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Indomável Paixão

Indomável Paixão

Eri Guimarães

4.9
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83
Capítulo

Kiara Elliot é uma jovem arquiteta que trabalha e estuda muito para conseguir fazer seu mestrado em Harvard. Ela é uma jovem alegre, batalhadora, a amiga querida de todos, mas ela guarda um segredo. Esse segredo é o responsável por muitas noites de lágrimas até adormecer. Tudo isso enquanto tenta superar a dor de uma grande perda Como nada na vida de Kiara é fácil, a jovem se vê envolvida em escândalos que nunca imaginou com a chegada de Nikolaos Korsac à cidade. Korsac é um russo, dono de uma importante empresa internacional. Ele não queria estar ali, mas a inesperada morte de seu irmão mais velho o forçou a visitar suas filiais. Porém, o frio e sério empresário não contava com esbarrar com uma mulher que tinha o dom de lhe provocar. E com uma clausula de testamento obrigando o russo a se casar em breve, o encontro entre os dois foi simplesmente providencial, ou poderíamos dizer, uma obra do destino. Kiara sabe que aquele homem pode ser a realização de seu sonho... Ou de seu pior pesadelo. Pois os segredos poderão mudar a vida de ambos. Antes de revelá-los, porém, ela precisa conquistar o coração daquele homem indomável.

Capítulo 1 Destiny

A boate estava cheia e animada, mas não a contagiava, ela não queria estar ali. Mas as pessoas não a ouviam, seus amigos do grupo de estudo e do trabalho não sossegaram até que ela prometesse que viria. Entrou no ambiente cheio e abafado, o cheiro de cigarro, perfumes, bebidas e suor se misturavam impregnando o ambiente. Sentiu-se meia sufocada, meia deslocada. Destiny era o lugar do momento. Pessoas faziam de tudo para conseguir um convite para o lugar badalado. Ela olhou a pulseira dourada em seu pulso esquerdo, mostrando que ela era do time dos VIPS.

Muitas mulheres a olhavam com inveja, por ela poder transitar em qualquer ambiente que quisesse e ela só pensava com pesar em seu apartamento e em como queria estar nesse momento lendo um bom livro deitada em sua confortável cama. Sacudiu a cabeça tentando assim afastar esses pensamentos e não ficar mau humorada.

Logo visualizou o camarote onde seus amigos estavam. Não conseguiu conter o sorriso ao ver que não era a única desconfortável ali. Brenno, um rapaz de cabelos negros e lisos, alto, de porte franzino, parecia assustado com a movimentação. Olhava para os lados parecendo temer um ataque à qualquer momento.

Ao lado de Brenno, uma linda loira, de cabelos curtos e olhos cor de mel, ria da atitude do moreno o deixando ainda mais sem graça. Melanie, com seu jeito irreverente era a alegria da mesa.

Íris, sua melhor amiga, com quem dividia o apartamento também estava ali. Seus cabelos negros com mechas vermelhas balançavam conforme ela se movia no ritmo da música. Um sorriso travesso lhe adornava o rosto enquanto observava as reações de Brenno às provocações de Mel.

Os três, juntos com ela, formavam um grupo de estudos. Todos almejavam fazer a pós graduação na Universidade de Harvard, uma das melhores do país, onde a seleção era rígida e apenas os melhores conseguiam uma vaga como bolsista. A prova de admissão estava próxima, por isso os quatro se reuniam todas as manhãs na biblioteca para se prepararem antes de irem juntos para o trabalho. Isso fez com que um forte laço os unisse, agora eram como uma família. Sempre estavam saindo juntos, e era por isso que Kiara não podia deixá-los na mão, e mesmo não sendo fã de baladas estava ali, tentando se divertir com os amigos.

Estava quase chegando à mesa dos amigos quando esbarraram em seu ombro, a empurrando para o lado.

– Kiaraaaaaaaaa! – William já foi enlaçando seu ombro, a levando para o lado contrário de onde estava indo enquanto gritava animado.

– Não acredito! Você por aqui? – Kiara não escondeu o desgosto enquanto tentava desesperadamente se desvencilhar do homem atrevido.

– Sou eu que não acredito na minha sorte grande. Ver você por aqui é um verdadeiro milagre. – Will continuou com seu tom alegre, apertando mais o abraço, parecendo não notar o desconforto que provocava em Kiara.

Kiara prefiriu ficar em silêncio. Conformada, abaixou a cabeça e se deixou conduzir até o bar. Sentou em uma das cadeiras encostada no balcão e olhou emburrada para William que permanecia em pé, ao seu lado, dançando animado, sem nunca soltar do abraço.

Não demorou muito e um sorridente barman se aproximou dos dois.

– Namorada nova, Will? – perguntou indicando Kiara com um meneio de cabeça.

– Ainda não, Tom. – William olhou para Kiara e deu um sorriso maroto para o barman – Mas em breve será.

Kiara, chocada demais para falar algo se limitou a lançar um olhar gélido ao homem, que apenas deu de ombro e continuou dançando alegremente.

– E então, o que vão pedir? – Tom perguntou solícito.

– O que minha gata linda mandar! – Will se soltou de Kiara, sentando-se ao seu lado no balcão. Apoiou o rosto na mão esquerda e observou atentamente as reações da mulher, que passou rapidamente do choque para uma irritação mal-contida.

– Um Sex on the Beach para mim e uma dose fatal de veneno pro Will. Pode ser cinuareto, por favor. – O tom ácido e a cara emburrada de Kiara fizeram com que o belo loiro dos olhos verdes saltasse da cadeira e a agarrasse.

– Você fica tão fofa e sexy quando está irritada Kiara. – dizendo isso deu um beijo estalado na bochecha da morena, fazendo-a corar de surpresa. – Bem Tom, eu deixo o veneno pra outro dia. Me dá um Manhattan mesmo.

Tom rapidamente fez e serviu os dois drinks e sorrindo para William se afastou para servir outros clientes.

O loiro pegou seu copo e o ergueu para fazer um brinde. Suspirando, Kiara também pegou seu copo batendo de leve no de Will.

– Brindamos a quê? – perguntou curiosa enquanto levava o copo à boca.

– Ao nosso futuro relacionamento. – William respondeu com um sorriso radiante.

Tamanho o choque das palavras Kiara cuspiu sua bebida, engasgando. Isso fez com que o loiro risse ainda mais.

– Calma, Kiara... – Will dava leves tapas nas costas da morena para aliviar a crise de tosse provocada pelo engasgo – Mais cedo ou mais tarde você ficará comigo.

– Não seja presunçoso, William! – o brilho no olhar evidenciou ainda mais o tom de repreensão da jovem.

– Não sou presunçoso... Só realista e persistente. – sorriu abertamente, levantando o queixo convencido. – São as minhas melhores qualidades!

– Afinal o que você viu em mim?

– Você é inteligente, espirituosa, doce... – sorriu lentamente, encostando-se ao balcão, à vontade em seu ambiente. – Além de ser linda demais, eu adoooro doce.

– O que foi que eu fiz para merecer isso? – Kiara abaixou a cabeça, tentando evitar que o homem visse o rubor em sua face. – Sabe Will, às vezes acho que você bateu a cabeça quando era pequeno e as seqüelas persistem até hoje.

– Nada. Você existe e isso é suficiente pra mim. – Adorava aquela sinceridade e simplicidade em falar as coisas de forma tão direta. – Então isso foi bom... Por causa das seqüelas notei o quanto você é maravilhosa... Gosto de você.

– Ah, William... – suspirando, Kiara olhou em direção à mesa onde seus amigos se encontram – Meus amigos estão me esperando...

–Vai lá então Kiara, eu não fico chateado. É só questão de tempo você vir pra mim mesmo. Por isso, não vou ficar com ciúme.

Sem nada dizer, Kiara levantou e passou por William indo em direção de seus amigos, que lhe acenavam euforicamente.

Olhando a morena se afastar, William não resistiu e levantando-se rapidamente voltou a puxá-la, dessa vez levando-a em direção à pista de dança.

– Mas antes de ir ficar com seus amigos você vai dançar comigo.

– Não vou não. Eu não quero. – Kiara falou num tom indignado, tentando se desvencilhar com mais ênfase.

– Ah, o que é que custa, Kia? – o loiro continuou puxando-a em direção à pista. – Você quase não vem aqui, tem que aproveitar.

– Eu já disse que não quero. E detesto quando você me chama de Kia. – A morena estava totalmente contrariada.

Nesse momento a música mudou, indo para uma batida agitada, daquelas impossveis de se ouvir e se manter parado. Kiara ainda tentava se desvencilhar de William, que permanecia com o braço em volta de seus ombros, segurando-a proximo de seu corpo enquanto continuava a arrastá-la para a pista de dança.

Kiara conseguiu travar seus passos bem ao lado da pista de dança. Mas, antes que pudesse fazer alguma manobra pra poder correr até onde seus amigos estavam, uma movimentação chamou sua atenção. Olhando em volta, a morena percebeu que os olhares recaíam na entrada da boate onde um belo moreno adentrava, arrancando suspiros e sussurros de todos os presentes.

A pele bem bronzeada era realçada pela bela camisa branca, colada ao tronco, um terno aberto, para dar um charme. A calça justa e preta, de cintura levemente baixa, bem ajustada, dando ênfase ao movimento fluído do andar do moreno. No rosto, o olhar negro observava o lugar com quase desdem, os lábios cheios moldurados por um cavanhaque bem aparado deixando sua expressão fechada ainda mais enigmatica. Os cabelos negros e curtos, num corte sofisticado. Nos pés, um belo sapato de couro italiano e um Rolex no braço gritavam dinheiro e poder.

Estava acompanhado por um homem alto, de porte musculoso, porém compacto, que vestia uma calça de jeans escuro que lhe delineava as pernas e uma camisa preta de tecido semi-transparente que destacava os cabelos castanhos claros e a pele alva. Seus olhos de um raro tom de verde olhavam a tudo com curiosidade e interesse. Caminhava bem próximo ao moreno, deixando evidente a todos a afinidade entre eles.

Tudo nos dois exalava sensualidade, luxúria. Era impossível não se sentir hipnotizado pela presença deles ali. Tanto homens, como mulheres lançavam olhares de pura cobiça e desejo, almejando por uma oportunidade de aproximarem-se deles.

Alheios à revolução que provocaram no lugar, os dois seguiram direto para o bar, sentando em frente ao balcão, no mesmo lugar onde Kiara e William haviam estado um pouco antes. Fizeram o pedido a um Tom sorridente e voltaram o olhar para os presentes. Recebendo a bebida que lhes era servida os dois brindaram, tomando de uma vez só o conteúdo de seus copos.

Como se essa fosse a deixa esperada, uma música de batida sensual começou a tocar, despertando a todos do torpor que a chegada dos dois homem havia provocado.

Todos começaram a se mover no ritmo envolvente e quente da música, tentando de todas as formas provocar e atrair a atenção dos recém-chegados que pareciam nem notar enquanto conversavam tranquilamente, em sussurros cúmplices, o que atiçava ainda mais a curiosidade e cobiça de todos.

Kiara, que continuava tentando se livrar do aperto de William, ao olhar para o moreno estremeceu. Ela não sabia o porquê, mas sentia que já o tinha visto de algum lugar. Perdido nesses pensamentos nem reparou que Will a arrastava novamente em direção à pista de dança.

– Eu já disse que não irei dançar, William Marshall – irritada, Kiara se soltou do abraço do loiro.

– Adoro quando você me chama pelo nome completo. – Will sorriu provocante. – Isso me excita muito. Na cama, você pode gritar meu nome inteiro quando eu fizer você gozar.

– Ah, não vamos começar de novo. – o tom cansado de Kiara fez com que o loiro lhe apertasse as bochechas, a irritando ainda mais.

– Mas eu não faço nada, é você que sempre briga comigo. – Will fez um biquinho emburrado.

Ao ver a cara de William, Kiara acabou por relaxar e se permitiu sorrir. Há anos que conhecia William Marshall e sempre havia sido assim. O excêntrico rapaz havia se confessado algumas semanas depois de se conhecerem em um dos festivais da cidade e desde então corria atrás dela, tentando de todas as formas conquistar-lhe o coração. Sem sucesso. Kiara o via apenas com um bom amigo que lhe proporcionava muita diversão, apesar de às vezes lhe irritar ao extremo.

Olhando ao redor, seu olhar recaiu mais uma vez no belo recém-chegado e novamente a sensação de reconhecimento a envolveu, lhe causando uma enorme curiosidade sobre a identidade do dono do olhar mais gélido que já encontrara em toda a sua vida, que continuava a beber, alheio a tudo a sua volta.

– Se interessou por ele Kiara? – Will sussurrou de maneira travessa no ouvido da morena, que se assustou, corando furiosamente.

– Não é nada disso Marshall – Kiara falou em um tom mais alto do que desejava, o que provocou ainda mais o lado malicioso de Will.

– Você não tirou os olhos de cima daquele homem desde que ele apareceu. E depois vem me dizer que não se interessou?! – Will ergueu a sobrancelha esquerda de um modo sarcástico. O brilho em seus olhos deixou Kiara alarmada – Ainda me chamou pelo nome completo. Faz anos que não me chama assim. Isso é porque ele é moreno? Você sabe, posso pintar o cabelo se você preferir... Mas não se preocupe, já disse que não ficarei com ciúmes.

Kiara respirou fundo tentando controlar a raiva que ameaçava explodir. Olhando para a pista de dança atrás de um pouco mais paciência, viu que todos ali dançavam de modo a provocar o moreno e isso fez com que sua curiosidade aumentasse. Evitando olhá-lo mais uma vez fixou seus olhos no rosto de William que continuava a ostentar o ar de pura malícia. Pigarreando, Kiara falou, procurando disfarçar o rubor das faces:

– Will, quem são aqueles dois que praticamente pararam a boate? – o pequeno meneio de cabeça de Kiara indicava o moreno e seu amigo que ainda conversavam entre sussurros.

– Depois fala que não se interessou, né? – gargalhando, William desviou do tapa de Kiara.

– William Marshall! – o tom de repreensão da jovem, seguido do rubor de raiva em seu rosto fez Will agarrá-la mais uma vez naquela noite.

– Falou meu nome completo mais uma vez. Desse jeito eu me apaixono ainda mais. – o sorriso vitorioso de Will aumentou ainda mais, provocando mais um tapa de Kiara, que se desvencilhou com um empurrão.

– Vai ou não responder minha pergunta? – Kiara não escondeu sua impaciência – Se não for... Estou indo ficar com meus amigos.

– Só falo o que sei com uma condição. – Will pegou a mão direita de Kiara, acariciando-a lentamente.

– Qual condição? – em tom seco, Kiara puxou a mão de forma brusca.

– Que você dance comigo. – O loiro parecia uma criança pedindo o brinquedo da loja para os pais. Sua ansiedade era palpável.

– Isso é chantagem – Kiara reclamou, emburrando de novo.

– Se você não fosse teimosa... Eu não precisaria usar dessas artimanhas para que você enxergue o amor que existe entre nós dois. – a segurança com que foram ditas essas palavras chocou Kiara de tal maneira que ela não sabia o que responder.

Os dois ficaram por alguns instantes se encarando. O loiro sustentando um sorriso sereno, Kiara demonstrando todo o choque que sentia.

– Por que você está fazendo isso? – Kiara, em tom baixo perguntou, denotando cansaço.

– Porque o prêmio vale à pena. – dizendo isso deu um beijo na bochecha da morena.

Era notável a falta de paciência de Kiara. Ela estava se controlando ao máximo para manter a postura educada, mas tudo aquilo já a estava cansando. Voltou, então, seu olhar mais uma vez para o alvo de sua curiosidade e respirando fundo respondeu em um murmúrio:

– Está bem, eu danço com você.

– Eu não escutei – cantarolou William empolgado.

– Então devia limpar os ouvidos. – Kiara respondeu de forma malcriada.

– Se não repetir não darei nenhuma informação – Will deu seu sorriso mais cínico.

Espumando de raiva, Kiara respirou fundo, contando mentalmente até dez e respondeu em tom frio e controlado:

– Ok, William. Eu aceito dançar com você.

Sem dizer mais nada e com um imenso sorriso no rosto, William pegou mais uma vez na mão de Kiara e praticamente a arrastou até o centro da pista de dança, seu lugar favorito. Sem dar tempo a morena, envolveu sua cintura em um abraço safado, deslizando suas mãos sobre as costas nuas de Kiara, enquanto sua respiração batia no pescoço, arrepiando-a.

Kiara ficou tensa ao sentir as carícias de Will, mas preferiu nada dizer. Pelas informações que ele lhe passaria valia a pena o sacrifício. Tentou deixar com que a música a envolvesse e a ajudasse a se soltar, mas a cada deslizar das mãos do loiro ou a cada arrepio causado pela respiração dele em seu pescoço sua concentração diminuía, dando lugar a uma fúria que ameaçava explodir a qualquer momento.

Percebendo a tensão do corpo em seus braços, William mordeu de leve seu pescoço, sendo empurrado logo em seguida por uma Kiara irada:

– Dá pra parar de se aproveitar e cumprir sua parte do acordo?

– Só começarei a falar quando você relaxar e aproveitar a dança – calmamente o loiro se aproximou, voltando a acompanhar as batidas da música.

Se vendo sem opção, Kiara começou a se movimentar, tentando entrar no ritmo imposto por Will. Rapidamente o rapaz de cabelos quase platinados encaixou seus corpos, tornando a dança mais sensual.

Fechando os olhos, Kiara se afastou de William e passando as mãos pelo próprio corpo, deixou-se envolver por completo pelo ritmo da música.

O loiro comia Kiara com os olhos, dançando de maneira a sempre esbarrar em alguma parte do corpo da morena e isso não passava despercebido por ela que sempre mudava a direção de seus movimentos, tentando impedir os toques.

Kiara sentia os 'esbarrões' e respirava fundo para não perder o autocontrole. Já havia conseguido se soltar e até podia dizer que se divertia quando a voz de William a despertou de seus devaneios.

– O moreno se chama Nikolaos Korsac, Nik para os conhecidos. Ele é o filho caçula dos Korsac, os donos do império de computadores russos. E o outro é seu amigo britânico Richard Cool. Os dois chegaram no início dessa semana ao EUA vindos da Inglaterra, onde Korsac mora desde seus 10 anos. E hoje é a segunda vez que os dois vêm a essa boate. – sem parar de dançar, William observou as reações de Kiara a cada nova informação.

– Por que Korsac voltou depois de tanto tempo? – era nítida a mudança de comportamento de Kiara, que agora estava mais relaxada, inteiramente interessada na conversa. Todo o clima hostil de momentos antes fora dissipado e apenas o brilho de curiosidade a envolvia.

– Seu irmão mais velho morreu há pouco tempo. Então ele foi chamado para resolver toda a papelada e tomar posse dos negócios que ele mantinha aqui. – ao ouvir isso, Kiara abriu os orbes e olhou para Nikolaos que continuava no bar, observando a pista de dança. Uma sensação estranha a envolveu. O nome não lhe era estranho, mas não conseguia recordar de onde já o tinha ouvido.

"Será que é ele?", – pensou quando uma idéia lhe passou pela cabeça, mas não deu tempo de desenvolvê-la, pois ouviu William continuar a história.

– Parece que ele está procurando por uma noiva por causa de uma cláusula do testamento, ou algo parecido. Ele é extremamente rico por causa da herança de seu irmão, além da fortuna pessoal que conquistou trabalhando na Inglaterra.

– Então é só por isso que ele chama a atenção. – Kiara falou em um tom pensativo mais para si do que para William.

– Pode ser. Bem, isso é tudo o que eu sei, agora aproveitemos o final da música. – O loiro mais uma vez se aproximou de Kiara que não disse nada, ainda perdida em seus próprios pensamentos.

A batida da música mudou para algo mais quente, mais sensual e William se aproveitou disso para se esfregar ainda mais na morena.

Kiara estava cada vez mais incomodada com os toques de William, mas por se sentir em débito pelas informações apenas torcia para que a música terminasse logo.

O loiro estava cada vez mais excitado ao ver Kiara dançar. Cada serpentear, cada movimento ousado dela fazia seu baixo ventre latejar de desejo.

A morena, cada vez mais entorpecida pela música começou a soltar mais o corpo, rebolando de forma a atrair os olhares para si. Suas mãos percorriam novamente o seu corpo, se acariciando de forma totalmente luxuriosa. A dança estava em seu sangue, ela sempre se sentia livre quando envolvida por uma boa música. Logo, não era só William que se excitava ao vê-la dançar.

William quase não conseguiu se controlar, vendo-a virar de costas para si, gingando os quadris para um lado e pro outro, sensual, acompanhando as batidas quentes da música. Colou-se atrás dela, segurando na cintura estreita, fazendo os mesmos movimentos sinuosos, esfregando o membro teso entre as bochechas de seu bumbum redondinho, quase não contendo o gemido longo que chegava aos seus lábios. Não agüentando mais, agarrou os ombros de Kiara e a girou, parando-a de frente para si e aproximou-se de seus lábios para beijá-la.

Assustada com a reação de William, Kiara o empurrou com força e cambaleando para trás acabou por esbarrar em Nikolaos que passava por ali, derrubando a bebida que ele carregava em sua camisa branca.

O tempo pareceu parar. O olhar gélido de Nikolaos paralisou Kiara, que esperou uma reação violenta. Mas o que veio a deixou ainda pior do que se tivesse levado uma surra, quando Nik se virou para Richard e disse em tom de desprezo:

– Essa aqui não serve nem para fachada. Seria vergonhoso tê-la ao meu lado – e irritado se afastou indo em direção ao banheiro, acompanhado pelo amigo.

William e Kiara se entreolharam. O loiro detinha uma expressão de surpresa, enquanto Kiara demonstrava confusão, seus lábios articulavam, mas nenhum som saía, parecia ter perdido a capacidade de falar com o choque.

E pela segunda vez naquela noite, a boate pareceu parar, observando os dois que continuavam se encarando, como se procurassem uma explicação para o que tinha acabado de acontecer.

Vários comentários podiam ser ouvidos. Eram nítidos os vários cochichos e olhares de curiosos que tentavam entender o motivo das palavras do enigmático senhor Korsac, e isso foi a gota d'água para que a paciência de Kiara acabasse. Sem nada dizer deu as costas à William e foi em direção da mesa onde seus amigos estavam e ali ficou até o final da noite.

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