Traída, Mas Não Destruída

Traída, Mas Não Destruída

Gavin

5.0
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Capítulo

A dor lancinante dilacerou meu corpo no meio da noite. Implorei ao Pedro, meu noivo, que me levasse ao hospital. Mas ele, com a impaciência estampada no rosto bonito, se recusou. "De novo com esse drama, Sofia? O que foi agora? Cólica? Você sabe que eu tenho uma reunião importante amanhã cedo." Enquanto eu gemia de dor, a indiferença dele era uma facada mais profunda que a agonia física. Ele se vestiu, dizendo que não tinha tempo. "Se você está tão mal assim, chama um Uber. Eu não vou passar a noite em um corredor de hospital por causa de mais uma das suas crises." Naquele momento, tudo ruiu. O homem que eu amava era um estranho egoísta. "E quer saber? Já estou de saco cheio. Cheio da sua origem humilde, da sua família sem classe, de você tentando se agarrar a mim como se eu fosse sua única salvação." Dizendo isso, ele me empurrou, fazendo minha cabeça bater na cabeceira da cama. Enquanto ele saía, batendo a porta, a dor física se misturava a uma dor emocional insuportável. Eu estava sozinha, com uma hemorragia interna grave. Mas foi no hospital, sozinha, já operada e em recuperação, que meu mundo virou de cabeça para baixo de novo. No Instagram, uma postagem anônima, com uma foto do meu sangue no chão do NOSSO quarto. "Tem mulher que não se dá o valor. Depois de uma noite, deixa um 'presentinho' desses no seu quarto e ainda tem a audácia de exigir hospital. Querida, nem as garotas de programa da Rua Augusta são tão baratas. Pelo menos elas fazem o serviço completo e não dão prejuízo depois. #Livramento #MulherBarata" Era ele. Pedro. Transformando minha emergência médica em humilhação pública. A fúria me consumiu. Não era mais sobre dor física, mas sobre a dignidade que ele tentou roubar. E então, minha sogra, Dona Célia, apareceu no hospital. Não para me apoiar, mas para me "purificar" com uma sopa nojenta de fígado, me chamando de "mulher que sangra impuro" e "vagabunda". Ela manchou o vestido caríssimo dela. "Você manchou meu vestido! É praga! Você é uma praga! Sangue ruim! Tinha que ser de família pobre, sem educação! Meu filho se livrou de um encosto!" A humilhação parecia não ter fim. Mas eu não era mais a Sofia que ele abandonou. Eu não iria mais me calar.

Introdução

A dor lancinante dilacerou meu corpo no meio da noite.

Implorei ao Pedro, meu noivo, que me levasse ao hospital.

Mas ele, com a impaciência estampada no rosto bonito, se recusou.

"De novo com esse drama, Sofia? O que foi agora? Cólica? Você sabe que eu tenho uma reunião importante amanhã cedo."

Enquanto eu gemia de dor, a indiferença dele era uma facada mais profunda que a agonia física.

Ele se vestiu, dizendo que não tinha tempo.

"Se você está tão mal assim, chama um Uber. Eu não vou passar a noite em um corredor de hospital por causa de mais uma das suas crises."

Naquele momento, tudo ruiu. O homem que eu amava era um estranho egoísta.

"E quer saber? Já estou de saco cheio. Cheio da sua origem humilde, da sua família sem classe, de você tentando se agarrar a mim como se eu fosse sua única salvação."

Dizendo isso, ele me empurrou, fazendo minha cabeça bater na cabeceira da cama.

Enquanto ele saía, batendo a porta, a dor física se misturava a uma dor emocional insuportável.

Eu estava sozinha, com uma hemorragia interna grave.

Mas foi no hospital, sozinha, já operada e em recuperação, que meu mundo virou de cabeça para baixo de novo.

No Instagram, uma postagem anônima, com uma foto do meu sangue no chão do NOSSO quarto.

"Tem mulher que não se dá o valor. Depois de uma noite, deixa um 'presentinho' desses no seu quarto e ainda tem a audácia de exigir hospital. Querida, nem as garotas de programa da Rua Augusta são tão baratas. Pelo menos elas fazem o serviço completo e não dão prejuízo depois. #Livramento #MulherBarata"

Era ele. Pedro. Transformando minha emergência médica em humilhação pública.

A fúria me consumiu. Não era mais sobre dor física, mas sobre a dignidade que ele tentou roubar.

E então, minha sogra, Dona Célia, apareceu no hospital.

Não para me apoiar, mas para me "purificar" com uma sopa nojenta de fígado, me chamando de "mulher que sangra impuro" e "vagabunda".

Ela manchou o vestido caríssimo dela.

"Você manchou meu vestido! É praga! Você é uma praga! Sangue ruim! Tinha que ser de família pobre, sem educação! Meu filho se livrou de um encosto!"

A humilhação parecia não ter fim.

Mas eu não era mais a Sofia que ele abandonou.

Eu não iria mais me calar.

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