poderosa, e sua rivalidade, signicativa. Pensando na f ormação da Guarda do Príncipe, Jord concluiu que se tratava do capricho impensado de um menino: eles eram um apanhado de brutamontes enjeitados que jamais seriam alguém na vida. – Apenas um tolo daria uma segunda chance para homens como nós – concordou Orlant. Não era como se Jord não soubesse que Aimeric estava olhando em sua direção. Ele sabia. Era o fato de que Aimeric estava olhando para ele que o fez olhar para o nobre. Em uma tropa de homens que pareciam um penhasco e Orlant, que parecia um terreno colapsado, Aimeric era alguém para quem Jord podia se voltar quando, no m do dia, sentava-se com os demais ao redor da fogueira do acampamento, segurando uma caneca de lata amassada, cheia de vinho. Ele gostou do queixo teimoso de Aimeric. Gostava de seus cachos soltos, que mal cabiam no elmo. Ele gostava do terno de que, quando olhava para Aimeric, ele estava olhando em sua direção. Era um bom devaneio, ainda que sua imaginação tivesse lacunas no lugar dos detalhes, dado que Aimeric era um aristocrata. Com base em sua experiência, os aristocratas lhe diziam coisas do tipo "Posição de sentido, soldado" ou "Leve esses alforjes para lá". Jord não sabia que um aristocrata poderia se dignar a olhar para um capitão de guarda da ralé, nem que fosse por alguns in stantes. E Aimeric era tão bem-nascido que deveria ter, em Fontaine, seu próprio escravizado de estimação, alguma espécie de jovem mimado, comprado para brincar à mesa com ele durante o dia e aquecer sua cama à noite. Bem, nem todos os olhares feios do mundo teriam importância quando todos eles acabassem morrendo debaixo de um desmoronamento ou sofressem um ataque de salteadores. O único motivo de terem sobrevivido foi por causa do demônio de cabelos amarelos, que os obrigara a fazer manobras de treinamento do raiar até o pôr do sol, manobras essas que faziam até mesmo os mais empedernidos dos homens caírem no chão de terra, exaustos, cansados demais até para xingar o príncipe que os obrigara a fazê-las. Aimeric estava vindo em sua direção. O toco ao lado de Jord estava vago. Aimer