Fim de Semana Interrompido

Fim de Semana Interrompido

Gavin

5.0
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134
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17
Capítulo

O cheiro de protetor solar e a mala na porta. Eu, Ana Lúcia, designer de joias, sonhava com um fim de semana perfeito na praia com Pedro, meu noivo. Tudo estava pronto, a playlist de viagem selecionada, só esperava por ele. Mas quando o carro parou, não era só ele. Patrícia, sua ex, desceu com a filha, como se ainda fosse a dona do lugar. Meu estômago gelou. Ela sorriu, um sorriso que não chegava aos olhos. "Ana, querida! Que surpresa boa! Pedro foi tão gentil em nos dar uma carona." A mentira era descarada, ali na frente da MINHA casa. Pedro, evitando meu olhar, sugeriu: "Que tal um fim de semana em família?" , a voz falsamente animada. Família? Era ELA e a filha. Eu, a intrusa no meu próprio plano. Patrícia, astuta, logo disse: "A cadeirinha da Laura ocupa muito espaço, Ana, você não se importaria de ir de aplicativo?" Pedro, como um boneco, completou: "Você não ficaria brava por uma coisinha dessas, ficaria?" Aquela frase me atingiu. Uma ordem disfarçada, minimizando meus sentimentos. Eu, empurrada para fora da minha própria vida, enquanto Dona Elvira, minha vizinha, me olhava com pena. Eu forcei um sorriso. "Claro. Sem problemas. Vão na frente, eu encontro vocês lá." Minha voz soou calma, mas algo se quebrava por dentro. Ele me deu um beijo vazio na testa, e correu para ajudar Patrícia com as malas DELAS. Observei-os partir, Patrícia no MEU lugar, acenando vitoriosa. No retrovisor, um filtro dos sonhos. Não era meu. E eu sabia, com uma certeza que doía, de quem era. As notificações do Instagram de Patrícia eram tortura: "Momentos que aquecem o coração" , "O melhor tio do mundo" , "Fim de semana perfeito em família" . Com a casa que EU aluguei no fundo. Trancada no meu apartamento, cancelei o carro. Não iria ser espectadora da felicidade deles. A humilhação na calçada foi o suficiente. Pedro ligou, a voz distante, abafada por risadas. "Oi, amor. Chegou bem? Não te vi por aqui." A desfaçatez era inacreditável. "Eu não fui, Pedro." Silêncio. "Aconteceu alguma coisa? Você está bem?" "Estou ótima" , menti, a voz seca. "Achei melhor deixar vocês aproveitarem o fim de semana em família." Ele nem percebeu a ironia. "Ah, que pena. Tudo bem. Amanhã a gente compensa, ok? Jantar naquele lugar que você gosta." Uma promessa vazia. Desliguei sem dizer nada. Ele não ligou de volta. A diversão com sua "outra família" era mais importante. No domingo, esperei. A parte idiota de mim, que ainda o amava, esperava arrependimento. O sol se pôs, e meu telefone silenciou, exceto pelo Instagram de Patrícia. Um vídeo. Pedro, sem camisa, cozinhando na casa de praia, ela filmando. "Meu chef particular." Ela perguntou: "A Ana não vai ficar brava de você estar cozinhando pra mim?" Ele olhou para a câmera, riu e disse: "A Ana? Nah. Ela não ficaria brava por isso. Ela é super tranquila." Aquela mesma frase. Ele não apenas me negligenciava. Ele me vendia a ela, a si mesmo, ao mundo inteiro. Uma imagem de uma mulher complacente, sem vontades, sem limites. Naquele exato instante, meu amor por ele virou cinzas. Minha parte idiota morreu. Com os dedos tremendo de raiva, abri nosso álbum de fotos. A foto do noivado. O anel no meu dedo, um design que EU criei, símbolo do nosso futuro. Agora, uma algema. Tirei o anel. Frio. Abri a janela e o joguei na rua escura. Desapareceu, como meu amor. Liguei para a imobiliária. "Boa noite. Gostaria de cancelar a estadia na casa de número 27, na Praia Azul. Imediatamente. Os hóspedes atuais precisam desocupar a propriedade dentro de uma hora." A atendente confusa. Eu era a titular. Pela primeira vez em muito tempo, eu estava no controle.

Introdução

O cheiro de protetor solar e a mala na porta.

Eu, Ana Lúcia, designer de joias, sonhava com um fim de semana perfeito na praia com Pedro, meu noivo.

Tudo estava pronto, a playlist de viagem selecionada, só esperava por ele.

Mas quando o carro parou, não era só ele.

Patrícia, sua ex, desceu com a filha, como se ainda fosse a dona do lugar.

Meu estômago gelou.

Ela sorriu, um sorriso que não chegava aos olhos.

"Ana, querida! Que surpresa boa! Pedro foi tão gentil em nos dar uma carona."

A mentira era descarada, ali na frente da MINHA casa.

Pedro, evitando meu olhar, sugeriu: "Que tal um fim de semana em família?" , a voz falsamente animada.

Família? Era ELA e a filha.

Eu, a intrusa no meu próprio plano.

Patrícia, astuta, logo disse: "A cadeirinha da Laura ocupa muito espaço, Ana, você não se importaria de ir de aplicativo?"

Pedro, como um boneco, completou: "Você não ficaria brava por uma coisinha dessas, ficaria?"

Aquela frase me atingiu.

Uma ordem disfarçada, minimizando meus sentimentos.

Eu, empurrada para fora da minha própria vida, enquanto Dona Elvira, minha vizinha, me olhava com pena.

Eu forcei um sorriso.

"Claro. Sem problemas. Vão na frente, eu encontro vocês lá."

Minha voz soou calma, mas algo se quebrava por dentro.

Ele me deu um beijo vazio na testa, e correu para ajudar Patrícia com as malas DELAS.

Observei-os partir, Patrícia no MEU lugar, acenando vitoriosa.

No retrovisor, um filtro dos sonhos.

Não era meu.

E eu sabia, com uma certeza que doía, de quem era.

As notificações do Instagram de Patrícia eram tortura: "Momentos que aquecem o coração" , "O melhor tio do mundo" , "Fim de semana perfeito em família" .

Com a casa que EU aluguei no fundo.

Trancada no meu apartamento, cancelei o carro.

Não iria ser espectadora da felicidade deles.

A humilhação na calçada foi o suficiente.

Pedro ligou, a voz distante, abafada por risadas.

"Oi, amor. Chegou bem? Não te vi por aqui."

A desfaçatez era inacreditável.

"Eu não fui, Pedro."

Silêncio.

"Aconteceu alguma coisa? Você está bem?"

"Estou ótima" , menti, a voz seca.

"Achei melhor deixar vocês aproveitarem o fim de semana em família."

Ele nem percebeu a ironia.

"Ah, que pena. Tudo bem. Amanhã a gente compensa, ok? Jantar naquele lugar que você gosta."

Uma promessa vazia.

Desliguei sem dizer nada.

Ele não ligou de volta.

A diversão com sua "outra família" era mais importante.

No domingo, esperei.

A parte idiota de mim, que ainda o amava, esperava arrependimento.

O sol se pôs, e meu telefone silenciou, exceto pelo Instagram de Patrícia.

Um vídeo.

Pedro, sem camisa, cozinhando na casa de praia, ela filmando.

"Meu chef particular."

Ela perguntou: "A Ana não vai ficar brava de você estar cozinhando pra mim?"

Ele olhou para a câmera, riu e disse: "A Ana? Nah. Ela não ficaria brava por isso. Ela é super tranquila."

Aquela mesma frase.

Ele não apenas me negligenciava.

Ele me vendia a ela, a si mesmo, ao mundo inteiro.

Uma imagem de uma mulher complacente, sem vontades, sem limites.

Naquele exato instante, meu amor por ele virou cinzas.

Minha parte idiota morreu.

Com os dedos tremendo de raiva, abri nosso álbum de fotos.

A foto do noivado.

O anel no meu dedo, um design que EU criei, símbolo do nosso futuro.

Agora, uma algema.

Tirei o anel.

Frio.

Abri a janela e o joguei na rua escura.

Desapareceu, como meu amor.

Liguei para a imobiliária.

"Boa noite. Gostaria de cancelar a estadia na casa de número 27, na Praia Azul. Imediatamente. Os hóspedes atuais precisam desocupar a propriedade dentro de uma hora."

A atendente confusa.

Eu era a titular.

Pela primeira vez em muito tempo, eu estava no controle.

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