Um contrato de Natal

Um contrato de Natal

mxluiza

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Bento Cavalcanti tem um problema: para herdar a presidência vitalícia do grupo da família, ele precisa provar que se tornou um "homem de família". O prazo? O brinde de Natal na tradicional festa da empresa em Gramado. O plano? Contratar uma noiva de mentira. ​Clarice Luz só queria terminar a decoração da árvore gigante do Grand Cavalcanti sem cair da escada. Mas quando o CEO arrogante e absurdamente atraente lhe faz uma proposta financeira irrecusável em troca de duas semanas de farsa, ela aceita. O que Clarice não esperava era que, por trás dos ternos de corte impecável e do olhar gélido, Bento escondesse um fogo capaz de derreter a neve artificial da Serra Gaúcha. ​Entre jantares à luz de velas, o aroma de canela e o frio aconchegante do Sul, o contrato começa a parecer real demais. Em uma suíte presidencial, com o fogo da lareira refletindo em peles quentes, eles descobrirão que o maior presente de Natal não pode ser comprado, apenas sentido.

Capítulo 1 O Brilho nos Olhos e o Gelo no Coração

​O mês de dezembro em Gramado não era apenas uma data no calendário; era um estado de espírito. O cheiro de chocolate quente e canela pairava no ar, misturando-se à fragrância dos pinheiros reais que adornavam a Rua Coberta. No entanto, para Clarice Luz, o Natal cheirava a suor, tinta fresca e a urgência de boletos vencidos.

​Clarice estava no topo de uma escada de cinco metros, equilibrando-se com uma agilidade que desafiava a gravidade. Suas mãos, sujas de glitter dourado, prendiam as últimas esferas de cristal na árvore monumental que ocupava o centro do lobby do Grand Cavalcanti, o hotel mais luxuoso da Serra Gaúcha.

​- Só mais uma, Clarice... não olhe para baixo, não olhe para baixo - sussurrou para si mesma, prendendo o lábio inferior entre os dentes.

​Ela era uma explosão de vida em meio à sobriedade do hotel. Usava um macacão jeans manchado, o cabelo cacheado preso num coque bagunçado com alguns fios escapando para emoldurar o rosto corado pelo esforço. Clarice não apenas decorava; ela contava histórias com os enfeites. Para ela, cada luzinha era um desejo de alguém que buscava felicidade.

​Lá embaixo, as portas automáticas de vidro se abriram, deixando entrar uma lufada de ar frio e uma presença que fez a temperatura do lobby cair dez graus, ou talvez subir, Clarice não sabia dizer.

​Bento Cavalcanti caminhava como se fosse o dono não apenas do hotel, mas do mundo. O terno grafite, sob medida, realçava seus ombros largos e a postura impecável. O rosto era uma escultura de linhas duras: mandíbula marcada, nariz aristocrático e olhos que tinham a cor do oceano em um dia de tempestade - um azul profundo, frio e penetrante.

​Ele parou no centro do lobby e franziu o cenho, olhando para cima.

​- Quem permitiu que essa estrutura fosse montada agora? O check-in VIP começa em vinte minutos - a voz de Bento era um barítono rico, mas seco como um deserto.

​Clarice, lá no alto, cometeu o erro de olhar. O impacto visual de Bento foi como um soco no estômago. Ele era absurdamente bonito, de uma forma que doía olhar por muito tempo.

​- Sr. Cavalcanti, a gerência de eventos autorizou - explicou o supervisor, gaguejando. - É a Clarice, a melhor decoradora da região. Ela está terminando.

​Bento estreitou os olhos, focando na figura feminina empoleirada na escada. Clarice sentiu o olhar dele percorrer suas pernas, a cintura marcada pelo cinto de ferramentas e parar em seu rosto. Ela não se intimidou. Abriu um sorriso largo, aquele que costumava desarmar até os clientes mais ranzinzas.

​- Bom dia, Sr. Cavalcanti! Não se preocupe, o brilho extra não vai atrapalhar seus convidados. Na verdade, acho que o senhor está precisando de um pouco dele.

​Um silêncio mortal caiu sobre o lobby. Ninguém falava assim com Bento. Ele deu dois passos à frente, parando na base da escada.

​- Você está atrasada, senhorita...?

- Clarice. Só Clarice. E não estou atrasada, estou aperfeiçoando. O Natal não é uma linha de montagem, é um sentimento.

​Bento soltou um som que poderia ser uma risada curta ou um bufo de desdém.

- O Natal é uma temporada de faturamento. E a sua "perfeição" está bloqueando a passagem. Desça agora.

​- Só falta a estrela do topo - ela insistiu, esticando o braço com a peça de cristal.

​Foi nesse momento que o destino resolveu intervir. O pé de Clarice escorregou no degrau de metal. O grito ficou preso na garganta. A escada balançou perigosamente.

​- Cuidado! - Bento reagiu por instinto, movendo-se com uma velocidade surpreendente.

​Clarice não caiu no chão frio de mármore. Ela caiu em algo muito mais firme e perigosamente quente. Os braços de Bento a envolveram, sustentando seu peso com uma facilidade irritante. O rosto dela ficou a milímetros do dele. O perfume dele - algo que lembrava sândalo, couro e poder - invadiu os sentidos de Clarice, deixando-a tonta.

​Pela primeira vez em anos, Bento Cavalcanti sentiu um curto-circuito. A mulher em seus braços era macia, cheirava a baunilha e tinha olhos que brilhavam com uma intensidade que ele esqueceu que existia. A pele dela, encostada na dele, parecia queimar através do tecido fino de sua camisa.

​- Você... - ele começou, a voz falhando por um segundo. - Você é imprudente.

​Clarice, ainda recuperando o fôlego, não desviou o olhar. A proximidade era elétrica. Ela conseguia ver as pequenas partículas douradas nas íris azuis dele.

​- E o senhor é muito firme, Sr. Cavalcanti - ela retrucou com um sussurro atrevido, sentindo os dedos dele apertarem involuntariamente sua cintura. - Pode me soltar agora. Ou vai me cobrar o aluguel por esse abraço?

​Bento a colocou no chão imediatamente, recompondo-se e ajeitando o terno como se nada tivesse acontecido. Mas suas palmas das mãos ainda formigavam.

​- Vá para o escritório da gerência após terminar. Vou descontar o risco de acidente do seu cachê - ele disse, recuperando a máscara de frieza.

​- Vai ser um prazer discutir negócios com o senhor - Clarice sorriu, embora seu coração estivesse batendo como um tambor. - Mas saiba que meu "seguro contra CEOs mal-humorados" é bem caro.

​Bento se afastou sem olhar para trás, mas pela primeira vez em muito tempo, ele não estava pensando em números. Estava pensando no calor daquela garota e em como o sorriso dela parecia mais brilhante do que todas as luzes do hotel.

​Ele tinha um plano para aquele Natal. Precisava de uma noiva para convencer o conselho da empresa de que ele não era uma máquina fria. E aquela decoradora atrevida, com glitter no rosto e fogo no olhar, acabara de lhe dar uma ideia perigosa.

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