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Meu noivo forjou o próprio sequestro num teste de lealdade doentio, apostando que eu arriscaria nosso filho ainda não nascido para salvá-lo. O choque da traição me custou nosso bebê. Quando o confrontei, ele protegeu a amante e queimou as cinzas do nosso filho na minha frente.
Ele zombou, dizendo que eu era apenas sua "soldadinha leal" e que só a morte nos separaria.
Ele estava certo. Ele só não percebeu que falava da própria morte, nas mãos da rainha que é dona de todo o seu exército.
Capítulo 1
A vida que eu conhecia acabou com uma mensagem de texto. Não era uma confissão ou um adeus. Era uma única foto, granulada.
Heitor, meu noivo, o pai da criança que crescia dentro de mim, estava amarrado a uma cadeira de aço. Seu rosto bonito estava machucado, um filete de sangue carmesim escorria do canto de sua boca, e seus olhos estavam arregalados com um pavor que eu conhecia do campo de batalha.
Uma onda de náusea, aguda e ácida, subiu pela minha garganta. Não era a dor familiar e surda do enjoo matinal que me atormentou nos últimos oito meses; era o gosto metálico de pavor. Uma dor aguda e lancinante atravessou meu ventre, um protesto violento do meu corpo contra a súbita inundação de adrenalina. Minha mão voou para a minha barriga, um instinto protetor em guerra com o impulso de soldado para agir.
"Equipe Alfa, reunir. Agora", eu bradei no meu rádio comunicador, minha voz uma lâmina de gelo que não traía o terror que me dominava por dentro. "Situação de refém. O alvo é Heitor Menezes."
Em minutos, eu estava equipada. Meu colete tático, geralmente uma segunda pele, cravava-se na curva desconhecida da minha gravidez — um lembrete constante e pesado do que estava em jogo. Meu segundo em comando, um homem estoico chamado Marcos, olhou para a protuberância incômoda com preocupação indisfarçada.
"Adriana, talvez você devesse ficar de fora desta. Deixa que eu lidero."
"Negativo", retruquei, checando o pente da minha IMBEL. "É o Heitor. Eu vou entrar."
A viagem no Caveirão foi uma percussão dissonante de ruas molhadas pela chuva e sirenes gritando. Cada solavanco me causava um choque, e eu apoiava uma mão na barriga, sussurrando desculpas silenciosas para a pequena vida lá dentro. Eu estava arriscando tudo. Por ele. Era o cerne do nosso código. Sempre.
Paramos em frente a um galpão abandonado na zona industrial de São Paulo. A chuva martelava o telhado de metal corrugado, uma batida frenética que combinava com as batidas do meu coração. Minha equipe se espalhou, garantindo o perímetro com uma eficiência silenciosa e letal. Eu assumi a ponta, minha pistola firme em um aperto de duas mãos, e me aproximei da porta de aço enferrujada que era a única entrada.
Minha bota estava a centímetros da porta, pronta para arrombar, quando ouvi.
Risadas.
Eram baixas, abafadas pelo aço grosso e pela tempestade, mas eram inconfundíveis. A risada leve e musical de uma mulher, seguida pelo ronco mais profundo de vários homens.
Meu sangue gelou. Risadas. O som era obsceno em uma situação de reféns. Não pertencia àquele lugar.
Pressionei meu ouvido contra o metal frio e úmido, forçando para ouvir por cima da chuva forte. As vozes ficaram mais claras.
"...não acredito que você armou tudo isso, Menezes. Um jogo de guerra tático em escala real? Só pra ver se ela vinha?" A voz era desconhecida, tingida de diversão e um toque de admiração.
"Eu te disse, Almeida", outra voz respondeu. Era Heitor — meu Heitor — sua voz casual, confiante, completamente desprovida do terror da foto. "A devoção da Adriana é absoluta. É sua maior força. E meu maior trunfo."
Uma mulher riu. "Mas é sensato? Com a condição dela? O risco para a... você sabe... a carga?"
A palavra me atingiu como um golpe físico. A carga. Meu bebê.
Minha respiração falhou. A pistola em minhas mãos de repente pareceu impossivelmente pesada.
"Não se preocupe com a Gisela", a voz de Heitor era suave como seda, um bálsamo calmante que agora parecia ácido. "Adriana é uma profissional. Ela sabe como gerenciar riscos. Além disso, este pequeno teste é necessário. Almeida precisava ver o tipo de lealdade que construiu nossa empresa. O tipo de lealdade que o dinheiro dele vai comprar."
Almeida, o CEO de uma empresa rival que estávamos tentando adquirir. Gisela Matos, nossa nova e brilhante analista, aquela que Heitor vinha orientando tão de perto. Tudo estava se encaixando, cada peça um fragmento de vidro se cravando em meu coração.
Isso não era um resgate. Era uma performance. Uma peça de teatro cruel e de alto risco, e eu era a estrela involuntária.
"Ainda assim, colocar sua noiva grávida na linha de fogo por uma aposta... isso é frio, Heitor", disse Almeida, com um toque de algo indecifrável em seu tom.
"Ela não é apenas minha noiva", a voz de Heitor baixou, assumindo aquele tom íntimo e protetor que ele sempre usava comigo, aquele que me fazia sentir como a única mulher no mundo. "Ela é tudo. O pilar da minha vida, a mãe do meu filho. Eu nunca deixaria que nenhum mal real acontecesse a ela. Confio implicitamente em suas habilidades, e ela confia em mim com sua vida. Ela estará aqui. A qualquer momento."
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