O Abandono em Águas Turbulentas

O Abandono em Águas Turbulentas

Gavin

5.0
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Capítulo

A tela do meu celular iluminou o quarto escuro do hotel, mostrando um alerta vermelho de tempestade. O hotel ficava numa área baixa e precisávamos sair. Liguei para o meu marido, Pedro, pela décima vez, mas ele só atendeu na décima primeira, com a voz cheia de irritação. Ele bufou quando eu implorei para ele vir nos buscar na tempestade. "Ana, para de ser tão dramática! É só um pouco de chuva", disse ele. Então ouvi a voz da Clara, a filha da nossa vizinha, choramingando sobre o cachorrinho doente. Imediatamente, o tom do Pedro mudou para suavidade e preocupação. "Não te preocupes, Clara. Eu levo-te já. O Floco vai ficar bem." Quando eu disse que a tempestade era séria e que a Sofia, minha irmã, estava aqui, precisávamos dele, ele explodiu. "Ana, para de ser tão egoísta! A Clara está sozinha! Um cão é uma emergência! Tu e a Sofia podem chamar um táxi. Eu tenho de ir agora." Ele desligou na minha cara. O hotel estava a inundar, a água já nos chegava aos tornozelos no corredor, mas nenhuma aplicação de transporte aceitava corridas. Liguei novamente, mas ele me bloqueou. Desesperada, tentei acordar a Sofia, que dormia profundamente. Conseguimos descer as escadas, que pareciam uma cascata, com outros hóspedes em pânico. No lobby, a água já nos chegava à cintura, com destroços flutuantes. As portas de vidro da frente estavam estilhaçadas e a rua era um rio furioso, arrastando pessoas. Estávamos presas, sem saída. Então minha sogra ligou, a voz fria e acusadora. Perguntou o que eu fiz para irritar o Pedro, que ele estava furioso e que eu o estava a incomodar com coisas sem importância enquanto ele ajudava a pobre da Clara. Eu disse que estávamos presas num hotel inundado, a água a subir. "Não sejas tão dramática! O Pedro disse que era só uma chuvinha!" Ela retrucou e desligou. A água aos nossos pés já nos batia no peito. Eu não conseguia entender. Como um marido podia abandonar a esposa e a irmã em face de um perigo de vida ou morte? Como uma mãe podia defender seu filho por priorizar um cachorro moribundo em vez de duas vidas humanas? Por que eles me acusavam de egoísmo quando a vida da Sofia e a minha estavam por um fio? Em meio ao caos, meu telefone tocou novamente. Era o Pedro. Meu coração deu um salto de esperança, talvez ele tivesse voltado a si. Mas do outro lado da linha, antes mesmo de eu falar, ele disse que o Floco estava estável e já estava a caminho de casa. A tempestade estava a acalmar, e eu deveria ligar para a emergência sozinha. Desligou novamente. O som do silêncio que se seguiu foi mais alto que a tempestade, e a Sofia olhou para mim, os olhos arregalados, a esperança morrendo. Eu sabia. Sabia que precisava nos tirar dali, e que seria sozinha. Mas como? E o que aconteceria quando eu saísse dessa provação?

Introdução

A tela do meu celular iluminou o quarto escuro do hotel, mostrando um alerta vermelho de tempestade.

O hotel ficava numa área baixa e precisávamos sair.

Liguei para o meu marido, Pedro, pela décima vez, mas ele só atendeu na décima primeira, com a voz cheia de irritação.

Ele bufou quando eu implorei para ele vir nos buscar na tempestade.

"Ana, para de ser tão dramática! É só um pouco de chuva", disse ele.

Então ouvi a voz da Clara, a filha da nossa vizinha, choramingando sobre o cachorrinho doente.

Imediatamente, o tom do Pedro mudou para suavidade e preocupação.

"Não te preocupes, Clara. Eu levo-te já. O Floco vai ficar bem."

Quando eu disse que a tempestade era séria e que a Sofia, minha irmã, estava aqui, precisávamos dele, ele explodiu.

"Ana, para de ser tão egoísta! A Clara está sozinha! Um cão é uma emergência! Tu e a Sofia podem chamar um táxi. Eu tenho de ir agora."

Ele desligou na minha cara.

O hotel estava a inundar, a água já nos chegava aos tornozelos no corredor, mas nenhuma aplicação de transporte aceitava corridas.

Liguei novamente, mas ele me bloqueou.

Desesperada, tentei acordar a Sofia, que dormia profundamente.

Conseguimos descer as escadas, que pareciam uma cascata, com outros hóspedes em pânico.

No lobby, a água já nos chegava à cintura, com destroços flutuantes.

As portas de vidro da frente estavam estilhaçadas e a rua era um rio furioso, arrastando pessoas.

Estávamos presas, sem saída.

Então minha sogra ligou, a voz fria e acusadora.

Perguntou o que eu fiz para irritar o Pedro, que ele estava furioso e que eu o estava a incomodar com coisas sem importância enquanto ele ajudava a pobre da Clara.

Eu disse que estávamos presas num hotel inundado, a água a subir.

"Não sejas tão dramática! O Pedro disse que era só uma chuvinha!"

Ela retrucou e desligou.

A água aos nossos pés já nos batia no peito.

Eu não conseguia entender.

Como um marido podia abandonar a esposa e a irmã em face de um perigo de vida ou morte?

Como uma mãe podia defender seu filho por priorizar um cachorro moribundo em vez de duas vidas humanas?

Por que eles me acusavam de egoísmo quando a vida da Sofia e a minha estavam por um fio?

Em meio ao caos, meu telefone tocou novamente.

Era o Pedro.

Meu coração deu um salto de esperança, talvez ele tivesse voltado a si.

Mas do outro lado da linha, antes mesmo de eu falar, ele disse que o Floco estava estável e já estava a caminho de casa.

A tempestade estava a acalmar, e eu deveria ligar para a emergência sozinha.

Desligou novamente.

O som do silêncio que se seguiu foi mais alto que a tempestade, e a Sofia olhou para mim, os olhos arregalados, a esperança morrendo.

Eu sabia.

Sabia que precisava nos tirar dali, e que seria sozinha.

Mas como?

E o que aconteceria quando eu saísse dessa provação?

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O anel de diamante em meu dedo parecia pesar toneladas, um fardo de promessas despedaçadas. Meu noivo, Daniel, herdeiro de uma fortuna, deveria estar ao meu lado, mas seus risos vinham de um canto distante, onde Isabela, a mulher que se insinuava entre nós, o envolvia em segredos e toques "acidentais". A gota d'água veio do jeito mais cruel: no nosso aniversário de cinco anos, ele chegou em casa tarde, com o perfume dela impregnado, justificando que a ajudava com um "problema urgente", enquanto a vela do meu jantar especial derretia, levando com ela a última chama da minha esperança. Naquela festa de gala, ver Daniel e Isabela tão à vontade, sem se importar com minha presença, foi uma humilhação insuportável, um golpe final na minha dignidade. Para o mundo, éramos o casal perfeito, mas por trás da fachada, Isabela reinava, e eu era a tola que tentava ignorar trincas que viravam abismos. Com a voz surpreendentemente firme, tirei o anel e o entreguei a ele, declarando o fim do nosso noivado. Seu sorriso zombeteiro e o aviso: "Você vai se arrepender, não é nada sem mim", foram um veneno, mas também uma libertação. Então, um choque: o ataque ao meu ateliê de joias e uma mensagem de Isabela confirmando a destruição, como se zombasse da minha dor. Mas a tristeza deu lugar a uma fúria fria. Eles achavam que me quebrariam, mas eu decidi lutar. Com as mãos trêmulas, mas a mente clara, apaguei a tela do celular – um adeus à minha vida antiga. Eu não precisava do dinheiro dele, apenas da minha liberdade. Aquela noite, nasceu uma nova Sofia, pronta para partir para longe, reconstruir-me e provar que era muito mais do que Daniel jamais poderia imaginar.

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