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Na mesma tarde em que descobri que finalmente seria mãe, o médico me entregou minha sentença de morte: câncer de estômago em estágio 4.
Voltei para casa atordoada, precisando desesperadamente do abraço do meu marido, Anderson. Mas, antes que eu pudesse dizer uma palavra, fui interrompida por uma ligação de uma mulher chamada Katlyn.
— Ele está na "Turnê de Despedida de 100 Dias" comigo — ela se gabou, a voz pingando veneno. — Tirando toda a diversão do sistema antes de voltar para a vidinha chata e o dever de pai com você.
Pelos três meses seguintes, eu morri em silêncio, dia após dia, enquanto Anderson vivia o auge da vida dele nos braços dela.
Ele culpava minha perda de peso drástica pelos enjoos da gravidez e meus vômitos constantes pelos hormônios. Nunca olhou de perto o suficiente para ver o sangue.
No meu aniversário, o último dia da tal "turnê" dele, ele comprou um bolo, me colocou na cama com um beijo na testa e saiu imediatamente para celebrar o "grande final" deles em um quarto de hotel do outro lado da rua.
Ele achava que podia simplesmente virar uma chave e voltar para o nosso casamento quando estivesse pronto.
O que ele não sabia era que, enquanto sussurrava promessas no ouvido da amante, eu estava assinando nossos papéis de divórcio.
Interrompi a gravidez que ele dizia querer tanto e deixei o laudo médico sobre a mesa.
Quando ele finalmente voltou para casa para interpretar o papel de marido devoto, eu já tinha ido embora.
Capítulo 1
Ponto de Vista: Hana Silva
Eu soube que algo estava terrivelmente errado no momento em que Katlyn Pope, uma mulher que eu nunca tinha visto na vida, acenou para mim em uma mesa daquele café movimentado nos Jardins.
Havia um sorriso presunçoso brincando em seus lábios, a expressão de quem estava prestes a me contar que era o verdadeiro amor do meu marido.
Meu estômago revirou, um desconforto familiar e doloroso com o qual eu tinha me acostumado ultimamente, enquanto eu desviava das mesas lotadas. A energia agressiva de Katlyn me deixou em alerta instantâneo.
— Então, você é a Hana — disse ela, a voz carregada de uma simpatia falsa e enjoativa assim que me aproximei. — Anderson fala de você. Não de um jeito bom, é claro.
Ela se recostou na cadeira, cruzando as pernas. O salto vermelho vivo batia no chão em um ritmo irritante. Seu sorriso se alargou, exibindo dentes brancos perfeitos, mas seus olhos tinham um brilho predatório que fez um arrepio gelado percorrer minha espinha.
— Ele me disse que o lugar dele agora é comigo.
— Anderson é meu marido — declarei. Minha voz saiu plana, agarrando-me ao último fio de dignidade que me restava. As palavras soaram vazias, até para mim. — Você tem orgulho disso, Katlyn? De ser a outra?
O gosto amargo da bile subiu à minha boca.
O sorriso dela não vacilou. Pelo contrário, aumentou, um sinal de seu triunfo distorcido. Era uma exibição grotesca de autossatisfação.
Com um gesto teatral, ela deslizou uma pilha de fotos brilhantes pela mesa. Elas aterrissaram com um baque suave, o prelúdio da devastação iminente.
A foto do topo mostrava Anderson, com o braço envolto na cintura de Katlyn, o rosto iluminado por uma alegria que eu não via há anos. Uma alegria que nunca fui capaz de inspirar.
Meus olhos embaçaram, recusando-se a focar nos detalhes íntimos. Eu sabia o que elas retratavam; não precisava ver para sentir. A traição era uma dor física, esmagando meu peito.
— São apenas fotos — sussurrei, as palavras ocas aos meus próprios ouvidos. — Anderson me ama.
Era uma súplica desesperada a um Deus em quem eu não acreditava mais.
Empurrei minha cadeira para trás, o som estridente ecoando no canto silencioso do café.
— Eu vou embora.
Eu precisava escapar, respirar um ar que não cheirasse a café caro e infidelidade barata.
Katlyn estendeu a mão, agarrando meu pulso com firmeza. O aperto era surpreendentemente forte.
— Ainda não, Hana. Estamos apenas começando.
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