Meu noivo, Heitor, me garantiu que sua família me amaria. Ele disse que eu era perfeita. Mas no nosso jantar de noivado, ouvi o plano real deles: arrancar meu rim para sua irmã doente, Clarice, e depois me descartar como lixo. Eles me incriminaram por empurrar Clarice, causando-lhe um "episódio induzido por estresse". Heitor, acreditando nas mentiras deles, me jogou em uma "clínica de correção comportamental" brutal. Quando ele finalmente veio me buscar, não foi para me salvar. Foi para exibir sua nova mulher, minha antiga rival, Kátia. Ele me humilhou em uma festa, forçando-me a usar o mesmo vestido que ela, e depois me acusou de sabotar um lustre que quase os matou - um lustre do qual eu, na verdade, o empurrei para longe. No hospital, quebrada e machucada por um acidente de carro que Kátia orquestrou, Heitor me mostrou provas forjadas dos meus "crimes". Ele me chamou de um vazio, um monstro, e disse que tinha terminado comigo. Ele acreditava que eu era uma víbora ciumenta tentando destruir sua família. Ele nunca viu que foram eles que me destruíram sistematicamente. Deitada naquela cama de hospital, sozinha e em agonia, eu finalmente entendi. O homem que eu amava era um estranho, e sua família, meus carrascos. Enquanto ele saía da minha vida para sempre, uma paz fria se instalou sobre mim. Eu estava finalmente livre. E eu nunca mais olharia para trás.
Meu noivo, Heitor, me garantiu que sua família me amaria. Ele disse que eu era perfeita. Mas no nosso jantar de noivado, ouvi o plano real deles: arrancar meu rim para sua irmã doente, Clarice, e depois me descartar como lixo.
Eles me incriminaram por empurrar Clarice, causando-lhe um "episódio induzido por estresse". Heitor, acreditando nas mentiras deles, me jogou em uma "clínica de correção comportamental" brutal.
Quando ele finalmente veio me buscar, não foi para me salvar. Foi para exibir sua nova mulher, minha antiga rival, Kátia. Ele me humilhou em uma festa, forçando-me a usar o mesmo vestido que ela, e depois me acusou de sabotar um lustre que quase os matou - um lustre do qual eu, na verdade, o empurrei para longe.
No hospital, quebrada e machucada por um acidente de carro que Kátia orquestrou, Heitor me mostrou provas forjadas dos meus "crimes". Ele me chamou de um vazio, um monstro, e disse que tinha terminado comigo.
Ele acreditava que eu era uma víbora ciumenta tentando destruir sua família. Ele nunca viu que foram eles que me destruíram sistematicamente.
Deitada naquela cama de hospital, sozinha e em agonia, eu finalmente entendi. O homem que eu amava era um estranho, e sua família, meus carrascos.
Enquanto ele saía da minha vida para sempre, uma paz fria se instalou sobre mim. Eu estava finalmente livre. E eu nunca mais olharia para trás.
Capítulo 1
Ponto de Vista de Elna:
A limusine parou em frente à mansão dos Almeida, uma propriedade tão grandiosa que parecia ter saído de um cartão-postal de Petrópolis. Meu estômago se revirou, um nó familiar de nervosismo se apertando no meu peito. Era agora. O jantar de noivado. A mão de Heitor encontrou a minha, seu polegar acariciando meus dedos.
"Nervosa?", ele perguntou, sua voz um murmúrio grave.
Eu apenas assenti. Não conseguia nomear o sentimento. Não era medo, exatamente. Mais como uma dor surda, um peso esmagador. Heitor sempre dizia que eu tinha dificuldade com emoções, que elas eram uma língua estrangeira para mim. Ele se inclinou, seu hálito quente na minha orelha.
"Não se preocupe", ele sussurrou. "Minha família vai te amar. Você é perfeita."
Ele beijou minha têmpora, um toque fugaz que geralmente me acalmava. Hoje, não fez efeito algum. As portas pesadas se abriram, revelando um hall de entrada reluzente. Risadas e música vazaram para fora. Heitor me conduziu para dentro, seu aperto firme.
Então eu a vi. Uma jovem, delicada e etérea, com os cabelos escuros e os olhos azuis penetrantes de Heitor. Ela estava encostada em um pilar de mármore, um retrato de beleza frágil. O rosto de Heitor se iluminou, um sorriso mais brilhante e genuíno do que o que ele havia me dado. Ele puxou a mão da minha, quase instintivamente, e se moveu em direção a ela.
"Clarice!", ele exclamou, sua voz cheia de uma adoração que fez meu peito se contrair.
A garota, Clarice, virou a cabeça lentamente, um leve sorriso enfeitando seus lábios. Ela parecia cansada, pálida. Era a irmã mais nova de Heitor. Eu sabia que ela tinha uma doença crônica, algo sério, mas Heitor raramente falava sobre isso. Ele a envolveu em um abraço gentil, seu corpo grande cuidadoso ao redor dela. Ele sussurrou algo em seu ouvido, e o sorriso dela se alargou.
Então, ele se lembrou de mim. "Clarice, esta é Elna. Elna, minha irmã, Clarice."
Clarice ofereceu um pequeno aceno, seus movimentos quase imperceptíveis. "É um prazer finalmente conhecê-la, Elna. Heitor fala de você o tempo todo." Sua voz era suave, como o farfalhar de folhas.
Um calor estranho se espalhou por mim. Eles pareciam tão... normais. Tão acolhedores. Talvez minhas preocupações fossem apenas minha estranheza emocional de sempre, exagerando as coisas. Não seria tão ruim.
Então, a Sra. Almeida, mãe de Heitor, veio em nossa direção. Era uma mulher imponente, impecavelmente vestida. Seu olhar era afiado, avaliador. Ela abraçou Heitor, depois voltou sua atenção para mim. Ela sorriu, mas seus olhos tinham um brilho calculista.
"Elna, querida", ela começou, sua voz suave como seda. "Heitor nos contou tanto sobre você. Você parece... muito saudável."
O elogio soou estranho, fora de lugar. Não era sobre meu vestido, ou meu cabelo, mas sobre minha saúde. Murmurei um agradecimento, sentindo aquele nó familiar no estômago se apertar novamente.
"Uma pena o que acontece com a Clarice", continuou a Sra. Almeida, sua mão tocando gentilmente o braço da filha. "Tão frágil. Estamos esperando por um milagre em breve. Um procedimento rápido e bem-sucedido, talvez."
Procedimento? A palavra pairou no ar, pesada e ambígua. Olhei para Heitor, mas ele estava imerso em uma conversa com Clarice, de costas para mim. Os olhos da Sra. Almeida permaneceram em mim, inabaláveis.
"Será uma coisa maravilhosa", ela murmurou, quase para si mesma. "Para todos os envolvidos."
A conversa mudou então, transformando-se em uma cacofonia de sorrisos educados e conversas sem sentido. Mas as palavras da Sra. Almeida, seu escrutínio intenso da minha saúde, ecoavam em minha mente. Senti um arrepio que não tinha nada a ver com o ar fresco da noite.
Mais tarde, Heitor e Clarice se desculparam, subindo as escadas para o que Heitor chamou de "uma rápida conversa". Ele apertou minha mão antes de sair, mas seus olhos já estavam em sua irmã. Eu os observei ir, um sentimento de vazio se espalhando pelo meu peito.
A Sra. Almeida de repente se virou para mim, seu sorriso inabalável. "Elna, querida, você seria tão gentil a ponto de pegar meu... broche de família no sótão? Eu simplesmente preciso dele para esta noite." Ela gesticulou vagamente em direção a uma escada em espiral. "Está em uma pequena caixa de madeira entalhada. Você não tem como errar."
O sótão? Agora? Eu assenti, uma marionete muda. Qualquer coisa para escapar da polidez sufocante.
O sótão era vasto e mal iluminado, cheio de tesouros esquecidos e décadas de poeira. Procurei o interruptor de luz, e uma única lâmpada piscou, ganhando vida. Enquanto eu procurava o broche, uma voz subiu do andar de baixo, clara e distinta. A voz de Heitor. E a de Clarice. Eles não tinham ido longe. Estavam no quarto diretamente abaixo de mim, uma grande suíte de hóspedes não utilizada. O assoalho era fino.
"Ela é compatível, Heitor", sussurrou Clarice, sua voz surpreendentemente forte, desprovida de sua fragilidade habitual. "Os médicos confirmaram. Tipo sanguíneo raro, igual ao meu. É um milagre."
Minha respiração engatou. Compatível? Para quê?
"Eu sei, Clarice, eu sei", a voz de Heitor estava tensa, tingida com uma esperança desesperada que eu nunca tinha ouvido antes. "Mas... a Elna... eu não sei como contar a ela. Como pedir. Ela tem dificuldade com coisas assim. Ela... não é como nós."
"Ela não vai sentir da mesma forma, irmãozinho querido", respondeu Clarice, uma ponta de aço em seu tom. "Ela é sempre tão apática. Ela não vai entender a gravidade, a beleza deste sacrifício. Apenas diga a ela que é o melhor para nós. Para nossa família. Ela vai aceitar."
Minhas mãos começaram a tremer. Sacrifício? Do que eles estavam falando? Então Clarice disse as palavras que estilhaçaram meu mundo.
"Um rim, Heitor. É só um rim. E assim que terminarmos, ela estará fora de nossas vidas, e você poderá finalmente se casar com alguém que realmente te entende. Alguém que não seja... quebrada."
Meus joelhos cederam. Apoiei-me em um baú empoeirado, o ar arrancado dos meus pulmões. Um rim. O meu rim. Eles não estavam planejando um jantar de noivado. Isso era uma armadilha para me coagir a doar um órgão. O meu órgão. Para salvar Clarice. E depois, me descartar.
A Elna perfeita e saudável. Meu tipo sanguíneo raro. O "procedimento" da Sra. Almeida. Tudo se encaixou, um quebra-cabeça horripilante. A dor surda no meu peito se intensificou, torcendo-se em algo frio e cortante. Traição. Era traição pura e absoluta.
Uma voz cortou meus pensamentos aterrorizados. "Elna, querida? Você encontrou?" A voz da Sra. Almeida, do pé da escada do sótão.
O pânico me dominou. Eu tinha que sair. Tinha que fugir. Tropecei para longe da grade de ventilação, a caixa de madeira entalhada esquecida. Meu coração martelava contra minhas costelas, um pássaro frenético desesperado para escapar de sua gaiola. Acho que eles não me viram. Espero que não.
Naveguei pelo resto da noite em transe, meu corpo se movendo no piloto automático. Os sorrisos, as risadas, o tilintar dos copos - tudo parecia distante, abafado. Minha mente corria, tentando processar a enormidade do que eu tinha ouvido. Eu me sentia oca, vazia.
Meu celular vibrou, uma mensagem de um número desconhecido. Uma única palavra: Fuja.
Meu sangue gelou. Alguém mais sabia. Alguém mais sabia do plano deles. O nó no meu estômago se apertou, desta vez com um medo novo e gélido. Eu precisava escapar. Agora.
"Eu... eu não estou me sentindo bem", murmurei, agarrando meu estômago. "Preciso usar o lavabo."
Heitor olhou para mim, um lampejo de preocupação em seus olhos. "Você está bem, meu amor?"
Eu assenti freneticamente, desesperada para fugir. "Só um pouco tonta."
Corri em direção ao lavabo, minhas pernas parecendo gelatina. Tranquei a porta atrás de mim, encostando-me nela, tremendo. A palavra Fuja brilhou em minha mente, nítida e aterrorizante.
Uma batida suave. Meu coração saltou para a garganta. "Elna? Você está aí?" Era Clarice. Sua voz não era mais frágil. Tinha um tom arrepiante.
"Eu ouvi você", disse ela, sua voz clara através da porta. "Lá no sótão. Você ouviu tudo, não foi?"
Meu sangue gelou. Ela sabia. Ela sabia o tempo todo. Fiquei paralisada, incapaz de me mover, incapaz de falar.
A porta se abriu com um clique. Clarice estava lá, seu rosto desprovido de sua doçura delicada habitual. Seus olhos, tão parecidos com os de Heitor, agora eram duros e frios. "Não se dê ao trabalho de negar, Elna. É inútil."
"Do... do que você está falando?", gaguejei, minha voz mal um sussurro.
"Do rim, é claro", disse ela, um sorriso cruel torcendo seus lábios. "Você nos ouviu. E sabe de uma coisa? É verdade. Você é perfeitamente compatível. E você vai me dar."
Minha mente girou. A audácia. O planejamento a sangue frio. "Você... você não pode me forçar."
Clarice riu, um som quebradiço e sem humor. "Ah, Elna, você ainda não entendeu, não é? Heitor se importa mais comigo do que com qualquer coisa. Mais do que com você. Ele fará qualquer coisa por mim. E se você não cooperar... bem, as coisas vão ficar muito desagradáveis para você." Seus olhos se estreitaram. "Você realmente acha que ele te ama? Você, com seu rosto inexpressivo e olhos vazios? Ele apenas te tolera. Por enquanto."
Suas palavras me cortaram, afiadas e precisas. Doeram mais do que eu pensei que qualquer coisa poderia. Senti uma estranha queimação atrás dos meus olhos, uma sensação que raramente experimentava. Era... raiva? Ou era apenas outra forma daquela dor surda?
De repente, Clarice ofegou, agarrando o peito. Seu rosto se contorceu de dor. Ela caiu no chão, ofegante. "Heitor!", ela engasgou. "Elna... ela... ela me empurrou!"
Minha cabeça girou. Não. Eu não a tinha tocado. Isso era outra mentira. Outra manipulação.
Passos pesados ecoaram pelo corredor. Heitor entrou correndo, seu rosto marcado pelo alarme. Ele viu Clarice no chão, ofegante, e eu de pé sobre ela, congelada em choque.
"Clarice! O que aconteceu?", ele gritou, correndo para o lado da irmã.
"Elna... ela... ela ficou com raiva... tentou... me machucar", Clarice gemeu, sua voz fraca e trêmula, uma imitação perfeita de fragilidade.
Heitor olhou para mim, seus olhos agora cheios de uma descrença pétrea. "Elna? Isso é verdade?"
Eu balancei a cabeça, incapaz de formar palavras. A traição foi um golpe físico. Ele acreditou nela. Ele sempre acreditava nela.
"Precisamos levá-la para um hospital!", a Sra. Almeida apareceu de repente, seu rosto uma máscara de preocupação.
Heitor pegou Clarice nos braços, a cabeça dela aninhada em seu ombro. Ele não me lançou outro olhar. Ele a carregou para fora, seus passos ecoando pela grande escadaria. A Sra. Almeida o seguiu, lançando-me um olhar venenoso antes de desaparecer.
Fui deixada sozinha no opulento lavabo, o silêncio ensurdecedor. Minha mente era um turbilhão de confusão e desespero. O que acabou de acontecer? Como ele pôde?
Encontrei o caminho para fora da casa sem ser notada, um fantasma em meio ao caos. Segui o carro deles até o hospital, uma estranha compulsão me guiando. De longe, observei enquanto levavam Clarice para a emergência.
Horas depois, um médico apareceu, seu rosto sério. "Clarice está estável", ele anunciou aos ansiosos Almeida. "Mas ela teve um episódio grave induzido por estresse. Sua função renal está diminuindo rapidamente. Ela precisa de um transplante, e logo. Caso contrário..." Ele parou, a ameaça não dita pairando pesadamente.
Meu coração afundou ainda mais. Este era o jogo deles. Seu jogo cruel e elaborado para conseguir o que queriam.
Clarice foi eventualmente transferida para um quarto particular, ainda parecendo pálida e fraca. Mas seus olhos, sempre que encontravam os meus, tinham um brilho malicioso. Heitor voltou para a mansão naquela noite, seu rosto contraído. Ele parecia exausto, mas sua raiva era palpável.
"Como você pôde, Elna?", ele exigiu, sua voz baixa e perigosa. "Depois de tudo que a Clarice está passando, você tentou machucá-la?"
"Eu não a empurrei, Heitor", eu disse, minha voz mal acima de um sussurro. "Ela está fingindo."
Ele riu, um som áspero e sem humor. "Fingindo? Os médicos confirmaram a condição dela! O rim dela está falhando, Elna! E você, você tentou atacá-la! Você é um monstro!"
"Ela precisa de um rim, Heitor", interveio a Sra. Almeida, sua voz pingando veneno. "E você, Elna, é perfeitamente compatível. Uma compatibilidade rara. É quase uma intervenção divina. E ainda assim você é tão egoísta."
"Egoísta?", repeti, a palavra com gosto de cinzas na minha boca. "Vocês querem que eu passe por uma cirurgia de grande porte contra a minha vontade? Vocês querem tirar meu órgão?"
"Não é apenas um órgão, Elna", sibilou a Sra. Almeida. "É uma chance para a Clarice viver. Uma chance para nossa família ser inteira novamente. Você não tem ideia do que passamos. Todos esses anos, sofrendo em silêncio. E você, você traz mais caos. Você arruinou a última chance da Clarice."
Heitor olhou para mim, um lampejo de algo indecifrável em seus olhos. Dúvida? Culpa? Desapareceu rapidamente, substituído por uma fria determinação.
"Você está certa, mãe", disse ele, sua voz monótona. "Elna precisa de ajuda. Ela não pode ficar aqui. Não assim."
Ele caminhou em minha direção, seu olhar distante. "Estou fazendo isso para o seu próprio bem, Elna", disse ele, suas palavras desprovidas de qualquer calor. "Você precisa aprender. Mudar. Até que você faça isso, não pode ficar perto de nós."
Na manhã seguinte, dois homens corpulentos chegaram à mansão. Eles me escoltaram para um carro preto. Eu não resisti. Estava entorpecida demais. Eles me levaram para um lugar que parecia uma prisão, uma "clínica de correção comportamental". Era brutal. Os dias se transformaram em semanas, cheios de disciplina severa, trabalho forçado e humilhação constante. Eles alegavam estar "corrigindo minhas deficiências emocionais". Disseram que eu precisava aprender empatia, altruísmo.
Muitas vezes eu ficava acordada à noite, olhando para o teto, tentando entender o ódio de Clarice. O que eu já tinha feito a ela? Por que ela queria me destruir? A confusão me corroía, uma dor constante e surda. Às vezes, o desespero era tão avassalador que eu pensava em acabar com tudo. Apenas um sono tranquilo. Sem mais dor. Sem mais confusão.
Então, depois do que pareceu uma eternidade, Heitor veio me buscar. Ele estava na entrada da clínica, impecável e poderoso, um contraste gritante com meu eu desgastado e esvaziado. Esperança, um sentimento frágil e desconhecido, cintilou dentro de mim. Ele finalmente tinha visto a verdade? Tinha vindo me resgatar?
Mas então eu a vi. Uma mulher ao lado dele, o braço dela casualmente entrelaçado no dele. Ela era linda, com um ar confiante, quase predatório. Meu sangue gelou. Era Kátia Sampaio. Uma garota do meu passado, uma rival de longa data. Aquela que sempre parecia querer o que eu tinha, que sempre tentava me diminuir.
Heitor sorriu, um sorriso tenso e forçado que não alcançou seus olhos. "Elna", disse ele, sua voz estranhamente monótona. "Você... bem, você está de volta." Ele gesticulou em direção a Kátia. "Esta é Kátia. Ela tem sido de grande ajuda para nossa família durante este momento difícil. Uma verdadeira benfeitora."
Benfeitora. A palavra ecoou em minha mente vazia. Kátia olhou para mim, seus olhos brilhando com triunfo. Uma vitória silenciosa e cruel. A mão de Heitor repousava nas costas dela, um gesto possessivo. A mensagem era clara. Eu tinha sido substituída.
Passei por eles, meu olhar fixo à frente. A esperança vacilante morreu, substituída por um vazio profundo e arrepiante. Ele não tinha vindo me salvar. Ele tinha vindo exibir sua nova vida, sua nova mulher.
Lembrei-me de suas palavras, sussurradas sob o céu estrelado durante um de nossos primeiros encontros. "Elna, você é a única para mim. Eu nunca vou te trair. Eu prometo."
A promessa parecia uma piada cruel agora. Tinha acabado. Tudo tinha acabado. Meu coração, que mal começara a se agitar com emoções desconhecidas, agora parecia um bloco de gelo.
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