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Nunca Te Esqueci
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Capítulo

Duas crianças solitárias pelo acaso amargo da vida acabam se conhecendo e encontrando entre si, o que tanto procuravam para oprimir essa solidão. Um laço forte nasce nessa amizade e ano após ano, um genuíno sentimento aflora o coração de ambos. Porém, viver essa paixão não será fácil, quando a diferença de classes sociais fazem o preconceito quebrar bruscamente essa união. Agora mais do que o passado, eles terão que superar suas dores para deixar o amor prevalecer novamente. Mas como consertar um coração tão ferido?

Capítulo 1 |Da Desilusão a Esperança|

🌼✦*:. CLAIRE BRYANT .:*✦🌼

Uma criança de oito anos que pouco sabe ou entende da vida, carrega um único sonho.

Desde que me entendo por gente vivo nesse orfanato, Raio de Luz como é esperançosamente chamado. Cheio de outras crianças órfãs a minha volta que desejam tanto quanto eu que uma família nos acolha, sonhando um dia ter um pai e uma mãe que nos amem como se fossemos seus filhos biológicos.

…É tão difícil ter um desejo realizado? Estou apenas pedindo por um lar para chamar de meu, onde eu possa ser amada…

Já perdi as contas de quantas cartas escrevi para o Papai Noel pedindo por uma família, desde o primeiro natal em que soube escrever. Afinal, é fácil para uma criança se iludir com fantasias, desde que essa mantenha aceso o sonho dentro de seu coração.

Todos os dias outras crianças mais velhas ficam me assombrando, me dizendo que eu nunca serei adota por estar ficando velha demais e, apesar de entristecida, eu não me deixo abater, não perco minha esperança.

Até que finalmente em um nublado e chuvoso dia, uma das freiras que cuida de todos nós, entra em nosso quarto e vem até mim com um sorriso no rosto.

— Tem uma pessoa querendo te conhecer, Claire. — ela diz solenemente e mal posso explicar a tamanha felicidade que transborda meu coração.

…Eu finalmente terei um lar, depois de todos esses anos, eu terei uma família!…

A freira me ajuda a pentear meus cabelos e arrumar minhas roupas, e não deixo o quarto com ela até ter certeza de que estou bem apresentável. Assim que ela me leva até a mulher que deseja me conhecer, sinto meus olhinhos brilharem ao ver a linda e refinada moça na minha frente.

— Oi, você é a Claire, não é? — a mulher se agacha na minha frente e segura minhas mãos com carinho. Ela tem um sorriso tão lindo no rosto e assinto timidamente.

— Eu sou a Jenna, você é uma menina linda. — suas mãos alisam meus cabelos com ternura.

— Você quer ter uma mãe e sair daqui? — questiona me olhando com um brilho nos olhos.

…Sei que sou apenas uma criança, mas essa mulher parece ter um olhar tão triste…

Assinto passando minhas mãozinhas pelo rosto da mulher, apreciando o toque da pessoa que realizará meu sonho. Seus olhos me passam ternura com meu gesto repentino a ela e aparentam até uma certa surpresa.

— Bom, pode ser que demore um pouquinho, mas vou te levar para a casa comigo, prometo que seremos muito felizes juntas. — sorrio largo e agarro o pescoço da minha futura mamãe em um forte abraço.

Eu posso ser a única que se sente assim, ou não, mas uma criança que é deixada em um orfanato se sente abandonada e ao ver outras crianças ao seu redor com um pai e uma mãe que cuidam e amam seus filhos, você acaba se perguntando: “Por que meus pais me abandonaram? Por que não me quiseram?”

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[Algumas semanas mais tarde…]

Foi uma longa espera até o grande dia em que fui para o meu novo lar, mas valeu cada segundo em que ansiosa, esperei paciente pelo meu sonho ser realizado. Até que essa tarde, Jenna veio me buscar para definitivamente sermos uma família e só Deus sabe quão grande é a minha felicidade.

…Quando você é um órfão e é acolhido por alguém, mesmo pelos primeiros minutos, você sente que tem um valor, sente que tem importância e que significa algo a alguém, ainda mais na mente de uma criança…

Mal contenho minha agitação no trajeto para a casa e quando o carro estaciona na frente de uma abundante mansão, fico maravilhada com o tamanho do lugar, é uma casa gigantesca e linda.

— Essa é a Elizabeth, ela vai cuidar de você. — Jenna aponta uma mulher mais velha com roupas de empregada me esperando na cozinha. A expressão em seu rosto é cansada e gasta, mas em meio ao ar esgotado, um sereno sorriso se abre em seu rosto ao me ver.

Minha mãe começa a se afastar assim que me apresenta a mulher e rapidamente me volto a ela.

— Não vai brincar comigo, mamãe? — pergunto segurando sua mão. Ela se volta a mim com uma expressão estranha, bem diferente dos sorrisos contagiantes que ela me mostrou nas vezes em que foi me visitar.

— Mamãe precisa trabalhar agora, mais tarde nós brincamos. — ela me dá as costas prestes a sair do cômodo e em um ato de desespero por atenção me lembro de um importante detalhe.

— E meu pai? — ela se volta vagamente a mim e seu rosto parece se contrair a minha pergunta.

— Seremos só você e a mamãe. — diz de um jeito triste saindo da cozinha e isso acaba por me aborrecer um pouco.

— Oi, Claire, eu sou Elizabeth, mas pode me chamar de Liz. — a mulher mais velha se abaixa na minha frente, feliz e sorrio deixando o aborrecimento de lado.

— Você quer brincar? — assinto batendo palmas empolgada e a acompanho.

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…A partir desse dia eu passei a me chamar Claire Bryant, mas na época eu não sabia o peso que esse nome teria e o quanto ele iria pesar sobre mim no futuro…

…Nem sempre é o mar de rosas que você imagina em sua mente, ainda mais para uma criança, tudo parece tão fácil e é por isso que acaba machucando tanto…

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[Dias depois…]

Há dias estou um pouco deprimida, Liz é a única que me faz companhia, minha mãe nunca está presente e sempre diz que terá tempo para mim mais tarde, mas esse tempo nunca chega.

…Aos poucos vou percebendo a tremenda ilusão que criei em minha mente e aos poucos estou sendo esmagada pela minha realidade…

Apesar dos esforços de Liz em encontrar um tempo para mim, ela não pode estar sempre comigo pelo trabalho, o que me faz sentir muito sozinha nesse enorme quarto que apesar de estar cheio de lindos brinquedos, não são o suficiente para oprimir a minha tristeza.

— Está triste, Claire? — sentada sobre um baú observando pela janela, me distraio quando Liz entra no quarto e vem até mim.

— Brinca comigo, Liz? — peço esperançosa e seguro sua mão.

— Eu não posso, minha princesa. — ela me lança um olhar aborrecido, mas de repente um sorriso adorna seu rosto e ela parece ter uma ideia.

— Mas sei quem pode. Vem comigo.

Liz me leva para fora das propriedades da casa até o portão da casa ao lado. Uma casa bem menor e diferente da minha, pequena e com cores pálidas, mas que de alguma forma me fazem sentir mais acolhida.

— Laura! — Elizabeth chama no portão e uma mulher muito parecida com ela nos atende.

— Kyle está em casa?

— Está sim, por quê?

— Eu trouxe alguém para fazer companhia a ele. — ela abre o portão me deixando a vista e Laura se abaixa na minha frente maravilhada.

— Quem é essa menina linda? — questiona sorridente.

— Jenna a adotou há pouco mais de um mês, mas… — as duas trocam olhares que não entendo bem.

— Kyle, vem aqui, filho! — um garoto um pouco mais alto que eu, vem correndo até nós, seus bagunçados e volumosos cabelos cor de bronze balançam com a agitação e o vento.

— Esse é meu sobrinho Kyle, ele é apenas um ano mais velho do que você. — Liz nos apresenta.

— Essa é a Claire. — o menino se aproxima timidamente e me estende a mão. Pego sua mão respondendo ao seu cumprimento e de repente toda aquela timidez de seu rosto desaparece, dando lugar a um sorriso animado enquanto sua mão ainda segura a minha, seus olhos cor de mel brilham sobre mim.

— Quer brincar, Claire? — atraída pelo seu carisma alegre, assinto firmemente.

Ele me puxa pela mão com alegria me levando para os fundos da casa onde tem um pequeno espaço cheio de brinquedos feitos a mão e apesar da simplicidade, eles me encantam no mesmo instante.

— Aqui. — ele apanha dois tecidos longos e coloridos, um vermelho e um azul.

— Você vai ser minha parceira nas minhas aventuras de agora em diante! — ele passa o tecido vermelho pelo meu pescoço e o prende com um alfinete de segurança, em seguida faz o mesmo com o dele.

— Vamos fazer uma promessa? — pergunta de repente depois de muito pensar. Seus olhos pairam sobre mim com esperança, uma que aparenta lhe trazer até um certo desespero.

— Prometo nunca te esquecer ou me afastar de você, seremos nossa companhia. Você também promete? — pergunta com empolgação e seriedade em cada palavra que pronuncia.

…Ele está tão desesperado por companhia quanto eu…

— Prometo. — consinto sem pensar duas vezes e o garoto me abraça apertado em resposta.

— Não vou mais ficar sozinho… — balbucia com emoção e em seguida vira em volta procurando algo.

— Me espera aqui. — ele corre para dento de casa e volta com duas bandanas nas mãos, uma com diversos tons de azul mesclados e outra com vários tons de rosa.

— Vamos selar com isso. — ele amarra a bandana rosa em meu pulso e faço o mesmo com a bandana azul nele.

Kyle segura minha mão com um imenso sorriso no rosto e corre comigo por todos os lados na maior alegria do mundo.

…Duas inocentes crianças, unidas por uma causa…

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A partir daquele dia Kyle foi a pessoa mais presente na minha vida, sempre que eu estava triste ou sozinha ele era o refúgio que me abrigava. Em apenas alguns dias nós ficamos inseparáveis, íamos à escola juntos e depois passávamos o resto da tarde fazendo companhia um ao outro. Apesar das minhas ilusões com minha nova família, ele compensou cada pequena coisa que me decepcionou.

Os anos foram se passando e a nossa convivência ficou cada vez mais próxima. Quando as brincadeiras ficaram de lado e nossa aproximação tomou outro rumo, eu não via mais nossa relação apenas como uma simples amizade.

Conforme o tempo foi passando, se concretizou em meu coração algo a mais. Eu sentia que precisava dele pelo resto da minha vida, que ninguém além dele podia me deixar feliz, o que era um fato.

…E a união de melhores amigos se tornou algo mais forte e predominante…

Meus sentimentos foram vividamente alimentados por ele com suas atitudes doces e gentis, elas começaram a me dizer o mesmo. Mesmo que eu quisesse negar e tivesse um certo medo de não ser correspondida por sermos melhores amigos, eu estava perdidamente apaixonada por Kyle e não podia evitar isso, por mais que tentasse.

…Tudo pode mudar com o passar dos anos, crescemos, mudamos e tudo se aflora...

...

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