Laura e Henrique são obrigados a se casar, apesar da pouca idade. Através de um acordo feito por seus pais, o que se inicia da forma errada poderá se tornar algo verdadeiro entre os dois, ela sempre o desejou ele nunca a quis porém isso poderá mudar com o tempo, se o destino assim desejar.
O sol ainda não tinha despontado no céu quando Laura, como de costume, já estava no curral, ajeitando a palha para os cavalos. Naquela manhã, o silêncio era quebrado pelo som de um motor que se aproximava, levantando poeira pela estrada. Ela se virou para ver uma caminhonete preta estacionando.
De dentro saiu Henrique, ele era lindo, ombros largos músculos desenhados braços fortes, que ajeitou o chapéu de cowboy e deu uma olhada ao redor, com uma expressão de desprezo. Laura o observava de longe, sem muito interesse, até que ele percebeu sua presença e caminhou em sua direção.
– Você deve ser a Laura, certo? – perguntou ele, com um sorriso convencido, examinando-a da cabeça aos pés. Ela era uma moça pequena, com pernas grossas e uma bunda redondinha, estava acima dos padrões que ele gostava porém não era das piores. Sua pele mais escurecida pelo sol, com olhos verdes de uma cor intensa, não descartaria levar ela para cama e fazê-la gemer seu nome, enquanto a preenchia, porém era pra uma vez somente.
Ela o encarou, cruzando os braços.
– Sou. E você é o filho do patrão, não é? O rapaz que teve que ser "obrigado" a vir pra cá? – rebateu, sem esconder o tom ácido.
Henrique riu, um pouco surpreso pela resposta. Não estava acostumado com esse tipo de recepção, especialmente de uma garota do campo.
– É, parece que minha fama me precede – ele respondeu, ainda sorrindo. – Mas, e você? Trabalha aqui há quanto tempo?
– Desde sempre, eu acho – respondeu ela, dando de ombros. – Diferente de você, eu não tenho escolha.
Henrique a encarou, o sorriso se apagando levemente. Aquela garota tinha algo diferente, uma maneira de falar direta e sem rodeios. Não era o tipo de conversa que ele estava acostumado. As garotas falavam de uma forma doce para conquista-lo mas ela não.
– E você gosta? Quer dizer... de trabalhar aqui, no campo? – ele perguntou, meio sem jeito, tentando ser educado.
Laura desviou o olhar para o horizonte, suspirando.
– Gosto do campo. Mas, sinceramente, não quero passar minha vida inteira aqui. Eu sonho com algo mais.
Ele ergueu uma sobrancelha, curioso.
– Tipo o quê?
Ela o olhou de volta, os olhos brilhando com uma determinação que ele não esperava.
– Quero ser médica. Mas acho que isso não importa pra você, né? – ela retrucou, pegando um balde e se afastando. Ele riu.
- o que é tão engraçado?- ela questiona
Henrique a seguiu, intrigado.
– Olha, não precisa ficar na defensiva. Eu só... achei interessante. Não esperava ouvir isso.
Laura vira os olhos sem humor, balançando a cabeça.
– É, imagino que não. Vocês, os ricos, não precisam se preocupar com sonhos que não podem realizar.
Henrique ficou em silêncio, sentindo-se desconcertado. Antes que pudesse responder, seu pai, Sr. Leôncio, apareceu com o pai de Laura, Sr. Antônio. Os dois homens caminhavam juntos, conversando baixo, e chamaram Henrique para se aproximar.
– Filho, quero que você passe um tempo aqui, ao lado do Sr. Antônio e da Laura – disse o Sr. Leôncio, com uma expressão séria. – Precisa aprender sobre responsabilidade, sobre o que é realmente importante.
Henrique bufou, revirando os olhos.
– Pai, eu sei cuidar de mim mesmo. Não preciso ficar aqui, preso no meio do nada.
– É o que vamos ver – retrucou o pai, com um tom decidido. – Se quiser herdar esta fazenda, terá que provar que pode cuidar dela e da família.
Laura assistia à conversa, em silêncio, mas com uma pontada de satisfação. O jeito convencido de Henrique parecia diminuir diante da seriedade do pai.
Mais tarde, enquanto Henrique ajudava no curral, Laura não resistiu e provocou:
– Parece que não é tão fácil ser herdeiro, hein?
Ele a olhou de soslaio, tentando manter o orgulho. O suor escorrendo pelo
– Isso aqui é temporário, entende? Logo volto pra minha vida. Não sou como você, que nasceu pra ficar aqui.- retrucou.
Ela parou, encarando-o.
– Engraçado... você acha que é tão diferente, mas não percebe que, aqui, você é só mais um. Nada do que você tem lá fora importa neste lugar.
Henrique ficou sem resposta. Pela primeira vez, sentiu que Laura o havia colocado em uma posição desconfortável. Ele sorriu de lado, tentando esconder a irritação.
– E você? Acha que entende tudo, não é? – desafiou ele.
Laura não recuou.
– Eu entendo o suficiente pra saber que, se quer algo, tem que lutar de verdade. Não adianta só nascer numa família rica – disse, com um olhar direto.
Ele ficou em silêncio, incomodado com a intensidade dela. Pela primeira vez, alguém o fazia questionar quem ele realmente era. Mas, em vez de discutir, apenas observou enquanto ela voltava ao trabalho.
Nos dias seguintes, eles foram forçados a conviver mais de perto, e Henrique passou a perceber os detalhes da vida dura de Laura. Mesmo sem vaidade ou as aparências das mulheres com quem ele estava acostumado, havia algo nela que o intrigava, uma força que contrastava com seu próprio comportamento.
Já Laura, mesmo sem admitir, começava a ver Henrique de maneira diferente. Atrás da arrogância e do jeito debochado, havia um homem em busca de algo que ele mesmo não compreendia. E, sem perceber, passou a imaginar como seria tê-lo ao seu lado, beijar seus labios carnudos e entregar seu corpo ao toque das suas mãos grandes, uma fantasia que ela sabia ser tão improvável quanto seu sonho de ser médica.
Mas a vida tinha outros planos para ambos, e o destino parecia determinado a entrelaçar suas histórias de maneira inesperada.