Amor no palácio
sse Huet, fazendo careta.– Pelo menos você estava usando alguma coisa – comentou Orlant, vestindo a camisa. – O príncipe ordenou que aparecesse nos aposentos de Orlant
dos mercenários do regente por conta de alguns comentários. Ele detalhou o castigo, no entanto não reproduziu os comentários. O príncipe, cuja anatomia e preferências haviam sido descritas com riqueza de detalhes nos comentários em questão, falou: – Seu relato é prudente. Muito bem. Considero a ausência de carnicina em grande escala um sucesso. – Alteza – disse Jord. A presença dos dois permaneceu na tenda muito depois de terem ido embora. O akielon também escutara os relatos – como se fosse ele quem os estava recebendo. A expressão meiga que surgira nos olhos castanho-escuros dava a entender que se tratava de um homem capaz de encontrar prazeres simples em uma posição complicada. O príncipe, ao que tudo indicava, permitia isso, uma espécie de fam iliaridade, algo que rejeitava quando vindo de outras pessoas. Jord lançou um olhar para o mapa estendido. Era uma confusão de símbolos desconhecidos, uma abreviação geopolítica que ele não sabia ler. Metade dos símbolos eram heráldicas que jamais vira na vida, outros eram pontos e barras que nada lhe signicavam. Jord conhecia as letras, sabia como compreender um mapa comum, mas aquele estava além de seus conhecimentos. Ele era um capitão da guarda. Sabia conduzir manobras de treinamento. Sabia administrar suprimentos. Sabia organizar vigílias, formações e barricadas. Sabia proteger um posto avançado ou um pequeno comboio nas montanhas. Mas aquilo era tática de guerra em larga escala. Exigia um conhecimento profundo – de generalato, estratégia e comando, coisas que levaria anos para adquirir. O akielon possuía isso. O príncipe estava aprendendo, era capaz de absorver conceitos teóricos complexos e dar o salto necessário para ter novas ideias em um instante. Ali os dois planejavam algo que Jord não compreendia e sentiu que vislumbrava, por apenas um instante, um mundo que era grande demais para ele. – Capitão – disse Aimeric. Jord ergueu o olhar. Mesmo vestido com aqueles trajes simples de soldado, Aimeric não perdera nada de sua postura aristocrática. O sol havia se posto, e homens vieram acender as tochas da entrada da tenda, assim como outros haviam entrado e saído da tenda ao longo de todo o dia, chamando a atenção do príncipe para isso ou aquilo. A luz emoldurou Aimeric, cuja vez de entrar ch egara, quando Jord estava sozinho. – Posso explicar. Se o senhor quiser. Jord cou corado. Aimeric não estava olha